Blind escrita por Valentinna Louise, Komorebi


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Olá, marujos.
Desculpem pela demora, a divisão dos capítulos haviam ficado Quinn pra mim e Rachel pra Louise, mas ela está sem meios para postar, então pelos próximos tempos eu serei a capitã deste navio!



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Rachel

Comecei a chorar no meio da horta.

Não fiz nada certo desde o momento em que desci do carro da Lopez.

Quando fui para a horta achei que meu dia seria mais suave. Eu e minha boca grande.

Marley estava quieta e a minha intenção era apenas a de puxar assunto, porém a curiosidade foi maior que tudo. Enquanto ela me contava sobre como havia ido parar ali na casa da Fabray, vi sua expressão mudar diversas vezes. Ouvi sussurros do outro lado da árvore, mas eu estava concentrada demais na história de Marley pra me preocupar.

Porém quando a história terminou e Marley saiu com Beth em seu encalço, me preocupei mais ainda. Então Quinn apareceu. Ela parou na minha frente e estava visivelmente nervosa. A mão apertava a bengala com tanta força que fazia os nós dos dedos ficarem brancos.

“O que você tinha na cabeça ao perguntar isso para Marley?” Ela falou tão nervosa que a voz saiu baixa, como estivesse se controlando.

“Eu... só queria saber... não tinha ideia de que poderia ser algo tão doloroso assim. Por favor não faça com que eu me sinta pior do que eu já estou sentindo nesse momento.” Tentei reunir o máximo de coragem para dar aquela resposta. Já estava me sentindo um lixo, não deixaria Quinn Fabray acabar mais comigo emocionalmente.

“Não sou nem o começo das suas apreensões. Santana verá o estado da filha e aí sim terá algo real com o que se preocupar, senhorita Berry” aquilo soou como ultimato. E então ela saiu.

Abaixei a cabeça e ofeguei por alguns minutos. Ouvi alguém me chamar e engoli seco. Aquela voz, irritada...

“Berry.”

Levantei os olhos para ver Santana Lopez parada no batente da porta.

“Sabe Berry, eu era uma sniper. Alguém que mata sem dó. Matei muita gente... Pessoas com famílias, mas que estavam na mesma guerra. Mesmo assim todas as noites eu rezava por cada que eu matei. Nunca fiz por ódio, nunca tive. Eu tinha pena, pena de mim mesma por sucumbir a essa guerra maldita, começada por disputa de egos. Contudo tenho uma facilidade enorme para odiar as pessoas e eu sinceramente espero, Berry, que você não se torne algo odiado pelo simples fato de você ser uma idiota. Se eu consegui matar pessoas sem ódio, não sei o que faria com alguém...” ela deixou as palavras morrerem enquanto balançava a cabeça ritmada e deu um estalo com a língua. “Fui clara?”

A calma com que ela falou ou a ameaça implícita ao final, talvez ambas, me deram arrepios nada legais pelo corpo todo. Uma assassina profissional? Ok, perturbador. Uma assassina profissional com ódio de mim? Aterrorizante.

Assenti.

“Ótimo, agora vá e conserte o estrago! Converse com Marley e peça desculpas. Dê um jeito de acalmá-la.”

Assenti novamente e passei por Santana. Olhei de relance pra trás e por um instante, ouvi um fungado, mas não prestei atenção.

Subi as escadas correndo, fui até a porta do quarto de Marley. Um choro baixo dava pra ser ouvido, respirei fundo e bati na porta.

“Marley?”

Ouvi alguns barulhinhos, mas sem poder afirmar qualquer coisa. A porta foi destrancada e uma Marley com os olhos vermelhos apareceu.

“Entra.”

Entrei e encostei a porta. Reparei que Marley estava sem a prótese.

“Entrei correndo, aí ficou dolorido.”

Ela se sentou na cama e gemeu. Levantou a calça jeans na parte esquerda até o toco da perna. Uma cicatriz vermelha. Pela frase dela, acho que minha expressão de reação foi um pouco péssima, quer dizer, a visão era terrível ao mesmo tempo em que lastimável.

“Você é uma pessoa muito impressionável Srta. Berry” assentiu. “É por isso que a San e a Q. te dão tanto medo, você deixa.”

Respirei fundo “me desculpe pel—não: me perdoe pelo que aconteceu lá embaixo. Não sabia que ficaria nesse estado.”

“Eu poderia não ter dito certo?”

“Me desculpe” era inacreditável, aquela menina ainda estava disposta, mesmo com o desgaste emocional, tomar a culpa por seu próprio estado! “O que posso fazer para te ajudar?”

“Por favor, no armário tem um tubo prateado. É uma pomada anti-inflamatória. Pode pegar?”

Assenti, indo até o armário e pegando a pomada, entreguei-a à Marley que agradeceu. Ela parou de repente e ficou me olhando.

“O que foi Marley?”

“San falou que você é professora de música.”

“Sim, eu sou. Gosta de música Marley?”

O rosto dela se iluminou.

“Sim adoro! Minha mãe disse para mim que meu nome era em homenagem a um cantor, Bob Marley. Ele morreu há muito tempo.”

“Eu conheço” respondi com um sorriso.

“Sabe tocar algum instrumento?” seus olhos cresciam de animação, sem perceber ela inclinava o corpo se desgrudando do assento onde estava.

“Hum... Piano, violino, violão e me arrisco na flauta.”

“Piano?” a boca de Marley se abriu, então a expressão contorceu para um sorriso grande e lindo. Era possível tocar a razão da garota conquistar todos. Ela prosseguiu: “no porão tem um... era da Quinn, ela nunca ensinou por falta de paciência, mas Santana disse que ela tocava muito bem. Nunca a vi tocar. Mas você pode me ensinar, não pode?”

“Será um prazer te ensinar a tocar” com certeza algo fosse possível de se negar àqueles olhos reluzentes, porém isso não estava entre as coisas negáveis.

Então ela fez algo inesperado: me abraçou. Extremamente desajeitada.

“Oh desculpe eu...” ela falou se afastando, mas eu a apertei ainda mais contra mim. Levantei a cabeça olhando para a porta, havia alguém lá e eu não saberia dizer quem. A pessoa se afastou.


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam!
Fiz uma piada indetectável com o inglês "ship", não vale um review?
Spoiler: próximo terá "personagem nova" :)



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