Ressurgente escrita por Carolina Rondelli


Capítulo 30
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, com estão? Espero que todos estejam tendo uma ótima volta às aulas (quem estuda, claro), e se não, espero que esse capítulo alegre todo mundo porque tem FourTris *-*



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Tobias

No fim, nada importou totalmente. Voltamos praticamente ao início de tudo. Estou tentando fazer uma lista de tudo de ruim que está acontecendo e não faço ideia de como resolver: Liv e Zeke sumiram por minha culpa, e Nita está provavelmente querendo usá-los contra mim quando for melhor para ela, ou ela já os matou, apesar de eu não estar realmente considerando a ideia, porque não vou conseguir lidar com isso agora; igualmente não sei onde Nita está, ou o que está planejando, e não posso ter o prazer de pensar que ela está morta, porque seria bom demais para ser verdade; tenho civis curiosos dentro de suas casas e não sei se posso deixá-los sair, se vão nos atacar novamente enquanto o exército acha que venceu; Matthew desapareceu do mapa, e não posso descontar minha raiva nele. A lista continua, mas a raiva consome todo o meu pensamento.

— Eu vou matá-lo, mas vou fazer ele pagar primeiro — falo para Cara, que está ao meu lado —, vou bater nele até minhas mãos doerem, vou esfregar a cara traidora dele no chão, vou...

— Está assustando as pessoas — Cara diz e olho para o lado, todos estão me encarando.

Estamos no hospital com Tris, que está sendo examinada depois da surra que levou. Christina foi contrariada para casa, mas ela precisava descansar, assim como Sarah e Trevor, mas como Cara não vai voltar para Milwaukee até que tudo se resolva, ela veio comigo.

— Mas eu também quero descontar nele todo o nervoso que senti hoje — ela continua —, pensei que ia morrer — ela estremece levemente.

— Ainda não consigo acreditar no que Caleb fez — digo. — Em pensar que eu suspeitei dele quando eu e Liv estávamos em todas as telas dos computadores do Centro.

— Mas se bem que até faz algum sentindo — ela observa —, ele trabalhava com Nita, é compreensível que ele tenha laços com ela. Mas nunca imaginei que ele se aliaria à alguém tão baixo.

— Ninguém imaginava, suponho, ele estava sempre tão disposto a nos ajudar... — sou interrompido por meu celular, é Shauna. Afasto-me de Cara para atender, porque não sei como explicar a ela que menti sobre Zeke. — Alô?

— Quatro — Shauna diz —, fiquei sabendo que voltaram, estão todos bem? Zeke deixou o celular dele aqui.

— Mais ou menos, Tris estava machucada, estamos no hospital — tecnicamente não estou mentindo, já que estamos no hospital, ela não perguntou quem não está —, vamos até seu apartamento assim que sairmos daqui.

— Tudo bem, diga a Zeke que estou feliz por estarem bem.

— Até logo — respondo com o coração na mão, Zeke e Shauna se aproximaram indescritivelmente nos últimos anos, dar essa notícia para ela vai ser terrível.

Quando volto para perto de Cara, Tris está lá com um doutor ao seu lado. Assim que me aproximo vejo que é o doutor Kart, que cuidou da minha mãe.

— Prefeito! — ele me cumprimenta com um forte aperto de mão.

— Doutor — aperto sua mão de volta. — Não sabia que o senhor cuidava de problemas externos, pensei que a neurologia era sua área.

— E é — ele responde —, mas em tempos como esse todos fazem um pouco de tudo.

— Entendo — digo e olho para Tris: — Ela está bem?

— Sim, o dano foi só externo, a dor deve passar com remédios e repouso.

— Ótimo. Doutor, como minha mãe está?

— Tem em mente que você é o filho dela, não é?

— Não tenho tido tempo para ir em sua casa por causa da guerra e tudo mais que está acontecendo — falo, irritado, mas sua expressão é bem leve.

— Estava apenas brincando. Sua mãe está bem, e ela está progredindo no tratamento, apesar de não estar conseguindo ver muita coisa, já está melhor do que quando chegou aqui pela primeira vez.

— Fico feliz, vou até a casa dela hoje — estendo a mão novamente para ele. — Muito obrigado, doutor.

— Disponha. E se cuide.

— Sempre — lanço para ele um sorriso fraco.

Saímos do hospital e deixo Tris na entrada do prédio da minha mãe, e continuo até o apartamento de Shauna com Cara, com uma desculpa esfarrapada de que Shauna disse que queria vê-la.

No momento em que entramos Shauna nota que alguma coisa está errada.

— Onde está Zeke? — ela pergunta para mim.

— Ele não estava com a força policial? — Cara pergunta, confusa.

— Não, ele foi resgatar Tris e Liv com vocês.

— Quatro, o que está acontecendo?

— Sarah mentiu para você, Cara — vou direto ao assunto —, Zeke não ficou na cidade, mas ele também não chegou até onde Tris e Liv estavam.

— Ele está...? — Shauna não consegue completar.

— Não — falo —, ou pelo menos acreditamos que não.

— O que aconteceu exatamente? — Cara se senta com Shauna no sofá da sala.

— Assim que passamos a Cerca havia vários soldados de Nita, na luta Zeke caiu do caminhão. Mas se quisessem ele morto, teriam o matado assim que ele caiu.

— Então Nita pode estar com ele agora — Shauna deixa as lágrimas correrem —, que alívio.

— Só quero entender por que não me contaram antes — Cara diz.

— Porque era praticamente a única de nós que não estava perturbada. Sarah disse que poderia ser útil não contar, e eu concordei.

Fico apenas olhando para as duas, sem saber o que fazer ou falar, até que Shauna seca os olhos e aponta para a porta.

— Apenas saia — ela me pede.

— Mas...

— Sei que não o obrigou a ir, sei que ele sabia o que estava fazendo, mas não posso ignorar o fato de que ele arriscou tudo por causa de duas garotas com quem você dormiu — ela praticamente cospe as palavras em mim. — Saia.

Não discuto e me viro para a porta, porque sei que o que ela disse é verdade.

No caminho de volta passo na força policial e conto para Amar e George o que aconteceu. Eles ficam abalados, mas ainda estão na adrenalina da luta e não se deixam abater. Peço que eles organizem o exército para fazer rotas pelas ruas, e quando as mesmas estiverem limpas de vestígios de luta, as pessoas podem deixar suas casas.

— E Nita? — Amar pergunta. — O que vai fazer sobre tudo isso? Ainda não acabou.

— Eu sei que não — digo meio derrotado. — Mas preciso que segure tudo para mim por uma noite. Só preciso de uma noite.

— Acredito que esteja tudo tranquilo — George diz —, você tem essa noite, mas não pode largar tudo. Aproveite-a bem e volte para o trabalho amanhã.

— Eu vou — prometo. — Obrigado.

Volto para o apartamento de minha mãe, que me recebe com um abraço que tira pelo menos metade do peso das minhas costas, mas ainda sobra muito.

— Como você está? — pergunto.

— Ainda cega — ela sorri amavelmente. — Mas acho que estou melhor que você.

— Desculpe por não ter ligado, eu estava...

— Ocupado com tudo isso, eu entendo — ela diz, compreensiva. — Sinto muito, mas precisa descarregar mais coisas em você.

Sento-me com ela no sofá, ao lado de Tris. Incrivelmente ela não parece precisar de ajuda para isso.

— O que foi? — pergunto.

— Eu me lembrei de algumas coisas de antes do meu acidente... — ela hesita antes de continuar — Foi Liv quem me ligou e mandou que eu fosse até o seu apartamento.

O tempo parece parar, e o clima diminuir vários graus.

— Impossível! Você deve ter se confundido...

— Ela está certa, Tobias — Tris fala.

— O que quer dizer com isso?

— Liv e eu éramos iguais, a diferença é que todos sabiam que eu estava do lado de Nita, ela não.

— Não, repete, por favor — digo, tentando absorver o que ela está me dizendo.

— O que está tão difícil de entender? Liv esteve esse tempo todo te espionando, reportando para Nita tudo que fazia, cada passo que dava.

— E não pensou em me contar isso antes?! — me exalto.

— Liv mudou de lado assim como eu, não podia entregá-la.

— Nita tirou a memória dela também? — minha mãe pergunta.

— Não, Nita prometeu vingança a ela. Algo sobre a família que ela perdeu.

— Não consigo acreditar — digo, sem chão. — Como ela pôde?

— Do mesmo jeito que Trevor, o cara que foi nos resgatar.

— Como?! — quase pulo do sofá.

— Éramos cinco — Tris explica —, acreditávamos sermos parte principal de um plano genial de Nita. Mas então começamos a ver as coisas de um jeito diferente. Nita nos fazia fazer coisas que não queríamos, e ela tinha coisas contra eles, estávamos presos a ela.

— Nada justifica as pessoas que morreram, que eles mataram.

Nós matamos, Tobias — ela me lembra.

— Você estava sendo enganada.

— Não importa — ela me olha com cansaço, e como se discutir comigo fosse perda de tempo. Talvez seja mesmo. — Preciso dormir. Muito obrigada, Evelyn, por arrumar um lugar para eu ficar.

— Tobias não vai se incomodar em dormir no sofá — ela sorri. — Boa noite.

Quando Tris entra no quarto, minha mãe volta a falar.

— Devia descansar também, aposto que tem milhares de coisas para resolver.

— Nem me lembre — falo. — Não sei se vou conseguir lidar com tudo isso, mãe.

— Claro que vai, você sempre lida. Lidou com seu pai quando te deixei, lidou com a Audácia quando ela desmoronou, lidou com a cidade quando Johanna morreu, lidou com Tris e agora ela está aqui — ela diz. — Não vão ser algumas traições que vão deixá-lo incapaz de lutar.

— Assim eu espero, obrigado.

Ficaria conversando com ela por horas — isso me acalma —, mas preciso descansar, então dou um beijo em sua cabeça e me levanto para tomar um banho e dormir. Porém, depois de tentar, sem sucesso, lavar as preocupações e relaxar, encontro Tris na sala, olhando para o nada, no escuro. Minha mãe já deve ter ido dormir.

— Tudo bem? — pergunto.

— Sim — ela me olha —, só não estava conseguindo dormir.

— Sinto que isso pode acontecer comigo, mas acho que vou tentar — falo, me aproximando do sofá —, mas pode ficar.

— Não, já vou sair. — ela diz — Posso só perguntar uma coisa antes?

— Claro — digo, me sentando com ela.

— Por que não me procurou antes? Assim que soube que eu estava viva? Tenho certeza de que me viu no dia do massacre dos membros do Governo, quando eu... matei seu pai — ela ri sem achar graça de nada. — É, foi provavelmente por causa disso. Eu sinto muito, de verdade, eu achava que estava fazendo algo certo.

— Sei que achava — respondo. — Eu quis te procurar, quis te contar tudo, mas uma parte de mim não sabia se você ouviria, eu não sabia o que estava acontecendo, você parecia decidida a me matar, não passou pela minha cabeça que você podia ter perdido a memória. A verdade é que eu estava fugindo de você.

Sem perceber, estou confessando a ela o que tenho guardado há muito tempo no meu coração. E ela me olha atenta, me incitando a continuar, e é isso que eu faço.

— Eu não parei de te amar nem por um momento, mas eu não sabia como agir, eu finalmente estava descobrindo que existia uma vida que talvez valesse a pena viver sem você. Então eu criei uma desculpa para mim mesmo, que se eu me aproximasse de você, você teria que responder pelo que fez, que se machucaria. Estava te libertando.

Ela permanece em silêncio, e eu não sei realmente o que dizer, então também me calo, até que ela pega minha mão e quebra o silêncio.

— Eu perguntei isso porque... Desde que Nita me contou sobre você, eu realmente quis te matar, mas tinha algo que me atraia a você, mais que raiva, ódio. Atração mesmo, desejo. Eu fingi sobre tudo, porque quando você me contou minha história verdadeira, eu queria desesperadamente acreditar, porque a vida com Nita não era suficiente para mim.

Toco seu rosto com delicadeza e me aproximo.

— Acho que o amor é sobre isso. Não importa como eu ou você estamos, estamos fadados a nos apaixonar.

— Pode me prometer uma coisa? — ela também toca meu rosto, como se desenhando com os dedos a minha expressão.

— Qualquer coisa — respondo, totalmente rendido.

— Nunca — ela fala bem devagar —, nunca mais me liberte.

— Nunca — repito para ela. — Nunca mais.

E ela me beija, e correspondo com mais intensidade do que pensei que conseguiria. No fim, eu não precisei do sofá, porque dividimos a cama do quarto onde Tris dormiria. E — eu deveria saber — nem dez noites de sono bem dormidas me relaxariam tanto quanto uma noite com Tris.

***

As duas semanas que se seguem estão o mais próximo de tranquilas que a cidade poderia conseguir. As pessoas voltaram as ruas e estão retomando suas vidas. Não tomei nenhuma providência muito séria além de exigir um bom número de soldados nas ruas o dia todo, e tomei providência para que a Cerca fosse deixada aberta, porque Amar me alertou de que o Governo pode ver isso como um isolamento, como se fôssemos independentes, e preciso da ajuda do Governo se quiser vencer seja lá o que estiver vindo.

Estou no escritório, tentando, com tudo que Tris vem me contando sobre Nita, ter alguma ideia de onde Nita pode estar, mas nada se junta e me dá uma boa pista, o que me preocupa, porque está tudo muito quieto, Nita pode estar preparando um ataque, e preciso antecipá-la.

Ouço o barulho da porta e quem entra não é ninguém menos que Liv. Fico de pé subitamente.

— Pensei que não ia ter o atrevimento de vir aqui novamente — falo.

— Então você já sabe, preciso que entenda que estou aqui para ajudar.

— Vá ajudar Nita, como estava fazendo — aproximo minhas mãos da cintura discretamente para pegar a arma, mas ela percebe e se lança em cima de mim.

Lutamos por alguns minutos, ela é muito boa, tem os melhores reflexos. Mas vejo que sua perna está enfaixada e a atinjo ali. Ela grita de dor e cai no chão. Consigo finalmente destravar a arma e apontar para a cabeça dela.

— Me dê um bom motivo para eu não atirar, traidora.

Então ouço uma arma destravar atrás de mim.

Eu tenho dois — uma voz masculina fala. — Se não puxar, te deixo viver. Ou, se isso não for bom o suficiente, abaixe sua arma porque sabemos como fazer a sua namorada recuperar a memória.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acham que vai acontecer agora? Gostaram do capítulo? Quero saber as opiniões de vocês sobre essa quase reta final.
Vejo vocês nos reviews!
Xoxo



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