Life is Unexpected escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 17
Capítulo 16




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Quatro meses depois...

E as mudanças chegaram mais rápido e mais fortes do que Mari poderia imaginar. A vida das três jovens mulheres parecia estar em uma espiral, mas enquanto as de Jade e Karina só subiam, as da cantora só descia. Não profissionalmente, porque a GND só crescia; mas na vida pessoal...

A chegada de Antonia Cobreola trouxe novos horizontes para a empresa. Especializada em vestidos de debutantes, um costume que ainda permanecia forte nas cidades pequenas, trouxe consigo novas clientes após a parceria. Apesar de nova na região, contou com o apoio de Lucia. A segunda tinha um ateliê bem conhecido, mas se dava melhor com vestidos de noiva. Uniram o útil ao agradável e logo os três negócios ganhavam força no mercado.

E não foram apenas festas de 15 anos que vieram somar o portfólio da GND, mas também festas infantis. Um mês após o aniversário de Anabella, Cobra e Pedro investiram e entraram de sócios da empresa: o primeiro passando a cuidar da parte administrativa do negócio e o segundo com a loja de artigos de festa. Já tendo organizado cinco belos aniversários para a afilhada, Karina dizia se sentir mais à vontade com festas para crianças do que para noivas neuróticas.

E enquanto isso, Jeff ia se afastando de suas vidas de forma gradual, mas nada lenta. Primeiro era um dia sem dar notícias, depois dois, e de repente uma semana. Não tardou para que Anabella adoecesse, obviamente. Desde então eram várias ligações diárias, flores deixadas na porta e caixas de doces entregues, além de ela passar duas noites por semana na casa do padrinho. Como dizia Karina.

“A Annie é a única órfã de pai que vive uma rotina de pais divorciados. Como é possível isso?”

Ninguém sabia dizer, nem os próprios Mari e Jeff. Naqueles quatro meses pouco haviam se visto, quase nada para falar a verdade. Eram rápidos e diretos um com o outro, ele sempre ligava quando sabia que não a encontraria e deixava a afilhada com Karina ou Jade.

A vida de Jade e Karina, por outro lado, ia se endireitando. Haviam comparecido ao casamento de Lírio e Joaquina, em São Paulo, e foi possível ver que tudo havia realmente ficado para trás quando os dois se abraçaram e conversaram felizes, ambos acompanhados de seus novos e duradouros amores.

Karina se tornou um imã de alegria e clientes, seu humor outrora marrento e esquentado, bem mais dócil e leve. Além da coluna para a revista de noivas, escrevia postagens quase diárias no site da GND e cuidava pessoalmente de três ou quatro infantis por final de semana.

Além das festas infantis, tinham dois ou três casamentos por final de semana, e duas ou três debutantes por mês. O número de funcionários da empresa havia crescido, tinham comprado os dois imóveis ao lado e expandido o prédio da empresa, e tudo parecia prosperar.

Mas o relacionamento das três andava abalado por Mari, irritadiça e sem paciência, estourando por tudo, perdendo prazos, destratando clientes. Após uma semana saindo do quarto só para trabalhar, Jade e Karina invadiram o aposento e as três tiveram sua primeira briga feia em anos, ocasionando inclusive uma saída da lutadora e da dançarina da casa. Durou apenas um final de semana, e acabou por Anabella adoeceu, novamente.

“Mari, seus pais acabaram de chegar.” Karina bateu à porta da amiga, logo seguindo pelo corredor. A cantora se olhou no espelho e ajeito o vestido vermelho que usava, suspirando. Gostava cada vez menos do Natal, ou de qualquer ocasião que significasse reunir a família.

Os Noronha foram os primeiros a chegar, seguidos pelos Duarte e os Ramos, juntos. Edgard chegou não muito depois, confirmando para Jade que Lucrécia não viria, o que todos já imaginavam. A professora de ballet repugnava Cobra desde sempre, e isso não pareceu mudar. A família Cobreola acabou chegando ao mesmo tempo que Rute e Lincoln, mas todos estranharam a ausência de Jeff.

“Ele tinha que passar em um lugar antes, logo está aqui.” Garantiu o cozinheiro, enquanto a esposa era abraçada e beijada pela pequena Annie.

A árvore no canto da sala estava entupida de presentes, para a alegria da criança. Ela corria de colo em colo, recebendo carinho e atenção de todos. Os Ramos aproveitavam a visita à antiga cidade para matar a saudade dos conhecidos, e Pedro e Karina se deliciavam em ver os pais juntos.

Mas obviamente a cara de bosta de Mari não passou despercebida, e logo uma discussão começou a pairar no ar.

“Você podia tentar fingir estar feliz pelo menos no Natal.” Jade sibilou enquanto terminavam de arrumar os pratos na mesa.

“Desculpa não estar mantendo a pose de família feliz e perfeita de vocês.” Retrucou nervosamente.

“Mas que merda é essa, Mari?” Explodiu Jade, largando os pratos no balcão. “De onde saiu esse chilique todo?”

“Vocês saberiam se passassem mais tempo em casa, com Ann e comigo, ao invés de ficar todo o tempo com o Pedro e o Cobra.”

“Me poupe Mari. E você tem realmente passado muito tempo com a sua filha, né? Você sabia que ela leu o primeiro livro essa semana, sozinha e apenas pelas imagens? Ou que ela vai ser solista na peça de balé, mesmo tão nova?” O tom de voz de Karina era gelado e contido, tentando evitar gritos que fossem ouvidos da sala.

A cara da cantora demonstrou que ela não sabia, porque afinal ela nunca buscava a filha na escola, no balé ou na aula de Muai Thay. Eram sempre os tios ou o padrinho que a buscavam, as ajudavam nas lições de casa e celebravam suas conquistas com ela.

A mãe estava muito ocupada agarrada aos próprios demônios.

“Eu não sei o que está acontecendo, Mari, porque você não nos fala. Mas isso não pode continuar assim. Metade das suas noivas pediu para mudar de organizadora, e a outra metade tem prestado queixas. Anna teve duas crises sérias de bronquite em quatro meses.” Os olhos de Jade se encheram de lágrimas de raiva. “Você tem que lembrar que nós temos algo a mais a fazer da vida, além de ficar cuidando sozinhas da empresa e da sua filha.”

“E todo aquele papo de que ‘nós vamos te ajudar’? ‘Que estaremos sempre ao seu lado’? Foi tudo balela?” A explosão foi seguida pelo silêncio, enquanto as íris azuis e castanhas se enchiam de lágrimas de dor. “Desculpa, gente, eu só...”

“Não, Mari, você falou o que você queria.” Karina fungou e limpou o nariz com as costas da mão. “Mas eu acho que é muito egoísmo da sua parte agir dessa forma depois de tudo o que aconteceu. Nós merecemos ter a nossa vida e encontrar a nossa própria felicidade tanto quanto você.”

E saíram rumo à cozinha, onde Pedro e Cobra as esperavam, escorados ao balcão. Nada disseram, apenas estenderam os braços e as acolheram no aconchego protetor, deixando que o pranto viesse e as livrasse daqueles sentimentos ruins.

Antes mesmo que elas se acalmassem de todo, puderam ouvir uma agitação na sala de estar.

“Tio Jeff.” O grito de Annie acompanhou o barulho de um impacto, provavelmente dela pulando em seu colo. “Oi, tia Ella.”

“Tia Ella?” Sussurrou Cobra, confuso. Os quatro se dirigiram para o portal do corredor, espiando as pessoas na sala. Jeff segurava a afilhada em um braço e envolvia uma loira de olhos verdes com o outro.

“Pessoal, essa é Gabriella Soares, minha namorada.” Ele apresentou para todos, um sorriso enorme no rosto.

“Agora sim deu merda.” Murmurou Pedro, os quatro voltando em silêncio para a cozinha.

Gabriella (ou Ella, como Jeff e Annie a chamavam) não demorou a conquistar os presentes. Era estudante de pedagogia, trabalhava voluntariamente em uma escola para crianças com deficiências e era bastante religiosa, para a alegria de Rute.

Houve certo receio no momento em que ela e Mari se apresentaram. Apesar de Ella estar sorridente e educada, Mari foi bastante ríspida e até grosseira, logo sendo repreendida pela mãe. Pediu licença e se retirou para seu quarto, com Gilda atrás. Nesse interim, a jovem pedagoga assumiu as tarefas dela na finalização da ceia, conversou bastante com as duas amigas e se mostrou uma companhia bastante agradável.

A ceia ocorreu sem grandes emoções, apesar de o clima estar mais difícil de cortar do que o frango. Fizeram as preces usuais e os homens mais velhos pediram que Jeff, Cobra e Pedro dissessem algumas palavras, em um treino para quando seriam homens de família. Os três ficaram bastante acanhados, mas se saíram bem e puxaram o brinde da celebração.

Perto da meia noite, todos estavam espalhados pelo andar de baixo, entretidos em conversas paralelas e divertidas. Nas escadas, os mais jovens gargalhavam de uma história não muito antiga.

“E depois de quase dez minutos de profundo desespero, aparece um segurança trazendo a Bells pela mão. Eu e a Mari corremos pegar ela, enquanto a Karina e a Jade estavam do outro lado do parque. E quando nós perguntamos aonde ela estava, ela sorriu e disse ‘macaco’. Foi só aí que nós vimos um macaco de pelúcia cor de rosa gigante com o cara. Ele disse que ela havia entrado por baixo de uma das barracas, puxado o macaco e abraçado ele. O dono da barraca achou tão fofa a cena que deu o brinquedo para ela.” Contava Jeff, com a pequena sentada em sua perna, sorrindo um tanto acanhada.

“Olha essa Anna... Começou cedo, hein, baixinha?” Cobra bagunçou os cabelos da sobrinha e logo recebeu um safanão da namorada.

“Não encoraja, Cobreola.” Repreendeu a morena, brava. “Foi um susto absurdo perder uma menina de três anos dentro de um parque de diversões.”

As risadas ainda ecoavam quando Mari passou por ali, alheia a tudo, com o semblante mais carregado do que a bandeja de doces em suas mãos.

“Meu Deus, que doces lindos.” Suspirou Ella, mas a outra a ignorou e continuou seu caminho para a sala. A loira pareceu desconcertada. “Ela é sempre assim?”

“Não, só andou chupando muito limão azedo de manhã. Talvez esteja precisando de um pouco de açúcar em certos lugares...” Karina cerrou os punhos e Pedro olhou para Jade, desesperado.

“Hora da Anna subir, porque daqui a pouco o Papai Noel vem e deixa o presente dela!” A morena pulou do colo do namorado, batendo palmas. A pequena se animou, obviamente, e disparou escada acima, acompanhada por Tomtom.

“Mari, pega o presente dela.” Pediu Gilda, mas a filha pareceu não ouvi-la. “Mariana Noronha...”

“Deixa, Gilda, a gente cuida disso.” Jeff tranquilizou a mulher com um sorriso, enquanto Karina e Jade abriam o quartinho de bagunça e tiravam os embrulhos de lá. “Alguém já comeu os biscoitos do Papai Noel?”

“Alguém mais queria?” Perguntou Pedro com a boca cheia.

“Come de boca fechada, animal, pelo amor de Deus.” Resmungou João, que estava junto da mãe do padrasto.

As badaladas do antigo relógio pendurado na sala foram acompanhadas do toque de uma sinetinha. Gael quase não conseguiu escondê-la, tão rápido a criança surgiu no topo dos degraus e começou a pulá-los, desesperada por alcançar seus preciosos presentes.

Em velocidade recorde havia aberto todos, e agora se ocupava em tirá-los de suas caixas e ver como funcionavam, para logo partir para o próximo. Com isso, os adultos puderam começar sua própria troca de presentes e lembrancinhas. Karina havia comprado um par de sapato para cada, sabendo que elas paqueravam aqueles modelos havia meses. Jade, por outro lado, providenciou um edição encadernada deluxe de As Crônicas de Nárnia para a amiga de olhos azuis, e uma jaqueta de couro maravilhosa para a de olhos mel. Já a terceira, por outro lado, não se importou muito com os presentes.

“Desculpa, não deu tempo de pensar em nada mais elaborado.” Ela disse simplesmente, entregando um cartão presente para cada e saindo. As duas agradeceram, mas Karina quebrou o seu assim que ela se afastou. E se por um lado a amiga lhe decepcionou, o namorado a surpreendeu.

“Uma semana na Disney?” Ela gritou assim que leu as passagens, quase desmaiando. “Pedro, você está falando sério?”

“Tenho cara de palhaço? Tá, não responde.” Ele brincou, recebendo um selinho. “E eu amei esse relógio... Agora quem sabe eu chego na hora para as coisas?”

A grande surpresa da noite foi Ella, que, timidamente, admitiu ter levado algumas lembrancinhas. Ela deu pacotinhos com trufas e chocolates delicados para todos, e Jeff disse cheio de orgulho que fora a mãe dela quem fizera.

Todos agradeceram e se maravilharam com o mimo; Anabella inclusive viu que alguns dos seus doces possuíam suas inicias ou borboletas, seu animal favorito. Um dos chocolates tinha o formato de um cachorrinho igual a Sirius, o que a deixou realizada e louca para dar o doce ao animal. Os presentes se deleitavam com a fofura da pequenina, exceto sua mãe. Mari pegou o pacote e agradeceu sem entusiasmo, o deixando de lado e sumindo novamente para a cozinha.

Jade começava a cogitar a hipótese de ir atrás dela, vendo que Karina estava ocupada em surtar com a notícia de que partiriam dali dois dias, quando percebeu algo estranho. Cobra não estava mais ao seu lado; ou melhor, estava. Mas estava no chão. Ajoelhado.

“O que você está fazendo, vagabundo? Está maluco?” Perguntou em um tom mais alto, atraindo a atenção de todos. Karina e Bianca soltaram um gritinho abafado e Mari apareceu no vão da cozinha. O lutador sorriu e puxou algo de seu bolso.

“Seu presente de Natal... Jade Gardel, minha linda dama... Você dá a esse vagabundo a honra de ter a sua mão em casamento?” Ele abriu a caixinha, revelando um delicado anel com um diamante na ponta. “Quer casar comigo?”


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Notas finais do capítulo

OI GENTE
Não vou nem comentar sobre a minha ausência, aceito a minha vergonha :/ MAS ESPERO QUE TENHAM SENTIDO MINHA FALTA E FALTA DA FIC E POR ISSO AMEM ESSE CAPÍTULO BEM LINDO E CHEIO DE COBRADE E AMOR E AAAHHHH
Bom, não vou dar prazos, mas logo to de volta. E a Mari tá chatinha, néam? Tem que tomar vergonha nas fuças.
Anyway, see you, peanuts ;*
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