S.O.S. Coração escrita por Anatomia do Conto


Capítulo 8
Uma Dose de Impulso para Verônica.




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Annie entrou na sala da diretora ainda sentindo uma louca vontade de agarrar Cecily pelos cabelos. Ela estava sendo segurada pelo braço. Cecily estava mais atrás com cara de ódio reprimido, ao lado de Mallory, que por sua vez estava com cara de "Minha Nossa!".
– Senhora Diretora... - Disse o homem que segurava Annie ao entrar na sala, mas viu que a sala estava vazia. - Onde ela está?
– E a gente é que sabe? - Disse Cecily, rispidamente.
– Não seja mal-educada, garota! - Ralhou o homem com Cecily. - Vou ter de procurá-la. E vocês não tornem a brigar. Você de cabelo vermelho... Olhe elas aqui. E não deixe elas brigarem. Não demoro!
E saiu, deixando-as. Annie olhou para as garotas, e viu que Cecily estava olhando-a com raiva, enquanto passava a mão no cabelo, que estava bagunçado por conta da briga.
– Olha... Admirava vocês por conta dos seus estilos - Começou a falar Annie. - Mas não sabia que vocês eram tão estúpidas. Não se fala com alguém daquela maneira.
– Ei! Eu não te fiz nada! - Disse Mallory.
– Desculpa! É que... Sei lá, estou com raiva do comportamento da sua amiga!
As garotas se calaram um momento. Depois Cecily disse.
– Ninguém nunca me enfrentou na frente de todo mundo. Ou me bateu na escola.
– Verdade! - Disse Mallory com um sorrisinho. E se voltou para Annie. - Você foi a primeira!
Annie apenas olhou para as garotas.
– Acho que a gente intimida as pessoas, não é, Cecily? - Perguntou Mallory.
– É. - Respondeu Cecily. - Mas acho até bom. Porque não gosto de me socializar muito. Sou muito reservada.
– Mas agora você vai ser o comentário de muita gente na escola. - Disse Mallory. - Mais do que já é!
– E o que os outros falam de vocês? - Perguntou Annie.
– Dizem que somos estranhas, loucas, bruxas... - Informou Mallory. – Tudo pelas costas. Ouviu aquele garoto lá no refeitório? Aproveitou que tinha muita gente e falou o que todos pensam. Bando de covardes!
– Mas somos únicas! - Disse Cecily. - Fazemos o que queremos, não estamos nos importando com os outros... Afinal, os outros são os outros.
– Legal! - Disse Annie.
As garotas olharam para Annie um instante.
– Você é bonita! E parece ter coragem pra fazer muita coisa! - Disse Mallory. - Mas não é adepta a um estilo!
– Como assim? - Perguntou Annie, se analisando. - Não tenho estilo?
– Você é normal demais! - Explicou Cecily. - Você tem de encontrar um estilo em que você se encaixe.
– Você parece com as demais garotas da escola. - Disse Mallory. - Eu e Cecily temos nossos estilos. Olha, Cecily é gótica, por ser reservada. Eu sou punk por não aceitar todas as coisas da vida, por ser um pouquinho explosiva e não tão reservada. Você tem de encontrar um estilo.
– E aí se eu “encontra-se” esse estilo eu andaria com vocês? - Perguntou Annie.
– Claro, adoraríamos! - Disse Mallory. - Você tem coragem. Tem personalidade. É decidida. Mas não gostamos de quem não tem um estilo. Você tem de mudar!
– Está bem! - Disse Annie, agora com um risinho. Parece que havia se esquecido do porquê de estar ali.
E passaram mais um momento, caladas. Annie olhou para o chão e riu baixinho. Mallory voltou-se para Cecily, que estava passando a mão pela bochecha.
– Belo tapa! - Admirou-se Cecily, falando para Annie, rindo. - Você quase acabou comigo!
As garotas sorriram. E apesar de o momento ser estranho, uma amizade nascia entre Annie e as "estranhas, loucas, bruxas" da escola.

Verônica voltou ainda um pouco abalada pelo que Henry havia lhe dito. Mas mesmo que quisesse começar algo, Nick não saía do seu pensamento. Parece que agora a imagem do garoto estava mais nítida em sua memória. E queria? Queria começar algo com Henry? A confusão em seu coração estava fazendo a garota sentir uma dor forte no peito. Ela lembrou os momentos conjugados no passado mais que perfeito que viveu com Nick. Como deixar isso pra trás? Mas sabia que Henry podia "sarar" as feridas que Nick havia deixado em seu coração. Afinal, Henry era uma boa pessoa, além de ser bonito. Mas como? Como poderia?
Verônica então chegou à mesa onde estavam seus primos e Kathy, com uma expressão confusa e amargurada, mas do que ela já era.
– O que aconteceu, Verônica? - Perguntou Kathy. - Você está bem?
– Não. - Respondeu. - Não estou!
– E o que foi? - Perguntou Ryan.
– Alguém te fez alguma coisa, prima? - Perguntou Lion, um pouco preocupado.
– Conta! Vamos acabar com quem fez mal a você! - Disse James.
Verônica sentiu vergonha. Mas ela pensou que os primos estavam sendo tão gentis com ela e Annie, que era até grosseira ser tão misteriosa com eles.
– Henry me pediu em namoro! - Informou Verônica.
Todos ficaram de olhos arregalados. E depois de um tempo olharam uns para os outros e riram. Mesmo Verônica demonstrando não estar achando graça.
– Que bom, Verônica! - Disse Ryan, quando acabou de rir. - Henry é um cara muito legal. Posso te dizer isso, afinal, ele é meu amigo!
Verônica balançou a cabeça, confusa. Kathy entendeu que era o tal do Nick que não havia saído da cabeça da garota.
– Verônica... - Kathy começou a falar para a amiga, mas com jeito, para que os garotos não entendessem tudo. - Acho que você deve dar uma chance ao amor! Você não tem de ficar assim sozinha. Você é uma garota jovem, bonita, e legal e se acaso algo que aconteceu ainda te incomoda, está na hora de deixar no passado. Viva o presente. E esse presente se chama Henry. Além de ser um presente muito bonito e charmoso.

Verônica sorriu amigavelmente junto com a garota e lhe estendeu a mão. Kathy falou baixinho:

– Pode contar comigo, amiga!
Os garotos as observavam por um momento, calados, tentando entender o que Kathy havia dito. E então James rompeu o silêncio.
– Não entendi o que Kathy disse, Verônica. - Falou olhando para a amiga, e depois para a prima. - Mas vá atrás de Henry. Ele parece ser legal!
– É, Verônica! - Disse Lion. - Nem que seja pra dizer pra ele te deixar em paz, ir procurar outra... Ou ficar na mão.
Verônica se intrigou com a frase de Lion, por não entender o seu real significado. James abafou um risinho. E Ryan e Kathy jogaram papeis amassados em Lion, rindo.
– Vocês estão certos! - Disse Verônica, se recompondo do efeito que a frase de Lion causou, levantando-se. - Vou atrás de Henry.
E a galera então soltou exclamações de incentivo, enquanto a garota se levantava.

– Vai! Vai! Vai! Urruuuuuuull!! Isso aí, Verônicaaaa!!

– Vou pedir uma música na Rádio, pra vocês! – Informou Kathy.

Então Verônica saiu.
– Mas você não disse o que vai fazer! - Gritou Lion, se levantando. - Vai ficar com ele ou não vai?
Verônica não ouviu.

– A gente fez a maior festa e nem sabe se ela vai aceitar o pedido do cara ou vai dar um chute nele. kkkkkk... - Comentou James, rindo.
– É, irmão. Agora é esperar e ver o que vai dar. - Disse Ryan.

Annie estava saindo da sala da diretora, já haviam conversado com ela, Mallory, Cecily e ela.
As garotas prometeram que não iam mais brigar na escola. Pediram até desculpas umas para as outras. Annie saiu pensando em como seria sua amizade com Mallory e Cecily, e se mudaria seu estilo.
Nisso ela estava na altura da quadra de esportes, pensando em tudo o que as garotas haviam lhe dito.
– Será se eu mudo de estilo? - Falou para si mesma. - E se mudar. Pra qual vai ser? Será se vão me chamar de esquisita? Mas quer saber? Não estou nem aí... Nunca dei a mínima para o que falam de mim?
E então um grupo de três estudantes passou correndo por ela. Eles pareciam transgressores, a julgar pela aparência dos três. Não que eles aderissem a estilos que nem Mallory e Cecily, mas porque eles não estavam arrumados, como os demais estudantes. Na verdade estavam com o fardamento todo torto, amarrotado, um pouco amarelado em certos pontos até. Ainda estavam com suas mochilas, sujas e abertas.
Annie ouviu a única garota do trio, que era um pouco mais alta que ela, e tinha cabelos crespos ruivos e sujos.
– Ainda bem que inventaram o canivete! - Disse rindo para os dois garotos que a acompanhavam. - Serve até para abrir fechaduras.
Os garotos riram com o comentário. E o garoto maior, de cabelos loiros escuros, e que parecia ser o líder do grupo, disse.
– É verdade, Lorraine! Mas o Donnie aqui... - Disse, ainda rindo com deboche, apontando para outro garoto da mesma altura. Esse por sua vez, parecia ter descendência latina, a julgar de sua cor parda, e cabelos castanhos. – Ele disse pra termos cuidado. Senão vamos ser descobertos!
– Idiota! - Disse Lorraine. - Como se os outros não nos culpasse por todas as coisas que acontecem aqui nesse manicômio, não é Craig?
O líder do trio concordou.
– Verdade! - Disse. - Dizem que tudo é culpa da gente!
– E o pior é que é verdade! - Disse o rapaz latino, Donnie.
E os três riram alto. Annie percebeu que os três eram desbocados. Tanto pelo tom de suas vozes, e pelo jeito que andavam e riam.
Eles estavam a uma certa distância, quando a garota viu um saquinho pequeno. Com certeza eles deixaram cair. A garota pegou-o e falou um pouco alto.
– Ei! Vocês deixaram cair o seu... - E olhou um momento para o que havia no saquinho. E depois continuou, mas em tom normal. - Baseado!?!?
Alguém tapou sua boca com violência e a carregou até um lugar em que ninguém pudesse vê-los. Annie não sabia quem era que a estava puxando. Depois percebeu que era Mallory.
– Fala baixo! Quer que alguém escute que Craig, Lorraine e Donnie entraram na escola com baseado? Eu não ia querer!
A garota falou num sussurro.

Verônica estava aflita, procurando Henry, no meio de tanta gente que ia e vinha, de um lado a outro. Ainda se perguntando se teria a coragem de deixar Nick para trás ou não.
Seu coração batia mais acelerado a cada passo, e alguns minutos depois, a garota ouviu a voz do locutor da Rádio Estudantil.

– Ainda temos tempo pra mais uma música, antes de voltarmos do intervalo, não é. Então, vamos de música! Essa música é dedicada a todos os casais apaixonados. “Advertising space” de Robbie William.
A música começou a ser executada, e então mais uma vez uma multidão passou por ela, apressada indo em direção às salas, curtindo a música. Garotas rindo e suspirando, feito bobas. Foi quando Verônica viu Henry, que estava com um grupo de amigos, e apesar de todos estarem sorridentes, ele se mostrava um pouco triste. Verônica tentou passar pela multidão, tropeçou, esbarrou, correu, até chegar ao garoto.
– HENRYYY! - Chamou. - HENRY!!!
E viu os amigos do garoto olharem para ela, e logo depois começaram a abafar risinhos.
– Henry, a gatinha quer falar com você! - Avisou um amigo dando um tapinha nas costas do garoto que tomou um susto ao se virar e ver Verônica.
– Henry... - Verônica disse, ofegante. - Preciso falar com você!
– S-Sim! - Henry parecia muito nervoso. - O q-que f-foi, Verônica?
– Tenho uma resposta a sua pedido!
Henry se arrepiou. E ficou ainda mais nervoso.
– E-E q-qual é?
Verônica semicerrou os lábios. Pensou em Nick mais uma vez. Tremeu um pouco. Teria coragem de fazer isso, deixá-lo para trás? Se sim ou se não ela não saberia. No momento seguinte, na frente dos amigos de Henry ela tomou uma atitude impulsiva. A primeira vez depois de muito tempo.
Ela o agarrou pelo colarinho, puxou o garoto mais pra perto de si e o beijou.
Os amigos de Henry olharam uns para os outros e riram, maliciosamente. Verônica ainda pôde ouvir um "Que cara de sorte! Esse nasceu virado pra Lua!"
Henry tremeu. Sentiu-se o cara mais feliz do mundo. Pôde até ouvir fogos de artificio em seu interior.
Verônica, após um momento, se afastou um pouco de Henry, ainda com as mãos em seu colarinho. Deu um sorriso mínimo.
– Isso responde sua pergunta?


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