Life is Unexpected escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 9
Capítulo 8




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Os meses que se seguiram ao casamento foram calmos. Mari e Franz continuaram morando no apartamento que os pais arranjaram, porém Karina e Jade voltaram para suas casas. Ainda passavam grande parte do tempo livre lá com a amiga, mas para a alegria de Gael, Dandara e Lírio, haviam retornado ao ninho.

Após meses de embate, Mari e Franz haviam chegado a um acordo com o nome do bebê. Ele queria Isabella como sua avó materna; ela queria Ana, como sua falecida madrinha e tia. Depois de uma acalorada discussão durante um almoço de domingo, Karina veio com a proposta: Anabella.

Mari aceitou na hora, mas Franz resmungou, dizendo que todos chamariam a bebê de Ana. Maria convenceu o filho, dizendo que Bella seria o apelido exclusivo dele, o que o deixou feliz. Karina logo declarou que Annie era o apelido exclusivo dela e Jade, para não ficar atrás, proibiu a todos de chamarem a criança de An, porque apenas ela poderia chamá-la assim. E por fim ficou decidido: Anabella Noronha Albuquerque.

E afinal ali estavam, com Mari a poucos dias de completar 40 semanas de gestação, se preparando para ir até uma chácara em Niterói.

“Mari, vamos ficar em casa, amor, por favor.” Implorava Franz. Estavam os dois e Jade sentados no sofá da casa de Karina, esperando a loira terminar de arrumar algumas coisas.

“Franz, é nosso primeiro reencontro depois da formatura.” Protestou a grávida, irritada. “Você me prometeu que nós iríamos.”

“Sim, mas eu achei que seria mês passado.” Protestou ele, enquanto Jade ria. “Qual é, Mari, você pode entrar em trabalho de parto a qualquer momento.”

“Nesse ponto ele está certo.” Concordou Jade. “A viagem até a chácara é longa, Mari, e o lugar é afastado de qualquer hospital. Teremos mais reencontros no futuro, caipirinha, vamos ficar em casa hoje.”

“Primeiro, eu odeio esse apelido. Queria entender o problema de vocês em falar nomes.” Protestou a cantora, fazendo a amiga rir. “Segundo, eu vou, e vocês também. A Ruiva também propôs de ficarmos em casa, mas eu me recuso. Nós vamos e acabou.”

Jade apenas deu de ombro, se recostando no sofá e rindo, enquanto Franz bufava indignado e continuava a protestar, mas Mari encarava outra coisa. A morena seguiu seu olhar e começou a gargalhar.

“Karina, achei que você estava estudando jornalismo... Mudou para medicina e não nos avisou?” Mari perguntou, segurando o riso, enquanto Franz virava para a ex-lutadora de boca aberta.

“Fiz um curso online de parto.” Explicou a moça, andando de um lado para o outro da cozinha. “Eu assisti uns 500 vídeos no YouTube, que a propósito, tem um grande acervo sobre isso. E, é claro, imprimi e encadernei uma apostila com o passo a passo.”

“Pra que isso mesmo?” Perguntou Jade, quase roxa de tanto segurar a risada.

“Para o caso da vaquinha entrar em trabalho de parto da bezerrinha.” Disse Karina como se fosse óbvio.

“Bezerrinha?” Indignou-se Mari.

“Apostila encadernada?” Fez eco Jade, ainda tentando não rir.

“Ah... Precisamos de um bisturi.” Avisou Karina, colocando uma tesoura enrolada na mochila que levava. “Porque quando o bebê começa a descer e sair, ele...”

“Chega.” Gritou Franz, se levantando. “Karina, você não vai fazer um parto.”

“Estou me prevenindo.” Ela gritou de volta, batendo o pé, contrariada. “E se quer deixar a Mari ser rasgada, ótimo. Mas pelo menos aquela bombinha de sugar o nariz eu vou levar. Já roubei do apartamento de vocês.”

“Eu não mereço essas malucas.” Suspirou Franz, saindo para o banheiro. “Bisturi, parto, apostila... Minha filha vai nascer entre loucos.”

Karina largou a mochila e saltitou até onde as amigas estavam, sentando ao lado de Mari e começando a cantarolar uma música do Journey que Jade não reconhecia. Desconfiava que fosse Don’t Stop Believin.

Mari observava a amiga, mordendo o lábio inferior para tentar não rir. Quando Karina percebeu, fez bico e cruzou os braços.

“Ninguém me deixa ser feliz.” Resmungou ela e Jade riu, a puxando para perto de si e apertando.

“Ah, vem cá minha marrentinha.” Disse a morena, apertando a amiga, que ria alto, especialmente pelas cócegas discretas que recebia.

“Por que ela é marrentinha e eu sou caipirinha?” Perguntou uma indignada Mari, e as duas riram.

“Porque você veio lá dos cafundós de Joaçaba e ela é marrenta. Simples.” Explicou Jade, dando de ombros. “Mas acho que vou mudar o dela para borboleta, porque a cabeça dessa menina vive voando.”

“Vou levar como um elogio.” Garantiu Karina, voltando a sentar ereta e colocando a mão na barriga de Mari. “E você, pequena Annie, que tal dar um chute para a titia?”

“Pelo amor de Deus, ela acabou de parar.” Choramingou Mari e as amigas riram. “Ela não parou a noite toda, em momento algum. Hoje no banho, ela ficou apertando tanto minha bexiga, que fiz xixi três vezes. Na última eu nem percebi até sentir o xixi escorrer.”

Karina arqueou a sobrancelha, o que não passou despercebido por Jade; mas naquele momento Franz voltou, atraindo a atenção das três.

“Vamos que já estamos atrasados.” Resmungou ele. “Temos três horas de viagem pela frente. Karina, já foi ao banheiro?”

“A grávida é a Mari.” A jovem protestou indignada, enquanto apanhava sua mochila de itens especiais.

“Mas quem adora parar em qualquer banheiro que vê é você.” Lembrou ele, fazendo Mari e Jade rirem, enquanto Karina mostrava a língua. “Vamos logo.”

A viagem de carro foi cansativa, como esperado. As três meninas dormiram a maior parte do tempo, e tiveram que fazer seis paradas para Mari urinar. Após algum tempo, dominada pelo tédio, Karina começou a gritar com as vacas e bois, até que Franz perdeu a paciência e a mandou calar a boca.

Quando chegaram à chácara, diversos carros já estavam estacionados; mas pelas contas de Jade, devia faltar pelo menos um terço dos colegas. Os quatro desceram do carro e foram saudados por Lírio, que havia ido com os amigos.

“Karina, tem batata frita lá dentro. Muita batata frita.” Disse o rapaz e logo a loira corria em direção à casa, deixando os dois casais aos risos. Mari disse que ia vigiá-la, porque não queria a amiga passando mal.

Assim que o primeiro casal se foi, Jade puxou Lírio pelo pescoço e o beijou.

“O que foi, minha gata?” Perguntou com um sorrisinho tímido, recebendo um igual de volta.

“Só agradecendo pelos últimos meses.” Explicou ela, entrelaçando seus dedos e começando a caminhar em direção à casa. “Sei como está sendo difícil, comigo estando sempre atrás da Mari.”

“Eu faria o mesmo no seu lugar.” Ele garantiu, passando a mão pelos cabelos claros, sinal de que estava envergonhado com o elogio. “E além do que, apesar de estar sempre perto dela e da Karina, você nunca ficou longe de mim; então sem reclamações.”

Ela encostou a cabeça no ombro do namorado, que beijou de leve seus cabelos. Eles entraram na casa da fazenda, encontrando Karina com uma travessa de fritas e Mari sendo paparicada por Ruiva, Fabi e Bianca, diante do olhar babão de Franz.

“Sua barriga está enorme, Mari, parece que vai explodir.” Brincou João, recebendo um cutucão de Fabi. “É brincadeira, amor.”

“Vai chamar Anabella mesmo?” Perguntou Bianca e o casal concordou.

“Mas Bella é reservado para mim.” Gabou-se Franz, com um largo sorriso.

“O mesmo para Anne.” Karina gritou da cozinha.

“E An.” Finalizou Jade gargalhando.

“Acabou-se as variações.” Reclamou Ruiva, fazendo bico. “Já sei, vou chamá-la de Nina. Esse é meu, ninguém mais pode pegar.”

Ruiva e Fabi começaram a protestar, enquanto Mari e Ruiva riam. Jade também ria, mas logo percebeu que Karina sairá da cozinha e tinha a expressão fechada. Sentiu Lírio apertar sua cintura e se virou, dando com Sol e Wallace na entrada da casa.

“Então você levou isso até o fim mesmo?” A voz de Sol era amarga, assim como sua expressão. Franz se aproximou de Mari, a abraçando protetoramente, enquanto Ruiva fazia o mesmo. Duca e João também se aproximaram, cada um parando atrás da própria namorada. Karina havia largado seu prato e agora estava ao lado de Jade, que havia se afastado de Lírio.

Começaram a ouvir o som dos trovões do lado de fora e Jade tremeu. Não gostava de chuva forte e havia torcido a viagem inteira para que já estivessem na casa quando o temporal que estava escurecendo o céu caísse.

“Acho que o Franz te mandou não se meter nisso, Solange.” Karina rosnou o nome completo da menina.

“A conversa não é com você, Duarte, é com a minha melhor amiga.” Rebateu Sol, sem sequer olhar Karina. “Eu já entendi o joguinho seu e do Franz para impedir a Mari de...”

“Sol, cala a boca.” Gritou Bianca, pegando a morena de surpresa. “Pare por um segundo para analisar as besteiras sem fundamento que você está falando, acusando Karina e Franz de...”

“É verdade que você se casou?” Perguntou Sol, cortando a fala de Bianca, ignorando completamente a presença dela.

“É verdade.” Quem respondeu foi Franz, pois Mari parecia incapaz de responder, apertando a barriga. Jade sentiu Karina enrijecer ao ver isso e sulcou as sobrancelhas. Será que era o que estava pensando?

“E posso saber por que, como uma das duas melhores amigas da Mari, eu não fui chamada?” Ao ouvir isso, Mari explodiu em uma gargalhada, em coro com os que estavam próximos. O restante dos presentes na casa apenas assistiam tudo em completo silêncio, pasmos demais para falar qualquer coisa.

“Mas você se tem em muita alta conta mesmo, Sol, é impressionante.” A grávida desdenhou, balançando a cabeça. “Vem agindo como se estivesse certa, como se tivesse moral para se considerar minha melhor amiga; e desconsiderar Karina e Jade, que estiveram ao meu lado todos esses meses.”

“Sim, eu faço isso porque eu quero o melhor para você, diferente delas.” Gritou a morena, parecendo cada vez mais nervosa. “Porque eu tenho certeza que a Jade está metida nessa história com a Karina e o Franz e...”

“Sol, cala a sua boca, agora.” O grito foi agudo, enquanto ela se afastava do marido e dos amigos, até parar entre Jade e Karina. “Como você pode dizer que sabe o que é melhor para mim? Você é Deus por acaso?”

“Não Mari, mas eu te conheço e conheço seus sonhos.” Disparou a cantora, se aproximando. “Seus sonhos são a coisa mais importante do mundo; e para isso, essa criança só vai atrapalhar. Vai por mim, o melhor é não ficar com ela, já que não tem mais como tirá-la.”

“Nunca mais ouse falar algo assim sobre a minha filha.” Rosnou Mari, enquanto Karina e Jade a puxavam para longe de Sol, já prevendo que a grávida poderia tentar avançar sobre a antiga amiga. “Você é uma menina mimada, Solange da Conceição. Mesmo não podendo te dar tudo o que você queria, sua mãe sempre deixou você fazer as coisas do seu jeito e manipular a vida de todos a sua volta. Mas adivinha, você não manda na minha vida. Quem decide o que eu quero dela, sou eu. E eu quero minha filha, eu quero minha família com o Franz. E eu...”

Mas um grito interrompeu a fala da jovem. Ela quase caiu para frente, sendo amparada por Karina e Jade, e logo sentindo Franz a abraçando.

“O que está acontecendo?” O rapaz gritou em pânico.

“A bolsa dela rompeu hoje no banho.” Explicou Karina. “Mas ela não percebeu. Eu só fui me tocar quando ela começou a ter contrações aqui.”

“Contrações?” Esganiçou Mari. “Como eu estou tendo contrações sem perceber? Ou melhor, estava tendo, porque agora está doendo. Muito.”

“Você achava que era apenas desconforto. Por isso dormiu tão mal no carro.” Explicou Karina, enquanto Mari apertava os braços das amigas, tentando suportar a dor. “Alguém sabe quanto tempo até o hospital mais próximo?”

“Pelo menos uma hora, com o tempo bom.” Anunciou o rapaz que era dono do lugar. “Mas com uma chuva dessas, pegar a estrada de terra é loucura. Vocês vão atolar na hora.”

“Liga para o resgate.” Pediu Franz, já mais nervoso que a parturiente.

“Eu ligaria se tivesse sinal nesse fim de mundo.” Garantiu Lírio. “O sinal já estava péssimo antes da chuva; agora então, nem sinal de emergência.”

“O que nós vamos fazer?” Gritou Franz, tentando se sobressair ao grito de Mari, que apertava seus braços em meio à contração. Jade ergueu os olhos, encontrando os azuis de Karina num misto de pânico e certeza. Apenas assentiram e disseram juntas:

“Nós vamos fazer o parto.”


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Notas finais do capítulo

SIM, EU AINDA ESTOU VIVA. Bom, com 5 fics ao mesmo tempo, está sendo um trampo bem louco. E como eu já disse nas outras fics, essa semana a minha cachorra adoeceu e o caso dela está bem sério. Mas prometi atualizar todas, ou pelo menos a maioria, das fics esse finde.
E cumpri, ok?
E AGORA TEREMOS UM PARTO BEM LOUCO, OLHA QUE LINDO.
See you soon, peanuts ;*