Life is Unexpected escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 10
Capítulo 9




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“OK, Karina, o que fazemos?” Perguntou Jade, quase gritando para superar os urros de dor de Mari e os trovões.

“Rezamos?” Propôs a loira, recebendo um olhar cético.

“To falando de algo que vá ajudar no presente momento.” Bufou a dançarina.

“Rezar ajudaria, se quer minha opinião. Mas vamos lá.” Ela bagunçou os cabelos. “Felipe, eu preciso de toalhas e cobertores, todos os limpos que você tiver por aqui. E nós precisamos levar a Mari para um quarto.”

“Venham comigo.” Pediu Felipe, guiando-os em direção à parte interna da casa. Franz carregava Mari com a ajuda de Lírio, enquanto Jade, Karina e Ruiva os seguiam.

Entraram na suíte principal da casa, os dois rapazes depositando a parturiente na cama. Enquanto Karina e Jade desfaziam a bolsa que a primeira trouxera, Ruiva ajudava Franz a acalmar Mari, e Lírio descia o conteúdo dos armários com Felipe.

“Aqui, Ka, todos os cobertores e toalhas que temos limpos.” Os dois colocaram tudo no pé da cama.

“Ótimo, agora me arranja água fervida. Tipo, muita água fervida.” Pediu, enquanto os dois saíam correndo.

“Pra que tanta água fervida?” Questionou Jade.

“Não faço ideia, mas sempre ouvi isso nos filmes.” Karina respondeu casualmente, quase causando um ataque de gargalhadas na amiga.

“Karina, tá doendo.” Chorou Mari e a loira se ajoelhou ao lado da amiga, segurando sua mão.

“Não me bata, mas é um bom sinal. Quer dizer que logo a Anne vai nascer.” Acalentou a amiga. “Mas você vai ter que ser forte, Mari, muito forte. Vai chegar uma hora que a dor vai ser tão extenuante que você vai querer parar. Você não deve parar, deve aguentar. Está bem?”

“Isso não foi muito reconfortante.”

“Mas foi a realidade; e nesse momento, é dela que você precisa.” A lutadora beijou o topo da cabeça da amiga. “Pronta?”

A cantora concordou e logo, com a ajuda das amigas, Karina começou a preparar tudo. Evitava algo que, sabia, seria nojento apesar de necessário. Mas quando Mari gemeu que precisava empurrar, se ajoelhou em frente às pernas abertas dela e suspirou.

“OK, Mari, eu vou ter que ver sua dilatação.” A parturiente arregalou os olhos. “É mais nojento para mim do que para você, acredite.”

Karina colocou uma luva descartável e suspirou, fazendo um sinal da cruz e erguendo o cobertor para medir a dilatação.

“Ai minha Virgem Santa.” Resmungou com uma careta.

“De repente a borboletinha virou uma pessoa bem religiosa.” Observou Jade, a voz divertida.

“Continua com graça que eu enfio a sua mão aqui sem a luva.” Rosnou a loira, retirando a mão. “Bom, aparentemente está com nove centímetros. O ideal seriam dez, mas se você já está com necessidade de empurrar, e pelo tempo que se passou desde que a bolsa rompeu, creio que é melhor não esperar mais. Franz, deite-se atrás dela, para dar sustentação ao corpo dela.”

Enquanto o rapaz fazia isso, Karina correu até a porta, abrindo-a e topando com os amigos mais próximos no corredor.

“Bianca, Fabi... Vou precisar de vocês aqui dentro.” Pediu e as duas entraram, fechando a porta depois. “Vocês devem me passar tudo que eu pedir, está bem? Ruiva, você ficará ao lado da Mari, dando força para ela.”

“E eu, Karina?” Chamou Jade, recebendo um olhar sério da amiga.

“Nós duas vamos apoiar as pernas da Mari e fazer a parte suja do trabalho...” A loira respondeu e a morena concordou. As duas se sentaram na ponta da cama, erguendo as pernas da amiga e apoiando seus pés nos ombros. “OK, cabritinha, quando a contração vier, segure a mão do Franz e da Ruiva e empurre.”

A grávida concordou, segurando firmemente as mãos estendidas e gritando enquanto empurrava. Logo, algo assustou Jade.

“Puta que o pariu, que merda é essa?”

“Merda, literalmente. Segundo o site, quando a mulher começa a fazer força ela pode, bem, cagar.” Explicou Karina, repleta de nojo. “Bianca, eu já deixei uma toalha aqui para isso. Recolhe e joga essa bosta fora.”

“Vocês podiam parar de falar da minha bosta, fazendo o favor.” Reclamou Mari, arfando.

“Caipirinha, eu tive seus dejetos próximos ao meu joelho; se eu quiser reclamar disso por um mês, eu posso.” Retrucou Jade.

“Larga a mão de ser implicante.” Karina deu uma cotovelada no braço da amiga. “Mari, não se preocupa com isso. Apenas descansa e se prepara para a próxima contração, está bem?”

O empurrão seguinte veio acompanhado de um palavrão; o próximo, de dois. Até que, seis empurrões depois, Mari passava quase um minuto proferindo todas as palavras ofensivas e de baixo calão que conhecia.

“A criança vai nascer com a boca suja se você continuar xingando assim.” Observou Jade, após uma série particularmente pesada de ofensas.

“Eu estou empurrando uma criança para fora de mim há quase meia hora...” Rosnou Mari, tentando enxergar a amiga através da franja colada ao rosto, que Ruiva tentava prender nos cada vez mais curtos intervalos entre as contrações.

“E a cabeça dela ainda não saiu...” Karina se preocupou. “Mari, você vai precisar fazer mais força ainda na próxima contração, está bem?”

“Mais força?” Esganiçou a jovem. “Karina, eu não to aguentando nem com a força que eu estou fazendo, imagina com mais.”

“Você vai conseguir, Mari, eu sei.” Encorajou Franz, beijando os cabelos ensopados da esposa. “Vamos, mais uma vez. Eu vou ajudar.”

Quando a contração veio e Mari levou o corpo para frente, Franz a acompanhou, empurrando a barriga dela para baixo. Ao invés de palavrões, ela proferiu um longo grito, acompanhado de lágrimas.

“Eu não consigo mais.” Ela gritou em prantos, enquanto Franz se recostava na cabeceira e a acomodava no peito. “Tá doendo demais e eu não tenho mais força para empurrar. Eu não vou conseguir.”

Antes que alguém dissesse algo, a porta se abriu, e quem eles menos esperavam entrou por ela. A pessoa caminhou lentamente por trás de Karina e Jade, parando do lado da cama contrário a Ruiva e segurando a mão livre de Mari.

“Você consegue sim, Mari, é a pessoa mais forte que eu conheço.” Sussurrou Jefferson Oliveira, seu rosto com uma expressão serena e confiante.

“Jeff?” Ela sussurrou, confusa.

“Eu sei que eu sou a última pessoa que você esperaria ver aqui, mas eu fui e ainda sou o seu melhor amigo, Mari. E eu to aqui por você, sempre, para te dar força nos momentos difíceis, assim como você um dia me deu.” Ele explicou em um fôlego só.

Todos estavam estáticos, olhando de Mari para Jeff, e vice-versa. A garota olhava fixamente para os olhos castanhos do amigo, que lhe dava um sorriso de canto. Então, sem avisar, ela se jogou na direção dele, envolvendo-o com os braços e começando a soluçar.

O rapaz ergueu os olhos na direção de Franz, que apenas lhe estendeu uma das mãos, a qual ele apertou.

“Tá vindo outra.” Gritou Mari abruptamente, se afastando de Jeff e agarrando a mão dele e de Franz, que ainda estavam juntas, enquanto empurrava.

“Ruiva, empurra a barriga dela. Eu finalmente estou vendo a cabeça.” Gritou Karina, ansiosa. A cabeça saiu inteiramente, e ela impediu que Jade a puxasse. “Temos que esperar o ombro sair. Fabi, pegue um cobertor e a bombinha para o nariz. Bianca, desembrulhe a tesoura e os cordões sem tocá-los.”

As duas fizeram o que Karina pediu, enquanto ela se voltava para Mari.

“Só mais um empurrão, e nossa anjinha vai finalmente estar aqui.” Ela avisou, um sorriso gigante no rosto.

A menina concordou, ainda segurando firmemente a mão de Franz e Jeff juntas. Ela gritou quando tornou a empurrar, trazendo o tronco para tão perto dos joelhos, que quase podia ver a filha deslizando para as mãos de Karina.

Um trovão ecoou longe, se mesclando ao primeiro choro de Anabella; ninguém falava nada, apenas absorvendo o que ela aquele momento. Jade sugou o nariz e a pequena boca do bebê, permitindo que seus gritos ecoassem mais alto. Fabi entregou o cobertor, no qual as duas meninas envolveram Anabella e, com todo o cuidado do mundo, deitaram sobre o tronco de Mari.

A morena chorava quando segurou delicadamente uma das mãos da filha, que havia se calado ao ser colocada em contato com a mãe. Seus poucos cabelos eram acobreados e seus pequenos olhos, cor de mel.

“Oi pequenina...” Sussurrou Mari, acariciando seu rostinho. “Bem vinda, minha filha.”

Todos os presentes sorriram em meio às lágrimas que desciam abundantes dos olhos. Karina e Jade fungavam a lado, a segunda com a cabeça apoiada no ombro da amiga.

“Franz, quer cortar o cordão?” Perguntou Karina após alguns instantes e o rapaz ergueu os olhos, que estavam fixos na filha, assentindo. “Puta merda, eu tenho sangue de periquita alheia pelo corpo todo.”

“Não estrega o momento, Karina.” Repreendeu Bianca, enquanto a irmã trocava as luvas para poder pegar os cordões e amarrar o cordão umbilical. Apanhou a tesoura e estendeu ao amigo.

Franz apanhou a tesoura tremendo, e Karina quase a pegou de volta, com medo que ele não conseguisse cortar o cordão. E então, Jeff estendeu a mão e segurou a tesoura junto de Franz, que lhe sorriu agradecido; e juntos, cortaram o fio que prendia Anabella a mãe.

A bebê começou a chorar e a mãe a acomodou mais junto de si. Rapidamente sentaram a nova mãe direito, cobrindo suas pernas, por onde ainda sairia a placenta, para que os amigos pudessem entrar.

Quando Lírio, Duca e João entraram no quarto, Mari amamentava a bebê. Ninguém disse nada, apenas foram se acomodando pelo quarto, observando a pequena criança.

“Eu apreciaria esse momento muito mais se não estivesse coberta de sangue.” Suspirou Karina, recebendo uma fuzilada de Jade. “Lamento informar, capetinha, mas tem sangue na sua bochecha.”

“OK, agora acho que vou vomitar.” Choramingou a dançarina, pegando uma toalha limpa e esfregando o rosto. “Agora eu sei porque os médicos estão sempre completamente cobertos.”

“Calem a boca que vocês estão perturbando a minha filha.” Franz brigou com as duas, vendo que Anabella se agitava.

“Não, só acho que ela está saciada.” Explicou Mari, arrumando a roupa e a bebê. “E também acho que ela está curiosa para saber porque a madrinha dela ainda não a pegou.”

“E quem é a madrinha?” Perguntou Ruiva, curiosa.

“Ka, vem pegar a sua afilhada.” Mari chamou com a voz embargada, vendo os olhos azuis se encherem de lágrimas.

Com todos em silêncio, a loira se afastou de Jade e caminhou até a cama, sentando na beirada do colchão. Fungou alto, limpando os olhos com as costas da mão, antes de pegar o embrulhinho delicado do colo da amiga.

“É sério?” Mari assentiu sorrindo, recebendo outro sorriso de volta. “Oi, pequena Anne, minha fadinha linda; eu sou a sua madrinha e vou ser sua tia favorita. Aliás... Jade, vem aqui. Ela precisa conhecer nós duas.”

A morena se aproximou, abraçando a amiga pelos ombros e observando o bebê, sendo observada de volta. Logo Ruiva se aproximou, junto de Bianca e Fabi, e as cinco se puseram a apenas observar a criança.

“Olha, a chuva tá passando.” Observou Lírio. “Acho que conseguimos ir em busca de um lugar com sinal usando o jipe do pai do Felipe.”

“Duca, você faz isso, por favor?” Pediu Jade e o amigo concordou, saindo do quarto em busca do dono da casa.

“Franz, você ainda não pegou nossa filha.” Observou Mari e ele sorriu meio encabulado.

“Não sei segurá-la.” Admitiu e as mulheres riram, enquanto os rapazes olhavam para o amigo com solidariedade.

“Só vai aprender se segurar.” Lembrou Jade, caminhando até Franz e o pegando pela mão. Ela parou ao lado de Karina e apanhou o bebê, estendendo para ele com cuidado. “Faça como eu. Apoie a cabecinha dela na altura do seu cotovelo e, com o outro braço, envolva o tronco dela.”

Ela passou Anabella para o colo dele, e num primeiro momento ele pareceu tenso; mas após a filha bocejar e adormecer, se desmanchou em lágrimas e pareceu relaxar.

“Hei, meu anjo...” Sussurrou, acariciando o rostinho dela. “Eu sou seu pai. É, aquele que conversava com você no meio da noite. Eu te amo, está bem, saiba sempre disso.”

Logo as meninas estavam novamente em torno de Anabella, paparicando-a, enquanto Karina e Jade deitavam-se ao lado de Mari, que as abraçou, e ficaram ali, admirando aquele pequeno milagre que havia se tornado de todos ali presentes.


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Notas finais do capítulo

Helloooooooooooooo
To cumprindo a promessa e postando pelo menos um por semana, não venham reclamar.
E FINALMENTE O PARTO, PARA TODOS CAGAREM DE RIR. CAGAR QUE NEM A MARI, BTW AHAHAHAHAH
Jeff apareceu; Cobra e Pedro vão aparecer daqui há três capítulos, após uma passagem de tempo. ENTÃO AQUIETEM ESSES CUS.
See you ;*