Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 45
Catalisador


Notas iniciais do capítulo

Oi gente.

Sei que prometi postar semana passada, mas realmente foi inviável.

Bom, são dois capítulos seguidos, então aproveitem.



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Peeta

 

Fechei os olhos imaginado que a água fria que caia do chuveiro é na verdade chuva. Se eu me esforçar mais um pouco, poço jurar que é real. E eu daria tudo para me molhar nela, sentir o impacto das gotas na minha pele, respirar o cheiro que ela faz ao tocar a terra.

Só mais um dia, eu digo a mim mesmo.

Só mais um dia e tudo vai ficar bem. Isso passará. Tudo vai ficar bem. Você tem que suportar Peeta, suportar por elas, pela sua filha!

Sim, pela minha filha estou proibido de enlouquecer.

Aquela flecha só poderia ter sido atirada com perfeição por Katniss, mas ninguém a viu fazer isso se não eu. Mesmo depois de todo veneno, de toda mentira, da dor, e amargo na minha boca, no momento em que a vida de Coin esteve sob a mira da flecha, e assim foi tirada por ela, eu soube que viriam atrás da minha Katniss.

Ela desabou contra os próprios joelhos, deixando as lágrimas cair, abraçando seu pequenino ventre, denunciando que ali estava a razão da existência do meu ser. Ao vê-la daquela forma, desamparada, minha mente explodiu como uma tempestade.

Lembrei-me da garota frágil, órfão, e faminta a quem joguei um pão. Vi a garota que sempre lutou para manter a irmã mais nova viva. A irmã que ela havia enterrado a poucos dias. Ali, eu não vi um Tordo. O mártir que impulsionou uma guerra com simples amoras.

Eu vi um adolescente, subjugada a jogar um jogo pior do que aquele que um dia custou apenas o preço de nossas vidas.

Foi ali que para o pó eu voltei, e do pó me refiz.

Minha criança não nasceria em um cativeiro. Minha doce Katniss nunca mais passaria por isso outra vez. E por isso ela assassinou Alma Coin.

— Vem aqui! – eu a puxei do chão – Não abra a boca, Katniss. Não diga a ninguém.

Adverti, lhe beijando a boca em seguida com vontade porque sabei que aquela era a última vez que aconteceria. Juntei seu corpo no meu, sentido o calor irradiar dela como corrente elétrica atravessando-me ao meio. Segurei sua nuca com a mão direita, enquanto a esquerda envolveu sua cintura.

As mãos tremulas dela me subiram pelos ombros, agarrando-me lá. Nada parecia nos atingir. Éramos eternos, e incomensurável a ternura que nos envolveu.

Não havia telesequestro que me fizesse desacreditar no amor que eu sentia por ela.

Não agora.

Paramos devagar, sem querermos realmente dar fim ao beijo. Encosto nossas testas, olhando em seus olhos tão bonitos. Olhos que nunca me esquecerei.

A afastei dos meus braços só para poder me curvar, e plantar um beijo na sua barriga de gravida tão pequena. Igualmente com um carinho que sei que minha filha jamais sentirá de minhas mãos.

Ela me olhou confusa quando desafivelei a aljava de suas costas, apanhando o arco logo em seguida. Katniss me observou por alguns instantes até finalmente entender o que eu estava fazendo.

Mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, os guardas oriundos do 13 surgiram pela porta com suas armas em punho, gritando-me ordens.

Antes mesmos de eu ter tempo de me render, eles já estavam em cima de mim. Atiraram-me ao chão, pondo as algemas. Katniss esbravejava com eles extremamente nervosa. Na tentativa de fazer com que não me levassem, ela se agarrou a mim com força. Porém, um dos guardas praticamente a guinchou, lanchando-a com brutalidade contra a parede.

O bastante para o sangue subir à cabeça.

Mesmo algemada, corri em direção ao guarda que a havida machucado, empurrando-o contra a sacada de vidro que se rompeu, fazendo com que ele caísse vinte andares abaixo em direção ou concreto da calçada.

Se eu não tinha um crime, agora tenho.

Fitei Katniss pela última vez antes de ser arrastado para longe do mundo.

Quando me levaram, fui colocado em um lugar escuro. Não  tinha espaço para me mexer, nem para respirar. Estavam fazendo de propósito. Queriam provocar a minha mente, e conseguiram. Me debati pelo que pareceram horas, até que meu corpo em fim cansou.

Acho que fiquei dias naquele lugar. Quando os guardas reapareceram me tiranos do cubículo, eu pensava que não poderia piorar, no entanto, eu estava enganado.

Petr Thibaut, um dos generais cabeças no governo de Coin veio me ver, trazendo consigo o inferno mais uma vez na minha vida. Ele me batia, me xingava, torturava, na tentativa frustrada de descobrir o “motivo” de eu ter matado a presidente.

Thibaut poderia me espancar o quanto ele achasse necessário, da minha boca nunca iria ouvir a verdade.

Tive que lutar o tempo todo contra a minha mente. Meus pensamento me impulsionavam a falar que tinha sido Katniss e não eu a matar Coin. A vontade era tanta que por algumas vezes cheguei a morder a língua para lembrar a mim mesmo que deveria permanecer quieto.

O veneno em minhas veias e a loucura que ele provocava, poderia custar a vida de mais de um inocente.

Depois de tanto ter apanhado, acho que desmaiei, pois, quando acordei novamente estava em um “cela”. O meu quarto no CT dos Tributos havia sido adaptado para ser minha prisão particular.

Os moveis, espelhos, estantes, e quaisquer outras coisas do tipo tinha sido removidos, bem como as portas do banheiro e do closet. Todo o espaço do quarto era ocupado apenas por um colchão sem fôrro.

A comida é servida três vezes ao dia. O banho é sempre as sete da manhã durante cinco minutos. A única luz que eu tenho é a que entra pela parede de vidro que tinha vista para as colinas da Capital.

Um dúzia de câmeras estão espalhadas por todo cômodo. Até em cima da privada tem uma. Rá! Como se eu fosse fugir pelo ralo? Parece que sou realmente um ameaça a integridade das pessoas, ainda mais agora que resolvi manter meu condicionamento físico como era antes da guerra.

Se um homem for um maculo, apenas tranque-o em algum lugar e ele ficará bem. Mas se esse mesmo homem maluco pesar 80 e ter quase o dobro só seu tamanho, a mente desequilibrada dele não é a única coisa com o que deve se preocupar.  

A água do chuveiro é desligada automaticamente, significando que meus cinco minutos de banho acabaram. Um par de roupas branca, limpas, me são entregues todas as manhã junto com o café.

Durante algumas semanas eu não tive o mínimo de contato com humanos. Mas depois de tanto tempo preso, alguém tinha que me dizer o que aconteceria com meu futuro.

Isso sobrou para Haymitch.

Ele me contou que a bagunça que eu supostamente causei, desestruturou o país por um breve período de tempo. Uma nova eleição presidencial foi organizada, onde a comandante Patina Paylor ganhou.

Acho que estamos bem mais seguros as mãos dela.

Ela precisava de tempo para se organizar, e começar a nomear seu comandados. Isso incluem os juízes para jugar meu caso. Minhas acusações foram de ser rebelde politico, homicídio de um militar, e o pior de todos, homicídio da presidente do Distrito 13 e Panem.

Desde a sua visita, se passaram quase cinco meses.

Cinco meses que estou aqui.

Haymitch voltou para o 12. Soube que minha família também foi levada para casa, juntamente com Katniss.

Katniss...

Como ela estará?

Já deve está perto o dia de nossa menina nascer. Ah como eu gostaria de ver esse momento. De ouvir seu choro pela primeira vez. Segura-la em meus braços. Protegê-la de qualquer mal nesse mundo.

Eu sei que entregar minha vida por ela, e pela mãe dela, é a maior recompensa desse mundo que terei. E isso é o que me conforta: saber que minha pequena fica bem. Se preciso for, tenho certeza que Katniss a guardará com todo o seu ser.

 

***

 

A porta principal do quarto se abri, mas não faço questão de olhar quem é. Simplesmente continuo a sessão de abdominais que faço todos os dias. O sol já se põe, então seja lá quem estiver na porta, veio só deixar o jantar.

Mas quando a porta demora mais do que de costume para se fechar, acabo por olhar na direção só para conferir se não estou tendo um ataque psicótico. E para minha surpresa, lá está o general Thibaut.

Em seu belo uniforme verde escuro, com medalhas espalhadas no peito. Suas postura impecável não denuncia o homem que me espancou até desmaiar. Os cabelos grisalho penteados pra trás, e os olhos que me lembram a indiferença humana.

— Imagino que não veio aqui para me entregar flores, não é, general? – não me importo nem um pouco em ser sarcástico com ele – Ou o senhor veio aqui só pelo prazer de me bater novamente?

O general fita-me com ar de superioridade. Como se eu não passasse de um menino rebelde. Vejo um sorrisinho brotar no cato de sua boca, literalmente me desdenhado. Uma patente não faz dele hábito a usa-la. Uma patente não vai fazê-lo viver os horrores que eu já vivi.

— Só porquê está usando um uniforme bonitinho, não significa que você seja alguma coisa. Seu merda!

Minhas palavras parecem finalmente tê-lo tirado seu controle. Suas feições sínicas mudam para irritadas. Ele dá dois passos bem largos na minha direção. Porém, antes que encoste em um fio de cabelo meu, Effie Trinket adentra o quarto com um vestido rosa ofuscante, agarrando-me pelo pescoço em um abraço.

— Oh, querido! Eu estive tão preocupada, temi tanto pela sua vida. – Effie me apertava com tanta força que até me admirei – Deixe-me olha-lo. Meu Deus! Você está tão magrinho. O que esses trogloditas estão fazendo com você?

Ela não muda!

Fico tão anestesiado em revê-la, que apenas a puxo se volta para nosso abraço. Fecho os olhos enquanto a aperto mais, meu coração chega a sucumbir de tanta felicidade. Effie cuidou de mim durante um momento delicado da minha vida. Sempre se importou comigo, como uma mãe se importa.

— Eu também estou feliz em te ver Effie. – digo ainda abraçando-a

Ao me afastar, percebo seus olhos cheios d’água, prontos para chorar. Depois de mais um longo abraço, ela me conta o motivo de ter vindo aqui.

Eu finalmente serei julgado! E será em pouco minutos.

Effie me entrega uma roupas apropriadas para um julgamento, dando-me privacidade para um banho rápido, e para que me trocasse. Rapidamente estou caminhado no corredor para fora do “quarto-cela” acompanhado por ela.

Thibaut e outros guardas estão na saída do prédio nos esperando para a escolta até o Edifício da Justiça. Vejo que um verdadeira operação foi montada para este dia. Durante todo o percurso que fazemos – em um carro –, não há pessoas, veículos, ou qualquer outra criatura é vista nas ruas. Até mesmo as lojas permanecem fechadas. Só há alguns pontos de vigilância com militares de tantos em tantos metros.

Tudo parece igual. Não existe nem um resquício de que houve uma guerra a poucos meses. Impressionante a forma como essa cidade, e as pessoas desse lugar e reerguem facilmente.

Ao chegar no Edifício, Effie e eu somos guiados até o elevador novamente. E novamente para a cobertura. O Edifício da Justiça sempre foi um prédio de arquitetura imponente da Capital. As pessoas se orgulhavam de olhar e ver o arranha-céu envidraçado até o topo.

A ante sala do último andar é toda feito de ónix branco. Eu conhecia a pedra por já ter frequentado lugares parecidos. Do lado direito há um pequeno sofá igualmente claro. Do outro lado da sala, um mulher atrás de uma mesa feita da mesma forma de ónix. Nas costas dela, uma longa janela de vidro que vai de um lado a outro da sala.

A porta espelhada no cento, se mistura ao ambiente, aparentando ser também de ónix. Effie não pode me acompanhar até lá dentro, antes disso, ela me abraça mais um vez, desejando-me sorte.

Thibaut é quem abre a porta a minha frente, anunciando minha presença, retirando-se em seguida. Arrasto os olhos pelo lugar, procurando meus julgadores. Porém, a nunca pessoa que encontro é Paylor, sentada em sua mesa, com os dedos traçados embaixo do queixa a me observar.

— Por favor senhor Mellark. – ela se estica apontando a cadeira a sua frente – Sente-se.

Com cautela, aproximo-me da mesa, trazendo a cadeira para que eu possa sentar. O olhar de Paylor sobre mim não muda. Sinto pontadas nas têmporas, tentado evitar a todo custo entrar em crise agora. Suor frio começa a gotejar da minha testa. Serro as mãos ao vê-las tremerem.

Alguma coisa no olhar de Paylor provoca um temor dentro de mim. Meu futuro dependo do que ela decidirá nos próximos instantes.

— Presidente, eu... – começo argumentando, mas sou interrompido por ela.

— Antes de mais nada, Peeta, eu quero lhe agradecer.

— A...agradecer? – pergunto sem entender – Agradecer pelo que?

Paylor sorrir amigável, curvando-se sobre a mesa até ficar mais perto de mim. Então sussurra como um segredo:

— Pelo favor que você e Katniss fizeram a todos nós.


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