A Revolução Brasileira escrita por Pedro Henrique Sales


Capítulo 6
O Furgão 13




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– Sabem? Luigi é cético demais. Extremamente egocêntrico. Causa muita dor de cabeça para os meus pais, desde pequeno. Embora seja meu irmão gêmeo, nasci primeiro e ele, como “caçula”, sempre foi muito pirralho e ciumento. Ao passar dos anos, começou a achar que eu era a filha predileta e, com isso, se revoltou com a vida. Eis um menino ignorante que está no último ano da escola por uns empurrões que dou nele. – disse Camila, reunida conosco no Parque respondendo a uma pergunta – Sempre compartilhamos nossas atividades. O que ele faz eu sei. E tudo que faço, ele também sabe. E com a sua cabeça fraca acabou se envolvendo com maconha também. Meu pai sabe que ele fuma, até porque é ele que banca meu irmão. Todo fim de semana ele sai pra fumar com seus amigos. Admirei-me pelo fato dele ter ido ao shopping com vocês semana passada.

– Que acabou furando com a Susan! – interrompeu Giulia, defendendo a amiga.

– Ué, mas ele não foi?

– Foi quando estávamos indo embora.

– Não duvido nada de que tenha ido fumar. – observou Camila, virando os olhos.

– Juro que dessa eu não sabia! – exclamei – Mas é de se esperar. E é justamente por isso que estamos aqui. Queremos conversar com você sobre seu irmão...

E explicara tudo sobre o nosso grupo, nossa meta, nossa ideologia. Naquela altura éramos sete.

– Nossa! Que iniciativa legal a de vocês. Gostei. Se precisarem de alguma coisa, podem contar comigo! – e piscou. – E em relação ao meu irmão, não tenho tanta esperança. Quase dezoito anos desse jeito... Bom, mas tentaremos mais uma vez. – disse, totalmente desacreditada.

Naquele momento, estávamos assistindo um evento promovido por um grupo de skatistas. Manobras aéreas no half, outras de freestyle na área coberta... Um dia movimentado e extremamente quente. Exalava concreto das trincas daquele chão asfaltado. Enquanto lá estávamos, pelo menos quinze foram parar no ambulatório.

Eram três horas e meia da tarde e o parque estava lotado. Pais passeando com seus filhos; namorados aproveitando a vida; amigos bebendo, outros fumando; pessoas andando de bicicleta, de patins; outras correndo; um grupo de idosos fazendo caminhada... Um dia (aparentemente) tranquilo.

– Você acha que seu irmão aceitaria a ideia de participar do nosso grupo? – perguntara Anne.

– Se ele soubesse qual a finalidade... Acho que não. De nenhuma maneira. Vou dar um conselho a vocês: não fiquem muito investindo nele. Não vai dar certo. Tenho quase certeza disso.

– Poxa, está nesse nível?

– Infelizmente. – e bufou.

Era de se esperar. Outro dia encontrei Rafaelli, uma amiga minha daquela época. Contou-me que chegou a namorar Luigi por alguns anos após terminarmos o ensino médio, mas foi complicado. Ele detinha poder sobre ela. Um horror.

Fui em um shopping com meu filho, Roberto – em homenagem ao meu professor universitário e ex-namorado da minha mãe (contarei em algum canto dessa prosa mais sobre isso) –, e acabei encontrando Rafaelli com seu marido e filho, Valentim – de cinco anos – dentro de uma loja de brinquedos. Daqui a três semanas é Dia das Crianças. Resolvemos comprar antecipadamente para evitar o tumulto dos descompromissados. Ao sairmos, fomos a uma livraria e por lá ficamos. Anne não estava comigo, pois havia ido fazer hidratação nos cabelos. Por conseguinte, fui sozinho com Roberto – também com cinco anos. Na livraria, sentamos na cafeteria e por lá ficamos. Conheci melhor seu marido, Simon; sentimos imensa nostalgia ao lembrar os momentos de escola – embora não fôssemos muito ligados –; tentamos atualizar, resumidamente, nossas vidas desde o último dia que tivemos contato (em 2008). Rafaelli trabalha atualmente como enfermeira em uma clínica infantil, e Simon também. Depois, perguntei de Luigi e soube que namoraram de 2009 à 2012.

– Foi a pior coisa que aconteceu na minha vida. Ele é um canalha, Alberto. Um canalha! Ficamos quase quatro anos juntos e descobri que estava namorando uma vadia ao mesmo tempo. O pior é que ela sabia, mas eu, não. Não sei onde estava com a cabeça naquela época. Sabia de seus podres, sim. E mesmo assim fiquei com ele. Fui a primeira garota, creio, que ele namorou. Lembro-me de Susan quando saiu com vocês no último ano e Luigi deu o furo. Como havia entrado naquele ano e era muito tímida, só escutava. – explicou Rafaelli, despojadamente.

– Sim! Foi nessa época que iniciamos aquele nosso grupo lembra? – e Rafaelli veio a participar apenas no final do ano, falei – Tentamos mais algumas vezes, parecia que tinha dado certo, mas... E como Luigi está hoje? Casou? Teve filhos? Fez algum curso superior? Trabalha? – bombardeei perguntas.

– Sei de coisas que você nem imagina, Beto! O buraco é bem mais embaixo. – respondeu, retorcendo os olhos e sorrindo com o canto da boca.

Revelarei o restante dessa minha conversa com Rafaelli nos próximos capítulos.

Voltando ao parque...

Ao entardecer, fomos embora. Camila morava lá por perto e, então, fomos leva-la até seu condomínio. Apenas seis quarteirões de distância.

– Mãos na cabeça! Mãos na cabeça! Perdeu, perdeu! – gritou um homem encapuzado anunciando um assalto junto com mais três comparsas que desciam de um furgão inteiramente branco e placa com final 13. – Passa o celular, carteira, tudo de valor! Rápido! – e apontou a arma para minha cabeça. – Passa tudo senão eu atiro!

Camila entrou em desespero. Entregou sua bolsa e seu colar de ouro que ganhara de sua vó já falecida.

Fiz o mesmo. Entreguei tudo. E todos que estavam conosco, também. Mas fomos submetidos a uma revista dolorosa por um dos ladrões – que nos parecia conhecido pelos trejeitos. Brian não havia entregado sua carteira. Por conseguinte, levou cinco coronhadas e apagou por alguns minutos. As meninas foram revistadas por dentro das roupas íntimas, exceto Camila.

Uma senhora que passava pela rua ligou para a polícia, que quase imediatamente chegou ao local com três viaturas. Uma, amparou-nos, servindo os primeiros socorros ao Brian e o apoio psicológico às meninas. As outras duas, iniciaram uma perseguição, que acabou não saindo do bairro. O Furgão colidiu em um poste a sete quadras.

Ao chegarmos ao Distrito Policial mais próximo, o delegado Gian Carlo Ricci responsabilizou-se pelo caso. Após uma hora, as duas viaturas retornam ao D.P. com os suspeitos algemados.


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Notas finais do capítulo

Comentem por favor. Justamente pela falta de criatividade, gostaria da sugestão de vocês que acompanham. :)



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