Life is Unexpected escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 5
Capítulo 4




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Os ponteiros do relógio na parede pareciam se arrastar de um número para o outro enquanto esperavam alguma notícia dos médicos. Franz estava sentado ao lado de Duca e Bianca, impaciente e temeroso.

Se pedissem à Karina que relatasse a ida ao hospital, ela não saberia dizer nada. Não se lembrava de terem chegado ao carro, quem dirá de qual caminho pegaram, ou porque para esse hospital. Só se lembrava de Franz gritando que Mari sangrava e depois tudo havia se tornado um borrão.

Ninguém havia arredado o pé dali, apesar de já fazer tempo que haviam levado a grávida inconsciente. Jade estava há quarenta minutos discutindo com Lucrécia ao telefone, algo que havia se tornado frequente após o episódio de um ano antes.

Sol continuava a encarar Karina, o que a estava deixando a cada segundo mais irritada. Ela tentava ignorar, conversando com Ruiva sobre o que havia acontecido desde que havia sido avisada da gravidez, na manhã anterior.

"Ela está bem assustada não é?" Perguntou a ruiva e Karina confirmou.

"Ela está mais é perdida. Ela comentou várias vezes sobre como vai ser daqui para frente, com o bebê e tudo mais... A demo está fora dos planos por enquanto, assim como os contatos com a gravadora. O único plano que ela tem que se preocupar agora, é o de parto."

Foi uma brincadeira, que arrancou risos da amiga e de João e Fabi, que estavam perto. Mas foi o suficiente para Sol perder o controle e atravessar a sala de espera a passos largos. Mas novamente não chegou até Karina, sendo impedida dessa vez por Ruiva e Fabi.

"Podem deixar..." Garantiu a loira, afastando as duas. "Não tenho medo dela."

"Pois devia ter, Duarte..." Garantiu a outra, empurrando o namorado que uma vez mais tentava segurá-la. "Não sabe do que eu sou capaz para proteger uma amiga."

"Proteger do que, Solange?" Perguntou Karina. "Pelo amor de Deus, você escuta o que você diz? O tamanho da besteira que você está jurando ser verdade?"

"Eu conheço a Mari a tanto tempo quanto você, e sei o quão determinada ela é pelo sonho de ser cantora, de ter sucesso..." Explicou erguendo o nariz, na pose típica de quem se acha dona da razão. "Você tem é inveja dela, Karina, porque ela ainda tem um sonho, um que possa seguir. Ela vai longe, enquanto você vai ficar presa nessa vidinha medíocre de jornalista e..."

"Não vou permitir que você ofenda a Karina desse jeito." Jade tentou interromper a colega, mas ela não lhe deu importância.

"Agora o que ela vai ter? Uma vidinha medíocre, cuidando de um bebê enquanto espera o marido voltar para casa de um emprego de administrador, porque graças a você e suas palavras que, todos sabemos, podem convencer qualquer um a qualquer coisa, ela não pode seguir seu sonho porque tem um fedelho impedindo." Ela terminou com a voz subindo cada vez mais, atraindo a atenção de todos que passavam por ali.

"Chega, Solange." Quem mandou foi Dandara, que vinha caminhando da sala de exames.

"Como ela está?" Perguntou Franz se levantando num pulo, correndo até a madrasta de Karina e mentora de Mari. "E o bebê?"

"Está tudo bem, com os dois." Garantiu a cantora sorrindo e todos suspiraram aliviados. "Ela ainda está desacordada, mas acho que é adormecida. Desde o Natal, quando ela começou a suspeitar, ela não tem dormido muito bem. Em parte pelo nervoso, mas também pelos enjôos."

"Mas o desmaio e o sangramento?" Questionou Ruiva.

"Como o obstetra disse hoje mais cedo na consulta, ela está anêmica. Mas pelos exames, parece que a anemia já está vindo há algum tempo, desde que ela começou aquelas dietas malucas dela." Explicou a professora. "Já começaram a dar, junto com o soro, as vitaminas que ela terá que tomar. Ela deve ter alta amanhã."

Todos ficaram mais aliviados com a informação. Dandara continuou falando com Franz e Ruiva algumas recomendações que haviam sido dadas, e Karina agradeceu mentalmente o fato da madrasta ter uma prima médica naquele hospital. Provavelmente tinha sido por isso que haviam ido dar naquele hospital.

Quando a Mari acordar, vou ter uma conversa séria com ela." Resmungou Sol. "Vai ser difícil fazer ela dar ouvidos a razão, mas eu sei que vou conseguir. Teria sido bem mais fácil se ela tivesse perdido essa criança, mas..."

Antes que qualquer um reagisse ao comentário, Franz estava em cima da garota. Ele a apanhou pelo braço, com o rosto vermelho de raiva, começando a arrastá-la em direção à saída do hospital.

"Você ponha-se daqui para fora. E eu não quero você perto da Mari, ou do nosso filho, até que você acerte essas duas ideias ridículas. E ouse, apenas ouse sequer falar algo contra a vida do bebê e eu não responderei por mim."

Ele largou o braço da jovem, que ficou o encarando de boca aberta. Ele deu as costas a ela e caminhou até Dandara. Todos ficaram a encarando, Karina e Jade mordendo a boca para não cair na risada da cara de perdida da menina. Wallace se despediu de todos rapidamente, caminhando até a namorada e a puxando pela mão para o estacionamento.

"Quando vou poder ver a Mari?" Pediu Franz e Dandara negou.

"Você vai para casa descansar garoto." Mandou ela e ele protestou. "Nem comece. Você está pálido, abatido... Só a Mari doente já é o suficiente, não precisamos de você também. Ela está descansando, e você deve fazer o mesmo, além de ligar para os pais de vocês avisando tudo. Amanhã você volta para buscar ela."

Ele relutou mais um tempo, até concordar e ser carregado por Ruiva, Lírio, Bianca e Duca. Fabi e João começaram a se despedir, já que Dandara seria a acompanhante de Mari, quando Jade e Karina se pronunciaram.

"Dandara, você se importa se eu e a Jade fizermos companhia para a Mari?" Pediu a enteada, sem graça. "A galera do hospital já conhece nós três, não acho que teremos problemas com isso."

"Claro, meu amor. À vontade." A mais velha foi até o plantonista, indicando a menina e explicando a situação. As duas acenaram para ele, sorrindo sem graça, e ele riu, acenando de volta.

"Vocês são figurinha conhecida, hein?" Brincou João, enquanto a mãe voltava. "O que vocês tanto fazem nesse hospital?"

A resposta era engraçada, porque era na verdade o começo de toda aquela história.

Karina e Mari haviam se tornado amigas quando a primeira defendeu a segunda de um grande ataque machista de Franz, em plena Fábrica. A lutadora levou a cantora para sua casa, onde Dandara a amparou. Para ela não ficar sozinha no pensionato, Karina a colocou para dormir ao lado de sua cama.

Depois daquela noite, começou um laço inquebrável entre as duas.

A aproximação com Jade levou mais um tempo, porém não se deu de maneira menos dramática. A bitch da Ribalta seguiu com suas armações e sacanagens, sempre tendo como alvo favorito Bianca.

Uma tarde, após uma armação particularmente grande e maldosa, Karina perdeu as estribeiras e resolveu vingar a irmã. Mari tentou impedi-la, mas a loira estava cega de raiva e nervosismo. Não aguentava mais ver a mais velha sendo humilhada, e a gracinha daquela tarde envolvia sua falecida mãe também. Jade havia passado de todos os limites.

Foram direto para o auditório, já imaginando que Jade estaria ali. Karina quase estourou a porta, já entrando ao gritos. Ninguém respondeu, mas Jade estava ali, caída no meio do palco. Mari correu ver o que havia acontecido e gritou ao encontrar os pulsos cortados e diversos frascos de remédio ao redor.

Antes que percebessem o que faziam, as duas carregavam Jade através da Fábrica, já vazia àquela hora, a levando até o carro de Gael. Enquanto Mari se desesperava, Karina correu e roubou a chave na academia, atravessando as ruas com o veículo acelerado ao máximo.

E foi naquele mesmo hospital que haviam ido dar, já que a loira sabia que a parente da madrasta trabalhava ali. Jade foi levada, passou por uma dezena de exames, foi medicada e teve os pulsos enfaixados.

Nesse meio tempo, as duas amigas na sala de espera enfrentaram a difícil missão de explicar à Dandara o acontecido e pedir que ela levasse Lucrécia até o hospital. A professora de dança foi, apenas para gritar o quanto a filha era um decepção, o que lhe rendeu um belo esporo vindo de Karina. Graças a Deus existia Edgard, que levou a bruxa embora, pedindo que as meninas o avisassem de qualquer coisa.

Mari e K nunca entenderam o porque de terem permanecido ali, mesmo após terem avisado Lucrécia, ou de saberem que Jade estava bem. Simplesmente sentiram que deveriam ficar e esperar, e quando a dançarina acordou, foi a elas que os médicos chamaram.

O clima no quarto foi bem estranho e desconfortável. Nenhuma das três sabia o que falar depois das perguntas corteses de "como está?". Estranhamente, o primeiro passo foi de Karina, que abraçou Jade em um ímpeto. No minuto seguinte, a morena chorava em seus ombros, desesperada.

E foi ali que o laço das três nasceu. Karina e Mari salvaram Jade da morte e dos demônios que a assolavam, a apoiaram quando ela se impôs contra a mãe e estiveram ao lado dela na luta para se reeguer.

Meses depois, foi naquele mesmo hospital que Karina ficou internada, após ter o joelho destruído. Jade e Mari acampavam ali quase diariamente, sabendo que pior que o menisco, estava o emocional da amiga.

E agora, ali estavam novamente, sentadas no sofá do mesmo quarto de hospital de sempre (parecia que o quarto 17 as puxava). Conversaram pouco, ambas mergulhadas em seus próprios pensamentos. Quando o sol se pôs, finalmente Mari acordou. Ela pareceu confusa sobre onde estava, mas logo suspirou aliviada ao ver as duas amigas ali.

"O que aconteceu?" Perguntou, ainda meio grogue.

"Fica calma, se não vai desmaiar de novo." Pediu Jade e Karina revirou os olhos. Falar que a menina ia desmaiar de novo não era exatamente tranquilizador.

"Bom, nós estávamos no meio de uma discussão na sua casa, quando você desmaiou. E bom, você teve um sangramento, mas não foi nada sério." Frisou quando a moça arregalou os olhos.

"De acordo com a médica, o sangramento teve relação com a anemia." Explicou Jade. "Mas já estão te dando as vitaminas junto com o soro, e você vai entrar em uma dieta bem farta. Pode esquecer diminuir o manequim mocinha."

A brincadeira fez as três amigas rirem, mas logo Mari re-assumiu sua expressão séria, perguntando sobre Sol e Karina.

"Bom, nós discutimos novamente." Admitiu a loira, dando de ombros. "Mas quem a colocou pra fora daqui foi o Franz."

"Como assim Franz a colocou para fora? E onde ele está?" Perguntou a morena olhando de uma amiga para outra.

"A Dandara mandou o Franz ir descansar um pouco." Explicou Jade. "Acho que a Bianca vai fazer um jantar reforçado para ele e ele vai cair na cama, mas ele vem amanhã para te buscar quando você tiver alta."

"E porque ele pôs a Sol para fora?" Tornou a questionar Mari.

"Depois que a minha mãe avisou que você estava bem, ela disse que teria que ter uma conversa séria com você, para te fazer ver a razão. E falou que seria melhor se você tivesse perdido o bebê." Karina contou. "E foi aí que o Franz perdeu a paciência e colocou ela para fora pelo braço, dizendo que não queria ela perto de você ou do bebê até que ela mudasse de ideia."

"Isso é minha culpa... Nossa culpa." Completou, depositando a mão sobre a barriga.

"Repita isso e te dou um puxão de orelha." Repreendeu Jade. "Não é culpa de ninguém, simplesmente aconteceu."

"Se a Sol fosse realmente fosse sua amiga, ela ficaria do seu lado." Garantiu Karina. "Se ela foi embora, é por culpa dela e dela somente."

"E outra coisa que o médico disse, foi que esse estresse está fazendo mal para vocês dois..." Explicou Jade. "Nós imaginamos o quão conflitante está sendo essa situação, mas você precisa se acalmar e se concentrar apenas em cuidar de vocês dois."

Mari colocou a outra mão na barriga ainda plana, e logo Karina e Jade fizeram o mesmo, arrancando uma risada da grávida.

"Se você falar que o bebê mexeu, vou questionar esse tempo de gravidez." Brincou Karina, fazendo a amiga revirar os olhos.

"Claro que não sua louca." Negou Mari, as três rindo. "É só que... Sabe quando dizem que o bebê e a mãe estão emocionalmente ligados? Então, é como se ele soubesse que vocês são do “bem”, porque quando vocês tocaram minha mão, veio uma sensação de paz, mais paz do que eu senti desde que soube estar grávida."

"Ele sabe que está seguro." Sorriu K. "Porque ele está seguro. Vocês dois estão."

"Nós não vamos deixar vocês, isso nós prometemos." Jade completou. "Vamos ser duas tias extremamente babonas, do tipo que vai mimar ao máximo e estragar o quanto for possível, para deixar você e Franz malucos."

Mari sorriu, puxando as duas amigas para um abraço longo e apertado. Pouco depois uma enfermeira trouxe o jantar da paciente e das acompanhantes, que elas comeram rapidamente, em meio a conversas sobre roupinhas, brinquedos e as grandes compras que fariam para estourar o cartão de crédito do futuro papai.


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Notas finais do capítulo

Heeeey peanuts
Olha eu aqui de novo. Lado bom de a fic já estar escrita HAHAHAHAAHAHAHAHA
Well, well, well, Gabriel... Sobre a srta. Sol: Na fic original, a vaca da história era a Mercedes, que era a louca por fama e blá blá blá. Minha ideia original era colocar a Ruiva nesse papel, mas a Sol combina muuuito com isso. Gente, olha o que ela tá fazendo com o coitado do Wallace, poxinha. Ela é a srta. Fama Acima de Tudo, então é a Mercedes da história.
Bom, diferente de na original, eu precisava de algo que ligasse Karina, Jade e Mari, algo bem forte e que tivesse a ver com a personalidade delas. E achei a Jade um bom ponto de ligamento, especialmente porque acho que um dia ela vai acabar desse jeito, com a Lucrécia pegando nela do jeito que pega.
E UMA PEQUENA CORREÇÃO: No capítulo 2, eu disse que a Karina sofreu o acidente há dois anos. Já corrigi lá e mudei para cinco meses. Foi erro na organização, desculpem.
Bom, see you soon peanuts