Sem perder a esperança escrita por Ester


Capítulo 13
CAPÍTULO 13 Babysitter




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POV PEETA

Em uma sexta-feira retorno cedo para casa, todos os dias tenho estado com a Katniss, por isso minha casa está precisando de atenção. Começo a limpeza pensando nela, está ficando cada dia mas difícil não ficar ao seu lado. Sei que somos somente amigos mas tem hora que me dá uma vontade louca de esquecer disso e beijá-la muito do jeito que sempre quis. Quando conversamos sobre seus pesadelos ela propôs que dormíssemos juntos mas depois recuou, não pressionei, deixei que tomasse sozinha essa decisão. Mas todas as vezes que quis que eu ficasse fiz questão de ser o mais cuidadoso possível e deu certo, ela começou a me chamar com mais frequência para estar com ela. Mesmo sem querer pressionar estava muito complicado ficar sozinho á noite. Comecei a dar dicas sutis que queria ficar, que sentia sua falta e uma noite tomei coragem e pedi para ficar. Era sempre ela quem decidia que noites estaríamos juntos mas desde que pedi a primeira vez e aceitou me senti mais encorajado a insistir outras noites e como consequência tem duas semanas que não nos separamos em nenhuma noite.

Tem momentos que acho que quer mais do que ser minha amiga, ela me olha de um jeito de manhã, fica muda me encarando e sorrindo. Quero reunir coragem para avançar, mas não sei o que acontece comigo. Quando o assunto é a Katniss, minha coragem some. É como se eu fosse um rato, sem nenhuma confiança, encarei o país inteiro e disse que a amava, mas para ela nunca consigo achar as palavras certas e entendo por que mesmo sendo completamente apaixonado por ela durante 11 anos, nunca consegui lhe dirigir uma palavra antes dos jogos eu simplesmente não consigo ter coragem para isso.

O telefone toca e quando atendo Katniss diz que precisa de mim com urgência, largo tudo que estou fazendo e corro para sua casa. Entro sem bater e saio a procura dela pelos cômodos.

_Katniss, Katniss, onde você está?

_Na sala vem cá rápido. _estranho a forma que está falando e corro até a sala, quando chego ela logo diz.

_Fica aqui que preciso ir ao banheiro._ e sai correndo em direção ao corredor. Não entendo o que quer dizer e começo a chamá-la de volta mas escuto um barulho e me viro. Sentado no chão da sala está um bebê brincando com as mãos. Parece ter perto de um ano de idade. Fico sem entender nada por um tempo observando a criança, Katniss volta para sala e por fim podemos conversar.

_Desculpa por isso, eu precisava ir ao banheiro e não sabia se era seguro deixá-lo sozinho._ ela se abaixa e devolve o brinquedo ao bebê.

_Katniss o que está acontecendo? Que bebê é esse e por que está aqui?_ pergunto me sentando no sofá perto dela.

_Esse aqui é o Luca, ele é filho do Adam, você o conheceu no meu escritório. A esposa dele ficou doente e eles tiveram que ir para a Capital, mas não tinham com quem deixar o bebê já que os seus familiares moram no Treze e então me pediram para ficar com ele. Não tinha como recusar._ fico rindo da situação, Katniss de babá era algo que realmente não tinha pensado que veria um dia em minha vida.

_Você vai me ajudar? _ pergunta olhando para mim.

_Eu? Por que? Nunca cuidei de um bebê na vida.

_Bom, ele vai ter que ficar aqui de noite e como você dorme aqui, achei que poderia antecipar sua vinda e me ajudar. Se não puder eu chamo o Gale, acho que ele tem mais experiência em cuidar de crianças mesmo.

_Você está pegando pesado_ digo jogando uma almofada em sua direção. Ela começa a rir. No fim o que está dizendo é: ou fico para ajudar ou não apareço mais enquanto o bebê estiver aqui pois vai estar com o Gale.­_ Eu vou te ajudar é só dizer do que precisa._ revelo totalmente vencido, pois não quero correr o risco de ficar sem ela à noite. Katniss e eu nos revezamos entre os cuidados com o Luca e a nossa alimentação. Confesso ser algo bom, ele é um garoto fofo e gosta muito de rir e brincar e me dou bem com ele rapidamente. Ele parece preferir o meu colo, chorando um pouco quando ela o pega. Então ela fica responsável pela higiene e alimentos, e eu fico com o entretenimento e colo, mas na hora do banho me ofereço para ajudar pois tem dificuldades em conte-lo na banheira. Depois do banho e mamadeira é hora do Luca dormir, isso segundo a lista de cuidados e horários estabelecidos pela mãe dele. Mas contrariando a lista ele se recusa a dormir. Katinss e eu tentamos de tudo, apagar as luzes, embalar por um bom tempo, deixar no berço sozinho e nada. Depois de muitas tentativas ele simplesmente começou a chorar sem parar. Como último recurso digo a ela:

_Katniss canta para ele._ ela me olha em dúvida. _Normalmente as mães colocam as crianças para dormir com música, tenta._ mesmo com receio ela começa a cantar bem perto de nós, eu seguro o bebê deitado em meu colo por que se recusa a ficar no colo dela e aos poucos ele vai se acalmando ao ouvi-la. Para de chorar e depois de quarenta minutos pega no sono. Fico com ele até ter certeza que dormiu e depois Katniss leva seu pequeno berço para o quarto, coloca próximo a cama e pede para que eu o deite lá. Meus braços doem pela quantidade de tempo em que o segurei e me jogo na cama, assim que concluo a tarefa, ela vem e deita ao meu lado.

_Não fazia ideia que isso era assim tão difícil. Como nossos pais deram conta disso? _ digo bem baixo para não acordá-lo. Ela só me olha por um tempo depois diz:

_Isso não sei, mas só reforça a minha certeza de que nunca terei filhos.

_O que você disse? Nunca vai ter filhos? Como assim?_ me surpreendo com sua declaração e tento entender seus motivos.

_ Eu nunca vou ter filhos, não vou colocar uma criança nesse mundo podre._ fala convicta e isso me traz um incomodo que não consigo justificar o motivo.

_ Você fala com tanta certeza, mas essas coisas não podem ser decididas por uma só pessoa. Se você se casar essa decisão deverá ser dos dois. Sua e do seu marido_ quero argumentar de forma neutra.

_Bom isso também nunca fez parte dos meus planos. Jamais quis me casar e não acho que farei isso algum dia em minha vida._ sei que ela não me deve nada mais suas declarações me incomodam.

_Eu quero me casar e ter filhos_ digo bem baixo sentindo uma espécie de dor por saber que isso não faz parte dos seus planos. Sempre que pensei em me casar foi com ela, nunca pensei em outra pessoa para ser mãe dos meus filhos.

_Você será um bom pai e marido._ a última palavra ela diz sussurrando com pesar perceptível na voz. Incentivado por isso eu continuo.

_Por que não quer se casar? Por que não ter filhos? O que você pretende fazer da sua vida? Ficar para sempre sozinha como o Haymitch?

_Eu não quero me casar porque quem se casar comigo pode querer ter filhos e isso não terei de jeito nenhum, então é melhor nem casar. E quanto a minha vida não sei como será mas espero não ficar como o Haymitch_ ela tenta sorrir mas não consigo acompanhar, cada vez que ela fala a dor em mim aumenta.

_Porque tem tanto medo de ter filhos Katniss? Se fosse antes quando tínhamos a colheita eu até entenderia, mas agora, por que você não quer? Do que tem medo?_ ela põe as mãos no rosto e fica assim por um tempo, depois começa a falar com uma voz grave.

_Peeta como eu poderia ensinar ao meu filho sobre respeito aos outros, valores morais e todas essas coisas? Os pais devem ensinar pelo exemplo, não vai adiantar eu ficar lhe cobrando isso a ele para depois descobri que sou uma assassina, ele vai me odiar_ fico sem fala, não sei como argumentar contra. Todos nós fizemos tantas coisas para sobreviver e ela carrega isso todos os dias e eu mais do que ninguém sei disso. Após alguns minutos de reflexão digo a ela:

_Eu também fiz coisas das quais não me orgulho, educar um filho é realmente com exemplos, mas isso não significa sermos perfeitos, mas sabermos reconhecer os erros e indicar o caminho certo. Se um dia meu filho souber o que fiz no passado vou mostrar a ele o quanto meus erros afetam meu futuro e torcer para que consiga entender. Mas não há certeza, assim é a vida, nada é certo. Uma criança pode ser criada pelas melhores pais do mundo e não ser uma boa pessoa. Talvez a diferença esteja no amor, quando se ama e se ensina a amar, isso faz a diferença.

_Talvez você tenha razão, mas como saber? Eu enlouqueceria se ele não conseguisse mais me amar depois que souber de mim.

_Katniss você é uma pessoa maravilhosa, tudo que fez foi necessário, já basta o preço que paga todas as noites. Não se prive de viver em função do passado._ ela não diz nada só relata estar cansada e que quer dormir. Vou em casa tomar banho e quando volto ela já adormeceu. Apesar disso me deito ao seu lado e assim que o faço ela se achega a mim. A abraço sem querer pensar mais em nada. Acordo na madrugada com Luca chorando, levanto e o coloco no colo tentando fazê-lo voltar a dormir, demora um pouco mas consigo. Katniss acorda quando ainda o estou embalando para dormir e fica me olhando, não diz nada fica em silêncio por um bom tempo. Com Luca completamente adormecido o coloco novamente no berço e volto a dormir. Mas tarde é ela que levanta para acalmá-lo mas como chora muito, levanto e passo um tempo com ele. Depois de uma hora volta a dormir.

De manhã Katniss levanta troca a roupa do bebê e o deixa comigo na cama, enquanto faz a mamadeira. Nós brincamos por um tempo até ela voltar. Depois de lhe dar o leite ela volta a deitar e ficamos os dois brincando com ele. Deitado o coloco em cima de mim e ela fica conversando e fazendo barulhos estranhos com a boca para ele que se diverte com os sons e ri alto. Fico rindo muito dos barulhos e caretas que faz e ela me bate para eu parar de rir. Não tem como não imaginar isso para minha vida, por que é tudo que eu sempre quis: ter uma família com ela. Fico lhe olhando de forma intensa e ela parece perceber pois fica vermelha e sem graça. Descemos para o café e depois fico com o bebê enquanto arruma suas coisas, quando batem na porta vou atender com Luca no colo. Gale entra e estranha a cena.

_Onde está a Katniss? _ pergunta sem muita cerimônia já gritando seu nome pela casa. Não perco meu tempo respondendo, volto para sala e começo a recolher alguns brinquedos do chão. Katniss chega rápido e lhe explica a situação. Ele fica sério e senta no sofá me encarando em silêncio. A situação toda é estranha e piora quando Haymitch chega e vai logo soltando suas pérolas:

_Eu fico fora daqui uns dias e você casa com a docinho, tem filhos e nem avisa é? Como conseguiu dobrar o coração duro dessa daí? _ sei que isso é normal vindo dele, mas depois do relato de Katniss sobre suas ideias futuras isso mexe comigo. Não consigo disfarçar minha irritação, então levanto entrego Luca para Katniss e saio do sala. Haymitch percebe o clima e vem atrás de mim.

_Ei garoto foi só uma brincadeira, não imaginei que estaria esse clima aqui, na verdade sei do Adam e passei para ver se estava tudo bem.

_Está tudo bem Haymitch, não se preocupe, eu só precisava sair daquela sala._ Katniss e Gale continuam com Luca mas ele não aceita o colo de Gale em nenhum momento chora sempre que tenta lhe pegar. Apesar disso resolvo voltar para casa. Haymitch também sai assim que confere que tudo está bem.

Em casa não consigo parar de pensar em tudo que ela me disse e no quanto minhas esperanças em relação a ela parecem serem inúteis. Mesmo não querendo acabo desenhando a cena da manhã em um quadro. Katniss, Luca e eu brincando juntos na cama. Antes do almoço Katniss bate em minha porta com Luca chorando muito, diz que já tentou de tudo e ele não para de chorar. O pego no colo e repetimos a mesma cena da noite em que eu o seguro e ela canta próximo a nós. Mas desta vez temos um expectador, Gale, que veio atrás da Katniss fica num canto da cozinha nos olhando. Leva tempo até que Luca volte a dormir e eu o carrego de volta para a casa da Katniss, ela termina de organizar o almoço acrescentando o que eu também tinha feito, enquanto coloco ele no berço em seu quarto, assim que o deito ele volta a chorar. Desisto de colocá-lo para dormir e o levo para almoçar. Ajudo nos cuidados com ele, damos banho, trocamos a roupa e brinco com ele na sala. Em todo tempo Gale não vai embora, fica nos cercando e observando, não diz nem faz nada uma vez que Luca revela uma verdadeira aversão a sua presença, toda vez que tenta pegá-lo é um choro sem fim. Até Katniss reclama das suas tentativas, mas sua presença começa a me incomodar e quando penso em ir embora de lá ele se levanta e se despede da Katniss. Ela avisa que não irá a floresta no dia seguinte pois tem que cuidar do Luca ele só balança a cabeça e sai.

A segunda noite em que cuidamos dele é um pouco mais fácil, ele dorme mais rápido mas ainda acorda durante a noite e nos revezamos com os cuidados com ele. Katniss fica estranhamente silenciosa depois que ele dorme e eu também não digo nada. No dia seguinte Adam chega e passa cedo para buscar o bebê. Katinss se prepara para ir a floresta já que não precisa ficar tomando conta dele enquanto faço uma rápida limpeza na sua cozinha. Nós não trocamos uma única palavra que não estivesse relacionada ao Luca em todo esse tempo. Antes que eu possa sair da sua casa ela segura meu braço e diz:

_É agora que você vai dizer o quanto se decepcionou comigo e que por me conhecer melhor percebeu que não sou do jeito que imaginava?_ não sei o que responder, na verdade estou decepcionado mas não pela pessoa que é e sim pela falta de expectativa de um futuro com ela. Penso em algo para dizer mas não acho as certas palavras e então decido falar somente a verdade.

_Não me decepcionei com você, mas sim com o futuro que planeja, tinha a expectativa de te ver feliz e construindo sua família. Eu admito que sempre quis ser o seu marido. Mas se não for comigo que seja com alguém que te faça feliz, só não consigo ficar satisfeito com sua decisão de nunca tentar por medo de errar. _ ela me abraça em silêncio e depois fala.

_Tudo o que te falei naquela noite é o que eu queria te explicar sobre mim depois dos primeiros jogos. É assim que eu sou Peeta. Relacionamentos, namoro, casamento nunca fizeram parte dos meus planos. Pode ser que um dia mude mas por enquanto é assim que me sinto. Ou sentia até conhecer você..._ ela abre um sorriso tímido e eu percebo, está recuando, abrindo uma possibilidade por mim e depois de um tempo conclui com um sorriso tímido_ Quem sabe você não me convence a casar, ter um monte de peetazinhos e viver felizes para sempre? Não é você que consegui convencer todo mundo a fazer o que você quer?_ termina de falar e corre para a floresta sem me dar tempo para retrucar. Entendo com sua última fala que pode considerar a possibilidade por mim, por saber que espero por ela. E que tudo o que queria com toda sua fala era me deixar consciente das suas incertezas.


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