Eram 13h00min de domingo. O sol estava escaldante naquela rua, e qualquer outra pessoa já teria desistido de ficar ali. Mas Yume estava à espera de alguém especial. Talvez aquela fosse uma chance única em sua vida.

O Ginásio Municipal de Tokio ficava distante de sua casa, mas aquilo não era um problema para ela, não podia ser. Por ele qualquer coisa valeria a pena. Konoha Uchiyama, o maior ginasta que o mundo já conheceu, treinaria ali às 13h30min e tudo que Yume queria era vê-lo de perto. O que não fazia nenhum sentido era o fato de mais ninguém estar ali, esperando-o. Ela sabia que não estava enganada, ela sentia isso; porém, a presença dele costumava chamar muita atenção, aquele lugar deveria estar lotado. Mas não estava. Tudo estava dando certo, apenas os dois estariam ali. Juntos. Yume corava ao pensar nisso.

De repente, ela ouviu o barulho de uma porta batendo atrás de si. Yume estremeceu e se virou para olhar, esperando que fosse ele e tremendo pelo mesmo motivo. Quando percebeu que ele estava a apenas cinco metros de si, corou novamente. Ela parou bem próxima a ele e ficou olhando-o, sem esboçar reação alguma, como se estivesse congelada. Konoha percebeu que ela, apesar de tão próxima a ele, agia como se estivesse muito longe, talvez imersa em pensamentos.

– Olá. Será que eu posso ajudar em alguma coisa?

A garota tremia e ainda não conseguia falar, apenas olhá-lo.

– Ah, certo. Então, qual o seu nome?

– Yu.. Yu...

– Vamos lá pra dentro. Eu vou pegar um pouco de água pra você, está muito nervosa. Não podemos mais ficar aqui fora, não quero chamar atenção.

Já dentro do ginásio, Yume bebia a água e voltava a respirar normalmente. Ela sentia seu coração acelerado e tentava falar, mas nada vinha a mente. Ela estava muito feliz e até mesmo seus pensamentos a confundiam. Então ela lembrou que havia treinado muito para mostrá-lo, caso pudesse um dia, que ele havia inspirado-a a conseguir fazer um salto de ginástica, um duplo mortal esticado. Era a única coisa que passava em sua cabeça.

– Eu... Eu queria te mostrar uma coisa. Será que...?

– Você está nervosa demais, se acalme. – ele ria – Pode mostrar.

Yume correu pelo tablado e deu o salto, mas não saiu como o esperado. Ela bateu a cabeça no chão e desmaiou no mesmo momento.

Minutos depois, Yume abriu seus olhos e percebeu que estava deitada e que a cabeça doía. Havia um curativo em sua testa. Konoha a olhava fixamente.

– Ei! Que bom que acordou. Você está bem?

– Sim, eu estou. Eu ... desmaiei?

– Sim, você bateu a cabeça no chão.

– Ah. Deu errado então.

– Bom, não fica assim. Vamos fazer o seguinte, fique com meu telefone. – e dava a garota um papel com um número anotado.

Ela pegava o papel e sorria muito. Ele sorria de volta.

– Qualquer dia desses você me liga, se quiser . E aí podemos sair juntos.

A garota ficava extremamente feliz e corada. Konoha mudava de assunto.

– Ei. Será que você pode me responder uma coisa?

– Claro. Diga.

– Como soube que eu estaria aqui? Ninguém sabia, pois eu marquei em outro lugar. Eu só queria treinar um pouco sem tanta gente querendo falar comigo. Eles acham que chegarei ao Ginásio de Namikori a qualquer momento.

Yume apenas conseguia pensar que aquilo não tinha explicação. Ela tinha certeza sobre o que leu, como mais ninguém sabia?

– Eu não sei. – e se levantava, tentando entender a expressão confusa no rosto de Konoha.

– Bom, eu tenho que ir agora. Não posso te atrapalhar.

– Tudo bem, eu levo você até a saída. Quero te ver outro dia, é difícil encontrar alguém como você. É muito corajosa.

Ele a acompanhava até a saída.

– Ah, e a propósito, você não me disse seu nome.

– Me desculpe. É Yume Asakura.

Ele sorria. Ela corava e ia embora. Daquele dia em diante, o destino reservaria ótimas surpresas na vida dos dois. O caminho começava a ser traçado.