P.O.V. Angelline Gryffiworld

Eu andava de um lado para o outro naquela cela escura e mal arejada.

Como fui tão idiota? Argh! Tinha que dá tanta bola falando com aquele guardazinho!?

Estava irritada, não, furiosa! Queria usar meus poderes e mandar um manada de plantas destruir tudo ao meu redor. Porém enfeitiçaram a cela para bloquear meus poderes de Perséfone.

Minha atenção é atraída para passos secos que se aproximam cada vez mais de onde estou, e logo sou surpreendida pelo principezinho metido a filho de Netuno.

– Gostando das acomodações?

– Simplesmente adorável. – falo com sarcasmos e um sorriso falso.

– Fico feliz. – aquele sorriso cínico era insuportável.

– Precisamos nos apressar Nicholas. – o rei romano adverte.

– Bem Angelline, então vamos direto ao ponto. Para quem você está trabalhando? – Nicholas me encara destinado a obter respostas. Ele acha mesmo que vou entregar tudo de mão beijada?

– Eu não preciso dizer nada. Principalmente para você! – falo com todo meu desprezo.

– Concordo. Acho que na sua situação você está mais para obrigada a esclarecer as coisas.

– Você acha que mesmo sabendo quem ele é, vai conseguir derrota-lo?

– Já sabemos que se trata de um homem. Primeiro passo dado. Viu como é fácil? – ele diz com um sorriso irônico. Droga! – Vamos, você sabe que ocultar as coisas não é o melhor caminho. Diga a verdade!

– Você quer a verdade? – esbravejo. – Pois bem, então encare a verdade querido Nicholas. O verdadeiro deus dos céus está voltando e ninguém pode detê-lo. Nem os deuses muito menos você ou aquele príncipe grego. Todos serão submissos, terão suas forças e sonhos arrancados. Estarão lutando entre si. E eu, estarei assistindo à ruína de vocês. Está na profecia, a guerra é inevitável.

– Que profecia? – Nicholas se altera.

Olho divertida dele para seu padrasto.

– Você não contou a ele? – arqueio a sobrancelha e lenço um sorriso zombeteiro em direção ao rei de Roma.

– Isso não vem ao caso agora. – ele fala visivelmente desconfortável, e eu rio. É inevitável não se divertir com isso.

– A Seleção toda está acontecendo por causa dessa profecia que os deuses receberam. Eles estão com medo de que algo afete o lindo Olimpo particular deles. Principalmente, que algo ameace os seus frágeis egos. Eles não se importam em tumultuar a vida de ninguém com problemas, apenas para resolver os deles. – encaro Nicholas, colocando todo meu ódio nas palavras. – Eles não se importam com ninguém além deles mesmos. E pelo visto, seu “padrasto” está do mesmo jeito. Parece que não sou a única que lhe esconde coisas Nicholas.

A fúria no olhar do príncipe é quase palpável, e isso me faz sorrir. Ao menos eles não sabem do meu dom de discórdia...

– Já chega! Vamos, Nicholas. – o rei ordena.

– Eu já disse que odeio você me dando ordens! – Nicholas fala furioso. – Eu vou subir porque quero. E também espero que você esclareça tudo isso. Sem mais mentiras!

E com isso ele sobe de volta, para qualquer lugar que não me importa. O rei me olha furioso.

– Não sei o que você fez garota, nem como descobriu sobre tudo isso. Mas você se arrependerá por mexer com minha família. – e assim ele sai. Me deixando rindo sozinha.

Eu não me importava com nada que ele dissesse. Estava fria para sentir qualquer coisa. Família...

Meu pai era a minha família. E ele foi tirado de mim sem qualquer remorso. Eu tive que presenciar enquanto as sombras o envolvia, e seus olhos perdiam o brilho que tanto admirava. Tive que segurar minhas lágrimas e soluços, escondida no armário mofento, apenas para não ser encontrada e levar o mesmo fim que ele. Eu estava sozinha. E quando estamos sozinhos, não pensamos muito nas escolhas que fazemos.