A Revolução Brasileira escrita por Pedro Henrique Sales


Capítulo 4
O Cinema


Notas iniciais do capítulo

Confira, nesse capítulo, a tentativa de Alberto fisgar Luigi e persuadi-lo, à ponto de mudar drasticamente sua maneira de pensar.



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Chega o grande dia. Uma sexta-feira quente e agradável. Estávamos quase todos prontos lá pelas 7 horas da noite. Nicolas e Brian haviam dormido na minha casa e as três amigas – Giulia, Gabrielle e Susan – na casa de Anne. Para Nicolas, as horas demoravam a passar. Estava tão tenso, que parecia ser o dia de seu primeiro beijo. Brian e eu estávamos mais à vontade, como num dia qualquer. Afinal, estávamos no último ano de escola, com quase 17 anos. Não faria sentido estarmos tensos pelo fato de saírmos com garotas.

Embora fosse extremamente inteligente, ter conseguido bolsa de estudos em todos os anos à partir da quarta série no Hamburgo, não deixava de ser um homem e agir como homem. Desde pequeno sempre namorei, e estou até hoje com a mulher da minha vida. Sempre muito companheiros, muito ligados no emocional e no carnal, pois, ainda, Anne continua deslumbrante, impondo respeito com suas sobrancelhas definidas e seus olhos esverdeados pregando a verdade aos olhos de quem quer que seja.

Nós, garotos, estávamos vestidos todos com uma camisa xadrez e cada um com uma calça jeans skinny. A minha, era cinza e branca; a de Brian, vermelha e rosa; e a de Nicolas, azul-marinho e azul-bebê. Cada um com um All-Star diferente, também.

Eram cerca de 7 horas e meia da noite e chegamos ao shopping. Ficamos rondando e fazendo hora até que as meninas chegassem. Passamos em uma farmácia para comprar balas e chicletes. Não queríamos passar vexame com ninguém. Estávamos banhados e bastante perfumados. Minha mãe sempre viajava ao exterior para congressos e trazia perfumes para mim, para meu pai e para quem pedisse.

8 horas e 15.

– Olá meninos! – disse Anne, acompanhada das três amigas.

E nos cumprimentamos.

– Já compraram os ingressos? – perguntou Giulia.

– Ainda não. Estávamos esperando por vocês. – dissemos.

– Cadê o Luigi?– indagou Susan – Ele não veio?

– Não o vimos ainda. Deve estar atrasado. – falei.

– Meninos atrasados... – bufou Susan – Muito raro!

Luigi estava atrasado há vinte minutos. Tentamos ligar para seu celular e só caía na caixa postal. Ligamos na sua casa, idem. Enquanto estávamos o esperando, fomos à fila da bilheteria do cinema. Estava tão grande que formava um caracol com trezentas pernas. Enquanto escolhíamos o filme, liguei para Luigi e, novamente, caixa postal.

Susan estava linda! Havia feito escova ou algo parecido que deixou seus cabelos lotados de cachos. Havia passado maquiagem e afins. Vestia uma blusinha decotada que mostrava parte de seu sutiã branco e um shortinho jeans rasgado, última moda na época. Estava preparada para Luigi, e o cara a deixa na mão.

Eu, obviamente, estava acompanhado. Brian, logo na fila da bilheteria, arranjou-se com Giulia. Mas Nicolas estava na tentativa e, como sempre, totalmente inexperiente e desajeitado.

– Gabrielle, você namora? Tem compromisso com alguém?

– Eu não, por quê?

– Só por saber mesmo. – e suava.

– Só por saber? – perguntou Gabi, já entendendo as intenções de Nicolas.

– Ah, certamente sim. – e tremia – Sabe.. Eu te acho muito bonita, sabia?

– Sério? Muito obrigada fofo! Você é um gatinho também.

Aí o moleque surtou. Jamais esperaria ouvir isso de uma garota como a Gabrielle.

Oh my God! – disse Nicolas, já todo vermelho e com sua mania de usar expressões em inglês.

– Por que o espanto, fofo?

– N... nunca nenhuma garota me elogiou. Você é a primeira. – tremia e suava ao mesmo tempo.

– Como assim? Você é uma gracinha! Como nenhuma menina nunca te disse isso? Bobagem. – bufou.

O silêncio prevaleceu. Olhei para Nicolas. Pisquei e sorri. Ele retrucou.

Susan estava conversando com Anne e estava totalmente decepcionada, pois queria Luigi ali com ela.

– Como ele pôde ter feito isso comigo? Ele mesmo me convidou!

– Sinceramente, nunca fui muito com a cara dele.

– Pois é. Outro dia estava conversando com Gabrielle e ela me disse que ele não é boa bisca. Contou-me que é muito encrenqueiro. Mas nem levei a sério.

– Sim! Ele sempre foi. Muito soberbo e muito arrogante. Eu o conheço há anos e sei realmente quem ele é. O pai dele ia busca-lo com Ferrari na escola. Sempre quis mostrar tudo que tinha, porém, ultimamente, parecia que deu uma esfriada nessa característica. – explicou Anne à Susan.

– Nossa! Obrigada por ter me contado isso. Ele parece um fofo à primeira vista. Então além de ignorante ele é mentiroso. Coitada da próxima que ele tentar fisgar.

– Coitada mesmo!

Compramos nossos ingressos e fomos à nossa sessão. Chegando lá, o filme estava para começar, porém, com o atraso devido à queda de energia no shopping, foi o necessário para Nicolas conseguir ficar com Gabrielle. Estávamos dispostos todos na fileira mais alta ao canto esquerdo, em relação ao telão na ordem (esquerda à direita): Brian, Giulia, Susan, Nicolas, Gabrielle, Anne e eu.

– Então, Gabi, quero te fazer uma pergunta. – disse Nicolas, colocando sua mão sobre a de Gabrielle.

– Pergunte, doce.

– Fica comigo? – e o Parkinson atacou junto com a explosão das glândulas sudoríparas de seu corpo.

– Tá esperando o quê? – e sorriu, jogando seus cabelos para um lado só.

E beijaram-se voluptuosamente.

Logo começou a sessão e todos acompanhados, exceto Susan. Até então, nenhum sinal de Luigi. Liguei inúmeras vezes para seu número e, como sempre, caía na caixa. Parecia que Susan queria arranjar alguém ali mesmo, na sala do cinema.

Praticamente nem assistimos ao filme. Só foi curtição. Nicolas havia pegado o telefone de Gabrielle e Brian o de Giulia. A árdua tarefa de fazer a cabeça das moças foi desnecessária, pois as duas já eram inteligentes. Logo entraram no nosso grupo.

Ao término da sessão, Nicolas me procurou:

– Meu! Você viu? Consegui, finalmente!

– Já era tarde – e ri.

– Ela é linda demais! Que boca é aquela! Que sorriso! Que dentes! Que corpo! Que tudo! – disse Nicolas, empasmado com o que acabara de passar.

– Realmente, ela é linda mesmo. Parabéns meu maninho! Quero ser o padrinho.

– Pode deixar. – e piscou para mim.

Ao sairmos do shopping, por volta de 11 horas da noite, o ilustre Luigi aparece, descendo do carro de seu pai ridiculamente importado.

– Meu amigo, o filme terminou Não sei o que está fazendo aqui – disse Susan enfurecida.

– Eu n... – começou a explicar-se, mas foi interrompido.

– Não quero ouvir explicações suas. Por hoje já deu. Tchau meninas, tchau meninos. Obrigado por hoje viu? – beijou cada um (exceto Luigi) e retirou-se rapidamente do local, logo entrando em seu carro.

Luigi retirou-se, também, após o desaforo..

– Nunca fui com a cara desse menino! Já falei isso gente.

– Verdade, Giulia. – ressaltou Anne – Pau que nasce torto nunca se endireita!

Infelizmente, não foi naquela noite que conseguimos criar algum vínculo com Luigi. Na roda em que estávamos – esperando nossos pais irem nos buscar – começamos a discutir sobre os nossos ideais, sobre nossos princípios e o que, realmente, quereríamos com isso.

– Meu Deus! Acho que todos nós nos esquecemos de um detalhe crucial! – exclamou Anne.

– Que detalhe, amor? – perguntei.

– Camila, – respondeu – a irmã de Luigi!


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