Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 44
Me Queime Com o Fogo


Notas iniciais do capítulo

Olá! Quanto tempo, não é? :)

Tenha uma ótima leitura.



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No momento em que passo pela porta, um tiro vindo do lado de fora atravessa o vidro da loja, passando próximo ao meu rosto. Jogo-me no chão para me proteger, tentando enxergar quem estar do lado de fora, mas logo depois só consigo ouvir centenas de tiros sendo disparados em nossa direção.

— Katniss, vá para trás do balcão. – Gale grita por cima dos tiros.

Olho para onde ele está indicando, encontrando o balcão feito de pedra polida só a alguns metros. Respiro fundo, iniciando uma breve contagem regressiva. Assim que tomo coragem, impulsiono meu corpo correndo o mais rápido que posso até o balcão. Todavia, antes que eu consiga chegar, sou atingida por um tiro, pegando no colete, mas no mesmo lugar onde havia sido baleada no 2.   

A dor me deixa sem ar. Rolo sobre meu próprio corpo desorientada, tentando vem em que direção fica o balcão. O local do tiro começa a arder sobre minha pele mesmo que o colete tenha segurado a bala. Tento desesperadamente arrancar o colete de mim quando minha pele parece queimar.

Alguém me puxa para detrás do balcão de pedra, ajudando-me a tirar fora o colete que está sendo corroído, por isso queimou minha pele. Cressida olha para o calibre preso ao colete com curiosidade, mas não parece ser uma munição qualquer, é grande demais e brilha. É aí que percebo que aquilo não é uma bala.

— É uma bomba! - grito.

Tomo o colete das mãos de Cressida, jogando para longe de onde estamos. A bomba explode em seguida enchendo a loja de fumaça e fogo. A explosão assustou quem está do lado de fora, pois, a enxurrada de tiros cessam, mas logo tornam só que dessa vez os tiros vêm do lado de onde estamos.

São Peeta e Gale revidando.

Os tiros de fora recomeçam com Peeta de Gale disparando de volta. Perdi meu arco na queda. Peço a Pollux sua arma para tentar ajuda-los, mas ele se nega me dar. Logo ele que já viveu tanto terror.

Como posso ficar aqui esperando que eles morram?

Ouso gritos e tiros, e não sei se é Peeta quem foi ferido, ou Gale, ou os dois, e não posso fazer nada. Cressida me abraça tentando me acalmar do desespero que faz-me tremer e chorar.

Estamos mortos. Seremos todos fuzilados sem dó nem piedade. Só um milagre agora. Porém milagres não são concedidos para qualquer um.

— Katniss...

Ouço me chamarem com uma voz fala. Certamente um dos garotos pedindo ajuda, mas de onde estou não posso vê-los.

 - Kat...niss... Está me ouvido?

Chamam-me mais uma vez, até que percebo que a voz vem de dentro da minha cabeça.

A escuta auricular!

— ...tniss, é a Salt. – sim, é a tendente Salt – Está na escuta?

— Estou aqui Salt. – responde extremamente feliz em ouvi-la.

A tenente Salt e a irmã, a doutora Salt, eram nosso apoio aéreo – e medico – quando saímos da base para gravar o protopop. Perdemos o contato depois que o primeiro casulo estourou, e aí fomos para os tuneis. Elas deviam estar nos procurando durante esses dias e só agora os localizadores voltaram a funcionar.

Não poderia ser em hora mais oportuna.

— Ótimo! Agora preste atenção...

[...]

 

Assim que a tenente termina suas instruções, grito para que Gale e Peeta parem de revidar os tiros. Porém sou ignorada totalmente. Quando grito mais uma vez, quase que fazendo um suplica, Peeta cessar, pendido que Gale faça o mesmo.

Mesmo estando detrás do balcão, ouço Gale murmurar reclamando. Eu apenas digo que confiem em mim. Depois de longos segundos, os disparos que tinham do lado de fora são finalizados, como a Salt falou. Sobrando apenas um silencio amedrontador.

— Katniss Everdeen! – a voz grave emitida por um alto falante fez preencher o salão – Você é acusada de crime contra a Panem. De incitar uma Rebelião. E de assassinato. Saia com as mãos para cima para que possamos prende-la.  

Engulo em saco, mesmo sabendo que é arriscado, eu tenho que continuar com plano de Salt. Saio do meu abrigo improvisado com as mãos erguidas acima da cabeça para que eles vejam que não estou armada.

Ao passar por Peeta dou uma rápida verificada nela, confirmando que ele está bem. Ele pergunta o que estou fazendo, e eu sussurro para que ele apenas fique onde está. Mas meu medo realmente era que fizesse a besteira de vim atrás de mim.

Há muita fumaça e fogo, cobrindo a minha visão, mas logo que estou sob as maciças estruturas onde ficavam as portas, vejo as duas dezenas de Pacificadores, em suas roupas brancas, e suas armas apontadas para mim.

Três tanques cercam a entrada da loja, duas Ducato que servem como transporte de prisioneiros, e um aerodeslizador. Um homem alto que imagino ser o líder no comando. Ressona mais uma vez me passando instruindo a não reagir, e permanecer onde estou.

Ele sabe que há pessoas comigo, por isso ordena que eles saiam. No entanto, eu tenho que ser mais rápida do que os outros obedecendo suas ordens.

Uma boa distância me separa deles. Este é o momento exato para que o plano sair perfeito.

— Salt, agora!

Dou o aviso para logo em seguida a tenente Salt apareça rasgando os céus com seu aerodeslizador. As metralhadoras presas a fuselagem da nave são potentes, atingindo em cheio o comboio. Corro para trás de uma coluna de meta, na tentativa de me proteger, encolhendo-me ao máximo contra ela.

Os Pacificadores apontam suas armas para o céu, respondendo ao ataque surpresa. Tudo não passa de segundos. Salt faz a volta disparando contra o aerodeslizador da Capital, que rodopia até atingir o chão, conseguintemente os tanques em baixo.

E depois, chamas e gritos dos soldados.

Gale submerge em meio a fumaça negra atirando contra os que ainda estavam resistindo. Permaneço encolhido, até a uma mão me puxa, pondo-se como escondo na minha frente.

A vida parece desacelerar. Peeta segura firmemente minha mão, ao mesmo que me arrasta para longe do fogo. O brilho e o calor do incêndio se distancia a medida em estou correndo. Mas eu só consigo reparar nos olhos preocupados que eu tanto amo.

Salt nos resgata, e enfim respiro aliviada por está segura. Em pouco tempo estou agarrada a Peeta que não para que acariciar minha barriga. Nossa pequenina criança. Tão minúscula dentro de mim, e tão vulnerável a perecer.

Não tenho sido uma mão zelosa. Contudo, os últimos dias foram imprevisíveis. Eu não poderia nem ao menos garantir que eu mesma sairia viva depois de tudo o que aconteceu.

Gale foi atingido por dois tiros na altura no ombro esquerdo, recebendo os primeiros socorros, assim como o resto de nós. A doutora Salt conta que ela e a irmã, ficaram loucas nos procurando. Os satélites clandestinos que os Rebeldes lançarem, haviam sido derrubados, e só com a invasão de toda a Capital puderam ser restaurados os sinais.

As forças Pacificadoras foram totalmente extinguidas, e por azar, a única que permanecia com armamentos era o comboio que havia nos atacado.

Conte ainda que a mansão de Snow foi invadida e ele está preso em uma cela improvisada. Por incrível que parece, tudo isso acontece na madrugada de hoje, em menos de três horas.

— Tem uma dúzia de aerodeslizadores trazendo equipamentos, remédios, e os próprios médicos do 13. Quando chegarmos, vocês iram direto para o oxigênio. – a doutora avisa com muita preocupação – Depois de terem inalando tanto fumaça toxica, não que ninguém dando entrada na emergência por insuficiência respiratória.

Ela é uma boa pessoa. Como muitos, não merece estar no meio de uma guerra. Porém, mesmo diante de todos os possíveis fins, ela não se cansará de mostrar um sorriso gentil a quem precisa. Esta é a missão da doutora Salt.

— Como vai esse bebê? – pergunta-me agachando ao meu lado.

— Eu não sei. – respondo sem desgrudar de Peeta que é aonde eu estou desde que fomos salvos – Ela não se mexe já faz algum tempo. Acho que pode ter acontecido algo?

— Você está sentindo dor? – nego com a cabeça – Algum desconforto nessa região? – torno a negar – Bom, não posso afirmar nada sem um ultrassom. Mas fique tranquila, tenho certeza que ela está bem. Sua filha é tão forte como vocês dois são.

Salt sorrir olhando para Peeta e eu. Retribuo seu gesto da mesma forma. Dentro de mim havia um pedido para que ela estivesse certa, e nossa filha estivesse são e salva no meu ventre.

— Logo nossa menininha não vai mais sofrer. – meu marido sussurra calidamente em meu ouvido – Tudo isso vale a pena para que ela nunca passe pelo que nós dois passamos.

— Confio em você.

 

***

Crianças.

Dor.

Desespero.

Fogo.

Prim.

Minha irmã casula morrendo queimada. Minha irmã que nem tinha 14 anos completos.

O que ela estava fazendo lá? O que ela estava fazendo lá?

Raiva.

Ódio.

Uma votação sobre Jogos que não deveriam mais existir.

Uma mulher tomando o poder para se como fez o velho Snow.

Um espetáculo.

Minha filha.

Minha pequena filha que não viveria os mesmos dias que eu.

Não!

Um ditador esperando sua morte em praça pública.

Uma dúvida cruel e corrosiva.

Uma flecha que eu disparo mirando no coração de Alma Coin.

Mais uma morte para minha conta.

O homem que amo assumida a culpa por mim.

Haymitch levando-me embora para casa.

Meu nome é Katniss Everdeen. Tenho 18 anos. Me lar é o Distrito 12, que foi bombardeado, e está sendo reconstruído. Prim está morta. Estou gravida. É uma menina. Peeta é meu marido, e pai da minha filha. Eu matei Coin. Ele assumiu a culpa. Está preso na Capital. Eu estou na janela espero o dia em que ele voltará. 

 


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