S.O.S. Coração escrita por Anatomia do Conto


Capítulo 9
Recaída.




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Verônica estava paralisada na frente de Henry e seus amigos. Tinha feito aquilo mesmo? Roubou um beijo de Henry? Na frente de todos?
Droga! E Nick como fica? Pensou.
Antes que pudesse pensar mais alguma coisa se surpreendeu com Henry chegando mais perto de Verônica e pondo uma mão em suas costas. Pelo jeito, o garoto havia se empolgado e iria retribuir o beijo. Mas Verônica virou o rosto.
– Espera, Henry! - Falou. - Vamos com calma!
– Mas por quê? - Perguntou um amigo de Henry. - Estava tão legal.
Henry riu, não se contendo de felicidade.
– Você é um pervertido mesmo! Liga não, Verônica. Meus amigos são assim mesmo.
Verônica mais uma vez sorriu minimamente. Henry pensou ser de vergonha pelo comentário do amigo. E não queria mais sequer olhar para os amigos naquele momento. Apenas olhar para Verônica era seu desejo. Ver a garota também o mirando era incrível. Mordeu o lábio, sentindo vergonha, mas querendo mostrar a garota que estava a fim de continuar a beijá-la.
– Verônica...
– Henry... - Interrompeu o garoto. - Então... Tenho de ir pra sala de aula. Você também devia fazer o mesmo. Depois a gente conversa, está bem?
– Está bem! - Henry respondeu com os olhos brilhando e um sorriso muito grande no rosto.

– Mas estava quente o clima! – Comentou um dos amigos de Henry. Os demais riram.

– Cara, para de falar assim! Ela vai ficar envergonhada. – Reclamou Henry, ainda sorrindo.

Verônica então passou a mão no rosto do garoto, virou as costas, e Henry então a chamou mais uma vez.
– Verônica! Então quer dizer que estamos namorando?
A garota mexeu no cabelo e olhou para o lado um breve momento, e então tornou a olhar para Henry.
– Estamos! - Respondeu. - A menos que não queira.
Henry ficou bobo novamente, e Verônica então voltou para sua sala de aula. Tentando ignorar os gritos, comentários, risos e piadas que os amigos de Henry faziam com ele, e mais ainda, tentando ignorar o que estava sentindo por dentro.

– O que é que há com você? - Perguntou Annie, sem fôlego, para Mallory. - Quase me mata sufocada! Você é maluca?
– Maluca é você! - Respondeu Mallory, parecendo preocupada. - O clube do baseado odeia que falem com eles, garota. E se alguém tivesse te ouvido falar sobre o baseado deles, com certeza você entraria numa fria por colocar os três numa enrascada.
– Meu Deus! Nessa escola só tem loucos! - Disse Annie, um pouco assustada. - E quer dizer que preciso de senha pra falar com alguém aqui?
– Você precisa é ter cuidado com quem vai falar e o quê vai falar. - Avisou Mallory a garota. - Craig, Donnie e Lorraine formam o grupo mais temido da escola. Não falam com ninguém, a não ser que queiram colar em exames, ou queiram que entregue o dinheiro do lanche... Tipo isso.
– Nossa! - Annie arregalou os olhos. - Eles devem então arrumar muita confusão por aqui, não é?
– O fim do ano passado foi marcado por Craig tendo arrancado um dente de um garoto com um soco.
Annie tapou a boca com a mão.
– E o garoto, quem é?
– Adolfo Melton. Mas ele quis sair do colégio depois disso.
– Caramba! Ainda bem que você me tirou de lá a tempo. Amo meus dentes. - Comentou. - Mas o que você estava fazendo lá?
– Queria falar com você. - Respondeu. - Cecily e eu queríamos que amanhã você se sentasse com a gente no intervalo. Você aceita nosso pedido?
– Eu quero! - Disse Annie, animada. - Mas por quê?
– Gostamos de você! Você parece ser da galera.
– Obrigada. - Riu Annie.
– Então está bem! Hora de ir pra aula. Até amanhã então!
– Mas estamos na mesma sala, Mallory!
– Estamos? - Perguntou Mallory, confusa. - Sei lá! Até o intervalo não tinha te notado.
– Estamos. - Respondeu Annie, puxando a garota. - Lembro-me de não ter assistido a aula por estar distraída olhando seus tênis de caveira. Vamos!
E as garotas foram para a sala de aula conversando sobre os assessórios punk de Mallory. E ao entrarem na sala, viram que o professor ainda não havia chegado. Isso porque muitos alunos estavam em pé, conversando com seus colegas. Mallory chamou Annie para sentar perto dela, e Annie rapidamente aceitou. Pegou suas coisas e foi mudar de lugar. Ao passar por alguns colegas, pisou no pé de uma garota.
– AI! - Falou bem alto. Todos da turma pararam para olhar a cena.
– Desculpa! - Disse Annie, olhando para a garota. Percebeu que havia pisado no pé de Lorraine, a garota com maior fama de briguenta da escola. Annie ficou um pouco apreensiva. Não sabia do que aquela garota era capaz. Também não sabia do que Mallory e Cecily eram capazes, mas pelo menos não havia visto as duas com baseado. - Não tive a intenção.
Lorraine olhou para a garota como se olha para um inseto.
– Novata, não é?
– Sou. - Respondeu Annie. - Por quê?
– Por que você então vai ter o prazer de me pagar o lanche pelo resto da semana.
Annie a olhou intrigada.

Verônica ouviu durante o restante das aulas seus primos James e Lion fazerem brincadeiras sobre ela e Henry, depois de ter contado o que aconteceu a eles. E percebeu também que Cecily, a garota gótica, a olhou feio, pelo menos nas três vezes em que, movida por muito tédio, Verônica se obrigava a olhar para qualquer coisa na sala menos a explicação do professor. E então foi salva pelo fim do dia letivo. Mas não conseguiu fugir de Henry, que a esperava na saída. Ele disse que queria sair com ela. Então marcaram de se encontrar depois do jantar.

– Pra comemorar essa nossa nova fase! – Completou Henry, com um sorriso maior que o normal. – Que você acha, Verônica?

– Tudo bem! Combinado, né? – Respondeu, um pouco sem graça. Henry deixou passar, pois além de estar a felicidade em pessoa, concluiu que ela estava um pouco tímida por conta dos comentários dos amigos. Verônica então olhou para o lado, e viu a alguns passos sua irmã, seus primos e sua amiga. Então se apressou a dizer. – Tá ok! Agora eu tenho de ir, eles estão me esperando.

Verônica apontou na direção de Annie, Ryan, James, Lion e Kathy. O garoto viu a turma da nova namorada e aproveitou que ela olhava pra eles, então fez gestos de vitória e mostrou estar em êxtase. Todos riram. Verônica não entendeu, virou-se e o namorado se endireitou, fingindo não estar fazendo nada.

– O que foi? – Perguntou Verônica.

– O que foi o que, Verônica? – Henry fingiu não saber o que se passava.

– Tá ok! – Disse Verônica, começando a dar as costas a Henry. – Então tchau, Henry!

Henry então puxou Verônica, de surpresa, pelo braço. A garota voltou com tudo. Foi se desequilibrando e agarrou no pescoço do garoto. Então ele a beijou com uma voracidade, que muitas das pessoas que passavam por eles paravam e soltavam várias exclamações. Annie e Kathy exclamaram um alto “Hummmmm...” e Ryan, James e Lion “Urruuuuuuuull...”

Verônica se desgrudou de Henry um pouco atordoada.

– Tchau, Verônica! – Despediu-se da garota depois do beijo. – Até mais!


À noite, quando todos estavam terminando de comer a lasanha da Kathy, Verônica anunciou.
– Gente, avisando novamente pra vocês que vou sair com o Henry.
Lion olhou para James e Ryan, sorrindo maliciosamente.
– Aposto que Verônica não chega antes das 10! - Falou baixo para os garotos.
– Está apostado! - Disse James. - 5 libras.
– Verônica! - Chamou Kathy. - Foco no agora, garota! O passado deixa pra o museu.
Verônica sorriu para a amiga.
– É irmã. - Disse Annie. - Seja feliz. Se permita amar novamente. Não dê espaço para os fantasmas do passado.
E beijou a bochecha da irmã, que retribuiu dando-lhe um abraço forte. Saindo então ao encontro de Henry.
Verônica estava dobrando a esquina da rua, quando viu a lua. Grande. Bela. Magnífica... E solitária. Naquele céu sem estrelas. Verônica não deixou de reparar em um pequeno prédio de aspecto abandonado a umas cinco ruas, que ficava exatamente abaixo da lua.
A garota olhou um momento para a lua e para o pequeno prédio. Então ela não pensou duas vezes. Desviou seu caminho de encontro a Henry para aquele lugar.
Ao chegar ao prédio, viu que ele, de fato, estava abandonado e muito sujo. Havia todo tipo de sujeira na entrada. Então foi até a lateral e viu a escada de emergência, e subiu até o topo.
A visão era muito bonita. Uma pequenina parte da cidade, dava para ser vista do local. Mas nada era mais linda que a lua, que parecia estar maior. Verônica resolveu escutar alguma música para guardar aquele momento. Selecionou em seu celular a música "Hideaway" da banda The Corrs. Nesse momento a garota sentiu o vento no rosto e fechou os olhos por um momento.
Parecia que estava sendo carregada para outro lugar. E então tornou a abrir os olhos, lentamente. O que viu em seguida parecia não ser real.
Verônica estava na pequena floresta em Surrey.
Não conseguiu olhar para lado algum, apenas se perguntou o que estava fazendo alí. No momento seguinte ouviu risos. Muitos risos.
Verônica conheceu os tais risos no ato. Viveu muito tempo tendo pesadelos com aqueles risos. Lembrou que nos seus pesadelos, ela os ouvia e por mais que os procurasse, nunca conseguia os encontrar. Mas aquilo era um pesadelo? Não podia! Ela estava a 5 minutos andando pela rua.
Começou a chorar de angústia. Mas não se mexia de modo algum. E passado mais um momento percebeu que atrás de uma árvore que estava a sua frente, uma pessoa a observava. Ela percebeu que era um garoto. E esse garoto ria de felicidade.
– Verônica! - Disse o garoto rindo.
Mas Verônica não o reconheceu, pois não dava para ver o seu rosto.
– Verônica! - Disse o garoto novamente, rindo. Desta vez ele saiu detrás da árvore e Verônica reconheceu as roupas. Eram as roupas que Nick estava vestindo no dia em que foi embora. Mas o garoto era alto. Não era mais uma criança.
– Nick! - Chamou. - Nick! É você? É você, Nick? Nick?!?
O garoto então correu a seu encontro, sem responder a pergunta. Verônica se assustou. Não podia ser Nick, não daquele tamanho. Mas se não era ele... Quem seria? Não podia ser outra pessoa! O medo, a angústia está tomando conta ainda mais da garota.

Quando o garoto estava chegando perto dela, Verônica se assustou. Seus olhos se fecharam. Ao abrir, a garota havia voltado ao lugar que estava.
Ela estava do mesmo jeito que estava quando fechou os olhos, mas trêmula.
No momento seguinte, chorou descontroladamente.
Será se nunca se libertaria desse passado? Será que Nick nunca a deixaria? E será que ela queria que ele a deixasse? Será que nunca deixaria os fantasmas do passado?
Verônica não suportou aquela angústia que a estava consumindo e sentou-se no chão imundo, pondo as mãos no rosto, ainda chorando.


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