Ligados. escrita por Valentina
2 – A Lápide.
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“Você me encontrou? Eu estava pedindo por socorro.”
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A dor une as pessoas? Itachi acreditava que sim;
Sua família sempre foi o seu porto-seguro, a mãe sempre com um sorriso gentil e palavras doces, o irmão mais novo sempre o atormentando, implicando e brincando com a sua cara, e o pai com o típico olhar severo e rígido o acompanhando de longe, sempre com muito orgulho.
Sakura deixou de ter um pai e uma mãe há muito tempo, estes acabaram por falecer em um acidente aéreo, e aos dezesseis anos a sua avó materna deu sinais de Alzheimer, e aos dezessete ela se emancipou porque estava sozinha.
Não tinha mais ninguém.
Ainda se lembrava da primeira vez que a vira, ela tinha dezoito e usava calças rasgadas nos joelhos, uma camiseta surrada do Pink Floyd e um par de coturnos mais sujos que ele já tinha visto na vida, os cabelos longos e bagunçados já estavam tingidos de rosa, substituindo o ruivo-alaranjado que algum tempo depois ele descobriu ser a cor original.
Para ele, ela era a materialização da perfeição.
Para ela, ele era só o irmão esquisito, nerd e cabeludo do melhor amigo.
Um ano depois, no enterro de sua família ele descobriu que Sasuke não era apenas o melhor amigo dela, não, era muito mais.
Ele era tudo o que ela tinha.
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Foi em uma viagem. A família Uchiha decidiu passar as festas de fim do ano na França naquele ano, Itachi não pode ir por causa do trabalho, então no meio de uma manhã de quinta-feira o telefonaram avisando da tragédia.
Os três foram abordados por um viciado e no meio do assalto Sasuke resistiu e enfrentou o menino franzino, recebeu um tiro certeiro e fatal no peito, seu pai indo acudir o filho caçula acabou por também levar um projétil. O menino fugiu assustado com as joias de Mikoto.
E sua mãe apavorada foi correndo em direção a rua para poder encontrar alguém que pudesse ajudar seu esposo e seu filho. Foi atropelada por uma moto em alta velocidade e faleceu na mesa de cirurgia.
Uma parada cardíaca, disseram.
Tratar do enterro de sua família, das três pessoas mais importantes de sua vida foi como ter o coração arrancado, pisoteado e queimado, ainda bombeando. Ser torturado por dias e dias, sem nenhum arranhão. Parar de respirar, e ainda viver.
Não achava que suportaria.
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Não soube ao certo quando as coisas começaram a se confundir, talvez alguns meses depois do enterro e da performance silenciosa dela ao lado do túmulo de seu irmão.
Ou talvez tenha sido no dia de calças rasgadas nos joelhos e camisetas do Pink Floyd.
Itachi não sabia.
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As primeiras conversas foram estranhas e sem sentido, com o passar do tempo e com os encontros acidentais no cemitério os dois começaram a lembrar de como Sasuke os irritava com sua pose Eu-posso-fazer-tudo e compartilharam algumas risadas e memórias.
Itachi, Sakura e a lápide de Sasuke.
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Depois foi um café;
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Uma música;
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Um leve roçar de mãos;
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Um olhar;
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Um calor;
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Dias e meses;
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Uma gravidez;
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E um pedido de casamento sem jeito, torto e desengonçado;
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E um “sim” apático e sem vida.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Bom, ai tá os motivos da Sakura ser do jeito que é.
Ah, e qualquer semelhança com a morte dos pais do Batman é mera coincidência :D KKKK,
Não se esqueçam dos comentários, eles são bons e me deixam feliz, e acreditem os posts vem mais rápidos também! Beijos e nos vemos no próximo (que já está pronto, aliás)