Ressurgente escrita por Carolina Rondelli


Capítulo 29
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Esse capítulo foi com todo carinho escrito no meu aniversário (dia 22), só que, por conta de um acampamento eu não pude postar.
Esse capítulo tem Deriv!!!! E foi inspirado livremente na música "Photograph" do Ed Sheeran, e seria legal se vocês quisessem ouvir.
Espero que gostem!



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Liv

Abro os olhos bem lentamente e por um momento não me lembro de absolutamente nada, até que me mexo e a dor na minha perna me lembra de tudo.

Beatrice. Nita. O tiro. A simulação. Derek.

Olho em volta e vejo que estou em um quarto bastante espaçoso, com uma janela de vidro que dá para um quintal com várias árvores. Mas meus olhos se detém em um sorriso que se abre para mim, e nada parece mais importar.

— Finalmente acordou, meu amor — Derek levanta da cadeira onde estava e anda em minha direção. Não posso estar sonhando, posso? — Como está se sentindo?

— Com dor — respondo e olho para minha perna, está enfaixada onde levei o tiro.

— Eu trouxe um médico aqui — ele explica, e aponta para o lado da cama, que tem vários aparatos médicos —, ele removeu a bala, mas não é seguro você ficar no hospital, então ele passou remédios, e você precisa tomar soro que ele deixou, e ficar em bastante repouso porque...

— Cale a boca — peço, e puxo-o para um beijo.

Aos poucos vou me habituando com sua presença, e com sua boca na minha, que pensei que nunca sentiria novamente.

— Eu te amo — me apresso em dizer quando nos separamos.

— Eu também te amo — ele sorri para mim.

— Tudo bem — respiro fundo —, vamos por partes. Onde estamos?

— Milwaukee, essa é a casa de Peter.

— Peter?! — pergunto, com mais dúvidas do que poderia falar. — Peter que namora Cara? Amigo de Tobias?

— Ele vem me ajudado a descobrir tudo que descobri. Cara não sabe, eu pedi a ele que não contasse.

— Ok, vou fingir que isso não é nada surpreendente — falo. — Como você está vivo?

Ele me olha com hesitação e dúvida antes de responder.

— Espero que não me odeie por isso, mas planejei isso há um tempo. Quando percebemos que Nita estava meio louca, eu soube que só me livraria dela se morresse. Decidi forjar minha morte, antes que ela me matasse.

— E não pensou em me avisar, pelo menos? — Juro que tento ficar com raiva dele, mas a frase sai aparentando mais compreensão que irritação.

— Precisava que parecesse real. Nita precisava acreditar. Se ela não te visse sofrendo, ela saberia, e ela poderia ter feito alguma coisa com você.

— O que eu senti... Não sei se Nita poderia fazer algo que me fizesse sofrer mais — antes que eu possa segurar, a primeira lágrima desce.

E ele seca meu rosto, como já fez tantas vezes.

— Nunca vou me perdoar por te fazer sofrer — ele fala bem baixo. — Mas, por favor, preciso que você me perdoe.

— Está perdoado desde que olhei para você — falo olhando nos olhos dele —, você não tem noção de como eu queria olhar para você.

— Ah, é claro que eu tenho — ele pega na minha mão. — Eu pensei muito antes de fazer o que fiz, até o último momento eu estava em dúvida. Mas era minha única oportunidade.

— Entendo — digo —, bom, não, não entendo, mas sei que você tinha algo a fazer. Fico feliz que não tenhamos mais que ver Nita a partir de agora.

— Bom... — sua expressão muda.

— Não vamos nos livrar dela assim tão fácil? — pergunto, desapontada.

— Ela não pode sair dessa impune, eu não estava fora descansando ou algo do tipo, estava procurando um jeito de acabar com Nita.

— E achou?

— Não exatamente, mas descobri algumas coisas interessantes. Essa guerra toda não se resume à Chicago, o país inteiro está em crise. Revoltas estão acontecendo, as pessoas estão ficando incomodadas pelo que aconteceu com os GDs nas outras cidades experimento.

— Quando eu pensei que não podia piorar... — falo. — Estão se revoltando a troco de quê? O que eles querem?

— Troca do Governo.

— Não é assim tão complicado, eu acho.

— De fato — ele concorda. — Mas eles não querem só isso, eles já têm um líder em mente.

— Quem?

— Tobias Eaton.

Preciso parar um momento para absorver o que acabo de ouvir.

— Espere... Querem que Tobias seja o...

— Presidente — Derek completa. — Isso mesmo.

— Mas como isso aconteceu sem que ninguém ficasse sabendo? Sem que ele soubesse?

— Todos sabem, menos Chicago — ele explica. — A cidade não é mais um experimento, mas parece que continua vivendo isolada, em uma bolha. O Governo também não está interessado que Tobias saiba, porque ele pode querer assumir o poder.

— Então precisamos voltar para avisá-lo?

— Não só isso, as pessoas têm outra condição.

— Qual? — indago.

— Beatrice tem que estar ao lado dele para governar.

— Beatrice... — lembro-me que ela ficou. — Ah meu Deus, ela ficou lá.

— Não. Quando eu soube pela TV que tinha um exército do lado de fora da cidade, eu hackeei o computador da força policial e tive acesso às câmeras. Eu vi o carro de Nita saindo e achei que ela pudesse estar com você. Eu estava certo, por sorte. Segui o carro e esperei aqui. Nita saiu e consegui ouvi-la falando algo sobre saírem antes de Tobias chegar e depois sobre uma bomba. Ele foi buscá-la. Nunca pensei que diria isso, mas Tobias e eu temos uma coisa em comum: ele ama a Beatrice tanto quanto amo você, e ele nunca a abandonaria, assim como eu também não o faria.

Pego em sua mão e ficamos assim por um bom tempo, porque não sei o que dizer sobre isso, apenas estou sentindo o amor incondicional que está fluindo. Mas então volto ao assunto.

— Mas estão você disse que Beatrice vai ter que estar com ele. Mas ela esqueceu de tudo, eles sabem disso?

— Não, eles acham que Tobias e Beatrice continuam sendo o casal perfeito que venceu o experimento, mas eles estão machucados, desanimados, abatidos. Então procurei por algo que pudesse mudar isso, e dessa vez achei.

— Não precisa fazer suspense, diga logo.

— Sei como fazer Beatrice recuperar a memória.

Fico chocada pela segunda vez. Eu achava que isso era impossível até agora, e tenho certeza que Nita ainda acha.

— Como? — é a única coisa que vale perguntar agora.

— Lembra-se de quando foi até a base da força policial?

— Sim, mas o que isso tem a ver?

— O que Amar te disse sobre como era dividido o prédio?

Forço um pouco minha memória, mas sei responder.

— Enfermaria, arquivos, hã... o escritório de Amar, refeitório, biblioteca e... tem mais um... uma sala de treinamento que Amar disse ser secreta.

— Isso mesmo — ele sorri orgulhoso. — Nessa sala não aconteciam treinamentos, aconteciam testes dos soros das facções.

— Pensei que isso fosse feito no Centro — falo.

— Foram desenvolvidos lá, e sua eficácia também testada lá, mas sua reversão era testada na base da força, quando aquele prédio ainda não era a base. Mas a sala permaneceu lá, mesmo depois do incidente.

— Que incidente?

— Os testes eram feitos com pessoas, que em sua maioria eram muito pobres ou não tinham propósitos na vida, porque elas podiam morrer — ele conta. — Uma das pessoas era uma mulher, que participou dos testes durantes quase um mês, até morrer, ou pelo menos foi isso que pensaram. Ela estava viva, só que ninguém se preocupava em enterrar pessoas que para eles eram tão insignificantes, então ela foi jogada em um terreno e acordou no meio de vários outros corpos.

— Que sinistro — observo.

— E não acaba aí, ela voltou ao prédio e matou todos os que tinham tido contato com ela, inclusive algumas das cobaias. Daí o Soro da Paralisação foi descoberto, que na verdade era uma falha do Soro da Morte, que paralisava a vítima e ela parecia morta.

— Eu diria que isso foi bem mais que um “incidente” — digo, horrorizada.

— Bem, de qualquer forma, uma simulação era usada para reverter o Soro da Memória, mas uma simulação diferente, onde, em vez de medos, a pessoa enfrentava seu passado.

— Ótimo, precisamos voltar logo e fazer isso.

— Não tenho certeza de que ela vai querer — ele fala.

— Por quê?

— Porque ela pode morrer, Liv — ele diz —, os testes nunca foram concluídos depois do que aconteceu com essa mulher, não podemos ter certeza de nada.

— Não podemos ter certeza se vamos sobreviver a essa guerra, e Beatrice pode ser nossa única escolha. Conheci o suficiente dela para saber que ela vai preferir poder lembrar de quem é mesmo que o risco seja morrer do que viver nessa incerteza. Vale o risco.

— Definitivamente vale, mas vai valer para Tobias? Eu não deixaria que você fizesse isso.

— Você não poderia fazer essa escolha por mim, e muito menos Tobias pode fazer por ela — digo. — Nita não tirou a memória de Beatrice apenas para usá-la contra Tobias, porque ela sabia que a verdade viria a tona em algum momento. Ela tirou para que Tobias não pudesse usá-la a favor da causa dele, da nossa causa.

— Não estou dizendo que não vamos — ele diz meio contrariado —, mas você precisa descansar, e recuperar sua perna. Só vamos quando estiver bem.

— Não temos tempo para isso.

— Não temos tempo para você morrer no primeiro problema que encontrarmos porque não pode lutar, para isso é que não temos tempo. Precisa de mim, então, a não ser que quiser voltar sozinha, vamos esperar, porque eu não vou sair daqui.

Penso em discutir, mas minha perna ainda está doendo muito, então assumo que ele tem razão.

— Tudo bem, tudo bem — me rendo.

— Não sei como sobreviveu sem mim — ele diz com um sorriso vencedor no rosto.

— Eu é que não sei, você se acha muito — sorrio também. — Precisava de alguém para baixar a sua bola.

Ele me beija e pega algo no bolso. É minha foto.

— Eu lembrava de que, se ficasse bem, veria você de novo. Foi assim que sobrevivi.

Agora sou em quem o beijo, com a maior intensidade que consigo. E é assim que passamos as duas semanas seguintes, como se a guerra estivesse longe, e tivéssemos todo o tempo do mundo.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam e o que esperam pro próximo? Vejo vocês nos reviews!
Xoxo.



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