Logan correia sem se importar com quem estava em seu caminho, nem mesmo os gritos do seu chefe dizendo para ele volta o pararam. Era uma tarde chuvosa no meio da primavera, a estrada de terra enlameada fazia barulho debaixo dos seus sapatos, as poças d’água prendiam o seu pé, mas ele não parou.

Largou a picareta no mesmo instante que lhe vieram dar a notícia e tudo o que pensou foi em ir para casa o mais rápido possível. Queria estar um pouco mais apresentável, queria não ter as roupas tão surradas, sujas pela poeira de carvão, e agora encharcadas pela chuva, não queria estar tão exalto do trabalho, afinal, o bebê estava nascendo.

Já ofegante, entrou em casa encontrando algumas da vizinhas na sala, uma delas indicou sorrindo o quarto nos fundo para onde ele foi. Na porta pode ouvir os murmúrios de uma criança recém nascida, mais alguns passos e ele viu Páris com o filho dele nos braços.

O homem não conseguiu se sustentar nas próprias pernas, perdeu as forças caindo de joelhos perto da cama, chamando a atenção da esposa. Páris estava suada pelo esforço do parto, mas não menos linda, os olhos azuis irradiava vida, assim como a vida que ela tinha nas mãos.

– É uma menina meu amor. É Katniss, nossa Katniss.

Ela pediu para que se aproximasse e ele fez com cuidado, chegando mais perto da filha. Logan e Páris fizeram um acordo de que se fosse uma menina, ela se chamaria Katniss, e lá estava a pequena.

Linha os mesmos cabelos castanhos de seu pai, os mesmos olhos puxadinhos, até o mesmos queixo. Apesar de estar com os olhos fechados, Logan suspeitou que ela também teria os mesmos olhos, exceto o nariz e o formato dos lábios, eram iguaizinhos aos de Páris.

Katniss era tão frágil, tão pura e linda que dava até medo de pegá-la, mas ele fez. Tomou a filha nos braços sorrindo como um bobo, sentiu o calor no corpinho dela, as batidas rápidas do seu coração, e o amor que ele tinha pela menina, que já achava que não poderia ser ainda maior do que já era, o surpreendeu.

Um minerador nunca ganhou muito, era difícil ter família e manter todos devidamente alimentados. Logan guardava tudo o que podia para a mulher e a filha, Páris fazia o mesmo, mas ela ganhava pouco como botânica. A situação ficou ainda mais complicada com a chegada de Prim, porém nada que fizesse os Everdeen desanimarem.

Com isso, Logan teve que começar a caçar nos fins de semana, e passou a levar a filha mais velha. Katniss crescia como as flores nos campos, correndo pela flores a cada verão. Seu pai sentia orgulho a cada descoberta que ela fazia, ela amava os domingos de silencio junto com Logan, amava as canções que ele a ensinava. Com quatro anos e ela já mostrava destreza com o arco e flecha.

Habilidade essa que se tornou essencial na vida da menina.

A mina explodiu, ninguém sabia o motivo, mas tudo foi pelos ares. Katniss se lembra muito bem daquele dia, o Distrito inteiro parou, ela tinha apenas onze anos. Buscou no jardim de infância, segurando com firmeza a mão da irmã até chegaram as minas, Páris já estava lá, pegou as meninas pelos ombros na expectativa de ver o seu marido com vida.

Um dia inteiro de resgate já havia se passado, muitos saíram feridos, outros sem partes do corpo por causa da explosão. E por fim veio a notícia, Logan estava morto, e nem havia sobrado um parte corpo para ser enterrado.

Ela tinha onze anos eu disse?

Onze anos e muitas responsabilidades.

Katniss passou a prover o alimento de casa, enquanto sua mãe definhava em tristeza. Ela caçou, pôs comida na mesa, cuidou de sua irmãzinha e da mãe doente, passou frio, passou fome, mas nunca deixou que nada faltasse para elas. Até os Jogos Vorazes entra na sua sorte.

Nem pensou direito, e quando já viu era voluntaria no lugar de Prim, sem arrependimentos sobre isso. Gale, seu melhor amigo, por ironia do destino ou não, estaria com ela.

Ela enfrentou uma arena, salvou seu amigo e a se mesma, conseguindo voltar para casa. Porém dentro dela havia a certeza de que um sentimento bom a esperava mais a frente, com seus olhos cor do céu, e os braços abertos, o seu garoto com o pão, que lhe livrara da fome.

O que Katniss não esperava era a repercussão de seus atos.

Simples amoras!

Quando ela explodiu a arena no Massacre Quaternário, ela eletrizou uma nação.

A marca do Tordo aparecia em maior número, com cada vez mais frequência. Pintados em muros, estendidos em bandeiras, cantado em melodias de alerta. O povo viu na menina esperança, viu no voo do Tordo a liberdade.

Começaram a se rebelar contra os Pacificadores, os expulsando dos Distritos, e mesmo com os fuzilamento em público, mesmo com os bombardeios, passaram a combater a Capital com fogo e sangue.

Já não importava mais os mortos, Panem estava de peito aperto para lutar.

O eco da canção foi ouvida em todos os cantos. A “árvore forca” era contada no Distrito 5 enquanto marcharam para morte, marchavam para a vitória. Aqueles homens e mulheres não veriam o sol nascer no dia seguinte, mas eles criam no lhe aguarda mais à frente. Era a coroa de glória.

Uma princesa esculpida do mármore

Mais suave que uma tempestade

E as cicatrizes que marcam seu corpo são prateadas e douradas.

Katniss Everdeen, fez a alma corrompida dos humanos acreditarem novamente que tudo ainda pode ser diferente. Ela fez um revolução nascer dentro de cada um, fez eles abrirem o coração, a viverem come realmente deve ser.

Ela nunca soube os efeitos que causa.

Inspirada em:
Yellow Flincker Beat - Lorde