Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 10
É agora


Notas iniciais do capítulo

Tá aí gente, mais um capítulo, nesse dia tão especial de estreia de A Esperança, espero que meu leitores ainda estejam vivo depois de hoje.
Se você tá gostando de Beyond, favorita, recomenda, e comenta, quero saber o que vocês tão achando da fic. Continue acompanhando.
Beijos.



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— Estou com medo – sussurro em seu ouvido.

O sol já nasce no horizonte.

Peeta tentou me convencer a dormir um pouco antes tudo começar, mas eu não quis. Ficamos a noite toda sentados no terraço, ele me abraça, confortando-me do meu mais novo temor. Nossas mãos estão entrelaçadas, e a horas nós não dizemos uma palavra, elas não são nadas agora.

Sinto cada parte do meu interior despedaçar. Fechar os olhos não adianta, quando os abro novamente, sei que tudo isso é real, e permanece, me arrasta para o fundo, engolindo meu entendimento e tudo o que eu sou junto com ele. O gosto amargo na minha boca, só me faz sentir a certeza de que a hora está chegando.

E quando o cronometro zerar, a vida será apenas um vapor que se dissipa em segundos.

É como guardar as respostas em sua própria mente. Conscientemente você as esqueceu, essa é a forma como a mente humana funciona. Sempre que algo é muito desagradável ou muito vergonhoso para suportarmos acontece, nós rejeitamos isso, nós apagamos isso da nossa memória. Mas a marca está sempre lá. Cicatrizes que se curam por fora, não por dentro.

— Eu também estou com medo. – Peeta fala baixinho, com ternura.

Isso é tão doloroso para ele quanto para mim. Só quando ele me deixou pro um dia inteiro eu percebi. Cada segundo que passava, minha mente viaja até ele. A dor que o oprime, o medo que o paralisa, eu sentia tudo por ele. Me afoguei nele tão depressa, tão gradativamente, e isso era o que eu mais queria. Porém não entedia, nem meu coração tentava compreender esse sentimento, mas agora eu sei.

Nunca permite que esse sentimento nasceria em mim novamente. Depois de tanto sofrer, de perder meu pai e ao mesmo tempo minha mãe, de crescer sem carinho, sem calor, se alguém que afagasse meus cabelos para dormir, mas aconteceu. Eu vi que o amor é uma coisa boa, ele veio direto para mim da forma mais pura e agradável que ele deve ser, libertando a vida em mim.

Em nossa vergonha mútua, nós escondemos nossos olhos para cegá-los da verdade. Descobri um caminho através de quem sou dizendo para mim mesma: Por favor, não tenha medo, quando a escuridão desaparecer o amanhecer quebrará o silêncio, gritando em nossos corações.

Eu tentei lutar contra a verdade pela última vez. Vejo que é esperado que tentemos ser reais, e quando a solidão me alcançar, vou estar em paz, pois o carregarei dentro de mim. Isso é real.

— Diga que você estará comigo – começo a chorar novamente - Porque eu sei que não posso suportar tudo isso sozinha.

— Você não está sozinha, querida. Nunca, nunca! Vou estar sempre aqui, te esperando, o tempo todo.

Lágrimas quentes escorrem do rosto de Peeta. Posso senti-las nas minhas bochechas, se misturando as minhas. Sei que preciso ser forte, mas estou perdendo uma pessoa que acabei de ganhar, e isso machuca minha alma. Ele acaba de dizer que estará me esperando. Sei que ele me esperaria uma vida inteira, e mesmo que não existisse mais vida em mim, ele estaria lá, e eu tinha mais um motivo para lutar.

— Por que você fez aquilo? – pergunto tentando ter em fim uma resposta – Nos Jogos? Os seus. Eu queria entender.

Talvez essa bem doloroso para ele falar. Sei também que ficar quieto é só uma maneira de escapar dos pesadelos. O silencio sempre é um lugar.

— Eu só...não queria ser uma peça nos jogos deles. – ele responde com a voz serena – Nos forçaram a tanto. Permitiam as maiores barbaridades. Eles queriam um “show de horrores” e eu dei pra eles, de alguma forma eu queria mostrar pra eles que não me dominavam, mas acho que falhei nisso.

— Por que fala isso?

— Porque eles me dominam, e eu nunca vou ser livre totalmente.

Peeta suspira, sei que isso não está fazendo bem a ele, então decido não perguntar mais nada, ele tem seus segredos, eu sei, assim como também tenho os meus, não seria justo pô-lo contra a parede e faze-lo me explicar coisas intimas dele. Não é o momento, e agora eu só quer ter um pouco de paz ao seu lado, absorver o seu calor ao máximo.

— Acho melhor entramos. – Peeta diz se levantando me levando junto – Viram te buscar em algumas horas.

Eu apenas concordo e sigo pra dentro, Peeta segura minha mão delicadamente, seu olhar está pesado, por ele não me largaria nunca. Eu queria fugir, sair correndo desse lugar, ter uma vez na vida escolha, mas não tenho nem uma, isso só me frustra ainda mais, alimentando minha revolta.

— Promete que vem me ver antes que eu parta? – me agarro a ele fortemente.

— Eu prometo.

Demoramos pra nos soltar, posso sentir as batidas do coração de Peeta, acelerado, descompassado, batendo tão forte que posso acreditar que seu peito dói com isso, talvez por estar partindo também. Ele me beija logo em seguida abra a porta do quarto pra mim, entro fechando a porta vagarosamente, olho pro seu rosto tristonho, engulo em seco e mordo o lábio pra não chorar novamente, e a porta se fecha de vez.

No meu quarto, fico perto da janela até o sol nascer completamente, a luz alaranjada atinge meu rosto, aquecendo minha pele, respiro o ar puro dessa manhã, a última manhã que tenho certeza que existe. Uma jovem Avox venho me entregar a roupa que usarei na arena. Tomo um banho demorado, esfrego cada conto do meu corpo deixando a pele vermelha. Me olho no espelho, e Deus! Eu sou apenas uma menina, uma menina que se tornou mulher antes da hora, que precisou aprender a lidar com suas próprias dificuldades, mas já deixei de sentir pena de mim mesma a muito tempo. Ponho a camisa verde, e calça marrom com as botas de mesma cor, elas são bem confortáveis, diferente das que eu usava pra caçar, que de tão velhas, vez por outra machuca meu pé. Quando batem da minha porta novamente, respiro fundo, sei que está na hora do ir.

Encontro Effie na sala junto com Haymitch, Gale já havia ido. Ela me abraça forte dizendo que de todas as tributos que ela já acompanhou, eu a mais especial e a melhor. Haymitch põe a mão no meu ombro me guiando até o telhado onde um aerodeslizador me espera. Olho para os lados a procura de Peeta, mas ele não está lá, eu desgosto imenso me atinge, e o peso da decepção era óbvio sobre meus ombros.

— Presta atenção docinho. – Haymitch segura meu rosto – Quando o sinal disparar, vai ser um banho de sangue, não quero que se arrisque na Cornucópia. Corra o mais rápido que poder, procure água, e o mais importante; fique viva.

Eu assento, Haymitch me dar um abraço e eu respiro fundo. Olho para o aerodeslizador, quando dou as costa pra Haymitch sinto uma mão no meu ombro, me viro apressada devida a expectativa que me toma; era ele. Eu praticamente pulo em seus braços me pendurando em seu pescoço, Peeta me aperta me deixando afundada completamente em seu peito, fecho os olhos permito-me capturar tudo o que posso dele, e ele também faz isso, passa o nariz o meu pescoço sugando meu cheiro. Peeta se afasta me deixando ver seus olhos, ele puxa um cordãozinho de dentro da camisa, com uma pequena pérola peso a ele, e põe em mim.

— Eu ganhei de um amigo quando ganhei os Jogos. Quero que fique com ela, ela é sua.

— Eu vou voltar. – digo abraçando-o

— Não pense em mim quando estiver lá, procuro se concentrar nos Jogos. Você é capaz, eu sei que é.

Será inevitável não pensar nele. Peeta pega minha mão e a beija, posso sentir sua ternura, seu carinho por mim naquele doce beijo, esse é o nosso último contato, vou em direção ao aerodeslizador olhando pra trás várias vezes. Ao entrar encontro Cinna próximo as poltronas, ele se levanta e vem me abraçar, um abraço forte e demorado, Cinna me acompanhara. Meu café da manhã é colocado numa mesa perto da janela, daqui vejo a cidade se tornar pequena, e todas as rações ficando pra trás. Não consigo comer nada, nada me desce, minha garganta parece travada pra qualquer coisa, mesmo Cinna insistindo pra que eu como algo, o máximo que consigo são algumas pequenas frutas, já querendo por pra fora, o enjoo no meu estômago é perturbador.

O aerodeslizador pousa, mas antes que posamos descer, uma moça traz um tipo de seringa com algo de metal na ponta, ela pede pra que eu estique o braço direito, quando pergunto o que é, ela me diz que é meu rastreador, assim os Idealizadores vão poder saber onde estou na arena.

Somos levados por corredores cinzentos até uma salinha, engulo em seco ao entrar (esses são meu últimos momentos?), o embrulho no meu estômago é cada vez maior, e estou suando frio, não percebi quando comecei a tremer, fico andando de um lado pro outro, esses minutos de espera são angustiantes, respiro fundo e suspiro, enlaço meus dedos, teto dizer a mim mesma que eu consigo, eu posso, vou passa por eles, vou passar por essa arena e voltar pra casa.

— Um minuto para o início.

A voz invade meus ouvidos, olho pra Cinna apreensiva, ele me puxa até um plantaram em forma de disco, sei que aquilo vai me levar até a arena. Cinna me põe uma jaqueta grosa que vai até o meio da coxa.

— Essa jaqueta é térmica. – ele diz fechando o zíper – Ela vai refletir seu calor, pode esperar por noites bem frias.

Eu não digo um palavra, tudo o que consigo fazer é mecânico e involuntário, Cinna afasta uma das dobras do tecido da lapela da jaqueta e me mostra algo, um pequeno pássaro dourado preso a um círculo de ouro; o broche de Madge, o meu tordo, não posso evitar sorrir quando vejo, eu até havia esquecido dele, onde Cinna conseguiu? Cinna pode o dedo indicador nos lábios sorrindo, como se pedisse segredo.

— Onde você achou? – pergunto.

— Estava preso a sua roupa, quando você veio do 12. – ele explica – Precisei delas pra tirar suas medidas e o encontrei.

— Obrigada. – digo num suspiro. (- Trinta segundos para o início.)

Cinna me dar um último abraço, e um beijo na testa tentando me passar toda a confiança do mundo.

— Eu não posso apostar, mas se pudesse, apostaria em você Garota em Chamas.

Fecho os olhos uma última vez e respiro fundo (- Dez segundos para o início), subo na plataforma, meus joelhos mau sustentam meu corpo de tão trêmulos, o vidro passa na minha frente, formando um tubo. A plataforma começa a subir, e meu coração dispara junto com minha respiração totalmente descontrolada. Vejo Cinna uma última vez, e tudo escurece.

Chegou a hora.


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