Acordo um pouco mais tarde que as outras garotas do dormitório feminino da sonserina, eu divido o quarto com Pansy Parkinson, Dafne Greengrass e Low Ellen Black, filha de Regulus Black. Greengrass e Parkinson são do 7º Ano para a minha felicidade, Low Ellen como eu está no 6º Ano.

– Ficou tão legal que me dá inveja, Snape. - diz Low Ellen, já com uniforme e modelava os cachos frente ao espelho, olhando para mim com os olhos semicerrados.

Sonolenta eu esfrego os olhos e olho interrogativa para Ellen.

– O cabelo. - diz a morena revirando os olhos.

– Ficou ridículo. - diz Pansy Parkinson.

– Ah! Foi ideia do Draco. - digo para provocar Parkinson que solta um grunhido e sai do dormitório aborrecida levando Dafne com ela.

Low Ellen e eu rimos.

Meu nome é Elizabeth Lily Snape e eu não faço o tipo heroína, ninguém escreveria uma história sobre a filha bastarda da Sra. Potter, o lembrete ambulante de que Lily Evans Potter não é perfeita e também trai.

Levantei fazendo minha higiene matinal e coloquei o uniforme da sonserina, frente à penteadeira, fitei a novidade, as madeixas pintadas de vermelho sangue, um lembrete das férias maravilhosas que tinha tido aquele ano, mas que era apenas temporário, já que eu sentiria falta do meu cabelo preto e pintar dá trabalho.

Moro com meu pai Severus Snape, mas isto fez com que eu passasse a maior parte das minhas férias no casarão dos Malfoy, as ultimas férias não foram diferentes, Draco e eu passamos por momentos divertidos, tiramos fotos com o novo pavão albino que decorava o jardim dos Malfoy, assistimos a jogos de quadribol e ele até me convenceu a jogar um pouco com ele. Tudo isto fez com que nos aproximássemos muito.

– Pansy está morrendo de inveja de você. - disse Low Ellen enquanto íamos juntas para o grande salão. - E está na cara que é uma questão de tempo até você e Draco ficarem juntos.

– Eu não sei. - digo encolhendo os ombros, não queria ficar criando expectativas, sempre me ferrava com isto, como quando pensei que ele ia me chamar para o baile de natal.

Low Ellen e eu nos separamos no grande salão quando ela se sentou com seus amigos, fui até onde estava Draco e parei atrás de Pansy a tempo de ouvir ela dizer como sempre muito gentil:

– Ela ganhou o cargo de monitora por pena, só porque é uma bastarda sem amigos. - disse Parkinson.

– Bom dia. Dizia alguma coisa Pansy? - perguntei pigarreando atrás da morena.

– Não, nada. - disse fazendo uma careta.

– Humpf não seja tão invejosa Pansy. - disse Draco zombando de Pansy. - Não ligue para ela.

Senti uma felicidade imensa tomar conta de mim quando Draco me defendeu. Já ia me sentar ao seu lado para tomarmos café da manhã juntos quando notei algo errado na mesa dos professores, o professor Lupin não estava.

– Vocês sabem do professor Lupin? - pergunto franzindo a testa.

– Ele foi demitido, já não era sem tempo, acredita que ele era um lobisomem? Só Dumbledore mesmo para colocar um incompetente como Lupin para ser professor de DCAT, eu espero que o novo professor seja melhor. - disse Draco com sua voz arrastada, seus fios loiros platinados estavam mais compridos e ele estava tão lindo, mas ainda era estúpido às vezes, eu tenho essa coisa de gostar das pessoas erradas.

– Não seja estúpido Draco, ele era o melhor professor de Hogwarts, eu vou ver o que aconteceu. A gente se vê mais tarde.

– Elizabeth! - ignorei Draco que provavelmente diria o quanto sou insolente, não tomo café da manhã preferindo ir até a mesa da grifinória onde está o trio de ouro.

Harry estava como sempre com seus melhores amigos, Ronald Weasley e a Sabe-tudo Granger. Ao ver que eu me aproximava, Harry se levantou e eu o abracei, por algum motivo sentia saudades de Harry como se não o visse há meses, o que não era verdade, já que o tinha visto durante as férias e ontem no Expresso Hogwarts.

– Liz, está tudo bem?

– Por que não estaria? - pergunto franzindo a testa.

– Você está sendo legal, quer que eu te leve para a ala hospitalar? - ele perguntou colocando a mão sobre minha testa e me fazendo rir.

– Idiota. - digo.

– Ah esta é minha irmã.

– Harry, é verdade? O professor Lupin foi demitido?

Harry olhou para Rony e Hermione com pesar e sem saber como falar.

– Ele se demitiu quando todos ficaram sabendo de sua condição, você sabe, ele é lobisomem.

– Isso não importa, ele era o melhor professor de Hogwarts.

– Eu sei, mas Snape deixou escapar que Lupin é lobisomem no final do ano passado.

– Ele não fez isso. - sussurro, indignada. - Bom Harry, eu tenho que ir, tenho que conversar com meu pai.

Rumo para a sala de meu pai às pressas depois de pegar meus horários com a professora Minerva. Bato na porta e entro após consentimento.

– Elizabeth o que... - ele pareceu surpreso a me ver.

– Eu não acredito no que fez, contou mesmo o segredo do professor Lupin por causa uma vingancinha boba? - pergunto aborrecida.

– Tome cuidado com o que diz Elizabeth, você estava correndo perigo tendo como professor uma criatura como aquela.

– Ah não finja que estava preocupado comigo, sabe que ele não era perigoso, você mesmo lhe dava poções para amenizar os sintomas que ele tinha durante a lua cheia.

– Olhe como fala Elizabeth. Você não sabe de nada.

– Não sei? Que James e os amiguinhos dele eram cruéis com você e que você ainda ama minha mãe, mas devia superar, Lupin não tem culpa disto. - digo sem pensar.

– Saia da minha sala, Elizabeth. - ele diz furioso.

Suspiro e saio batendo a porta, é sempre assim, ele sempre foge, nunca fala comigo e é sempre tão frio, distante. Apesar disto, eu acho que peguei pesado.

Eu saio do castelo indo para o lugar que sempre vou para pensar, frente ao lago negro, encosto-me a uma árvore pensando no que falei, realmente passei dos limites desta vez, mas simplesmente não consegui me segurar.

Quase não notei que era observada e o garoto mais bonito que eu já tinha visto em Hogwarts se aproximava de mim.

– Quem é você? - pergunto franzindo a testa, ele aparentava ser do 7º Ano, mas eu nunca o tinha visto em Hogwarts. - É novo em Hogwarts?

– Sim e você não deveria estar tomando café da manhã agora? - ele perguntou, sua voz era linda, melodiosa e combinava com ele, os cabelos negros milimetricamente arrumados, os olhos azuis. Ele não usava o uniforme de Hogwarts, por isso não dava para saber de que casa era, mas não podia ser sonserina, eu já o teria visto se ele fosse da minha casa.

– Estou sem fome, é uma pena que você tenha entrado agora, não vai conhecer o melhor professor que esta escola já teve, aposto que seu substituto não será nem metade do professor que Lupin era.

O garoto abafou uma risada que o deixou ainda mais bonito.

– Eu acho que está enganada. - ele diz, tinha um ar presunçoso e um sotaque diferente.

– Você é mesmo de Londres?

– Sou, mas não moro aqui há muitos anos, Mademoiselle. - ele diz de um jeito encantador.

– França, um romântico? - pergunto lhe lançando um olhar interessado, ainda desacreditando que aquele garoto fosse tão bonito e ainda por cima falasse Frances. - Eu acho que você é corvinal.

– Não. - ele diz mais uma vez com aquela risada contida. - E também não sou da corvinal.

– Certo, você é um enigma, normalmente eu sou boa em decifrar pessoas. - digo frustrada.

– Acho que é a minha vez então. - ele diz. - Você é uma sonserina de poucos amigos, curiosa e tem problemas com seus pais por ser uma filha fora do casamento.

Olho assustada para ele, como ele sabe tanto sobre mim? Quem é aquele cara?

– Parece que eu ganhei. Talvez eu deva me apresentar, sou Tom Riddle, seu novo professor de Defesas Contra as Artes das Trevas e você deve ser a filha do professor Severus Snape, enchanté. - ele diz beijando o dorso de minha mão. - Nos vemos na aula imagino.

Ele me deu as costas voltando para o castelo me deixando boquiaberta e com vontade de sumir.