Life is Unexpected escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 3
Capítulo 2




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Já era hora do almoço, e logo seus pais e de Franz estariam chegando. Como seus talentos culinários se resumiam à macarrão instantâneo, ela havia feito uma pequena chantagem psicológica com Karina e agora a amiga estava na cozinha, preparando uma grande panela de macarrão com molho vermelho e almôndegas.

O primeiro a chegar foram Arnaldo e Gilda, seus pais. Apesar de só vê-los de vez em quando, pela distância entre o Rio e Joaçaba, ela tinha um ótimo relacionamento com a mãe e sempre havia sido muito próxima e ligada ao pai.

Não tardou para que os pais de Franz chegassem, e apesar de Karina não conhecer o Sr. e Sra. Albuquerque, tinha um bom relacionamento com os pais de Mari, então quando a amiga pediu que ela ficasse para o almoço, não se importou.

"Estava delicioso, Karina." Elogiou Maria Albuquerque, e a garota agradeceu com um aceno de cabeça. Mas creio que não fomos chamados aqui apenas para provar o delicioso espaguete de sua amiga, fomos Mari?"

A morena respirou profundamente, apertando a mão do namorado por debaixo da mesa e tentando reprimir o enjôo que a tomava sempre que comia alguma coisa. Havia passado os últimos dias pensando em como diria isso aos pais e sogros, mas não conseguira chegar a uma solução, uma maneira fácil de contar.

Talvez porque não houvesse uma maneira fácil de contar.

"Mãe, pai, seu Henrique, dona Maria..." Começou ela, tomando coragem. "Eu estou grávida."

Sua mãe levou as duas mãos à boca, tampando-a para tentar esconder seu gemido de desgosto. Arnaldo engasgou com o suco que tomava e apertou a faca com uma força acima da considerada necessária. Maria escondeu o rosto em uma das mãos, enquanto com a outra procurava a do marido sobre a mesa. Henrique encarava o filho, furioso, e foi o primeiro a falar algo.

"Vocês dois nunca ouviram falar de algo chamado preservativo?" O homem rosnou, a veia em sua testa saltando enquanto ele tentava controlar sua fúria. "Por Deus, Francisco, quantas vezes não conversamos sobre isso? Quantas vezes eu não perguntei se você estava se protegendo?"

"Nós nos protegemos pai." Garantiu o rapaz, recebendo o olhar cético dos adultos e de Karina. "Achamos que a camisinha deve ter estourado."

"Lamento informar, garoto, mas camisinhas não são indestrutíveis." Ironizou Arnaldo.

"É pra isso que existe pílula... Que você deveria tomar, Mariana." Bronqueou Gilda. "Conversamos tanto sobre isso, filha, que quando você quisesse transar você deveria falar comigo para irmos ao médico."

"Eu sei, mamãe." Disse a garota corada. "Mas eu não estava preparada para falar sobre isso ainda."

"Eu disse para ela falar com você." Se manifestou Karina, recebendo um olhar mortal da amiga. "Que foi? Eu falei mesmo, e mais de uma vez."

"Não está ajudando, K." Sibilou a cantora, fazendo a amiga revirar os olhos.

"Bom, o que não vai ajudar é ficarmos discutindo o que eles deveriam ou não ter feito." A loira afirmou. "Eles deviam ter se prevenido mais? Sim. Mas agora já foi, a Mari já está grávida, e ficar dando sermão sobre camisinha não será de grande ajuda."

"Ela tem razão..." Concordou Maria e os demais adultos assentiram. "E o que vocês pretendem fazer?"

"Eu vou continuar com o meu emprego na administração da Fábrica. Não é nenhuma fortuna, mas dá para sobrevivermos." Explicou Franz.

"E você, Mari?" Perguntou Arnaldo, e os olhos da menina se encheram de lágrimas.

"Eu não sei, papai." Ela admitiu, antes de começar a chorar.

Em seus planos originais, estava economizando seu salário como recepcionista no Aquazen, para que logo conseguisse gravar uma demo e enviar para as gravadoras, tentando uma chance em alguma delas. Havia se formado na Ribalta havia pouco mais de um mês, e tinha metade do dinheiro guardado. Porém, agora os pais não mais a manteriam, então ela sabia que iria demorar mais tempo para alcançar a quantia desejada.

Mas agora, isso se tornara inviável, pelo menos por alguns anos. Sabia que não conseguiria cuidar de um bebê recém nascido, sustentar uma casa e economizar o dinheiro da demo, especialmente porque suas economias provavelmente iriam embora depressa.

Os pais pareceram ler o que se passava dentro de sua cabeça, tal como Karina. A amiga a abraçou pelos ombros, entendendo exatamente o que ela sentia e lhe oferecendo um pequeno sorriso. Gilda e Arnaldo estenderam suas mãos sobre a mesa, pegando as mãos da filha.

"Nós vamos estar aqui, querida." Prometeu seu pai.

"Obrigada, papai." Agradeceu ela. "Mas acho que as gravadoras terão que esperar um pouco ainda." Constatou tristemente.

"Sua hora vai chegar, minha filha." Garantiu Gilda. "Mas agora suas prioridades vão mudar um pouco."

"Vocês não acham que eu estou cometendo um erro?" Perguntou a menina encarando o casal à sua frente. Ambos negaram, mas quem falou foi Henrique.

"Mari, você sente que está cometendo um erro tendo seu filho?" Perguntou o sogro e ela negou. "Então... Você já é uma adulta, querida, capaz de tomar suas próprias decisões. O que nos resta a fazer e estar ao seu lado nesse momento tão complicado."

Ela sorriu em agradecimento, soltando uma das mãos e estendendo para ele, que a segurou e beijou delicadamente, sendo logo imitado por Arnaldo.

Maria levantou, dando a volta na mesa e abraçando o filho pelos ombros, enquanto beijava o topo de sua cabeça. Franz sorriu, apertando os braços da mãe enquanto sentia o pai lhe dar um pequeno apertão no ombro, o que ele sabia que era a forma do homem de demonstrar que estaria ali por ele.

"Bom... Precisamos procurar um lugar para vocês dois." Foi a primeira coisa que Gilda disse, depois de um longo silêncio.

"Na verdade, eu vou conversar com as meninas e saber se podemos ficar aqui, mamãe." Explicou Mari. "É perto do meu emprego e do Franz. Ela deixa o flat e diminui uma conta. Só por um tempo, até acharmos outro lugar aqui na região."

"Não vai ser nada definitivo." Garantiu Franz. "Vamos sair antes do bebê nascer, isso é certeza."

"Se elas não se importarem, não vejo problemas..." Observou Arnaldo.

O jovem casal concordou, e logo todos começavam a arrumar as coisas, já que seus pais voltariam naquele dia para Joaçaba. Karina não tinha o que fazer a tarde, então ficou para ajudar a amiga a arrumar tudo.

"Como está se sentindo?" A loira perguntou enquanto lavavam a louça.

"Mais leve." Admitiu Mari. "Mas isso tudo ainda é um grande choque. E eu não sei mais o que será do meu futuro."

"Você sabe como eu te entendo." Suspirou Karina, recebendo uma ombrada carinhosa.

Seus planos sempre haviam sido se tornar uma lutadora profissional e, posteriormente, trabalhar como professora e tocar a academia do pai. Porém, cinco meses antes, havia sofrido uma lesão classificada com gravíssima. Em meio a uma luta de campeonato, com uma maldita lutadora da Khan, trapaceira até dizer chega, seu menisco havia sido destruído.

Equipada com uma placa de metal na caneleira, a adversária golpeara seu joelho, reduzindo o principal osso a frangalhos. Foram precisar várias cirurgias e uma prótese de titânio, além da sentença de nunca mais poder lutar ou praticar esportes.

À época, Karina havia ficado destruída. Não sabia o que faria da vida, sofria com a dor e a maldita fisioterapia, sentia muita raiva. Quem havia tirado a ex-lutadora desse estado, haviam sido Mari e Jade, com sua paciência e amizade improváveis.

E era por isso que a loira garantia que estaria ali pela cantora, e tinha a certeza que a amiga dançarina também estaria.

"Mari, tudo que eu sei é o agora, o amanhã a Deus pertence. Só Ele sabe o que está guardado para você."

"Você é inacreditável, K, definitivamente." A morena riu, mas sabia que a amiga estava certa. Era uma pessoa bastante religiosa, coisa comum às pessoas de cidade pequena. Ia com os pais à igreja todos os domingos, e como no Rio isso era mais difícil, orava todas as noites, pedindo que Deus a guiasse e protegesse. E só o que lhe restava no momento era ter fé no que quer que Ele estivesse planejando.


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Notas finais do capítulo

Heeey peanuts.
Well, alguns avisos que esqueci no capítulo anterior:
1) A fic é Universo Alternativo, então vááááárias coisas serão diferentes da novela, apesar de eu estar tentando me manter bem fiel, ok?
2) Aqui a Karina está mais velha. Ela é da idade da Mari e da Jade e as três tem 20 anos.
3) A Karina vai ser um poucomuitopracaralho retardada, porque a personagem que ela está assumindo (vulgo Quinn) é minha personificação nessa fanfic. Então podem esperar muita merda HAHAHAHAHA
4) Acho que era isso, se for lembrando de mais vou falando nos próximos capítulos.
Bom, ameeei os comentários e estou muito feliz, porque temos 48 leitores já. Demais, né?
E aí? Gostaram do capítulo? Ia colocar algumas loucuras para a K, mas achei melhor ir acostumando vocês aos poucos HAHAHAHA
See you peanuts ;*