Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 35
Parte III: A Canção do Tordo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal :D

Finalmente chegamos a parte 3, hehehe!

Bom, vocês devem ter se perguntado porquê que eu demorei tanto a postar. Simples, meu período, assim como o ano letivo de muito gente estava acabando, e eu não podia ficar de vacilo e perder cadeira, né? Por isso não cheguei nem a escrever nem uma das minha duas fics.

Sexta eu ainda tenho uma última prova para fazer, então não se aborreçam se eu não der atenção nos comentários, belezinha?

O capitulo está do jeitinho que eu imaginei, acho que vocês também vão gostar. Da próxima semana em diante vai ficar melhor para eu escrever, já que estarei de ferias, para a alegria de todos.

Bom, então até mais. Se divirtam e comentem Beyond.

Beijos! Até mais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/561095/chapter/35


Deus abençoe a todos nós
Somos um povo corrompido
Vivendo sob arma carregada

E não pode ser combatido
Não pode ser superado
Não pode ser dominado
Não pode ser vencido, não

E quando eu fecho meus olhos à noite
Para sinfonias de luz ofuscante

Como lembranças em uma decadência fria
Transmissões ecoando longe
Longe do mundo de você e eu
Onde os oceanos sangram em direção ao céu



PARTE III - A CANÇÃO DO TORDO

Talvez fosse mais fácil se ele estivesse morto.

Peeta está sentado na minha frente, com as mãos tremulas, balbuciando palavras sem sentidos, o cabelo loiro bagunçado, e os olhos azuis sem vida. Ele mudou de humor tão rápido quem nem chegou a oscilar, foi de sarcástico carniceiro, para depressivo e confuso.

Esse é o efeito do veneno na sua corrente sanguínea. Me disseram que ele havia sido torturado na Capital, haviam aplicado doses do veneno de Teleguiadas para fazê-lo delirar, pensar coisas que nunca aconteceram. Esse foi o motivo de Peeta quase ter me estrangulado.

Quando acordei no aerodeslizador sem ele, meu coração pareceu ter sido esmagado. Estava a caminho do “extinto” Distrito 13, eu era o Tordo, líder de uma revolta civil e estava sozinha, por mais cercada de pessoas que estivesse, eu estava sozinha. Haymitch havia deixado Peeta para trás junto com outros Tributos que também fazia parte da Revolução.

Pelo visto, todos sabiam o que estava por vim, menos eu é claro.

Plutarch Heavensbee se mostrou mais do que um simples Idealizador dos Jogos, se tornou um gênio do marketing me promovendo como tal Tordo. Começamos a gravar vídeos comigo estimulando a Revolução, e em resposta, a Capital lanchou sua voz contra os Rebeldes.

Peeta.

Ele sempre aparecia nas transmissões oficiais do governo dizendo-se totalmente contra o que estavam fazendo, e que eu era inocente, que estavam me usando para uma causa injusta, não sei bem, mas de alguma forma, Peeta ainda estava tentado me proteger. Todas as semanas que novas transmissão ia ao ar, ele aparecia diferente, mais magro, mais fraco, até sua voz estava diferente.

Eu sabia que ele sofria, e precisava fazer algo o mais depressa possível.

Peeta não sabia o que havia acontecido no 12. Nosso lar foi bombardeado, desolado, centenas de pessoas que nos conhecíamos estavam mortas. Eu sabia que o motivo do bombardeio foi eu ter explodido a arena, a culpa era minha por todas aquelas morte, eu não podia causar mais nem uma, muito menos a do próprio Peeta.

Eu voltei a um 12 poeirento de cinzas, com cadáveres carbonizados em pilhas pelas ruas que eu tanto conhecera, tudo para mostra que a verdadeira injustiça foi cometida contra nós, e não ao contrário. Na mesma noite em que esse protopop foi transmitido, achei que o havia perdido para sempre.

Ele avisou a todos nós que o 13 seria atacado, que eu estaria morta pela manhã. Essa foi a gota d’água, então finalmente a presidente Coin autorizou o seu resgate. Passei a madrugada na expectativa de notícias, não só de Peeta, mas também de Gale que se voluntariou para o missão.

Gale.

Se não fosse pelo meu amigo certamente não tinha sobrado ninguém do nosso Distrito. Ele salvou nossas famílias, levou quem pôde para a floresta, tentando manter todos seguros.

Assim que Haymitch veio dar a notícia de que todos estavam de volta, eu corri como nunca na minha vida. Cheguei no hospital procurando-o por toda parte, a movimentação nos novos paciente estava aflorada no lugar como calor na pele. Johanna Mason era quase irreconhecível, seu cabelos foram raspados, e seu rosto muito machucado por espancamento. Anne e Finnick se chocaram assim que se viram, o que foi quase inevitável.

Quando por fim encontrei o quarto onde Peeta estava, me veio o terror de gelar o sangue. Além das feridas em seu corpo, também tinham suas mãos sobre mim.

Snow criou um novo Peeta, a única arma capaz de destruir o Símbolo da Revolução, o único capaz de me matar. No entanto, mesmo não estando morta fisicamente, estou devastado por dentro.

O rapaz sentado à minha frente, balbuciando palavras sem sentido, com mãos e olhos trêmulos, não o Peeta que eu conheci, o Peeta que eu aprendi a amar, e ainda amo. Não é o mesmo que gerou o ser no meu ventre.

Ninguém aqui falou sobre meu filho, nunca me disseram se ele está bem, está saudável, embora eu saiba que ele ainda vivi em mim, se eu tivesse sofrido um aborto teriam me contado. A certeza que tenho em meu coração é o que me faz crer que minhas gravidez está sendo levada à diante com exatidão apesar da minha imprudência.

– Você nunca vai se perdoar se perder essa criança.

Haymitch me disse quando levei um tiro no Distrito 2, o lugar era o último dos Distritos com um núcleo pró-Capital. Peeta não queria me ver, eu estava magoada com toda a situação, querendo achar uma saída, e as pessoas no 2 precisavam de ajuda. Foi uma chance de me sentir útil, mas a consequência foi uma costela quebrada, e um pulmão perfurado.

A pulseira de “mentalmente desorientada” voltou ao meu pulso, assim como as altas doces de remédios e minha resistência a eles. Tinha medo que fizessem mal ao bebê, por isso eu os cuspia de volta. Haymitch tinha razão, eu nunca vou me perdoar se perder essa criança.

Nunca vou me perdoar se deixar o filho dele morrer.

...porque você é bom com palavras! – a voz de Johanna me fez acordar dos pensamentos, ela está com a boca cheia de comida falando de alguma coisa para Peeta. – Foi o que eu soube, que você era um bom convencedor, por isso você foi usado para defender a Capital.

– Isso é besteira. – a voz dele saiu mais grave que o normal.

Peeta tinha disso, seus limites estavam ao extremos e ninguém conseguia entender quando ou não lhe deveria contar algo. Eu continuo o olhando de forma distraída quando sou pega no flagra, Peeta sorrir para mim mostrando os dentes tão brancos, mas não o sorriso de antes. Suas expressões são maldosas, mostrando seu desprezo por mim.

– Vocês vão finalmente assumir o romance agora que eu estou fora do jogo? – sua pergunta foi para mim e Gale que está ao meu lado na mesa.

Eu não respondo, permaneço olhando-o fixamente. O azul ainda é igual ao que eu me lembrava, o que o faz tão distinto agora? Vejo a mão de Gale se fecha com raiva, a dias ele está se segurando para não dar uma surra em Peeta, mais por que eu pedi que não fizesse do que qualquer outra coisa.

– Não sei se você se lembra gatinho, mas nessa história, o outro aqui era você. – Johanna é que lhe responde, ela parece se divertir com a situação enquanto se glutona com a carne e arroz.

Diferente do dela, meu jantar continua intacto. Não tenho estômago para comer, até o cheiro do bife me incomoda, me enjoa só de olhar. Acabo dando meu prato inteiro para Johanna que aceita com muito gosto, levanto-me da mesa querendo ficar o mais longe possível de Peeta e suas humilhações.

Saio do refeitório com passos lerdos, não tenho muita pressa em caminhar. Vago pelos corredores sem um direção exata, até que encontro uma passagem que leva a um túnel de ar antigo. Eu já havia vindo aqui outras vezes, principalmente quando fugia da minha internação no hospital, é um lugar seguro para mim, é silencioso, opaco e quase ninguém se lembra que existem.

Encolho-me trazendo os joelhos para perto do peito, repousando minha cabeça sobre eles. É o único momento o dia todo que consigo ter um pouco de paz. Tiro do bolsinho da frente do meu macacão a pérola que ganhei de presente de Peeta, durante noites ela foi a única coisa que me sustentou, o único elo que me ligava a ele, me fazendo lembrar do calor dos seus lábios quando tocavam os meus.

Involuntariamente começo a cantar, é uma coisa que conte comigo sempre que estou aqui. Quase todas as canções que meu pai me ensinou vêm a minha cabeça, e eu as sussurro como se fossem um segredo.

Um tempo depois ouço passos ecoando pela tubulação, deve ser Gale, ou Prim vindo me chamar, o que significa que devo estar aqui a horas. Mas para minha surpresa não é nem um deles, e sim Gabriel, pai de Peeta.

Ele sorrir ao me ver como sempre faz, senta-se ao meu lado com uma certa dificuldade já que é um homem alto e corpulento, os espaços no túnel não o ajudam nem um pouco a fazer isso. Gabriel tira de dentro da camisa um embrulho de papel, me estendendo em seguida.

– O que é isso? – pergunto sentindo que tem algo quente no embrulho.

– Pão. – Gabriel me responde como se fosse óbvio, rindo da minha cara em seguida – Vi que você não comeu nada, resolvi te trazer alguma coisa.

– Gabriel... sabe que não pode pegar comida escondido. – eu o repreendo pelo que fez – E se eles te pegam, o que vai ser de você.

– Ora, eu sou o único padeiro decente que esse lugar já viu em 75 anos, não vão fazer nada, ainda mais porque estou roubando para alimentar você.

– Eles passaram 75 anos sem um padeiro de verdade, podem muito bem passar mais 75.

Rasgo o embrulho descobrindo dez maravilhosos pãezinhos de queijo, o cheiro desperta meu apetite fazendo meu estômago roncar na mesma hora. Só são permitidas três refeições por dia no 13, todas com hora para começa e terminar assim como tudo aqui, não tem essa de deixar pra depois. Se alguém se recusar a comer, só vai poder fazer a próxima refeição e olhe lá.

Desperdiçar comida é o maior pecado que poderia ser feito, porém duvido muito que o pessoal do 12 esteja cometendo tamanha falta, já que para a grande maioria ter comida, e comida boa na mesa era quase impossível.

Não posso me queixar em relação a isso, o 13 abriu as portas para nós, no deram abrigo e segurança, ninguém parece mais sofrer. A população do meu Distrito foi recontada depois do bombardeio chegando ao número se 915 pessoas. 915 de 10 mil sobreviveram.

Meu maior lamento dessa tragédia é Madge. A filha do prefeito, minha única amiga não está entre os 915. Acho que por ser filha do prefeito, algo assim, ela e sua família tenha sidos levados para a Capital, mas sei também que o prefeito Undersee não é um homem tão influente assim.

Não me resta nada a fazer a não ser esperar por boas novas.

– Viu? Você estava com fome. – Gabriel comenta da minha ligeireza em comer, fazendo nós dois rirmos – Como vocês estão?

– Bem, eu acho... – digo com um suspiro, sei além de mim Gabriel cuida do neto.

Às vezes me pergunto como você pode prezar tanto por alguém que nem conhece, que só por saber que ele está ali é o suficiente. Deve ser esse sentimento tão sem sentido que nos aprisiona de forma tão singela a tal ponto que fazemos os mais inimagináveis sacrifícios sem nos importar.

– Devia contar para ele. – me diz depois de um tempo em silencio, está se refere a Peeta ao dizer isso – Sei que ele te magoou muito, tanto fisicamente, quanto moralmente, mas se Peeta soubesse que você está gravida nunca de machucaria. Por mais louco que ele estivesse, ele nunca ralaria um dedo em você.

– Ele não é mais seu filho, Gabriel. – minha voz sai com certa amargura – Não é o nosso Peeta, e mesmo que ele soubesse o bebê, duvido muito que acreditaria na paternidade dele.

– Por que? Por acaso esse filho também não é dele?


– É claro que é! – digo já irritada com insinuação que ele faz, mas Gabriel sabe muito bem o que sinto pelo filho – Eu nunca tive outro homem na vida que não fosse ele, e você sabe que a criança que carrego é tão Mellark quanto você.

Levanto-me passando por cima das penas de Gabriel que estava dobradas na passagem, essa conversa me deixou completamente furiosa. Não basta eu já ter a mulher dele com olho de desconfiança para o meu lado, também vou ter Gabriel duvidando de mim?

Só alguns passos depois de ter saído do túnel, sinto um mão me puxar pelo ombro. Gabriel está visivelmente arrependido do que disse ali atrás, mas eu não digo nada, sei que ele vai pedir desculpas, e fará sem esforço.

– Sinto muito, não me interprete mal, Katniss. Eu só acho que ele tem o direito de saber. Por favor, pense no que eu te falei. Peeta pode ter um estado mental perturbado agora, mas ele está sendo tratado, e vai melhorar. Quando isso acontecer ele vai querer cuidar do filho de vocês como deve ser.

Ele não espera que eu diga algo, apenas abaixa o queixa na altura da minha testa, deixando um beijo sutil lá, indo embora em seguida. Permaneço no mesmo lugar, com as palavra dele rondando minha mente, não consigo achar um nexo para elas. Todavia, mais cedo ou mais tarde Peeta saberá da gravidez, só não posso imaginar como ele irar reagir a ela.

O alarme do toque de recolher soa por todo o Distrito, isso significa que eu tenho quinze minutos para cegar ao compartimento que divido com minha mãe e irmã, se bem que eu nunca fui de respeitar regras, ou acordos.

Ando devagar pelos corredores completamente vazios, não tenho impaciência nem uma de chegar onde devo. Começo a subir as escada que dão acesso ao terceiro piso de compartimento, até que escuto o que eu não gostaria de ouvir.

Gemidos de dor.

Meu cérebro me diz para não ir em direção aos grito, mas meu corpo desobedece, e continuo a seguir o som. De longe vejo pessoas na porta de um compartimento, elas estão desesperadas com algo que está acontecendo.

Dois guardas do 13 entram com cassetetes nas mãos, sendo seguidos por mais dois guardas. Além dos gritos ouço o barulho de objetos sendo despedaçados, a cada passo de que dou uma verdade se confirma no funda da minha mente, apavorando-me até a alma.

Quando dou por mim, estou dentro do compartimento da família Mellark, olhando para um Peeta transtornado em meio a uma crise nervosa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Beyond two Souls" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.