Blind escrita por Valentinna Louise, Komorebi


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas.. :)



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Rachel

Beth era extremamente inteligente e tinha um ótimo ouvido para música. Depois do pequeno incidente no 1º dia de aula, ela sempre aparecia na sala de música após as aulas e pedia para que eu ensinasse algo novo para ela.

Uma semana de convivência e Beth já havia se tornado minha amiga. Entretanto, uma das regras do instituto era impor certa distância entre aluno e professor, porém havia algo naquela menina que me fazia simplesmente me esquecer disso. Apesar de Kurt e os outros me lembrarem sempre.

“Você anda demais com aquela menina loirinha..” Kurt falou, Mercedes, Sam e Finn acenaram concordando. Nós estávamos todos no refeitório dos professores e eles estavam sentados a minha volta, como se eu fosse alguma coisa fora do normal.

“Não ando demais com aquela menina loira Kurt, e, além disso, ela tem nome..” Eu estava comendo, mas falar de Beth tirou toda atenção da minha comida.

“Fabray. Elizabeth Fabray. Se querem saber, eu a achei muito prepotente. Até mesmo demais para alguém de 13 anos...” Finn falou com um certo desdém.

“Do que está falando Finn?” Larguei o garfo sobre o prato e o fitei seriamente.

“Ela é um pouco ágil demais para uma garota. E respondona. Também vi que ela enfrenta os meninos como se tentasse provar alguma coisa. Com certeza não aprendeu algo de bom vindo de onde vem.”

“Nunca ouvi tanta besteira.” Falei. “Como assim ela é ágil demais pra uma garota Finn? Meninas devem ser lerdas por natureza? E Beth mal fala, se ela te responde é porque você não deve dizer coisas muito boas a ela. Ela enfrenta aqueles que a atormentam, que a perseguem justamente por vir de onde ela vem. Você como professor deveria ser um dos 1° a não agir dessa forma preconceituosa. Elizabeth teve uma rara chance de entrar no Pillsbury e não deve ser tratada como algo diferente. E agora me deem licença. Me recuso a ficar ouvindo besteiras desse tipo a respeito de uma criança!”

“Rach! Não precisa ficar assim, se acalme..” Mercedes pediu, olhando para os lados. Notei então que os outros professores nos observavam. Me levantei e saí em direção à sala de música. Chegando lá suspirei, a sala estava vazia. Me sentei na minha mesa e fiquei pensando, o quão difícil era a estadia de Beth ali e como ficaria ainda pior no que dependesse de professores como o Finn.

“Hey..”

O cumprimento quase me fez cair da cadeira. Coloquei a mão sobre o peito por causa do susto e olhei pra frente. Beth estava parada bem de frente pra minha mesa. Em que momento essa menina entrou aqui?

“Que susto! Oi.. como você entrou aqui?”

Ela ficou vermelha rapidamente.

“Eu.. meio que.. já estava aqui..”

“Como assim?”

“Eu entrei aqui, você deixou a porta aberta.. eu estava sentada atrás do palco..”

“Oh! Acho que preciso prestar mais atenção quando sair daqui.. imagina se não é você e sim um daqueles monitores chatos. Vão querer fazer uma reclamação porque eu deixei a porta aberta.”

Beth começou a rir. Então eu perguntei:

“Beth, você anda respondendo os professores de forma agressiva?”

Ela parou de rir imediatamente.

“Não. Quero dizer não todos, só o Sr. Hudson, que falou que eu devia ser banida dessa instituição, já que eu não pertenço a este lado..Talvez..talvez ele tenha razão..”

Eu iria matar o Finn.

“Elizabeth Fabray! Nunca mais repita isso. Você tem tanto direito de estar aqui quanto qualquer outro, se duvidar, tem até mais direito que o Sr. Hudson! Não se diminua por isso Beth..”

Ela fungou e depois olhou pra mim. Reparei que estava segurando o choro. O nariz vermelho denunciava. Não resisti e a puxei para um abraço. De início ela endureceu, e achei que me empurraria, mas logo amoleceu e chorou alto.

“Por- por que isso c-comigo?” As palavras vinham entrecortadas por soluços e fungadas. “Que cul-culpa t-tenho eu de ter nas-nascido onde nasci e t-ter a m-mãe que to-todo mun-do pensa s-ser uma l-louca..”

“Se acalme ok?” me afastei e peguei um copo de água. Entreguei a ela, que bebeu tudo rapidamente. O sinal do segundo horário soou alto.

“Preciso ir...” me entregou o copo.

“Ok..” Ela seguiu em direção a porta. “Beth?” Ela parou e olhou pra trás. “Qualquer coisa.. não hesite em vir me procurar ok?” Ela deu um pequeno sorriso.

“Ok.. Obrigada Srta. Berry.” E saiu.

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Fui interrompida no meio da aula dos veteranos por um monitor descabelado que gritava meu nome. Eu mal entendia o que ele dizia.

“Srta. Berry! Srta. Berry!!!”

“O que foi...” olhei para o crachá. “Flanagan?”

“Srta. Berry, uma briga de alunos está acontecendo no auditório.”

Olhei estranho para ele. A função dele era não deixar que esse tipo de situação acontecesse.

“E por que não foi lá resolver?”

“O Sr. Hummel pediu que eu viesse chamá-la. É a menina Fabray quem está brigando.”

Senti meu sangue gelar. Beth estava brigando? Larguei o livro em cima do piano e corri para o auditório com Flanagan no meu encalço. Quando entrei, pelas coxias, vi uma pequena agitação no palco, quando me aproximei, notei que era a briga. Kurt tentava afastar as outras crianças enquanto um pequeno amontoado loiro e vermelho se engalfinhava no chão. Entrei no meio sem me importar com o olhar incrédulo das outras crianças. Puxei a menina ruiva pela gola da camisa e a tirei de cima de Beth, que ficou surpresa e ofegante. Olhei séria para Kurt e ele pegou os alunos, incluindo a menina ruiva que brigava com Beth, levando-os para fora do auditório.

“Mas o que foi isso Beth? Você está querendo ser expulsa?” Falei exasperada.

“ELA ME OFENDEU!” Ela gritou nervosa.

“E agressão por um acaso era a melhor resposta?”

“Para! Para de falar assim comigo! você não é a minha mãe, não é minha tia e nem faz parte da minha família então para de agir como se importasse!”

Então ela saiu correndo do auditório. Fiquei lá parada, absorvendo as palavras raivosas de uma criança.

Mandei Flanagan ir atrás dela, mas ele não a encontrou em lugar algum.

Pedi para me dispensarem das aulas dos últimos períodos. Beth estava perdida por aí e eu não conseguia me concentrar.

Fui até o alojamento dos alunos e procurei pelo número do quarto dela. Fiquei sabendo, logo no começo, que as outras alunas não queriam compartilhar um quarto com ela. Eu não conseguia entender tamanho repúdio por parte dos outros.

Foi aí que eu vi uma correria, uma aglomeração no final do corredor. Todas as meninas estavam reunidas. Fazendo um circulo em volta de alguma coisa.

“O que está acontecendo aqui?!”

Elas se afastaram. Beth estava brigando, mas dessa vez duas meninas estavam batendo nela. Por um breve instante achei que ela estivesse desmaiada. Mas não, estava fraca. Puxei as duas garotas e segurei Beth semi-inconsciente no meu colo.

“Deus! Saiam daqui agora! E vocês duas...” apontei para as duas. “Estão muito encrencadas..” Vi a monitora do alojamento passar e a chamei, dizendo para que levasse as duas meninas para a diretoria.

Segui com Beth para a enfermaria. Era uma das alas menos utilizadas do Instituto já que eram poucos os acidentes ou doenças. Quando a enfermeira viu Beth se assustar tomou um susto.

“Meu Deus! O que houve?”

“Uma briga.. no alojamento das meninas...”

“Mas.. quem é essa..?”

“Elizabeth Fabray.” A enfermeira fez uma careta e começou a fazer alguns exames em Beth. Eu fui esperar no corredor.

Acho que acabei cochilando, pois quando vi, já era noite e a enfermeira havia dito que Beth estava bem, havia desmaiado por causa da fraqueza. Ela saiu para reportar o caso e eu fui me sentar ao lado de Beth. Ela teve o supercílio direito machucado e estava inchado. O lábio partido. Mas nenhum osso quebrado ou algo mais grave. Segurei a mão fria dela e disse:

“Eu me importo Beth porque, pela 1ª vez em toda minha vida eu me senti ligada a alguém como se fosse minha família. Talvez em outra vida você pudesse ter sido minha irmã, sobrinha, ou até mesmo uma filha... e esse sentimento de proteção é inexplicável.”

“Também.. também... gosto muito de você Rach.. tenho certeza que eu iria adorar que você fosse qualquer uma dessas coisas pra mim..”

Beth havia acordado e falava baixinho, como se doesse cada palavra.

Eu senti as lágrimas virem e sorri, abraçando-a.

“Você vai ficar bem menina, e eu prometo que isso nunca mais vai acontecer..!”

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Cochilei na enfermaria e fui acordada por Flanagan que veio me dar um recado dos conselheiros. Eles queriam me ver.

“Srta. Berry.. sabe por que nós a chamamos aqui?”

Neguei com a cabeça.

Eu estava na sala do conselho do instituto. O Instituto Pillsbury contava com 3 conselheiros: Sr. William Schuester, Sr. Carl Howell e a Srta. Emma Pillsbury. Era por causa da família dela que havia esse instituto. Foi uma herança do pós-guerra.

“Nós fomos informados sobre o pequeno incidente com a menina Fabray ontem à noite.” Carl Howell era alto e com uma cara séria. Ele não me parecia ser um homem de muitos sorrisos. “Soubemos também que a senhorita é uma espécie de ‘protetora’ da menina aqui no instituto.”

“Elizabeth e eu somos muito ligadas sim, ela é uma menina diferente dos outros então eu achei oportuno me tornar amiga ela.”

Sr. Schuester pigarreou.

“Professores e alunos não devem ser amigos Srta. Berry... isso é uma norma. No entanto, vemos que essa ligação pode vir a calhar. Os pais das meninas que brigaram vieram aqui hoje. Exigiram a expulsão da Fabray, porém não podemos fazer isso. Temos uma política de uma avaliação. Nunca houve necessidade de seguir esse protocolo, porém usaremos agora, pois Elizabeth é uma menina um tanto quanto diferente...”

“Me desculpe Sr. Schuester, mas eu não estou conseguindo entender aonde o senhor quer chegar sobre isso.” Falei, um pouco impaciente.

“Srta. Berry, você irá acompanhar Beth na sua volta pra casa. A mãe dela virá buscá-la daqui a 1 mês. Você irá avaliar o comportamento dela em casa durante um mês e nos entregará essa avaliação ao final deste tempo.”

“E o que acontecerá nessa avaliação?”

“Bem, se o resultado for positivo Elizabeth continuará no Instituto e se possível, a família dela ainda receberá uma ajuda de custo como uma espécie de auxílio...”.

“E se for negativo?” Perguntei, temendo a resposta. Sr. Howell pareceu ter percebido meu nervosismo e deu um sorriso.

“Se for negativo, Elizabeth Fabray será mandada para um Centro de reeducação juvenil, e sua mãe será presa. Quando a menina completar a idade para o trabalho será mandada para trabalhar como guarda na fronteira.”

Um nó se formou na minha garganta. Beth em um centro de reeducação? Ela não suportaria, e seria pior se a mãe estivesse presa. Isso não poderia acontecer.

“Eu.. Eu.. não sei se posso fazer isso. Quero dizer, é quase como se a vida da menina estivesse nas minhas mãos.. e não sei se posso arcar com essa responsabilidade.” Falei, um pouco trêmula.

Os três conselheiros se entreolharam e depois o Sr. Schuester disse:

“Srta. Berry, a senhorita não tem outra opção. Suas aulas serão transferidas para uma substituta, a Srta. Corazón. Vamos deixar que a senhorita arrume seus pertences e deixe tudo organizado. Há tempo para isso. Pode voltar a seus compromissos. Está dispensada.”

Sr. Howell saiu e foi seguido pelo Sr. Schuester. A Srta. Pillsbury me olhou fixamente e disse:

“Srta. Berry, a qualquer momento durante esse mês que ficará na casa de Elizabeth, você pode voltar. Mas saiba que isso será entendido como uma avaliação negativa por sua parte.”

Eu assenti silenciosamente. Ela devolveu o aceno em silêncio e saiu. Eu precisava falar com Beth.


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Notas finais do capítulo

O que acharam??
Até o próximo! :*



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