A nova Geração Brasil escrita por Cíntia


Capítulo 5
Tecnow


Notas iniciais do capítulo

Gente, muito obrigada pelos comentários. Eles me empolgaram muito (quanto mais comentários, mais fico animada kkk). Sei que demorou um pouco e a novela já acabou... Mas é que meus dias estão corridos, e somado a isso até resolvi fazer uma análise da novela: http://singularpqu.blogspot.com.br/2014/11/geracao-brasil-uma-novela-nerd.html... Achei o final tão lindo que merecia uma análise, né?
Bem esse é um capítulo narrado pela Verônica, espero que gostem.



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Por Verônica

De uma hora para outra, eu tinha ganhado uma chance daquelas: o responsável pela seção de tecnologia do “Fato na Rede”, havia pedido demissão um dia antes de uma grande convenção de tecnologia em São Paulo. E a única repórter disponível para uma cobertura, era quem?

– Verônica, se você fizer o seu trabalho direitinho, se tornará a responsável pela seção. É um salário maior, matérias mais interessantes e com maior visibilidade – falou a minha chefe Débora, ela não sabia como eu queria aquilo, um aumento viria a calhar, só que não era o mais importante, o meu sonho era parar de escrever sobre cuidados femininos e passar a matérias mais relevantes, afinal eu pretendia me tornar uma jornalista investigativa, era a sensação de investigar que fazia o meu sangue ferver, o único problema seria falar sobre tecnologia, logo esse assunto que eu não entendia bulhufas - É uma oportunidade única, pois Jonas Marra resolveu em cima da hora dar uma palestra na Tecnow, nós não conseguimos colocar um jornalista na sua coletiva, mas se você arrumar uma declaração dele, querida... O emprego é seu. – ela me olhou com uma cara sugestiva e eu tentei mostrar firmeza, mesmo sem entender sobre o assunto, não podia perder aquela chance - Você tem ideia de como chegar perto dele, não é? Você conhece Jonas Marra?

– É claro, o grande Jonas Marra! – tentei demonstrar confiança quando tremia por dentro.

– Com certeza. Quem não conhece Jonas Marra? Ainda mais depois que se tornou a sensação com a notícia bombástica que voltaria ao Brasil.

Quem não conhecia Jonas Marra? Eu!!!! Já tinha escutado Vicente e até Davi falarem sobre ele... Mas não passava de um nome vago em minha mente. Marra, Jonas Marra. Meu filho havia ficado muito empolgado com a sua vinda ao Brasil. Mas eu realmente não entendera para qual empresa ele trabalhava se era aquela cujo símbolo era uma maçã ou a que fabricava o Windows, isso se essas fossem empresas diferentes.

Realmente não sabia nada sobre ele, mas tinha dois feras em casa que poderiam me informar, além do mais, Davi e Vicente até acampariam na Tecnow (claro que eu só deixara o meu filho ir sem mim, pois confiava em Davi). Mas agora eu pensava em aproveitar da companhia e do conhecimento de ambos.... Eles poderiam me ajudar com o meu grande desafio.

Cheguei em casa e comecei a falar com Vicente, perguntei sobre Jonas Marra, e ele me contou a impressionante história do visionário brasileiro que não era apenas funcionário de uma empresa de tecnologia, e sim dono e fundador de uma das maiores e mais lucrativas empresas do Vale do Silício, como entendia pouco do assunto, não havia me lembrado dela e da sua abelhinha. A história de Jonas tinha alguns mistérios, já que ninguém sabia direito porque ele voltara ao Brasil ou porque depois de mais de 20 anos longe, pretendia fundar uma filial da sua empresa aqui. Era algo instigante que eu podia investigar, talvez estivesse sonhando demais, pois ainda tinha dúvidas se conseguiria me aproximar dele. Apesar de que como uma coincidência do destino, eu estava mais próxima de Jonas Marra do que pensava, pois ele tinha crescido no prédio que nós morávamos, e seu irmão e sua mãe ainda viviam aqui, além do mais meu filho era um grande fã dele:

– Não acredito que a cafona da Gláucia Beatriz tem um filho bilionário mesmo, ela tinha me falado, mas eu não acreditei. – comentei.

– Pois é, mãe. Mas os boatos são de que ele não se dá bem com a família!

– Não é de se estranhar... Uma mulher daquelas... Já te falei, filho, ela sempre me passou uma impressão ruim... Mas até que uma entrevista com ela viria a calhar.

– O que você está esperando? Vai até o apartamento dela e a entrevista. Do jeito que ela gosta de aparecer ...

– Ainda não, Vicente, vou tentar primeiro com o filho. Quem sabe depois, eu recorra à ela... Minha chefe quer uma declaração de Jonas Marra e não de qualquer Marra.

Escutamos o barulho da porta de entrada e percebemos que Davi havia chegado. Vicente foi até ele empolgado para contar a novidade:

– Adivinha quem vai com a gente para a Tecnow?

– Vicente... – Davi o olhou um pouco triste – não sei como te dizer isso! Mas eu não vou mais!

– Não vai, por quê? – meu filho perguntou um pouco decepcionado.

– A palestra que eu e Herval daríamos foi cancelada. Eles voltaram atrás com a palavra. Foi uma falta extrema de educação! – ele estava muito aborrecido e decepcionado.

– Que barra! Você estava tão animado, Davi! – Vicente disse compreensivo.

–É! O Herval ia falar da Plugar e eu do Júnior, íamos divulgar e tentar conseguir investidores para os nossos projetos...- ele respirou fundo - Mas fazer o quê? Acharam melhor colocar Jonas Marra. Só pensam na repercussão, no lucro. Eu já não gostava dele e da sua empresa predadora, agora então... Ele tirou a minha oportunidade e a do Herval de conseguirmos investimentos em projetos que realmente fariam a diferença no mundo.

Meu irmão estava um pouco inconformado, eu até achava que direcionava sua raiva para a pessoa errada. Mas com aquele seu desânimo, acabei preferindo não conversar com ele sobre Jonas Marra e o fato de que eu precisaria conseguir uma entrevista com o homem. Sabia o quanto a Plugar e o Junior significavam para Davi.

Ele transferiu a passagem dele para mim, e ficou decidido que iríamos, apenas eu e Vicente. Meu filho estava um pouco chateado por não poder passar a noite acampado lá, já que eu nunca deixaria o meu menino de 14 anos sozinho em São Paulo, e teria que voltar no mesmo dia, mas ao menos ele veria um pouco da convenção.

Vicente ainda me passou diversas informações sobre Jonas Marra, a Marra, seus produtos, aplicativos e programas, a verdade é que eu entendia muito pouco sobre esses últimos, não sabia nem como perguntar sobre eles, por isso arrumamos pontos eletrônicos para no caso de eu conseguir falar com Jonas, meu filho me sugerisse algumas perguntas.

Partimos bem cedo no outro dia, Vicente ainda levou uma mochila com alguns equipamentos, roupas, dentre outras coisas. Eu sabia o que ele tramava, ainda tentaria me convencer a deixá-lo em São Paulo.

Durante a viagem olhei mais algumas fotos e reportagens sobre Jonas. Já o reconheceria se o visse, e tentava imaginar como ele era pessoalmente, pelo o que diziam, apesar de genial, era um tanto autoritário e voluntarioso. Eu esperava que o Marra não fosse tão difícil assim, pois se fosse, as minhas chances de entrevista-lo seriam mínimas.

Vi algumas fotos dele com a mulher, Pamela. Ela era lindíssima, uma estrela, o sonho dourado de qualquer homem, ainda mais se esse homem fosse Nerd, pois Pamela Parker havia interpretado a princesa Shelda, um ícone da ficção científica. Ele também não ficava tão atrás, parecia ter um olhar forte, e muito charme. Formavam um casal lindo. Passavam uma imagem de perfeição e felicidade. As notícias sobre eles exaltavam isso. Mas não sei, havia algo que me soava estranho. Eu não acreditava na perfeição, nada que envolvesse pessoas poderia ser perfeito... E também havia algo nele e até nela... Ele me parecia um sedutor, tive dúvidas se ele restringiria esse poder de sedução por 20 anos a apenas uma mulher, e seria capaz de suprir todas as necessidades dela, ainda mais no mundo cheio de celebridades e exaltação em que viviam.

A viagem era curta, e logo chegamos a Tecnow, a primeira coisa que Vicente fez foi ligar o seu computador :

– Que irado, mãe. Aqui é o paraíso... A banda larga é de outro mundo. Mais de 30 Gbps, Verônica! Acho que dá para encher o meu HD com apenas uma hora de downloads– ele estava empolgado.

– Nem sei do que você tá falando. Banda na minha época era algo que tocava música, Vicente. Se aqui te parece o céu, para mim é um inferno, se tivéssemos algo assim em casa, sei que você não me daria nem bom dia, só ficaria nesses seus brinquedinhos....

– Vou ver se algum dos meus amigos virtuais está aqui.

–Bem, então fica aí fazendo daum... qualquer coisa, que vou ver se descubro sobre a chegada de Jonas Marra. Presta atenção no seu celular!

Sabia que Vicente tinha ficado bem satisfeito com a minha saída... Assim ele poderia ficar mais a vontade, mexer com suas coisas e até paquerar umas gatinhas “on the line” como ele dizia.

Como quem tem boca vai a Roma, acabei descobrindo por onde Jonas Marra deveria chegar. Me sentindo uma integrante da imprensa marrom, fiquei esperando por ele junto a outros jornalista e fãs. Estava tão nervosa, que decidi comprar um café por lá. Só que ao voltar para o grupo, esbarraram em mim, sujando a minha blusa, e como o café ainda estava quente não foi uma sensação agradável.

Pelo meu estado acabaram me deixando usar o banheiro dos funcionários da Tecnow que estava mais perto e era mais vazio. Eu tentei como pude limpar a blusa na pia, não consegui fazer um bom trabalho nisso, mas decidi voltar. Desse jeito, eu ia acabar perdendo a chegada de Jonas Marra, isso se já não tivesse perdido. Me sentia tão burra! Podia ter perdido minha chance. Peguei meu copo de café que já estava frio, mas como ainda tinha um pouco, eu não iria desperdiçar. Precisava colocar algo na boca para conter os meus nervos.

Voltei para o corredor e mal tinha dados uns poucos passos quando esbarrei novamente em alguém, e dessa vez meu café até caiu no chão. Não era possível, num corredor vazio como aquele e ainda conseguia esbarrar em uma pessoa?

O homem segurou o meu braço de uma maneira quase protetora, como se me desse apoio para eu não cair. E eu o vi: cabelos lisos e escuros, olhos castanhos, era mais alto do que eu, mas não era tão alto, possuía olhar imponente e desafiador. Usava calcas azuis, blusa cinza suja pelo meu café e uma jaqueta preta. Mesmo assim estava bem charmoso e elegante... Não podia ser:

– Ihhh, Jonas Marra? – falei meio sem pensar.

Ele mudou um pouco o olhar, parecia curioso, virou o rosto e deu um meio sorriso:

– Acho que eu estou em desvantagem... – disse.

– Como? – eu estava confusa.

Ele me olhou de cima abaixo, ainda com o sorriso nos lábios, e eu ficava mais atônita:

– Agora não estou mais. Verônica Monteiro? Jornalista? – ele tinha visto a minha credencial do evento- Acho que nenhuma jornalista antes jogou café em mim para conseguir seja lá o que quisesse... – ele comentou de maneira bem humorada, soltou o meu braço e puxou a sua camisa mostrando a mancha – Ou você me acha tão detestável que queria me machucar com que tinha em mãos?

Não aguentei falar nada e comecei a rir. Não sei se era porque achei graça ou seria nervosismo mesmo. Realmente se eu queria conseguir uma entrevista com ele, sujá-lo de café não era a melhor maneira.

– Tá achando engraçado? –ele perguntou fechando um pouco a cara.

– Desculpa... É que quando fico nervosa, rio sem parar. – falei sem conseguir interromper as risadas e continuei- Ahh, vai que podia ser pior, né? – olhei para a camisa dele e controlei o riso.

– Pior como? – ele estava sério, o destino colocara Jonas Marra a minha frente, e mesmo assim perderia a minha chance de entrevistá-lo?

– O café podia estar quente como quando caiu em mim.

Ele sorriu:

– Você tem razão, então quer dizer eu não sou a única vítima do seu malvado café?

Mas nem tive tempo de responder, ele se aproximou de uma parede e me puxou para perto dele. Eu fiquei sem entender novamente e ele sussurrou:

– Xiii. Espera um momento, não gostaria que me vissem aqui. – foi aí que percebi os sons de passos no corredor.

Eu fiquei quieta. Nossos corpos estavam próximos, nossos rostos também, frente a frente. Por uns instantes, me senti desconfortável, mas o desconforto logo passou. E eu comecei a olhá-lo. Ele sorria, me parecia mais sedutor ainda. Minha respiração acelerou um pouco, e eu sentia uma sensação boa de identificação e encantamento. Mas felizmente voltei a realidade antes de fazer qualquer coisa que pudesse me arrepender, me distanciei dele ao perceber que não tinha mais ninguém por perto.

– Obrigado. – ele agradeceu.

– Então está fugindo de alguém?

– De fãs e jornalistas ... – o interrompi.

– Jornalistas como eu?

– Como você não. Nunca fugiria de uma mulher como você... – e isso me deixou um pouco sem graça, além do mais me olhava com certo desejo, ele parou por uns instantes, mas continuou - Pretendia chegar à sala que me destinaram, mas acabei sendo cercado, consegui fugir e me perdi.

– Eu sei onde é a sala. Vem comigo, te levarei por um caminho menos arriscado.

Em alguns minutos tínhamos chegados ao salão onde Jonas ficaria e daria a sua entrevista coletiva para jornalistas restritos, sendo que eu não era um deles. Mal havíamos entrado e ele aumentou seu tom de voz, mas não era comigo que falava:

– Murphy, Murphy?

– Estou aqui, Boss. – um indiano prestativo respondeu- Que bom que o senhor chegou. Ficamos preocupados depois daquela confusão na entrada!

– Ficou preocupado, mas não fez nada – realmente ele parecia autoritário.

– Sorry, Boss!

– Me arruma uma camisa!

– Uma camisa? –ele parecia confuso.

– Sim, uma camisa. Não está vendo? A minha está suja, e eu não posso aparecer em uma entrevista e numa palestra assim.- sua boca parecia uma metralhadora da qual ele atirava cada palavra.

– Como o Boss su...

– Murphy... Uma camisa agora! Nem que você tenha que virar uma!

– Sim, imediatamente.

Murphy saiu e Jonas virou sorridente:

– Já que jogou o seu em mim, aceita um café?

– Claro. –respondi.

O próprio Jonas Marra serviu duas xícaras, me deu uma e ficou com outra. Nós íamos começar a conversar, quando Murphy reapareceu afobado:

– Boss, consegui! Aqui está a sua camisa. – só que essa era preta.

Jonas se levantou e foi até o banheiro. Voltou pouco depois ainda terminando de abotoar a camisa e se ajeitar:

– Então, Verônica Monteiro, posso fazer mais alguma coisa por você?

– Sim, você poderia me colocar na sua coletiva de imprensa – fui direta.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Espero que tenham gostado. Jonas e Verônica se encontraram, foi similar a novela, mas um pouquinho diferente, né? E ainda tem mais. Não deixem de comentar, mostrar que estão lendo, qualquer participação me anima... Isso é algo que sempre me faz escrever....