Ressurgente escrita por Carolina Rondelli


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/552662/chapter/9

Liv

— Escolha — dissera Nita. — Escolha.

— Eu não sei! Não passei tempo o suficiente com ele para escolher! — eu tinha gritado pela milésima vez.

Nita estava na cadeira de rodas, sua expressão era irritada, e eu sentada num banco, entre ela e a parede, sendo encurralada. Eu precisava escolher, Nita queria que a responsabilidade fosse minha.

— A mãe dele? — perguntei, minha voz falhando.

— Seguranças no prédio dela, tente novamente.

— Ele tem muitos amigos...

— Seja mais específica — ela interrompeu.

— Aquela amiga dele... A de cabelos curtos... C-chris...

— Christina — Nita completou. — Por que acha que ela seria incentivo suficiente?

— Eles discutiram por minha causa, mas pareciam próximos, acho que ela pode ser uma boa opção.

Nita fez a cadeira se mover até o telefone que estava em cima de uma mesa da sala que estávamos. Discou alguns números, e, quando atenderam, ela disse:

— Abby, o nome dela é Christina, amiga do prefeito Tobias Eaton, ache-a. Comece a trabalhar com Beatrice, obrigada.

Quando ela finalmente se virou para mim, disse:

— É melhor que esteja certa, e que ela signifique algo para Tobias, que seja o suficiente para que ele dê o que nós queremos.

— E se ela não for suficiente?

— Então ela leva uma bala na cabeça — Nita disse, com os lábios curvados em algo que parecia um sorriso. — E, dependendo do meu humor, você também.

***

Não consigo tirar a cena da minha cabeça quando Zeke nos avisa que Christina foi sequestrada, já que fui eu quem a colocou lá.

— O quê?! — Tobias exclama.

— Shauna estava com ela, mas o que podia fazer? Ela mal caminha com as pernas robóticas, ela correria atrás do carro? Lutaria? Acredite, Christina tentou lutar, mas, segundo Shauna, foram três homens mascarados para pegá-la. Eles disseram que manteriam contato direto com o prefeito.

— E você não estava lá? Com Shauna? Ela não gritou por você?

— Sim, ela gritou, mas eu tinha ido ao banheiro! — Zeke se defende. — Deviam estar observando o momento que as deixaria.

— Ah, Christina, onde se meteu? — Tobias diz. — Estávamos brigados, se algo acontecer a ela...

— Nada vai acontecer — interrompo.

E então, o celular de Tobias toca, e ele atende desesperadamente:

— Christina? — ele chama, e coloca no viva voz para que eu e Zeke escutemos.

— Prefeito Tobias Eaton? — chama uma voz que logo reconheço, está um pouco distorcida, mas é algo que Derek sabe fazer com a voz. Meu coração aperta.

— Sim, sou eu, quem está falando?

— Faria qualquer coisa para recuperar sua amiga Christina? — Derek diz, sem responder à pergunta.

— O que vocês querem?

— Faria qualquer coisa?

Tobias olhou para mim e depois para Zeke, que fez um gesto para que ele falasse:

— O que está esperando? Diga que fará.

— Não é tão simples — Tobias responde, tampando o microfone do celular. — Sou o prefeito, qualquer coisa tem um sentido muito amplo para mim.

— É a vida da Christina que estamos falando.

— Se Johanna ainda estivesse no poder, não importaria a vida de Christina, ela colocaria cidade em primeiro lugar.

— Se fosse com Johanna, teriam escolhido outra pessoa, alguém que ela amasse, Christina foi... deve ter sido sequestrada diretamente para atingi-lo.

— Está em dúvida? Vamos ver se isso serve. — E então ouvimos um baque alto, ele deve ter batido nela. Encolho-me por impulso. — Vamos, fale com ele!

— Tobias... — a voz de Christina parecia fraca, bem diferente da voz da garota que me fez perguntas com um ar feroz, levou um soco na boca, talvez? — Tobias, não dê nada que eles pedirem, não... — E foi interrompida por outro soco.

— Ela ou sua preciosa cidade, prepare-se para escolher. — E ele simplesmente desligou.

Tobias olhava para o celular, horrorizado.

— Vamos para o escritório — Zeke sugere.

Entramos num carro que o Governo havia disponibilizado a ele desde que se tornou vice-prefeito e fomos para o nosso atual escritório, levando Shauna também, e a atualizando durante a curta viajem.

— Ah, que droga, desculpe, Tobias, eu devia ter feito alguma coisa... — ela se lamenta ao sair do carro.

— Não podia ter feito nada, provavelmente nem eu nem Zeke poderíamos, se estivéssemos lá.

— Temos que chamar a força policial.

— Não — Tobias diz de imediato. — Se eles... Quem quer que sejam, souberem, vão matá-la antes que consigamos fazer algum tipo de troca.

— Ele está certo — digo para Shauna —, se envolvermos a polícia, não teremos nenhuma chance.

— Tudo bem — ela diz. — Mas acham que isso tem algo a ver com o ataque?

— Não tenho dúvidas — Tobias responde. — Não pode ser apenas coincidência. Vários membros do Governo morrem e agora raptam Christina para chegar até a mim, são as mesmas pessoas.

— Quem? — Zeke pergunta.

— Quando falei com Anthony pelo telefone após o ataque, cogitei de serem rebeldes. Ele desaprovou a ideia, mas agora...

Tobias ficou um tempo refletindo, até que Shauna quebrou o silêncio:

— Quem estaria insatisfeito? Se rebelariam contra o quê? Nós recuperamos tanto...

— Recuperamos... — Tobias reflete novamente. — Só recuperamos coisas que estavam ruins. Se não estão contra algo que está acontecendo agora, estão atrás de justiça pelo passado.

— Isso não se chama justiça, não embeleze a coisa — Zeke diz. — É vingança.

Eles são inteligentes, muito mais do que eu previ, se Nita acha que pode fazê-los de bobo por muito tempo, está enganada.

Todos ficam em silêncio, absorvendo o que foi dito, chegando a uma conclusão silenciosa quando o celular de Tobias toca novamente, dessa vez ele já coloca logo no viva voz.

— O que querem? — Tobias pergunta.

— Está disposto a falir um pouco sua cidade? — Derek diz, rindo, mas sem nenhuma animação, e, no fundo, dava para ouvir os gritos entrecortados da ligação de Christina: — Não faça nada que pedirem, Tobias! Não faça!

— Está tudo bem, Christina — Tobias grita.

— Cale a boca — Derek diz do outro lado da linha, e um barulho do que acredito ser um chute se faz ouvir.

— O que querem? — Tobias diz, com raiva na voz.

— Uma lista de nomes será enviada ao seu celular, Tobias Eaton. Essas pessoas se encontram em um conjunto de casas que foram construídas depois que Johanna Mason foi nomeada prefeita. Nele moram pessoas que antes eram mendigos, moradores da fronteira, desprezados por seus genes.

— O que eu faço com a droga dessa lista?

— Envie cinco mil dólares a cada morador.

O queixo de Tobias cai. Literalmente.

— Só pode estar de brincadeira. Se eu enviasse cinco dólares já desfalcaria a prefeitura.

— Bom, eu posso brincar muito com a sua amiga aqui enquanto você resolve se meu pedido é real ou não.

— Quantas pessoas? — Tobias pergunta.

— São cinquenta casas, considerando três pessoas por família, só precisa fazer as contas. — Mesmo sem fazer as contas, Tobias sabe que é mais do que a prefeitura pode arcar.

— Vocês colocaram fogo na nossa prefeitura, se não tínhamos tanto dinheiro, agora temos menos. Não tenho todo esse dinheiro em caixa.

— Tem ele em bolso?

— Posso tentar dar o dinheiro aos poucos...

— Eu posso enviar as partes do corpo da sua amiga aos poucos também — Derek diz, dando fim à negociação. — É tudo ou nada.

— Quanto tempo tenho?

— Quarenta e oito horas, ou então ela vai levar um tiro na cabeça.

— Não toque nela.

— Tarde demais — Derek diz. — Quando acabar de distribuir o dinheiro, nós ficaremos sabendo, e ligaremos para marcar um lugar para que devolvam ela.

— Espero que seja você para que eu consiga quebrar sua cara.

— E eu quebro o pescoço! — Christina grita ao fundo.

— Não se preocupem, os dois, alguém muito mais interessante que eu vai devolvê-la. Quarenta e oito horas, que a contagem regressiva comece. — E desliga.

Penso que Tobias estaria com a mesma expressão de choque, mas, dessa vez, ele está ligado na adrenalina, e já está discando outro número.

Quando a pessoa do outro lado atende, Tobias disse:

— É o Tobias, temos uma emergência. Preciso de uma verba no valor de 750000 dólares.

O celular não estava mais em viva voz, mas parece que Anthony está gritando.

— Eu sei que estou pedindo muito, sei que já perdemos muito, mas preciso dessa verba.

E Anthony gritou alguma coisa de volta.

— Não, não é exatamente para melhoria na cidade, mas eu vou dar um jeito de.... Hã... Ter retorno com o dinheiro. — Ele tenta achar um bom argumento, mas é difícil. — Eu sou o prefeito da cidade, tenho direitos...

Parece que Anthony não liga para os direitos de Tobias.

— Tem algum jeito viável de conseguir todo esse dinheiro, Anthony? Por favor, me ajude, mas, se não puder, está desperdiçando meu tempo.

Anthony fica falando por algum tempo e a expressão de Tobias se suaviza um pouco.

— Tudo bem — ele diz por fim. — Muito obrigado, Anthony.

Quando ele desliga, Zeke tira as palavras da minha boca:

— O que ele disse?

— Ele pode nos ajudar com 100 mil, como se um adiantamento do meu salário, nada mais.

— E onde poderíamos arranjar o resto? Eles estão pedindo muito.

— Anthony mencionou o único lugar onde essa quantidade de dinheiro é aplicada: o Centro de Bem-Estar Genético.

— Mas, desde que Tris ativou o soro da memória do Centro, ninguém mais investiu lá — Shauna observa.

— Exatamente, e todo o dinheiro que foi investido não saiu de lá, segundo Anthony, está em poder de David — Tobias estremece ao falar esse nome.

— E nós vamos lá simplesmente pedir o dinheiro ao cara que matou Tris?

— Não — Tobias responde. — Nós vamos roubar dele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem aí o que acharam.
Até o próximo capítulo! Xoxo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ressurgente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.