Life is Unexpected escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 6
Capítulo 5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/552949/chapter/6

As semanas que se seguiram oscilaram entre a calmaria e a tensão. Pouco depois de entrar no segundo mês de gestação, Mari ainda estava anêmica, apesar da rigorosa dieta, e temendo um novo sangramento, o médico decretou repouso absoluto, pelo menos até que ela passasse do quarto mês.

A verdade é que, além da anemia, o médico estava preocupado que Mari poderia estar ficando deprimida pelo turbilhão de emoções conflitantes, e achava que um repouso solitário não lhe faria bem. Foram horas de discussão, além de longos telefonemas e negociações, a fim de impedir a ida de seus pais para o Rio, ou a volta do casal para Joaçaba.

Com o clima tenso que predominava o apartamento de Mari, já que nem ela, nem Sol saíram de lá, a decisão dos pais da cantora e de Franz foi alugar e bancar um novo apartamento para os dois, temporariamente. E como a grávida não poderia passar o dia sozinha, Karina e Jade se rebocaram de mala e cuia para a nova residência da amiga.

Karina havia acabado de começar o curso de jornalismo durante à manhã; Jade dava aula de dança durante à tarde; e Franz trabalhava o dia inteiro. Desse jeito, mesmo que as duas saíssem a noite, sempre havia alguém em casa, para acompanhar e vigiar a grávida.

E assim foram levando os dois meses seguintes, dando o máximo de amor, carinho e entretenimento para a futura mamãe, para que ela passasse pela fase de risco, e o mês de precaução extra, com toda a segurança e conforto possível.

Apesar de tudo isso, Mari era o tipo de pessoa que não gostava de ficar em uma cama se pudesse fazer outra coisa, e aquele repouso estava sendo penoso para ela. Portanto, na manhã do exame médico, três dias após completar seu quarto mês de gestação, ela acordou com um entusiasmo incomparável.

Nem mesmo o fato de suas roupas não servirem mais a derrubou. Ela apenas sorriu e disse que iria com Jade e Karina, que estavam matando o dia de aula e trabalho, fazer compras de tarde. Franz conseguiu permissão para chegar mais tarde e perto das dez da manhã estavam a caminho do consultório médico.

A médica que a acompanharia na gestação se chamava Susana Ribeiro, uma senhora baixinha e gordinha, com cabelos dourados bem curto e um sorriso bondoso. Ela era muito amiga de Dandara, da época em que ela esperava João, e estava acostumada a lidar com jovens mães.

Após os exames de rotina e de algumas modificações nas vitaminas que a paciente tomava, foram ao aguardado ultrassom, no qual esperavam conseguir descobrir o sexo do bebê. Karina e Jade, é claro, estavam ali como sombras, a primeira com o celular ligado em uma ligação com Gilda, acompanhando tudo do sul.

Escutaram o coraçãozinho bater, viram suas quatro cavidades, os órgãos e sistemas (que não conseguiam entender ao certo) e acompanharam a medição dos ossos. Quando já estava quase acabando, a médica fez a pergunta que tanto esperavam:

"Gostariam de ver o sexo?"

"Sim." Cinco vozes fizeram eco, tentando conter a curiosidade crescente. Alguns cliques e zooms depois, a médica mostrava algo na tela, mas nenhum deles conseguia definir o que era.

"Parabéns, vocês terão uma menina." Felicitou a mulher. Mari e Franz encararam fixamente o monitor, ambos emocionados, enquanto Karina e Jade pulavam de alegria, comemorando com a avó da criança. "Meninas, que tal deixarmos o casal sozinho?"

A médica empurrou as duas jovens, ainda muito ocupadas em comemorar o fato de que teriam uma sobrinha, e deixou o jovem casal sozinho, perdidos em observar o contorno bem rudimentar de sua, agora sabiam, filha.

"Você está feliz?" Perguntou Mari encarando o namorado, que lhe abriu um sorriso enorme.

"Mais feliz impossível... Só estou um pouco preocupado, na verdade." Admitiu ele e a namorada arqueou a sobrancelha. "Se ela for tão linda quanto a mãe, vou ter que andar armado atrás dela."

A grávida riu, passando a mão pela barriga, ainda um pouco melada pelo gel. Franz colocou a mão sobre a dela, se inclinando e tocando a pele dela levemente com os lábios.

"Eu amo você." Sussurrou, e voltou-se para a mulher ao seu lado. "E amo você também."

"Eu também te amo. Nós duas." Garantiu a morena, dando um beijo rápido no namorado. "Mas acho que precisamos ir."

Após pegarem mais algumas recomendações com a Dra. Ribeiro, que decretou oficialmente encerrado o repouso de Mari, as três amigas deixaram Franz na Fábrica, seguindo em direção ao shopping, onde passariam a tarde comprando roupas novas para a grávida e as primeiras para a bebê.

"Mari, olha que vestido lindo." Comentou Jade, enquanto passavam em frente a uma loja de gestantes. Era branco e todo bordado, com uma fita abaixo do busto. "É pecado não experimentar algo bonito assim."

"Eu nem teria onde usar algo assim Jade." Protestou a grávida, enquanto as amigas a puxavam para a loja.

"Pedrinha tem razão, pancinha, é pecado não experimentar algo bonito assim." Repreendeu Karina.

"Karina Duarte me mandando experimentar roupas? Caímos em um universo paralelo?" Brincou Mari, enquanto as amigas a puxavam para a loja.

Depois de largar o tatame e a luta, Karina foi mudando sua personalidade ao poucos. Não que fosse falsa, mas simplesmente estava se libertando. Havia passado a vida tentando ser uma cópia do pai, na esperança de agradá-lo mais.

Agora, tinha que achar um novo caminho e uma nova direção, e isso influía em seu jeito de ser. Havia se tornado uma pessoa mais leve, menos briguenta, mais brincalhona. Apesar de ainda ser praticamente um moleque nas vestimentas, parecia outra pessoa.

Ela concordou em experimentar a peça após mais um pouco de insistência das amigas. Pelo tamanho ainda pequeno de sua barriga, o vestido ia até pouco abaixo do joelho, mas mesmo quando a barriga ficasse maior não deveria ficar muito acima do mesmo.

As duas amigas rodaram a loja, achando algumas outras peças que ela provou durante a uma hora seguinte. Pagaram as roupas com o cartão que Franz havia dado a Mari para, de acordo com ele, comprar apenas o necessário para a gravidez e o bebê.

Almoçaram no McDonald’s, permitindo que a grávida escapasse um pouco de sua rígida dieta, e seguiram para uma grande loja de produtos para bebês, onde Karina teve um ataque de consumismo.

"Eu não posso com essas coisas tão fofas." Era o que ela dizia a cada nova peça que trazia para a cesta. Vestidos cheios de babados, sapatinhos que caberiam no polegar, entre outros itens diversos, preenchiam as três cestas que as meninas carregavam, enquanto começavam a ver móveis e itens que a bebê viria a precisar.

"Nossa, já são quatro horas." Se espantou Jade, após receber uma mensagem no celular. Ela trocou um olhar cúmplice com Karina, o que deixou Mari intrigada. "Você saiu do repouso, mas ainda não pode abusar. Melhor irmos para casa."

"Não poderemos comprar nenhum móvel ainda, então não adianta muito ficar os escolhendo." Concordou a cantora, enquanto caminhavam para o caixa. "Mas hoje é sexta feira... Não queria ficar em casa."

"Não ficará." Prometeu Karina, enquanto a atendente passava os itens no caixa. "Franz tem que fechar algumas contas na Fábrica com o meu pai e a Dandara, mas podemos fazer algo nós três. E farei questão de escolher um programa em que você possa usar esse vestido lindo."

Mari riu, concordando com a cabeça. Se tinha algo que gostava em Karina era como sempre tentava arranjar uma solução para tudo, unindo o útil ao agradável.

Pagaram a conta, rindo ao imaginar a cara de Franz ao ver o quanto haviam gasto em roupinhas de bebê. No carro, Jade foi dirigindo e puxando assunto com Mari, enquanto Karina permaneceu com a cara enfiada no celular, trocando mensagens com alguém.

"Temos um programa para a noite." Comemorou a loira quando já se aproximavam de casa. "Mas teremos que ser rápidas na arrumação. Precisamos sair às 20h."

"Ainda são 17h." Comentou Jade, revirando os olhos.

"Mas vocês são extremamente enroladas." Rebateu a primeira. "Duvido que estarão prontas no horário."

E ela estava certa. Perto das 20h, Karina já estava no sofá da sala, com um traje no mínimo atípico. Um vestido rosa bebê de um ombro só, sapatilhas pretas, um arquinho delicado no cabelo estilo Joãozinho.

Mari desceu as escadas lentamente, desacostumada ao salto. As amigas protestaram, mas ela insistiu em usá-los, por não gostar de se sentir mais baixa. Os cabelos castanhos formavam ondas perfeitas, a exceção da franja, que estava presa.

"Me sinto estranha saindo de branco." Comentou, sentando ao lado da amiga, enquanto esperavam Jade.

"Você está linda." Garantiu a loira, sorrindo para ela. "Além do que, branco realça seus olhos."

"Desde quando branco realça olhos cor de mel?" Perguntou a moça rindo, e Karina deu de ombros.

"Desde o mesmo dia que meu vestido rosa realça meus olhos azuis." Decretou, cruzando os braços e fazendo uma expressão séria.

"Não discute bicho do mato, você sabe que não adianta." Jade pediu enquanto descia as escadas, usando seu carinhoso apelido para a amiga cantora.

"Mas eu estou certa." Continuou afirmando Karina. "Por exemplo, seus olhos cor de chocolate estão lindos com esse vestido lilás. E me dando vontade de comer uma barra de chocolate. Será que tem alguma em casa?"

Após revirarem a cozinha e encherem a bolsa de Karina, saíram com o carro perto das 20h15. Mari não sabia aonde iriam, mas não teve curiosidade de perguntar, mais ocupada em ouvir o relato de Jade sobre uma briga qualquer com sua mãe.

Quando o carro afinal parou, Mari olhou pela janela, esperando reconhecer algum clube noturno que já haviam ido. O que viu, na verdade, foi uma pequena capela perdida em meio à prédios. Em frente à porta da mesma, seu pai, todo elegante em um smoking, sorrindo para ela.

"Chegamos Mari." Anunciou Karina e a jovem encarou as amigas, ambas com os olhos marejados.

"Aonde?" Perguntou confusa e a porta ao seu lado se abriu, a assustando.

"Ao nosso casamento." Disse um elegante e sorridente Franz, lhe entregando um buquê de rosas. "Só faltava a noiva."


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

TÁ TUDO TÃO LINDO QUE EU QUASE CHORO. Ai gente, eu amo tanto essa fanfic, o que ela representa. Essa amizade que eu representei, primeiro com Rachel, Quinn e Santana; agora com Mari, Karina e Jade, foi um dos maiores e melhor presentes que recebi na minha vida. E poder reescrever e repostar essa fic, é uma honra enorme.
Espero mesmo que estejam gostando, ok?
See you ;*