Ligados. escrita por Valentina


Capítulo 3
O Gelo derrete.




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3 – O Gelo derrete.

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“Por favor, fique comigo.”

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Encontrava-se em seu escritório, novamente, revisava alguns contratos e alguns relatórios dos funcionários de testes. Ainda se lembrava de quando começou a trabalhar, tinha quinze anos e era um mero estagiário sem remuneração, um completo zé-ninguém, e agora depois de outros quinze anos ele era um dos sócios.

Sem ajuda de ninguém, tudo com o próprio esforço, e é claro um jogo revolucionário de plataforma Steam¹ em que programava desde os 12 anos.

Algumas pessoas o chamavam de gênio, mas Itachi achava isso um absurdo.

Entretanto, agora que chegara a um cargo tão alto ele possuía certos privilégios – e agradecia muito por tê-los – como, por exemplo, não precisa mais ficar o dia todo na empresa, as reuniões eram constantes, mas ele poderia usar facilmente videoconferência. Tudo facilitava para que ele pudesse passar mais tempo em casa com o filho.

E o salário, é claro.

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– Papai, vamos nadar?

O pequeno Yuki apareceu de repente, trajava um calção preto, duas boias de braços com estampas de peixinhos dourados bem presas, estava descalço e os óculos aquático não deixava aparecer o verde brilhante dos olhos do menino.

Logo atrás vinha uma senhora de cabelos presos e uniforme bege, as bochechas estavam coradas e arfava muito.

– Senhor Uchiha, eu falei para Yuki que o senhor estava trabalhando, mas eu não consegui segura-lo!

Itachi sorriu para o pequeno que já estava ao seu lado, olhando para o computador do pai, tentando entender a quantidade absurda de números e letras que apareciam na tela.

– É um jogo novo? Legal! Mas agora vamos para a piscina. – O menor o puxava pela mão sem realmente tira-lo do lugar.

– Tudo bem, mas só um pouco.

Os contratos e os bugs podiam esperar.

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A piscina situava-se ao fundo, dando uma plena visão de toda a extensão da grande casa, ali era um lugar agradável com árvores por perto e dois guarda-sol com mesa e cadeiras, além de três espreguiçadeiras ao lado.

Mudaram-se para aquela casa quando Yuki tinha apenas três anos, saíram do pequeno apartamento em que viviam quando Itachi subira de cargo e Sakura começara sua residência em cardiologia em um grande hospital.

Da vida profissional e financeira eles não tinham do que reclamar.

– A mamãe chegou, será que ela entra na piscina com a gente? – Yuki que estava enrolado em um espaguete azul ia nadando com muito custo para perto do mais velho.

Não, Sakura com certeza não entraria, ela não gostava de piscinas, praias ou qualquer coisa que houvesse água em abundância, já que não sabia nadar.

O que gerou uma grande discussão quando compraram a casa.

– Ela não sabe nadar, Yuki. E você sabe disso.

– Vou perguntar se ela fica na escadinha. – E antes que Itachi pudesse impedir o pequeno já chamava pela mãe.

A mulher que antes estava na cozinha de frente para um janela que continha uma vista privilegiada da área de lazer se assustou com o grito alto e forte do mais novo, e por um minuto quase deixou o celular ir ao chão.

O Uchiha só esperava que ela estivesse de bom-humor.

A mulher ia até eles com passos curtos e calmos, o jaleco e a bolsa denunciavam que ela acabara de chegar do hospital, e Itachi quase se estapeou mentalmente, com certeza ela estava cansada e sem um pingo de paciência para aturar uma coisa que ela não gostava.

– Eu espero sinceramente que você tenha passado protetor solar. – Disse para o filho quando o alcançou, entretanto não olhava para ele, mas sim digitava alguma coisa no celular com o cenho franzido.

– Eu passei! Mãe, porque você não entra na piscina e brinca com a gente? Você pode ser a juíza do nosso concurso de quem fica mais tempo embaixo d’água. Ai, você fica na escadinha e não precisa nadar, que tal? – Quase um prodígio da barganha.

– Não. – Ela continuava a digitar, e Itachi apostava tudo o que tinha que aquele cenho franzido e a digitação rápida eram resultados de uma provável bronca que estava sendo distribuída para a outra pessoa.

– Por favor! – A voz quase chorosa e apelativa junto com os olhos pidões já teria convencido o pai há muito tempo, mas Sakura não era Itachi.

A barganha deveria melhorar.

– Você nunca quer brincar com a gente. – A confissão foi baixa com uma leve pitada de mágoa.

Logo depois o pequeno balançou a cabeça, virou as costas para a mãe e nadando com esforço – muito – chegou até o pai, se apoiou nos ombros do mais velho e aproveitou dos joelhos flexionados do mesmo para pegar impulso e se jogar na água de costas.

Pelo canto do olho Itachi viu Sakura suspirar e voltar para a casa.

Alguns minutos mais tarde o moreno tinha certeza que sua mente estava lhe pregando peças, porque não era possível acreditar em que seus olhos viam. Aquela era mesmo sua esposa de biquíni e com toalha a tiracolo?

– Acho bom ninguém jogar água em mim, entenderam? – Sentou-se no primeiro degrau aonde a água chegava até sua cintura.

Yuki comemorava como se o natal tivesse chegado mais cedo.

– Então, essa competição vai começar ou não? – Falava enquanto colocava os óculos de sol, para depois tirar a aliança e outro anel e coloca-los em um lugar seguro.

Logo Yuki se pôs a sua frente, arrastando Itachi junto. E depois de um “Já!” animado o garotinho fechou os olhos, tampou o nariz com a mão e afundou o máximo que as boias permitiam, ou seja, não muito.

– Como foi dar o braço a torcer? – Itachi nem chegou a afundar, deixaria o filho ganhar de qualquer jeito. Aproximou-se da mulher, apoiando-se nos joelhos femininos para ficar frente-a-frente.

– Não sei do que está falando. – Falava como se estivesse resmungando o quanto o sol estava quente, o que de fato estava.

– É claro que sabe. – Chegou perto o bastante para que ela pudesse lhe rodear o pescoço com os braços, e foi o que ela fez.

Oportunidades devem ser aproveitadas.

– Eu gosto desse biquíni. – Enterrou o rosto no pescoço alvo aproveitando para beijar aquela área – Gosto mais de tirá-lo.

A pele arrepiada dela tirou-lhe um grande sorriso de satisfação.

Se dependesse de Itachi e se os dois estivessem sozinhos, a parte de cima do conjunto vermelho não estaria ali há muito tempo.

Provavelmente a de baixo também não.

– Ganhei! – O pequeno Uchiha emergia da água e agitava os braços em uma comemoração exagerada.

– Pai, não fique na frente da juíza! – O filho se aproximava do casal e resmungava.

Oh, crianças.


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Notas finais do capítulo

¹ plataforma que domina em quase todos os aspectos o comércio e socialização de jogadores e jogos nos PCs.

Eu fui escrevendo, escrevendo e quando eu vi tinha mais de mil palavras! kkk, quero deixar claro que nem todos serão fofinhos, vou fazer muita gente sofrer ainda!
E sim, Ligados. é toda trabalhada no Arctic Monkeys, Adele e outras músicas de coração partido, então haverá muito amor unilateral por aqui; kk.
É uma pena que esta fic tenha tantas visualizações e quase nada de reviews, que coisa triste.