A nova Geração Brasil escrita por Cíntia


Capítulo 7
Hackers na Tecnow


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, valeu pelos comentários, eles foram muito importante para eu escrever... Na verdade, eu planejava abranger mais coisas nesse capítulo, mas ele acabou ficando grande, e resolvi dividí-lo... Mesmo assim espero que gostem?
Fiquem com Davi...



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Por Davi

Eu tinha acordado bem cedo naquele dia. Não consegui dormir direito mesmo, pois estava revoltado desde que cancelaram a minha palestra na Tecnow. O Junior já estava quase pronto, e eu me encontrava na fase de arrumar investidores. Só que percebera que esse processo era mais complicado do que imaginava. Eu possuía muito jeito com computadores e crianças, mas não com pessoas endinheiradas. Também não conhecia quase ninguém e ninguém quase me conhecia, assim aquela palestra era a minha primeira chance de ser reconhecido e até conseguir eventuais investidores para o Junior e a Plugar. Realmente as pessoas valorizavam mais a fama e a imagem do que valores e causas importantes:

– Davi, é assim mesmo. Jonas Marra é a sensação do momento, e sendo um pavão, não pensou duas vezes em tomar a nossa palestra. Essas grandes corporações são assim, só pensam em seus interesses, não olham as causas sociais. Ficar nervoso não resolve nada... Nós teremos outras oportunidades. – Herval tentava me acalmar.

– E até conseguir outra palestra, as crianças da plugar vão usar esses computadores ultrapassados, você penará para pagar as contas da ONG, e eu vou ficar com esse meu sonho pendente, algo que podia ensinar tantas crianças... O Junior vai ter que esperar?

– Paciência, você ainda é muito jovem. Uma hora esse momento do Jonas Marra passará, e chegará o nosso... Falando em dinheiro, vou ver se economizo um pouco, ontem foi uma confusão e esqueci de cancelar a minha passagem. Vou tentar fazer isso agora.

Herval saiu, e eu continuei pensando. Estava com ódio. Ele tinha muitos fãs, até Vicente, o adorava. Mas já escutara tanto sobre Jonas Marra, as suas ações predatórias para acabar com a concorrência, a sua prepotência e intolerância, um homem de mente fechada que não pensava no próximo, mantinha no máximo que podia o código dos seus produtos fechado, e quando algo de código aberto diminuía o seu lucro, ele fazia questão de acabar com tal coisa.

As ideias mais malucas passavam pela minha mente. Queria que a palestra de Jonas Marra fosse um fracasso, quem sabe o teto caísse em cima da sua cabeça. Lembrei dos meus amigos do chat hacker, eles sempre pegavam no meu pé, já que o nome Golias não estava associado a nenhuma ação, pois eu preferia me manter na surdina. Até a menina nova, Ada, sugeriu que eu aparecesse. Assim, pela primeira vez, pensei em trazer Golias a publico... Podia fazer um ato contra Jonas Marra, algo que mostrasse a todos o quanto ele era inescrupuloso, algo que o humilhasse. Nesse meio tempo, meu mentor voltou desanimado:

– Tarde demais, Davi. Perdi todo o meu dinheiro, não dá mais para cancelar a passagem.

– Herval, será que não dá para transferir? – perguntei após uma ideia se formar em minha mente.

Menos de uma hora depois, eu já estava indo para o aeroporto. Voltara atrás em minha decisão de não ir a Tecnow. No meu trajeto a São Paulo, colhi algumas informações e fiz um vídeo. Ao terminá-lo, ostentava um sorriso perverso no rosto, Jonas Marra podia esperar... O pavão sairia com o rabo entre as pernas, aquela seria a minha vingança contra ele e os organizadores da Tecnow... Ao chegar lá mandei um Whats App para Vicente e pouco depois nos encontramos:

– Davi, você veio! - ele parecia contente e me abraçou- E vai acabar acampando aqui também?

– Humm... Humm. Resolvi que era melhor não mudar os meus planos. Jonas Marra não pode me afetar assim.

–Aí você falou! – nós batemos nossas mãos e ele continuou – É bem capaz da Verônica me deixar ficar agora.

– Vou falar com ela. Mas acho que vai rolar sim. Pode ficar tranquilo, Cascão, se for preciso, eu convenço a minha irmã – o chamei pelo apelido que lhe dei quando ele era bem pequeno e vivia fugindo do banho, mas bem que o seu atual corte de cabelo também lembrava um pouco o do personagem.

– Vou confiar então, Golias.

– Já que falamos nela, onde está a Verônica?

– Trabalhando, tentando arrumar umas entrevistas.

– Se é assim, o que acha de darmos uma volta? – eu queria me divertir antes da minha investida.

– Você escutou os meus pensamentos.

Vicente e eu nos misturamos com a galera. Batemos papo com alguns, experimentamos equipamentos, visitamos stands, jogamos um pouco. Até que paramos num lugar bem movimentado, sendo que uma garota e um garoto se enfrentavam num game. Havia torcida por ambos. A garota ganhou, e depois venceu outro, meio que ela se tornava a atração do lugar:

– Ela é irada, Davi. Fera nesse game! E ele é bem difícil.- comentou Vicente.

– Sim, é muito boa. Mas aposto que você ganha dela! – Vicente era viciado e sabia tudo sobre jogos- Por que não vai lá?

– Eu? E tirar uma gatinha como ela de lá? Prefiro ficar apreciando.

Ele me fez rir. Ahh, esse menino, tinha apenas 14 anos, mas não perdia tempo. Olhei novamente a garota, ela parecia ser um pouco mais jovem do que eu, e devia ser pelo menos uns 4 anos mais velha do que Vicente. Tinha cabelos escuros, usava óculos, uma camisa da serie Sherlock, tênis da Mulher-gato, parecia bem Geek, mas era realmente bonita e tinha estilo (além de gostar de coisas que eu gostava):

– Você tá se mostrando esperto, menino, só que tá sendo bem atirado, viu? – disse fazendo valer a minha posição de tio.

Ele riu, mas pouco depois pegou o celular, olhou a tela e disse:

– Minha mãe tá precisando de mim. Vou ver se encontro um lugar mais tranquilo.

– Vai lá. Eu vou ficar aqui!

Vicente saiu, e eu fiquei olhando a garota. Ela continuou ganhando, e já fazia roda nos adversários. Era engraçado ver as suas expressões, e ouvir seus gritos enquanto jogava. Ela estava tão empolgada. E já havia se tornado a musa de alguns caras a minha volta.

Começou a me dá uma vontade de jogar contra ela. Ela era muito boa, mas eu também era. Não queria tirá-la daquela cadeira, mas seria uma boa disputa. Eu gostava de ter adversários a minha altura. Além do mais, poderia vê-la mais de perto, quem sabe, conseguiria puxar um papo, e talvez mais tarde, até rolava algo a mais... Eu era nerd, mas também era homem, e gostava de belas mulheres.

Entrei na fila, e quando chegou a minha vez, digitei o meu nome no painel, me sentei ao lado dela. Escutava a torcida atrás da gente. E começamos a jogar. Como eu imaginava, foi uma disputa dura. Em certos momentos, achei que perderia, mas acabei virando o jogo e ganhei:

– Parabéns! – ela sorriu um pouco desconfortável e apertou a minha mão.

– Adorei o nosso jogo. Você é muito boa. – sorri jogando um charme, olhei bem em seus olhos, que atrás daqueles óculos me pareceram bem marcantes.

– Mas você ganhou, então é melhor! Por mais que doa, admito isso – enquanto falava percebi um leve sotaque estrangeiro.

– Não sei, na próxima você pode ganhar. Quase me venceu.

– Não precisa ser humilde– ela falava firme e riu, esse sorriso parecia mais verdadeiro e a deixou ainda mais bonita.

– Não é humildade, e sim reconhecimento. Sei não, eu gostaria de uma revanche... Que... – iria propor outra partida, mas fui interrompido.

– Caraca, cara, você não sabe a confusão que deu! Acho que minha mãe se atrapalhou toda com o ponto eletrônico, não consegui mais falar com ela, só espero que esteja se virando bem- Vicente apareceu preocupado.

– Creio que está, Verônica sabe improvisar.

– Espero... Talvez seja melhor a gente ir para a palestra do Jonas Marra agora. Falta pouco para começar, e eu ainda quero conseguir um lugar na frente para mim, você e minha mãe.

– Espera um pouco vou ver se a ... – me virei para a garota, mas ela tinha sumido – Cadê ela?

– Ela quem? – ele me perguntou confuso.

– A garota que estava jogando aqui, eu tava ...

– Então você tá espantando as gatinhas, hein? – ele me provocou.

– Espantando nada, ela estava na minha, Cascão! Você que a assustou. Vou ver se descubro pelo menos o nome dela.

Olhei o painel, e procurei quem havia jogado contra mim, li “Ada Lovelace”. Não era possível, será que aquela garota era a Ada do chat? Só podia ser, até porque ambas tinham um sotaque gringo. Aquilo me deixou ainda mais interessado! Além do Vicente, finalmente eu conhecera pessoalmente alguém do chat, aquela garota era fera mesmo:

– Vamos, Davi! – Vicente gritou.

Apesar de não querer, eu tinha que ir, a verdade é que havia algo mais importante para fazer na palestra do “grande” Jonas Marra, depois tentaria encontrar Ada novamente. Fui até Vicente e enquanto andávamos, comentei:

– Hoje todos terão uma surpresa nessa palestra.

– Que surpresa, Davi?

– Se eu contar não vai ser surpresa, não é?

Ele parou, me olhou irritado e eu ri enquanto caminhava a frente dele, Jonas Marra, nem ninguém, esperava pela primeira ação atribuída ao gigante Hacker “Golias”.


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Notas finais do capítulo

Para quem nunca ouviu falar da série Sherlock (eu recomendo): http://pt.wikipedia.org/wiki/Sherlock_%28s%C3%A9rie_de_televis%C3%A3o%29

Então o que acharam? Tivemos o primeiro encontro de Ada e Golias, né? Espero que tenham gostado... No próximo tem mais coisas, e acredito que mais de uma pessoa irá narrá-lo. Por assim dizer, sei que há as vezes há uma preferência de quem irá narrar por parte de quem ler, mas verdade é que cada pessoa narra ao seu tempo. Esse capítulo foi necessário para eventos que virão, e até pode influenciar histórias dos outros 3 narradores.
Espero que tenham gostado, e não deixem de comentar... comentários sempre me ajudam a escrever, e até o próximo....