A Revolução Brasileira escrita por Pedro Henrique Sales


Capítulo 7
Uma Noite na Delegacia




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Graças a Deus tudo se resolveu rapidamente. Ninguém merece passar o fim de semana numa delegacia!

Eram quatro homens algemados com as camisetas cobrindo o rosto. Ao entrarem no D.P., foram colocados em fila à frente de uma parede branca e um policial encarregou-se de revela-los.

César Augusto Mendel, 24 anos. Estudante de Tecnologia da Informação. O primeiro a ser revelado.

Luís Gustavo Ferrer, 17 anos. Estudante de terceiro ano no Colégio Hamburgo. Segundo.

Marco Vinícius de Souza, 20 anos. Um vagabundo. Terceiro.

Por fim, o último:

Luigi Campos, 17 anos. Estudante de terceiro ano no Colégio Hamburgo. Irmão de Camila. Também um vagabundo.

Olhamo-nos uns aos outros. Ficamos assim por infinitos trinta segundos até que, por fim, caiu a ficha. Luigi era um deles. Por, na época, serem menores de idade, apenas César e Marco ficaram presos. Luís Gustavo e Luigi ficaram cinco meses na Fundação Casa aproximadamente até completarem 18 anos. Os outros cumpriram 16 anos de detenção, por roubo, porte ilegal de armas e tentativa de fuga.

– Que desgosto eu tenho de você! – exclamou a mãe de Luigi, com nojo de toda aquela situação ao chegar à delegacia. – Assaltar a própria irmã e os amigos dela? Tenho minha consciência tranquila de que essa não foi a educação que te dei.

E o silêncio tomou conta. Minha mãe, Lorena, havia chegado para me buscar. Em prantos, perguntara como eu estava.

– Estou bem, mãe. Graças a Deus.

– Fiquei extremamente preocupada com você, filho. Por isso não atendeu as minhas ligações. – e limpou uma gota de suor que escorria pela sua testa.

– Acho que isso pertence a vocês. – interrompera o delegado, entregando todos os nossos bens roubados.

Agradecemos e logo fomos embora. Minha mãe deu carona ao pessoal. Apenas Camila fora embora sozinha com sua mãe.

Um fim de semana que, realmente, me corroeu. Questionara-me inúmeras vezes: o que leva um irmão assaltar a própria irmã e seus “amigos”? Esse cidadão nunca me cheirou bem. Era de se esperar.

Naquele fim de semana não tivemos contato com nenhum de nós. O silêncio, a dúvida e a indignação tomou conta, principalmente de Camila por ser bem próxima de seu irmão. Ocupei-me apenas com a pesquisa sobre código Morse.

Finalmente, segunda-feira.

– Olá turma! Como vão? Quem trouxe a lanterna? Quem fez a pesquisa? Quem decorou?

– Professor, – chegou Camila, de canto, e perguntou. – fui assaltada com o Alberto, a Anne, o Brian e mais um pessoal pelo meu irmão e mais três comparsas na sexta-feira. Desculpe-me, mas acabei esquecendo-me completamente desse trabalho. Não tive cabeça esse fim de semana. Posso fazer outro dia?

Não tinha como o professor ficar pasmo e negar uma coisa dessas. Afinal, não é sempre que se vê algo como este.

Logo comecei a apresentação. Expliquei que o código Morse foi utilizado na marinha e na aviação da Segunda Guerra Mundial, quando os sinais de rádio não tinham uma frequência adequada e horrível transmissão. Usavam-se, também, lanternas. Soldados presos em escombros ou em qualquer local de difícil acesso que sobreviveram a ataques, utilizavam lanternas para emitir o código universal de socorro: o S.O.S.. Outra forma de uso era, também, aos finais dos programas de rádio. Após o último programa do dia, as emissoras transmitiam outros “programas”, mas em código Morse.

– Perfeito! Pegue sua lanterna, então, apague a luz da sala, se agache, sinalize seu nome e faça o código universal de socorro.

Fi-lo e acertei-o absolutamente. Nota máxima para mim. Basicamente, isso. Todos explicaram e fizeram os dois sinais. Uma das atividades mais legais que já fizemos em história!

No intervalo, Susan já ficara sabendo sobre o ocorrido. Riu cinicamente, pois, também, esperava que cedo ou tarde o maconheiro do Luigi faria aquilo. Fora um alarde. Naquela segunda-feira todos souberam. Todos! E não deu muito tempo para o seu Álvaro aparecer na secretaria procurando dona Norma. Não hesitamos. Tentamos escutar a conversa embaixo da janela da sala da diretora, que dava para o pátio.

– Preso!? Como assim!? – perguntou Norma, exaltada.

– Ele assaltou a própria irmã e os amigos dela que, por mera coincidência, estudam aqui.

– Cristo Pai! Mera coincidência? Como o senhor diz isso se metade da vida social dela fica aqui? – espremeu os olhos com a desconfiança à flor da pele.

E calou-se por um momento até ela dizer.

– Bom, preciso que providencie o boletim de ocorrência e um atestado de onde ele está encarcerado para poder justificar as faltas e cancelar a matrícula. Sinto muito, mas aqui, no Colégio Hamburgo, seu filho não estuda mais. Somos extremamente rigorosos com o perfil de nossos alunos. – e, realmente, um aluno que fora preso estragaria totalmente a reputação da escola.

– Ok dona Norma. Aguarde-me! – dizendo num tom ameaçador. Levantou-se da poltrona e retirou-se da sala batendo, com força, a porta.

Duas semanas se passaram e a diretora morreu devida uma explosão na cozinha de sua casa. Fora constatado que a mangueira havia sido cortada e furos foram feitos em todo o encanamento de gás da unidade. A porta havia sido violada. O caso nunca foi solucionado.

De fato, nunca mais o Colégio Hamburgo ouviu falar em Luigi nem em sua família. Após a formatura do terceiro, Camila partiu para faculdade de odontologia e todo seu passado naquela escola fora jogado, infelizmente, aos ventos.

– Que merda isso tudo! Quando conseguimos saber algo sobre Luigi, ele nos assalta e é preso. Esse cara não está aí com nada. Essa é a verdade! – disse Nicolas, indignado.

– Perdemos tempo. Foi em vão. Não deu certo com ele, mas com outros dará! Não podemos desistir! – falei entusiasmado.

Não perdemos o costume de nos reunirmos toda semana na casa de alguém e conseguir mais pessoas. Na época, o ensino médio continha, num geral, mais de 750 alunos. Até o então final do ano, conseguimos nos reunir com todos. Seja fora ou mesmo dentro da escola. Não queríamos quantidade. Queríamos uma massa que entendesse plenamente qual a nossa ideologia e que soubesse aplicá-la. Desse jeito, causaríamos um enorme diferencial para inúmeros futuros cidadãos. Todos sempre estiveram indignados com a política governamental do país, mas não detinham de opiniões formadas. Eram conduzidos e manipulados pela mídia e por aqueles que já gozavam de ideais. Nosso objetivo era que cada um formasse a sua opinião, sem influência alguma.


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Notas finais do capítulo

Fiz bem em ter finalizado rapidamente o caso Furgão 13 ou deveria ter estendido mais? Creio eu que perderia o rumo da prosa, o foco da história. Qual a sua opinião? Por favor, deixe um review. :) Obg, abçs.



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