Life is Unexpected escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 25
Capítulo 24




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Quando o sol invadiu o quarto e acordou Mari, ela sentiu como se sua cabeça pesasse toneladas. Mais do que toneladas, parecia pesar o mundo inteiro. Abriu os olhos e viu que já era quase 10h. Àquela hora, as amigas já deveriam estar na empresa, mas podia ouvir suas vozes no corredor, assim como as de Pedro e Cobra.

Cambaleante, Mari foi até a janela e observou o lado de fora. Tanto o carro de Jade quanto o de Karina ainda estavam ali, mas com os porta-malas abertos e já cheios de coisa, enquanto os rapazes iam colocando mais.

Pé ante pé, deixou o quarto e se postou no alto da escada, ouvindo a conversa no andar de baixo.

“Eu pego a Annie na escola hoje, e ela passa a tarde com a Karina lá em casa. A noite você traz ela para cá.” Avisou Pedro, parando ao lado da noiva.

“Ok, mas e a empresa?” Só naquele momento ela se deu conta da presença de Jeff, que estava escorado à porta da cozinha.

“Já liguei para lá e avisei que não vamos, e deixei tudo encaminhado. Eu vou passar o dia com a Karina, acho que nós duas precisamos de um descanso.” Jade estava nos braços do marido, parecendo abatida. “A Mari não vai ter condições de fazer nada hoje, e eu e a Ka não estamos em condições de falar com ela no momento.”

“Melhor darmos um tempo.” Concordou a lutadora, a voz ainda rouca pelo tanto que havia chorado. “Agora, tudo o que eu quero é a Annie comigo, enquanto assistimos algum desenho idiota.”

“É uma pena que você está de resguardo, amor... Eu to com uma saudade do Barney.” A brincadeira sem noção de Pedro conseguiu o desejado, e Karina soltou um riso fraco, o primeiro em horas.

“Vamos embora, dama... Eu to louco para descarregar as suas coisas e finalmente me sentir na nossa casa.” Cobra beijou a cabeça de Jade, que assentiu para ele.

“Digo o mesmo, esquentadinha.” Pedro repetiu o gesto do amigo, enquanto a noiva concordava.

Os cinco saíram para o jardim, enquanto Mari corria de volta para o quarto e se aproximava da janela. Viu os dois casais se dirigirem aos carros, e as amigas assumirem os assentos, enquanto os rapazes fechavam as traseiras dos veículos. Acenaram para Jeff e entraram, saindo logo depois.

E mesmo dali, com os carros já se afastaram, Mari sentiu que os olhares de Mari e Karina estavam cravados em sua janela, em uma despedida silenciosa.

Demorou ainda alguns minutos para que Mari deixasse o quarto, nos quais ela se permitiu chorar. Sabia que a culpa de as coisas chegarem àquele ponto era exclusivamente sua e de seu egoísmo, que as amigas haviam feito o que estava ao alcance. Mas não queria dizer que tudo doía menos ao reconhecer aquilo.

Quando chegou ao andar de baixo, ouviu o barulho da cafeteira na cozinha. Lá, encontrou Jeff servindo duas xícaras na mesa, a expressão impassível.

“Você não é o que eu chamaria de silenciosa, Mari.” Ele observou, enquanto ela se sentava. “Como está se sentindo?”

“Enjoada.” Admitiu, sem tirar os olhos da xícara. “Me desculpe por ontem.”

“Não é para mim que você precisa pedir desculpas. Bells teve pesadelos a noite toda, e foi para a escola chorando ontem. Depois de tudo o que aconteceu com a Karina ontem, a mãe chegando no estado em que você chegou foi uma pá de cal. A própria Karina não merecia ter passado por aquilo depois de perder o filho.”

“E como ela e o Pedro estão?”

“Abalados, obviamente, mas bem. Eles não tiveram tempo de se alegrar ou comemorar a gravidez, e isso ajudou a amenizar a situação, creio eu. Como se ela pudesse ser amenizada.” Jeff riu pelo nariz, bebericando o café.

Ficaram em silêncio por um tempo, os dois com a atenção focada no café em suas mãos. Após um tempo, Mari suspirou e ergueu os olhos.

“Eu vou passar algumas semanas fora.”

“Como?” Jeff ergueu os olhos depressa, surpreso.

“Vou ficar algum tempo com a Ruiva em São Paulo, vou visitar os pais do Franz no interior...” Ela deu um gole no café. “Eu preciso disso, Jeff. Eu preciso de um tempo para mim, para me reencontrar. Acho que eu to meio perdida.”

“Demorou para perceber, hein passarinho?” A voz dele tinha um ar brincalhão que a surpreendeu, e ela encontrou um sorriso no rosto dele. Quando as lágrimas invadiram os olhos da moça, ele segurou a mão dela. “Vai tranquila, Mari. A Bells vai estar bem cuidada.”

“Eu parto logo depois do almoço, antes de ela voltar da casa da Karina.” Ele tentou discutir, mas ela impediu. “Eu vou ligar para ela hoje, mas eu não tenho coragem de encarar ela depois do que ela viu ontem.”

“Tudo bem.” Concordou ele. “O que você precisa que eu faça?”

“Eu vou preparar uma lista de coisas do mercado, se você puder pegar para mim. Abasteça o meu carro e vá no banco, vou precisar de um pouco de dinheiro. Também preciso que pegue alguns papéis na empresa, para eu deixar assinado. Você pode fazer isso?”

“Claro.”

Não demorou para que ela estivesse sozinha de novo. Foi para o andar de cima e andou pelos quartos vazios, sentindo-se novamente com vontade de chorar. Engoliu com força, sentindo o aperto aumentar enquanto segurava o pranto. Não era hora para aquilo.

Arrumou duas malas grandes de roupa, além de uma nécessaire. Apanhou um ursinho da filha, o colocando junto da bolsa. Depois, caçou entre as coisas esquecidas na sala algo que a lembrasse de Karina e Jade: o exemplar de As Crônicas de Nárnia antigo da primeira e uma caixinha de música da segunda.

Logo, Jeff estava de volta com tudo o que ela havia pedido. Ele a ajudou a guardar as coisas nas malas e bolsas, e carregaram o carro dela. Se abraçaram ali no jardim mesmo, à porta do carro.

“Nos mantenha informados, está bem?” Pediu ele, enquanto ela ligava o carro.

“Vou ligar todos os dias. Fica de olho da Ann por mim, por favor.”

“Eu nunca vou deixar a minha pequena sozinha, Mari, pode ficar tranquila.” Ela sorriu ao ouvir aquilo, enquanto ele sorria de volta. “Boa viagem.”

Assim que Mari caiu na rua, focou os olhos no GPS. A rota estava destacada, mas também podia ver o horário. Ann já devia estar com Karina e Jade no apartamento, provavelmente sentada na sacada observando os passarinhos que tinham ninho por ali.

Mudou a rota inesperadamente, ignorando os protestos do aparelho à sua frente. Dirigiu para o apartamento de Pedro, estacionando do lado oposto da rua. Como esperava, as três estavam na sacada, rindo da coruja que estava no poste.

“Olha, madrinha, olhas os olhos dela.” Podia ler as palavras nos lábios da criança, e se sentiu aliviada. Não haviam ficado traumas grandes, pelo menos.

“Logo eu volto, filha, prometo. É por todos nós que eu estou fazendo isso.” Sussurrou Mari, antes de sair com o carro novamente.

Logo estaria de volta. E, finalmente, melhor.


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Notas finais do capítulo

To até com vergonha de falar algo, então só digo que amo vocês e obrigada pela paciência!
Espero que tenham gostado do capítulo!



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