Life is Unexpected escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 26
Capítulo 25




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Duas semanas passaram em um piscar de olhos. Ruiva recebeu a amiga muito bem em sua casa, e foi bastante compreensiva e delicada em não tocar no assunto dos ocorridos no Rio. Na verdade, ajudou Mari a se distrair, usando sua companhia para correr atrás dos preparativos de seu casamento e do acabamento do novo apartamento.

Peter, seu noivo, ainda estava em Londres, finalizando algumas pendências de trabalho. Haviam pesado bastante sobre voltar ao Brasil, e só se decidiram após ambos receberem excelentes propostas de trabalho: ele como diretor em um banco, ela como professora de uma respeitada academia de dança.

E no meio de todo o “trabalho”, as duas se divertiam bastante. Ruiva marcou de saírem com diversos conhecidos da época da Ribalta, além de alguns amigos que havia feito na companhia de dança. A ideia era que Mari ampliasse seus horizontes, já que havia passado os últimos anos em um ciclo de contatos um tanto vicioso.

É claro que ela ainda falava com a filha (e Jeff) duas vezes por dia, atualizando a pequena sobre o que estava fazendo e sendo atualizada por Jeff sobre como estavam as coisas em casa. Não havia conversado com Karina e Jade ainda, e nem elas haviam tentado fazer contato. As feridas ainda não tinham cicatrizado o suficiente.

Porém, apesar da viagem estar sendo ótima e bastante proveitosa, Mari sabia que precisava partir. Ainda queria visitar os pais de Franz, e isso também demandaria alguns dias. E o aniversário de Ann estava se aproximando, e sua ideia era estar de volta no dia, como uma surpresa.

“Mari, nós vamos até a Liberdade hoje.” Anunciou Ruiva, entrando no quarto que a morena ocupava.

“A noite?”

“Exatamente. Na Choperia Liberdade, que também é o bar karaokê mais famoso de São Paulo. Vamos nos encontrar com a Guta e o Rico, lembra deles?” A mulher assentiu, sorrindo. “Então vai se arrumar!”

O lugar era realmente demais, bastante movimentado e agitado. Pegaram uma mesa com os dois colegas da Ribalta, que estavam acompanhados dos respectivos namorados. Guta namorava um estudante de direito, enquanto Rico estava noiva de uma publicitária.

Todos se divertiram relembrando histórias da época que estudavam juntos, além de gargalhar incontrolavelmente dos artistas de sábado à noite, que se arriscavam no microfone do local. Fizeram coro em diversas músicas, e até arriscaram ir imitando as estrofes das músicas em japonês. Em determinado momento, os dois irmãos deram um jeito de conseguir ocupar o palco, e como esperado, mandaram muito bem.

“E você, Mari, não quer tentar?” Perguntou Lucia, noiva de Rico.

“Ah, não, melhor deixar quieto.”

“A Mari sempre teve medo de palco, apesar de ser a melhor cantora da Ribalta.” Contou Ruiva.

“Segunda melhor, ninguém conseguia bater os vocais da Sol.” Comentou Rico. “Aliás, que fim teve ela e o Wallace? Nunca mais tive notícias deles, nem nas redes sociais.”

“O Pedro tinha adicionado o Wallace alguns anos atrás, talvez ele tenha deletado depois.” Mari lembrou, mexendo sua caipirinha. “Eles tinham três filhos na época.”

“Três? Caramba.” Guta assoviou baixinho, apanhando mais um sushi. “E aquele produtor que estava de olho nela?”

“Acho que não virou em nada. Até onde eu sei, o primeiro filho dela nasceu poucos meses depois de eu ter a Ann.”

“Então ela já estava grávida na época?” Perguntou Luan, namorado de Guta.

“Provavelmente. Eu nunca mais falei com ela depois do nascimento da Ann, então não tenho nenhuma informação.” Mari explicou, sem graça.

Às vezes se perguntava sobre como as coisas com Sol haviam chego àquele ponto. Ela e Wallace tinham crescido com Jeff, eram melhores amigos desde sempre, e nunca mais deram notícias. Bete também pouco falava com os pais do dançarino, após ter ido embora com a filha, e se Jeff sabia de algo, nunca lhe contou.

“Mari, estão chamando seu nome.” Avisou Lucia, apontando o rapaz no palco.

“Mariana Noronha?” Ele repetiu, caçando a pessoa com os olhos.

“Mas como?”

“Eu coloquei seu nome na lista, amiga.” Explicou Ruiva, erguendo a mão para indicar onde estavam. “Acho que, de tudo o que fizemos até agora aqui no Rio, isso é o que você mais precisa!”

“Mas tem centenas de pessoas aqui.” Observou a cantora, corada.

“Exatamente por isso. Você precisa saber como seria viver seu sonho. Só assim você vai conseguir deixar ele para trás.” Ela empurrou Mari para a multidão, que a engoliu e guiou para o palco.

Ela foi levantada até o local com microfone, e o técnico se aproximou com um livrinho.

“Já sabe que música vai cantar ou precisa de alguma ideia?”

“Eu vou cantar Enquanto Houver Sol, do Titãs. Tem?” Ele concordou, voltando para o seu lugar. Suspirou, pegando o microfone e lembrando da última vez que havia cantado aquela música.

Todos os amigos estavam reunidos na casa de Karina e Bianca. Jade ainda namorava Lírio, Mari não havia engravidado, Franz estava em Joaçaba. Jeff estava abraçado com ela, e ela estava tocando violão. Tudo parecia simples, leve, uma vida cheia de sonhos e planos.

Quando não houver saída, quando não houver mais solução...” Começou a cantar de olhos fechados, a mente longe, o coração pulsando como uma metralhadora desgovernada.

O silêncio que recaiu no ambiente foi respeitoso, sem os gritos e brincadeiras que preenchiam o local minutos antes. Um a um, os celulares foram se levantando com as lanternas acesas, se balançando em harmonia.

Da mesa, Ruiva filmava tudo com os olhos cheios de lágrimas. Os dois casais se abraçavam e trocavam carinhos, embebidos pela beleza daquela apresentação. Eles podiam imaginar o que aquilo representava, mas só Ruiva conseguia realmente entender.

Enquanto houver sol, enquanto houver sol.” Mari finalizou a música com os olhos úmidos, um sorriso largo no rosto. As palmas vieram acompanhados de gritos e ovações, além de uma série de pedidos de Bis.

“Quer escolher outra, garota?” O técnico veio correndo, esfregando o nariz discretamente, como que escondendo a emoção.

“Tem Amor para recomeçar?”

“Mas é claro que sim, meu rouxinol.” O rapaz correu de volta ao seu lugar, e a plateia se calou. Mari encarou Ruiva, que ainda a filmava, e sorriu para a amiga com gratidão.

Eu te desejo não parar tão cedo, pois toda a idade tem prazer e medo.” Agora mais solta e tranquila, a música fluía com mais graça. Com a canção mais animada, a plateia se sentiu livre para acompanhar com palmas e com coros no refrão.

Aquele era o momento de graça com o qual Mari havia sonhado desde a infância. Centenas de pessoas ali, cantando com ela, a ovacionando. E ali, finalmente realizando isso, a única coisa que pensava era que queria que Ann, Jeff, Karina, Jade, Pedro e Cobra estivessem ali.

Cantou mais três músicas, O Tempo Não Para, É Preciso Saber Viver e Tente Outra Vez. Quando deixou o palco, ovacionada, sentia o coração pleno e leve. Foi cumprimentada durante todo o caminho até a mesa, pessoas pediram selfies, alguns pediram seu nome para postar o vídeo na internet.

Quando afinal alcançou os amigos, quase trinta minutos depois, eles lhe esperavam com copos em mãos. Ruiva lhe entregou um, sorrindo.

“Um brinde, Mari, a realização do seu sonho!”

“Não, Ruiva... Um brinde aos meus novos sonhos.” Ela ergueu o copo, brindando com os demais. “À Ann entrando no meu quarto aos domingos de manhã, à Karina e a Jade comemorando cada casamento bem feito. A deitar no fim do dia, sabendo que todos que eu amo estão felizes.”

“Um brinde a você pronta para voltar para casa, Mari.” Comemorou a amiga, a abraçando. “Saúde.”

“Saúde.” Todos ecoaram, batendo os copos e virando um gole.

Mais tarde naquela noite, já de volta ao apartamento de Ruiva, as duas arrumavam as malas de Mari. A mulher partiria no dia seguinte, para uma visita de alguns dias aos sogros. Porém, teria mais um lugar para passar, e naquele momento estava cuidando disso.

“Dona Rute? Oi, é a Mari. Tudo bem, e a senhora? Sim, estou curtindo a viagem. Falei com a Mari e a o Jeff hoje mais cedo.” Ela falava ao celular, observando a anfitriã fechar sua mala. Já havia contado sua ideia para ela, que apoiou. “Eu liguei para pedir uma coisa... Dona Rute, eu preciso do endereço da Sol. Isso, da Solange. Você tem?”


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Notas finais do capítulo

OLÁ GENTE!!! Como vão?
Caraca, chorei escrevendo esse capítulo. Ficou beeeem diferente do que era na primeira versão, sabem? E eu fiquei emocionada pacas com isso. Foi um capítulo muito importante, ótimo para abrir o ano.
E aí, gostaram? O que acharam?
See you ;*
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