P.O.V. Giuliana Castillo Harcott

Eu andava de um lado para o outro no quarto. Já havia tomado minha decisão, mas ainda estava receosa em falar com os príncipes. Então respirei fundo e me agarrei ao delicado pedaço de papel, que carregava as palavras mais encantadoras que já vi. Mike havia se declarado.

Ele, meu melhor amigo desde da infância, havia escrito uma carta revelando que me amava. Eu reli várias vezes o mesmo parágrafo para saber se aquilo realmente era real ou só uma alucinação.

“E sei que pareço um idiota me declarando por uma carta, sendo que a tive sempre ao meu lado. Mas Lyna, eu não me importo mais de parecer um idiota, se isso significa que estou recorrendo ao meu último recurso de dizer que eu te amo. Eu não me importo com nada, contanto que você saiba a verdade.”

Sim, ele me amava. Como eu pude demorar tanto para perceber?

E então eu passei esses últimos dias pensando nele, e em suas palavras. E finalmente havia tomado minha decisão. Eu iria sair da Seleção.

Caminhei pelo palácio a procura dos príncipes e descobri que eles estavam ainda numa reunião. Pelo que parece, o amigo do príncipe Nicholas foi encontrado. Respirei aliviada, e isso me incentivou na minha decisão. Fiquei esperando eles saírem da reunião, e após poucos minutos os dois caminhavam pelo corredor. Ao me verem, pararam para me cumprimentar.

– Olá Altezas. – fiz uma reverência. – Eh... eu gostaria de falar algo com vo... os senhores.

Eu estava claramente nervosa. Como falar para eles que quero sair? Como dizer que amo outro? Como eles irão reagir? Argh, malditas perguntas!

– Algo incomodando a senhorita? – príncipe Derek franziu as sobrancelhas, preocupado.

– Não. – respondo rapidamente.

– Então precisa de algo? – dessa vez foi o príncipe Nicholas.

– Também não. Eu estou ótima altezas. – falo sorrindo.

– Pode nos chamar por você. – Derek sorriu gentil. – Então o que deseja?

– Eh... eu quero sair da Seleção. – acabei sendo muito direta, e me repreendi por isso. Eu fui muito mau educada! – Quer dizer... eu preciso sair.

– Alguém lhe forçou? – Nicholas parecia preocupado.

– Oh não, não! Ninguém me forçou a nada. É só que... – fechei meus olhos e respirei fundo. Resolvi ser sincera. – Eu recebi uma carta de um amigo, e nela ele se declarava por mim. E eu também o amo. O amo muito. E por isso não posso continuar aqui.

Eu abri meus olhos e encarei os príncipes que estavam sérios. Mas a expressão não durou muito tempo, e logo eles abriram um sorriso confortador.

– Por mim não tem problema. – Nicholas levantou suas mãos para cima, ainda com um sorriso.

– Eu não quero atrapalhar a felicidade de ninguém Lyna. Se sair da Seleção é o que você quer... bem, espero que seja feliz. – Derek abre um sorriso sincero. Eu também sorrio, aliviada. Foi tão simples!

– Obrigada! Muito obrigada mesmo. – digo soltando uma risada. Eu já estava feliz.

= Ω =

A despedida foi cheia de risos e lágrimas. Apesar de eu estar saindo por vontade própria, a Seleção iria me deixar saudade. Foi uma experiência incrível para mim.

Fiz muitas amizades entre as selecionadas. Todas elas eram pessoas ótimas e conviver com elas foi como ter várias irmãs. E os príncipes também eram pessoas incríveis. Eu pensava que pessoas como ele eram frias e distantes, mas pelo contrário. Eles deixarem eu ir embora só comprovava o quanto gentis, educados e amigáveis são.

E eu penso em todas as coisas boas que a Seleção me trouxe, enquanto eu observo a vista na janela do avião enquanto o avião pousa em Nova York.

Minha família me esperava no aeroporto. Megan, minha meia-irmã cinco anos mais velha que eu, está segurando sorridente Sunshine, meu cachorrinho da raça Lulu da Pomerânia. Luanna, minha madrasta, ajeita a gravata do meu pai George, que fala com alguém no telefone. Eu olho ao redor, mas não encontro ninguém mais. Por que ele não veio?

– Ela chegou. – ouço a voz animada de Megan e acabo sorrindo. Eu vou correndo na direção deles, e sou recompensada com um abraço de todos. Eu não fazia ideia da falta que eles me faziam.

– Oh minha querida, você está ainda mais linda. – minha madrasta diz sorrindo.

– Eu senti sua falta minha filha. – papai me abraçou, e eu relaxei com seu cheiro familiar.

– Sunshine não parou de latir até a trazermos junto. – Megan ri entregando Sunshine para mim carregar.

– Oh minha linda, cuidaram bem de você? – falo para meu cachorrinho. Também tinha falta dele. Tentei segurar ele como pude, já que também estava com uma bolsa de mão. Mas não funcionou, Sunshine pulou do meu colo e saiu correndo pelo aeroporto.

– Deixa que eu pego. – falei ao mesmo tempo que largava a bolsa no chão e corria atrás dele. Ele estava quase alcançando a saída, quando alguém o parou e pegou no colo.

– Obrigada. – digo apoiando minhas mãos no joelho para pegar folego, minha cabeça abaixada.

– De nada. – a voz dele me atingiu como uma raio, passando eletricidade por todo o meu corpo. Levantei minha cabeça para encarar seus olhos e de fato era ele.

– Mike. – seu nome saiu de meus lábios de uma forma alegre e ansiosa.

– Desculpe o atraso. Você sabe como é o trânsito de Nova York. – ele sorri daquele jeito que me faz sorrir também. Mike tinha esse efeito sobre mim.

– Achei que você não viria. – respondo, ainda com o sorriso.

– Assim você me ofende! – ele põe a mão no peito de forma engraçada, e nós rimos quando Sunshine late e lambe o rosto dele. – Você sabe que eu estaria aqui de qualquer maneira. Nem que eu tenha que atravessar o tártaro.

– Você fraquejaria quando olhasse para a convidativa entrada. Sabe quantos dias a queda dura? Ah, deixa pra lá. Você sabe de tudo. – comecei a falar, porque de repente estava nervosa.

– Eu não sabia como te dizer que eu te amo. – ele fala em um tom baixo.

– A carta foi uma boa maneira. – sussurrei.

– Você voltou por causa dela?

Sorri e enlacei meus braços ao redor dele, nossos rostos bem próximos. Sunshine se aconchegou no meio de nós, e eu apenas continuei encarando os olhos claros e brilhantes de Mike.

– Eu voltei por causa de você. – e então ele me beijou, e aquilo fez tudo valer a pena.