A nova Geração Brasil escrita por Cíntia


Capítulo 6
Coletiva de imprensa


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, muito obrigada pelos comentários e favoritos.... Eles me animaram muito. Peço que continue sempre comentando,e quem ainda não comentou e gosta da história, comente também. ;)
É um capítulo narrado pelo Jonas... Espero que gostem.



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Por Jonas

Eu estava acostumado a viver como um pop star. Mas havia me esquecido de como os brasileiros eram efusivos, a confusão na minha entrada que o diga. Eu tivera uma recepção calorosa, no meio da multidão de fãs e jornalistas, consegui fugir e fiquei perdido naquela feira. Mas agora até que agradecia isso, já que acabei sendo praticamente atropelado por alguém especial. Olhava para ela sentada em um sofá enquanto esperava os demais jornalistas entrarem para a minha coletiva de imprensa...

Ahhh!!! Verônica! Esperava que não estivesse sendo tão indiscreto, mas eu não conseguia parar de olhá-la. Tentava mas não conseguia parar e provavelmente nem disfarçar o meu olhar.

Agora ela parecia nervosa, e estava muito inquieta. Mexia nas almofadas do sofá, e na orelha sem parar, parecia tentar encontrar uma posição confortável. Eu achava graça em seu modo. Seu rosto sempre tinha uma expressão incomum, passando os seus sentimentos. Ela me parecia aquele tipo de pessoa que não conseguia esconder suas emoções. Quando concordei que ela iria participar da coletiva, vi tanto brilho e felicidade em seus olhos. Como algo tão simples podia fazer alguém tão feliz? Ela parecia ter ganhado na loteria. Achei que pularia nos meus braços, me abraçaria e me beijaria (até que eu gostaria disso). Mas Verônica conteve sua agitação, e sorriu. Ela tinha um sorriso lindo e resplandecente.

Acho que eu havia subestimado o poder do Brasil em mim, ou melhor, o poder das mulheres brasileiras. E como Verônica parecia brasileira! Mulata, olhos escuros marcantes, cabelos enrolados, um rosto lindo e iluminado... Uma mulher tipicamente brasileira. Uma beleza natural. Além de tudo, ela tinha um ar moderno. Usava pouca maquiagem, cabelos mais curtos, roupas mais confortáveis, mas ainda assim elegantes.

Eu passara 22 anos nos Estados Unidos, e estava acostumado a conviver com mulheres totalmente diferentes. Algumas belíssimas, como a minha esposa, mas um tanto artificiais e sofisticadas. Quando Verônica esbarrou em mim, me sujando com o seu café, a minha primeira reação foi aborrecimento, e eu ficaria assim se não olhasse para ela. Pois quando a vi, meu sentimento mudou... Eu fiquei encantado e me senti extremamente atraído. Isso só aumentou à medida que conversamos, e ela me trouxe até essa sala.

Sei, eu era casado, mas Pamela e eu tínhamos um acordo implícito acerca de relacionamentos extraconjugais, se mantivéssemos discrição, se ela ou eu não soubéssemos quem era a pessoa, se nada viesse a público, era tolerado. Assim, tanto eu, quanto ela, tivemos alguns amantes nesses 20 anos de casamento. Como eu dedicava muito tempo a Marra, e ela sempre precisou receber muita atenção, ficando chateada comigo, acredito que Pam teve até mais do que eu.

Era estranho, é verdade. Já tive muito ciúmes dela, até brigas, principalmente no início, ainda mais quando a percebia flertando com outros. Mas creio que eram resquícios do meu lado machista brasileiro. Com o tempo me acostumei, o mundo das grandes estrelas que frequentávamos era assim, e assimilei, passando a ter menos ciúmes dela. Ou pelo menos não demonstrar tanto.

Claro que às vezes, as situações também saiam do controle, principalmente quando Pamela descobria alguma amante minha, ou me pegava no ato. Era confusão certa, brigas, discussões intermináveis, até ameaças de separação. Mas como nenhuma nunca significou nada para mim, nós acabávamos fazendo as pazes, quase sempre em grande estilo. De vez em quando, isso até apimentava a nossa relação.

Apesar disso, eu tinha consciência de que aquele era o pior momento para me envolver com outra mulher. Me sentia tentado com Verônica, mas minhas prioridades eram outras. Eu precisava acertar a minha vida, preparar tudo para o momento sombrio que se aproximava. Eu não podia desviar a minha atenção, não tinha tempo de fazer joguinhos, conter as brigas que provavelmente viriam, arrumar desculpas bobas para minhas ausências, sem contar que já estava cansado desse estilo de vida. Voltara ao Brasil com um propósito e tinha que estar inteiro nele. Assim tentava resistir àquela bela morena que estava a minha frente.

Uma jornalista se aproximou de Verônica. Essa pareceu surpresa no início, mas logo depois, ambas começaram a conversar animadamente, pareciam se conhecer de longa data. Para disfarçar fui até a mesa que tinha o nosso lanche e estava mais próxima delas. A verdade é que eu estava muito curioso em descobrir mais sobre Verônica. Consegui ver a credencial da amiga dela, ela se chamava Edna Bentes e era repórter da Parker TV:

– Verônica, não esperava te ver por aqui! Logo você a analfabyte... cobrindo a Tecnow? – Edna parecia impressionada, e eu fiquei confuso, se Verônica não entendia de tecnologia? O que fazia aqui?

– Até eu fiquei surpresa, Edna, mais ainda por ter conseguido entrar nessa coletiva. Depois te conto a minha odisseia... Pois é, agora tenho que lidar com Marras fones, tablets ... e claro, Jonas Marra... Já para você, isso não deve ser problema, né? Lembro que já escrevia em blogs desde que fazíamos a faculdade... Como anda o seu programa na Parker?

– “Conectados com a Parker” é novo, mas já é considerado um sucesso, amiga. Estou adorando essa experiência na TV.

– Ouvi falar que é o melhor programa sobre tecnologia! Vicente não perde um. Ele adora mesmo– quando Verônica falou o nome “Vicente”, fiquei preocupado, quem era ele? Seria o marido dela? O namorado? Ela falava dele com intimidade. Ao menos, não usava uma aliança, assim não devia ser o marido – Às vezes, eu dou uma olhada também. Mas você sabe, eu não... Você está ótima, bem à vontade em frente ás câmeras.

– Obrigada. Isso é curioso, não? Você que sempre teve uma ótima postura nos vídeos, houve até a sua fase de “Garota do Barata”, e eu uma história na web, agora estamos em posições inversas... Falando nisso, como anda no “Fato na rede”?

– Garota do Barata? Nem me lembre dessa fase – Verônica falou com desgosto, até balançou a cabeça - Agora está tudo ótimo. E como você pode ver aqui, estou prestes a receber uma promoção!

– Uma promoção e um desafio....

– Um desafio enorme– Verônica riu com a amiga, e mais uma vez me contagiei com a sua alegria- Aliás, muito obrigada pela indicação pro site! – ela continuou.

A conversa delas não se alongou muito já que os outros jornalistas começaram a entrar e logo deu o horário da coletiva começar. Assim iniciaram as perguntas para mim, veio uma atrás da outra, e eu respondia de maneira natural, mostrando o meu vasto conhecimento e poder, as vezes fazendo algum mistério, escondendo alguns detalhes, mas sempre jogando o meu charme.

Tentava demonstrar indiferença e nenhuma preferência com as perguntas dos jornalistas presentes. Todos deveriam ser iguais para mim. Mas a verdade é que fiquei todo o tempo, de maneira discreta, reparando em Verônica. E o que queria mesmo era ouvir as suas perguntas. Dar as minhas respostas com sedução.

Ela parecia desconfortável, se remexia bastante no sofá, e constantemente colocava a mão na orelha. Demorou a fazer a primeira pergunta. Até que era uma pergunta interessante, parecendo demonstrar conhecimento em tecnologia, que ela havia insinuado com a amiga que não possuía, respondi com todo cuidado e com um charme especial, olhando bem em seus olhos. Em seguida, deixei que ela me fizesse outras... Só que num momento ela começou a falar coisas sem sentindo:

– Alô, alô, planeta Terra chamando. Essa é mais uma edição do diário de bordo de Verônica Monteiro, falando diretamente do Mundo da Lua onde tudo é possível *. Mas agora, volta para a Terra, Verônica. –brinquei fazendo uma citação da série “Mundo da Lua ”.

– Desculpa, é que está dando defeito aqui. Fala mais alto!

– Defeito? – perguntei confuso – Estou falando baixo? – eu estava falando num tom perfeitamente audível.

– Não – ela me olhou assustada – Você não! Desculpa, de novo... Meu brinco....

Ela mexeu de novo na orelha, e eu percebi que algo caiu no chão, seria o tal brinco? Me portando como um cavalheiro, fui em direção ao objeto. Mas ela se levantou com uma rapidez incrível, e praticamente pulou na minha frente, o alcançando antes:

– Deixa que eu pego! –ela praticamente gritou e aquilo até me assustou.

– Tá, eu só que..ria ajudar– ela havia me deixado sem graça, cheguei a gaguejar enquanto ambos ficávamos de pé, frente a frente.

– É ... Eu... Desculpa, é um brinco muito que-ri-do. Herança de família – ela justificou com a respiração um pouco acelerada, e o colocou no bolso do seu blazer.

– Sim, tô vendo. Deve ser um brinco muito estimado mesmo para tanto desespero – comentei e percebi que erámos o centro das atenções de todos os jornalistas, esperava que isso não diminuísse a minha autoridade.

– Sim, é... E como! – ela me olhou com uma cara envergonhada, talvez arrependida pela exasperação, e sentou novamente no sofá.

Eu pigarreei, tentando voltar ao prumo, e me virei para ela:

– Então ainda tem alguma pergunta para mim?

– Sim... Eu tenho... – Verônica parecia ter dúvidas, mas acabou terminando a frase firme– O que eu gostaria de saber é sobre o jovem Jonas Marra, aquele rapaz que saiu do Brasil há 20 anos, o que ele diria em face de uma convenção como essa? E toda essa gente e tecnologia a nossa volta?

Aquilo me surpreendeu de verdade. Eu esperava perguntas sobre os novos produtos da Marra, ou até sobre a minha volta ao Brasil, coisa que antes da coletiva deixei claro que não responderia (não estava preparado e nem pretendia falar sobre isso ainda), mas sabia ser o assunto que a maioria gostaria de saber. Verônica me perguntou sobre algo que me trouxe um sentimento de nostalgia, bem pessoal, aquilo me tocou. Era uma pergunta incrível. Me deixou mudo por uns instantes, eu não estava preparado para ela. Precisava pensar. Já estava prestes a responder, quando um funcionário da Tecnow entrou e me informou que havia chegado o horário da minha palestra. Assim, me voltei aos jornalistas:

– Essa é uma ótima pergunta, Verônica! Mas a resposta não é curta. E já não temos mais tempo. Assim, vou ser obrigado deixar para a próxima. Espero encontrar todos na minha palestra.

Os jornalistas foram se levantando, e antes que Verônica deixasse a sala, eu segurei em seu braço, ela se virou para mim, e disse próximo a ela:

– Fica tranquila, Verônica. Eu ainda vou responder a sua pergunta! É uma promessa. – sorri e ela devolveu o sorriso.

Depois da confusão na coletiva e da pergunta final de Verônica, eu ficara ainda mais admirado por ela. Enquanto ia para o palco da Tecnow, minha mente fervilhava. Ao avistar a plateia, percebi que possivelmente havia mais de mil pessoas ali, a maioria, jovens ansiosos e sonhadores. Até me deixou um pouco nervoso. Meus olhos percorreram aquela multidão na expectativa de encontrar uma única pessoa. Assim que avistei aquela mulata tipicamente brasileira, linda e inteligente, me acalmei. Ela me inspirara. Estava decidido, faria aquela palestra especialmente para Verônica.


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Notas finais do capítulo

* Mundo da Lua, foi uma série do início dos anos 90, a frase citada por Jonas está nesse vídeo do youtube: https://www.youtube.com/watch?v=PmjgSGEN_iQ

Gostaram? Deixem sua opinião e incentivo aqui, isso sempre me estimula. Mais uma vez mudei algumas coisas, mas meio que ainda continuamos seguindo uma linha muito parecida que a da novela.... O que acharam?
No próximo capítulo, pretendo colocar um pouco de Davi, Megan, quem sabe até mais coisas de personagens como Jonas e Verônica ( se o capítulo couber)... Vamos ver o que sai né? Tenho muitas coisas planejadas... E espero colocar aqui... Até o próximo, comentem, mostrem que estão aqui, sempre que puder participem.... Valeeeu!