Life is Unexpected escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 11
Capítulo 10




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O primeiro mês após o nascimento de Anabella voou, no ditado mais popular possível. A adaptação a chegada da pequena estava sendo relativamente tranquila, com a ajuda de Gilda e Maria, vindas de Joaçaba para auxiliar os filhos.

Seu batizado aconteceu em um sábado quente de outubro, com Karina como madrinha e, para a surpresa de todos, Jeff como padrinho. Franz disse que todo o ressentimento da briga passada havia ficado nisso mesmo, no passado, e que em sua opinião não havia ninguém melhor que o melhor amigo de Mari para ser padrinho da criança.

Na manhã seguinte, o Rio esvaziou um pouco. As avós babonas foram arrastadas pelos maridos de volta para o sul, já convencidas pelos filhos de quem conseguiriam se virar. Ruiva também partiu, finalmente indo tomar seu lugar na companhia de dança na qual entrara, apesar de ir com o coração na mão por se afastar de Mari e da bebê.

Quem também partiu, com uma exclamação de “aleluia” de Karina, foi Sol. Acompanhada de Wallace, a cantora partiu rumo à São Paulo, com um acordo feito com uma pequena gravadora da cidade. Ainda chateava Mari ver o ponto em que a relação das duas havia chegado; mas entre a amiga e a filha, a escolha era mais do que óbvia.

“Cabritinha, pegue a bezerrinha e vamos logo... A casa da minha avó fica a quarenta minutos e já estamos atrasadas.” Chamou Karina, entrando no quarto da sobrinha, onde Mari terminava de trocá-la.

“O Jeff já está aí?” Perguntou, voltando sua atenção para a bolsa.

“Já, ele e o Lírio. Aliás, o Lírio já deixou a moto na Fábrica com o Franz, antes de eles virem para cá, está bem?” A loira assumiu o posto em frente à afilhada, roubando toda a sua atenção. “É, meu papai é malvado, né fadinha? Fez seu papai ir trabalhar hoje, que mestre Cruel.”

“Nossa, mestre Cruel? Fazia anos que não ouvia isso, desde...”

“Sei muito bem desde quando, obrigada.” Karina a cortou, com um olhar feio. “Em todo o caso, já está pronta?”

“Já, esquentadinha, vamos logo.” Alfinetou, recebendo uma careta enquanto a amiga apanhava Anabella do trocador.

“Resolveu puxar esqueleto do armário, não é possível.”

Na sala, Jade e Lírio se agarravam no sofá, enquanto Jeff assistia a uma reprise de The Big Bang Theory, alheio ao que acontecia ao seu lado.

“Jeff, se eu fosse você, enfiava um chinelo do meio desses dois, pra ver se criam vergonha na fuça.” Resmungou Karina, já se dirigindo para a porta.

“Mal amada.” Jade gritou, jogando a cabeça para trás.

“Ao invés de encher meu saco, pega os de comida na cozinha e vamos acelerando, porque já estamos bem atrasados.” Pediu a antiga lutadora, abrindo a porta. “A cadeirinha dela já está no carro?”

“Já sim, Ka, instalamos lá na sua casa.” Avisou Lírio, indo para a cozinha com a namorada. “Aliás, quantas cadeirinhas essa menina tem?”

“Uma no carro do Franz e da Mari, uma no meu e uma no da Karina... Só três.” Contabilizou Jade.

“No carro dos pais de vocês, vocês querem dizer.” Corrigiu Jeff, enquanto as duas meninas reviravam os olhos e Mari ria.

O carro de Gael era uma Spin de sete lugares, que era mais prática em dias de levar lutadores aos campeonatos e exames de grau. Sobrou para Lírio ir no porta-malas, já que Jeff foi ao volante com Karina ao seu lado, guiando o caminho.

Conversaram e fizeram bagunça, ouviram músicas antigas e em volumes altos, até guerra de jujuba aconteceu entre Lírio e Karina; apesar de tudo isso, Anabella foi completamente adormecida em sua cadeirinha, alheia a tudo.

A avó materna de Karina morava em uma casa antiga, no centro de um terreno gigante, com jardim enormes, piscina e um campo de futebol. Apesar do pouco contato, Karina e Bianca tinham muito carinho pela família da mãe, principalmente a matriarca. Rose dos Santos tinha seus sessenta e cinco anos e muita disposição, principalmente quando a atividade era cozinhar para receber seus três filhos e oito netos.

Quando Karina havia se acidentado, a avó lhe fizera companhia por diversas vezes; ligava todos os dias e ia visitá-la pelo menos uma vez por mês. Nessa aproximação repentina, acabou também criando laços com Jade e Mari, e agora mal podia esperar para conhecer sua “bisnetinha” de coração.

No jardim da frente, os cinco priminhos caçulas de Karina faziam a maior zona. Os dois mais velhos tinham sete anos, seguidos pela menininha de cinco, o garotinho de três e a caçulinha que acabara de completar seu primeiro ano e ainda aprendia seus primeiros passinhos. O do meio, um rapaz de doze anos, estava na sala com a cara enfiada no videogame.

“Ka.” Gritou o mais velho, Lucas, correndo até a prima. “Vocês trouxeram a bebezinha da Mari?”

“Trouxemos, mas sem algazarra para cima dela, ouviram?” Perguntou a loira, apanhando a afilhada. Apesar de querer interferir, com medo que algo acontecesse, Mari ficou na sua.

Se tinha alguém que sabia domar aquelas ferinhas, com certeza era Karina.

Lucas e Henrique apenas observaram, sorridentes, já acostumados com a presença de bebês. Laura, no auge de seus cinco anos e certeza de ser uma mocinha grande, já queria pegar Anabella, mas a prima mais velha a impediu, autorizando que apenas brincasse com as mãozinhas da criança. Arthur se escondeu atrás dos primos mais velhos, tímido, enquanto Luiza, sua irmã caçula, ia tocando o rostinho da bebê com cuidado, rindo das reações dela.

“Ah, finalmente chegaram, já ia mandar o resgate.” Rose apareceu na varanda da casa, sorrindo. “O almoço está quase pronto, só faltam os ingredientes que pedi para trazerem.”

“Desculpa, dona Rose, mas ainda estamos tentando nos acostumar à rotina com um bebê pequeno.” O bando começou a se dirigir para a senhora, enquanto Mari se desculpava. A mais velha sorriu amável, lhe beijando as duas bochechas.

“Não precisa se desculpar, querida, eu entendo. Tive quatro filhos, lembra?” As duas riram cúmplices. “Mas onde está esse anjinho do qual a Karina não para de falar no Facebook?”

“É mole isso, minha avó é minha amiga no Facebook.” Resmungou a loira, passando Anne para Mari. “E oi para você também, vó.”

“Ciumenta com essa idade.” A senhora negou com a cabeça, recebendo o beijo que a neta lhe dava na face. “Leve as coisas para a cozinha, Karina, por favor.”

“Sim, capitã. Pirralhada, peguem as sacolas e me sigam.” Apanhou as sacolas que Mari deixara no chão, enquanto Lucas e Henrique pegavam as sacolas de Lírio e Jeff. Laura pegou a sacola de Jade, enquanto Arthur ia guiando Luiza.

“Tem certeza que fez bem ao escolher ela como madrinha da Anabella?” Brincou Rose, enquanto os quatro jovens riam. “Mas deixe-me vê-la... As, que graça.”

“Quer pegá-la?”

“Posso?” A mãe assentiu, oferecendo a filha para que os braços experientes a tomassem, começando aquele balançar suave que as avós costumam fazer. “Parece uma boneca.”

“Experimente ouvi-la chorando de madrugada, duvido que vá concordar.” Brincou Jade, se aproximando. “Oi dona Rose, como vai?”

“Bem, minha filha, e você?”

“Com fome.” Ela fez careta, enquanto a mais velha ria. “Vou com os rapazes para a cozinha, ver se precisam de ajuda. Podem ficar aqui mimando a pimentinha.”

“Pimentinha?” Perguntou Rose alguns minutos depois, após cumprimentar os dois meninos, que sumiram com a dançarina para dentro de casa.

“Ela e a Karina tem uma mania irritante com apelidos, não param por nada.” Explicou, enquanto sentavam na namoradeira de ferro retorcido. “Jade me chama de caipirinha e Anabella de pimentinha; já a Ka gosta de me chamar de cabritinha, e hora chama minha filha de bezerrinha, hora de fadinha.”

“Dê uma bela pia de louça para as duas, e isso se resolve rapidamente.” A cantora riu, baixando os olhos para a filha. “E como você está, minha menina?”

“Me acostumando, dona Rose. É diferente estar com a minha filha na barriga e aqui fora: eu preciso amamenta-la, decifrar seus choros, acalentá-los... Não está sendo impossível, mas também não é algo fácil. Mas acho que eu e Franz estamos dando conta.”

“Por falar nele, onde está?”

“Aconteceu um problema na Fábrica, não sei ao certo o que. O Gael ligou hoje de manhã, pedindo para ele correr lá e ajudar a resolver. A moto do Lírio ficou com ele e assim que tudo estiver resolvido, ele vem para cá.” Explicou, apanhando o celular. “Aliás, vou enviar uma mensagem para avisar que já estamos aqui.”

Já estamos na dona Rose. O almoço está quase pronto. Como está aí?”

“Acabei de ser liberado, estou subindo na moto. Vou chegar pouco depois de vocês almoçarem.”

“Ele está saindo de lá, acho que meia hora e ele chega aqui.” Avisou sorridente.

“Nesse caso, vamos esperá-lo. Karina e Jade vão se entupindo com os petiscos do João Carlos, não tem problema.” As duas se levantaram, rumando para dentro da casa. “Só comeremos quando todos estiverem aqui.”

Porém, quase uma hora se passou e nem sinal de Franz. As crianças comeram a reclamar impacientes, e Rose permitiu que o almoço fosse servido. Mari tentava ligar para o marido de tempo em tempo, mas só caia na caixa-postal.

“Na certa está com congestionamento, coisa mais comum em um domingo.” O avô de Karina, João Carlos, tentou acalmar o coração da jovem.

Mas ela não conseguia se aquietar, e Karina e Jade também não. Todas almoçaram mal, com a comida descendo atravessada para o estômago. Anabella começou a se inquietar também, resmungando muito, o que era incomum.

“Lírio, Jeff, façam um favor. Peguem o carro e deem uma volta, vejam se tem algum congestionamento aqui perto, sei lá.” Pediu Karina, discretamente. “Já faz uma hora e meia que ele ligou, isso não está certo.”

“Já voltamos.” Prometeu o padrinho de Anne, saindo com o amigo. Karina rumou para o quarto de sua avó, onde Mari havia ido amamentar a filha.

Além da cantora, sua avó, tias e priminhas estavam ali. Jade estava na porta com o celular no ouvido, na certa tentando novamente falar com Franz.

“Os meninos foram dar uma volta com o carro, ver se acham algo.”

“Espero que não achem nada.” Suspirou a morena. “Ka, eu to com um pressentimento horrível.”

“Eu sei, também estou.” A loira concordou, observando a amiga. “Mas deve ser a preocupação da Mari; nós somos muito ligadas emocionalmente, as três, então isso atrapalha o julgamento.”

“Tomara que você esteja certa.”

Quando Mari terminou de amamentar a filha e colocou-a para arrotar, a família de Karina deixou o cômodo, ficando ali apenas as três amigas.

“Qual será a música que teremos o prazer de ouvir hoje?” Jade tentou quebrar a tensão do ambiente, sentando na cama de frente para a poltrona da amiga.

“Ela gosta de Tarzan... Acho que vou ficar com ‘You’ll Be In My Heart’.”

“Adoro essa música, pode cantar.” Karina se largou no colchão, ocupando o travesseiro da avó.

A voz doce e melodiosa da mãe começou a ecoar pelo quarto, enquanto a pequena criança mantinha seus olhos fixos na origem da música. Logo, piscavam sonolentos, antes de se fecharem completamente.

Não demorou muito, e Mari dormia também.

Com cuidado, Karina colocou a afilhada no carrinho, enquanto ela e Jade tiravam a amiga da poltrona e deitavam na cama, cobrindo com um lençol e apagando a luz. Voltaram para a área coberta da casa, onde toda a família estava.

Chegando lá, já sabiam que algo estava errado.

Lírio e Jeff estavam de volta, mas havia um policial com eles. As crianças estavam longe, com os homens, enquanto as três tias de Karina amparavam Rose, que estava pálida e passando mal.

“O que aconteceu? Vovó, você está bem?” A loira se ajoelhou ao lado dela, nervosa.

“Alguma delas é a esposa?” Perguntou o policial, e os meninos negaram. Jade foi até Lírio, que a abraçou apertado. “Onde está ela?”

“A Mari está dormindo, junto com a Anabella.” Explicou Jade. “Cadê o Franz?”

“Meninas, aconteceu um acidente no trecho da estrada que vem para cá. Um motorista de caminhão bêbado perdeu o controle do veículo.” Jeff começou a contar, enquanto os olhos das duas se enchiam de lágrimas. “Ele acertou a moto do Franz e... O Franz não resistiu a batida. Ele está morto.”


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Notas finais do capítulo

Heeey gente, demorei, eu sei.
Well, chegamos a um capítulo muito importante. Basta dizer que ele é o começo do divisor de águas da fic. Só temos mais um capítulo antes da passagem de tempo, e apesar de vocês estarem reclamando da falta do Cobra e do Pedro, tudo que está acontecendo é muito importante para o desenvolvimento da fic, de forma geral.
Sempre amando as opiniões de vocês, apesar da falta de tempo para responder.
Mil beijos
See you peanuts ;*