Kaos - O Encontro Com Eris escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 11
As dez peças de nove


Notas iniciais do capítulo

A Corte da Irmandade está reunida e Kaos é uma dos Lordes Piratas, sendo assim portadora de uma das peças de nove.



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Ali estava eu, Kaos, recém descoberta Lorde Pirata, onde um deles detestava o meu pai, o antigo Lorde Pirata. Bom, devo confessar que eu não tenho noção alguma das minhas responsabilidades, do que ser uma Lorde significa. Descobri que Rato e Kyle já sabiam, mas nunca quiseram me contar por pedido de meu pai. Belo momento para descobrir, não é mesmo? Com toda a companhia atrás da gente. Mas enfim... prosseguiremos com a reunião.

– Então, para confirmar seus títulos, apresentem suas peças de nove, meus caros Capitães - disse Barbosa.

Então o olho de vidro passou recolhendo um monte de itens inúteis de cada um.

– Não são dez peças de nove, são objetos inúteis - disse o careca.

– Quando foram subjugar Calipso, a Corte se reuniu e eles não tinham uma moeda - disse Gibbs.

– Então troque o nome.

– Pelo quê? "As dez peças do que fosse o que estivesse em nossos bolsos"? Não dá, não é coisa de pirata.

Então a vasilha chegou em mim.

– Eu não tenho uma peça - eu disse.

– Ora, o que é isso Kaos, seu pai deve ter lhe entregado alguma coisa antes de morrer - disse Barbosa.

– Não, ele não entregou - eu disse.

– Típico de Simbad, morrer levando uma das peças de nove - disse o maquiado insuportável.

– E esse colar que você sempre anda com ele? - perguntou Barbosa.

– Não, esse colar é meu, eu o fiz - eu disse.

Kyle então tirou do bolso uma pequena estaca de madeira presa em uma corda e me entregou.

– O que é isso? - perguntei pegando a estaca.

– Seu pai me entregou, pediu que eu ficasse responsável por uma das peças de nove porque se algo acontecesse a ele, eu seria o Capitão do navio, mas aí veio você e o navio passaria pra você. Ele me disse que tinha o momento certo para lhe entregar uma das peças de nove e lhe contar sobre a Corte. Nunca soube distinguir qual seria o momento certo pra você saber então decidi deixar de lado, mas agora se tornou inevitável.

Olhei para aquela pequena estaca de madeira. Toquei nela e fiquei admirando-a por um tempo. Pensando em meu pai entregando esse pedaço de madeira para subjugar uma deusa. Meu pai tinha um envolvimento intenso com os deuses, não é mesmo? Dei uma risadinha e pude ver o momento em que ele pegou a estaca e a entregou. Ele estava acompanhado apenas de Kyle, ele girou o pequeno pedaço de madeira e jogou perto dos outros com um sorriso galanteador. A japonesa deu uma risadinha, ela era mais jovem, bem mais jovem na época e aposto que teve um caso com meu pai. O maquiado já não gostava dele, revirava os olhos. Então, após o final da visão eu coloquei o pedaço de madeira junto com os outros objetos.

Assim que o olho de vidro deu a volta na mesa, ele voltou para Barbosa.

– Senhor Raggeti, por favor - esticou a mão para ele.

– Eu guardei direitinho desde que o senhor deu o olho pra mim - ele disse sorridente.

– É guardou, só que agora eu quero de volta - ele deu um tapa na cabeça do olho de vidro e o olho pulou para fora de sua cabeça, se mostrando uma das peças de nove.

– E Sparrow? - perguntou um pirata que parecia um indiano.

O olho de vidro se aproximou de Jack. Jack mexeu em sua cabeça.

– Devo apontar que ainda falta um Lorde Pirata e estou contente como uma catatua por esperar que Sao Feng se junte a nós - ele disse sorridente chegando ao lado de Barbosa.

– Sao Feng morreu - gritou Elizabeth no fundo da sala e todos olhamos para ela. - Foi pego pelo Holandês Voador.

– Maldito navio! - disse a japonesa nervosa.

Só eu não achava o Holandês tão mal assim? Afinal, mesmo nojento do jeito que era, tive bons momentos lá. Talvez pelo fato de eu possuir a marca. Elizabeth então fincou sua espada no globo junto com as outras dos lordes.

– E fez de você Capitã? - perguntou Jack não gostando da ideia. - Agora dão o posto para qualquer um?

– Mandada pelo diabo! - disse um capitão gordo e eu apenas fiquei sentada enquanto virava um tumulto. Sentei direito na cadeira, cruzei as pernas, apoiei meus braços na braçadeira da cadeira e juntei os meus dedos, assistindo à confusão com um sorriso no rosto.

– Escutem bem, nossa localização foi revelada. Jones está sob o comando de Lorde Becket e estão vindo pra cá - dizia Elizabeth.

– O quê? Quem foi o traidor? - perguntou um Capitão grandão que parecia africano.

– Provável que não esteja entre nós - disse Barbosa.

– Cadê o Will? - Elizabeth perguntou.

– Não está entre nós - disse Jack.

– Não importa como nos acharam, a pergunta é: o que faremos agora que acharam? - disse Barbosa.

– Lutaremos! - disse Elizabeth.

E todos começaram a gargalhar e eu ri da gargalhada deles. Eu estava adorando aquela confusão, meus olhos brilhavam.

– A Ilha Naufrágio é uma fortaleza, uma bem suprida fortaleza, não será preciso lutar se não chegarem até nós - disse a japonesa e todos concordaram.

– Existe uma terceira opção. Numa outra época, neste mesmo lugar, a corte da Irmandade capturou a deusa do mar e ela foi presa em seus ossos. Isso foi um erro - e todos olharam para Barbosa sem entender porquê seria um erro. - Dobramos os mares à nossa vontade, sim, mas abrimos a porta para Becket e a laia dele! Bons eram os dias quando os domínios dos mares vinham não de barganhas feitas com o sobrenatural e sim do suor da testa do homem e da força de seus braços. Sabem que falo a verdade - eu e Jack nos olhamos, depois peguei o olhar de Elizabeth sobre mim. Naquela sala, apenas Jack, Elizabeth, Kyle e Rato, sabiam que eu tinha um quinto dos poderes de Eris e eu adoraria se permanecesse desse jeito. - Cavalheiros... damas, nós temos que soltar Calipso.

Todos ficaram em silêncio e depois começou um tumulto revoltado e a minha diversão voltou. Era muito legal vê-los nervosos.

– Atirem nele - disse o indiano.

– Cortem a língua! - disse o africano.

– Atirem nele, cortem a língua e depois atirem na língua! - disse Jack e depois deu um sorrisinho para Barbosa. - Daí raspem a barba suja.

– Sao Feng concordaria com Barbosa - disse um chinês.

– Calipso era nossa inimiga e vai ser inimiga outra vez - disse o africano.

– Ela não deve ter melhorado de humor - disse o maquiado.

– Eu concordaria com Sao Feng, soltemos Calipso! - disse um gordinho barbudo mostrando sua arma sobre a mesa.

– Você ameaça a mim? - perguntou o maquiado ao gordinho.

Então o maquiado deu um soco na cara do gordinho e a arma dele disparou para o teto. eu continuei em minha posição, apenas observando toda aquela guerra entre eles completamente desnecessária, mas muito divertida. Então eles começaram a brigar em cima da mesa, todos eles. Me levantei e fui onde estavam Jack, Elizabeth e Barbosa, ficando ao lado de Elizabeth, seguida por Barbosa e na outra ponta estava Jack.

– Isso é loucura - disse Elizabeth achando ruim.

– Eu acho divertido - eu disse dando uma risadinha.

– Isso é política - disse Jack.

– Enquanto isso os inimigos se aproximam - disse Elizabeth.

– Será que o maquiado vai morrer? - perguntei em voz alta e só depois me dei conta. - Desculpe - dei um sorrisinho tosco.

– Se eles já não estiverem aqui - disse Barbosa revirando os olhos.

Barbosa então subiu na mesa e deu um tiro para chamar a atenção e os capitães pararam de brigar entre si.

– Foi a primeira Corte que aprisionou Calipso! Devíamos ser nós a libertá-la e em agradecimento ela vai nos fazer favores.

– Que favores? Seus favores? Tremenda conversa fiada, digo eu - disse Jack e Barbosa desceu da mesa.

– Se tiver alguma alternativa melhor, por favor, diga - disse Barbosa em seu tom irônico.

– As lulas - disse Jack. - Não devemos, meus amigos, esquecer nossas amigas, as lulas. Deliciosas salsichinhas. Coloque as lulas juntas e elas se devoram sem pensar. Natureza humana ou natureza de peixe. Mas ficamos aqui escondidos e armados e nos destruímos em menos de um mês, o que me parece bem triste de qualquer ângulo. Ou... como meu astuto colega, Barbosa, ingenuamente sugere, podemos soltar Calipso e rezar para que seja misericordiosa, o que eu duvido muito - eu também, pensei. - Podemos querer de fato que ela não seja nada mais do que uma mulher desprezada com uma fúria dos infernos, não podemos? Sendo assim, só nos resta uma opção: eu concordo com... não acredito que essas palavras vão sair da minha boca... a Capitã Swan. Devemos lutar.

– Você sempre fugiu de uma boa briga! - disse Barbosa nervoso e eu fiquei meio surpresa.

– Não fugi não - disse Jack.

– Fugiu! - disse Barbosa.

E eles ficaram nessa briga infantil por um tempo.

– Fugiu sim e sabe disso! - disse Barbosa.

– Não fugi! Difamação e calúnia - disse Jack por fim. - Eu sempre abracei a mais velha e nobre tradição pirata. Proponho, nesse caso, aqui e agora, que todos façam o seguinte: vamos lutar, para fugir - disse Jack com um sorriso e agora sim fazia sentido, eu até sorri.

– Isso! - disse Gibbs animado e todos celebraram com ele.

– De acordo com o código, um ato de guerra, que é exatamente isso, só pode ser declarado pelo Rei Pirata - disse Barbosa todo pomposo.

– Isso é invenção! - disse Jack.

– Será mesmo? Chamo o Capitão Teague! - disse Barbosa sorridente e a expressão de Jack mudou. Seus olhos se arregalaram, como se ele tivesse se engasgado. - O Guardião do Código.

Todos começaram a ficar mais sérios e parece que o clima no local ficou muito tenso.

– Sin Zumbadi diz que isso tudo é loucura! - disse o porta-voz de um capitão muçulmano. - Ignorem o Código, afinal...

Ele foi interrompido por um tiro no coração, o que fez todos se assustarem e ele caiu duro para trás. Olhamos para onde o tiro veio e lá estava um pirata com um grande chapéu de Capitão, muito bonito o chapéu, devo admitir. Ele soprou a arma.

– O Código é a lei - ele disse em sua voz grave que emanava respeito.

Todos se sentaram e Jack ficou olhando o vazio, parecia que seu coração ia sair pela boca. Quem era esse? Seria o Capitão Teague? E o que esse Capitão Teague fizera para que todos o temessem e o respeitassem dessa forma?


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