Ressurgente escrita por Carolina Rondelli


Capítulo 28
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, tudo bem com vocês? Férias chegando, final da fanfic também... Okay, não tão rápido, mas já deu para perceber que estamos em reta final, então eu espero que gostem nos acontecimentos intensos desse capítulo!
Queria desejar também boas férias para todos vocês (quem não tá de férias também, eu entendo como é), que dê tento de vocês lerem muito.
Aproveitem!



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Tobias

— Se o quisessem morto, ele teria levado uma bala na cabeça assim que caiu — Sarah repete pela milésima vez.

— Não torna mais fácil de deixá-lo para trás — Christina lembra a ela.

Estamos andando há quase uma hora depois que saímos da Cerca. O endereço que Matthew nos forneceu, aparentemente, dará em um prédio que era usado anteriormente para alojar funcionários do Centro, quando este tinha muitas pessoas.

— Precisamos de mais alguém para procurar por Liv — Trevor diz.

Olho para Caleb e Christina, eles provavelmente não abrirão mão de buscar Tris. Sarah, por outro lado...

— Sarah, você... — começo.

— Eu vou com você.

— Que diferença faz para você?

— Essa Tris, pelo que parece, é o foco de Nita, e acho difícil que ela esteja com a Liv.

— Por que quer tanto ver Nita? — Christina pergunta. — Não precisamos de uma garota metida a justiceira agora.

— A “garota metida a justiceira” — Sarah faz aspas com os dedos — poderia quebrar o seu pescoço em segundos. Posso quebrar o de Nita também. E vou.

— Por quê? — Trevor pergunta.

— Porque ela matou minha irmã, e agora quero vingança.

— Ela matou muita gente — Christina diz, ainda pouco convencida. — O irmão do cara que deixamos na estrada foi um deles, e poderia dizer mais nomes do que consigo contar nos dedos, isso não te torna especial.

— Aposto que sou mais especial do que você.

Consigo sentir a raiva que exala de Christina.

— O objetivo de hoje é salvar Liv e Tris — digo.

— Seu objetivo — Sarah me olha com determinação. Toda a determinação do mundo. — Meu objetivo de hoje é matar Nita.

—Você não tem o direito de... — Christina fala, mas é cortada por Caleb.

— Chegamos. — Ele, que não participou da discussão, anuncia então: — Eu vou procurar por Liv com Cara e Trevor.

— Não quer encontrar sua irmã? — pergunto, não sei se aliviado ou horrorizado.

— Ela nem se lembra de mim como seu irmão de qualquer modo — e o estranho é que ele não parece triste nem nada, só indiferente.

Ele para o carro em um terreno gramado com um prédio mediano bem no centro, onde o carro de Cara está estacionado, e ela sai dele assim que nos vê, e nos cumprimenta com um aceno de cabeça.

— Pelo que temos que esperar? — ela pergunta, olhando nervosamente para o prédio.

— Eu esperava por alguns tiros a essa altura, e nada aconteceu, então acredito que podemos ser otimistas — digo.

— Onde está Zeke? — ela pergunta e olhamos um para os outros sem saber o que responder, ou como responder, sabendo que Cara e Zeke são bastante amigos.

Sarah nos tira esse fardo.

— Ficou para trás, na cidade, a força policial precisava dos serviços dele.

Todos ficamos confusos, mas ninguém ousa desmentir Sarah.

— Tudo bem, então — Cara diz —, mas... Você é...?

— Sarah Stanford, irmã de Julie Stanford, a garota que morreu no lugar da amiga de vocês — ela estende a mão e Cara aperta.

— Prazer — Cara não faz mais perguntas do que o necessário, e gosto muito dela por isso.

— Bom — Trevor diz —, a propósito, sou Trevor, da força policial. Prazer.

— Igualmente — ela responde. — Qual é a nossa estratégia?

Recomponho-me e começo a explicar.

— Não sabemos quem estará lá dentro nem como seremos recebidos. Mas a ideia é nos separarmos: Sarah, Christina e eu vamos procurar por Tris; você, Trevor e Caleb por Liv.

Cara faz uma expressão confusa quando digo o nome de Caleb.

— Nem pergunte — peço. — Tomem bastante cuidado, e saiam do prédio se um tiroteio, incêndio ou algo do tipo acontecer.

— Não nos mande fazer algo que não faria — Christina alerta, e sei que está certa.

— Vocês têm noção de que estão arriscando suas vidas aqui? — indago. — Pode ser que seja tudo uma grande armadilha. Tris e Liv podem não estar mais aqui, nem Nita, podemos levar um tiro assim que passarmos pela porta. Eu não estou ligando para morrer agora, estarei morrendo procurando pela minha única esperança de continuar vivo depois que essa guerra acabar, mas e vocês? Cara, você tem Peter, Christina, você tem sua família, Sarah, você também tem a sua, Caleb, Tris estava disposta a morrer para que você vivesse, não pode desperdiçar sua vida assim, e Trevor, meu Deus, você pode ter mãe, pai, avós, uma namorada, ou até uma esposa e filhos, porque não o conheço. Não é possível que estejam dispostos a jogar tudo fora por uma incerteza.

— Não nos obrigou a estar aqui — Trevor diz —, mas estamos porque, como você mesmo disse, essa garota é a única esperança para você. Sei como é ter sua esperança em uma pessoa. Você é a esperança da nossa cidade. Nossa esperança, portanto.

Ficamos em silêncio, absorvendo as palavras de Trevor, que, de todos os outros, foi o que pensei que nunca diria algo do tipo. Nesse momento, acredito que nunca estivemos tão prontos.

— Obrigado — é a única coisa que consigo dizer.

— Acho que é o suficiente — Cara diz e começa a caminhar, liderando o grupo —, vamos.

Eu me deixo ficar para trás, como Sarah, até poder cochichar sem que Cara ouça.

— Por que não contou a ela?

— Estão todos abalados demais, precisamos de mais alguém que esteja cem por cento focado.

— Mais alguém? — pergunto.

— Vocês têm a mim, é claro. Nunca me abalei por qualquer coisa.

***

Trevor é o primeiro a passar pela porta. Ele se voluntariou para entrar primeiro, provavelmente movido pelo desejo de fazer o que acredita que Zeke faria. Só entraremos quando ele disser que podemos.

Passam alguns momentos até que ele coloca a cabeça para fora da porta.

— Tudo limpo — diz —, ou pelo menos eu ainda não morri.

Entro logo atrás de Christina, com Sarah ao meu lado, e nos espalhamos um pouco para olhar o lugar. Estou em um lugar que pode ter sido — há muito tempo — uma recepção, mas agora só possui um balcão deteriorado e algumas cadeiras, quase todas quebradas. Um elevador, porém, no fundo da sala, parece em perfeito funcionamento.

— Vamos entrar nisso? — Christina pergunta.

— Não — ouço a voz de Cara à minha direita —, tem uma escada aqui.

Subimos em silêncio e vamos parar em um corredor cheio de portas. Está estranhamente vazio e silencioso.

— Vamos nos separar — digo, virando-me para Cara, Caleb e Trevor: — vocês três vão para o andar de cima, e depois dois acima desse, e assim sucessivamente. Nós ficamos por aqui, e depois vamos para o andar acima de vocês.

— Certo — Trevor diz. — Mais alguma coisa?

— Achem-na — peço.

A busca se mostra, no início, apreensiva, porque parece que algo vai acontecer a qualquer momento, que tudo isso vai se revelar em uma grande emboscada. Mas nada acontece, e a atividade fica sem muita emoção. Abrimos e fechamos portas exaustivamente, mas não há nada por aqui. Começo a achar que isso não é uma armadilha, mas sim uma distração.

— Ela não está aqui — Christina reclama, derrotada, quando estamos no quinto andar.

Sarah para de repente, alerta.

— Está sim — diz —, calem a boca.

Doce como limão, Sarah começa a andar pela sala em que estamos, uma que pode ter sido uma biblioteca, mas as estantes estão vazias. Ela olha para o teto, com os olhos vidrados.

— Ouçam — ela fala —, uma batida.

Presto bastante atenção, e no início não consigo distinguir o barulho bem baixo que estou ouvindo, mas com um pouco mais de atenção fica claro: tum, tum, tum.

— Lá em cima, estão batendo em alguma coisa — Christina diz, e parece que Sarah e eu havíamos chegado a mesma conclusão, porque, sem ninguém dizer, corremos para a escada e subimos, gritando:

— Tris! Tris!

A resposta não tarda muito.

— Aqui — consigo reconhecer a voz de Tris num grito fraco, e mais alguns tuns numa porta no fim do corredor em que estamos.

Corro até ela mas está trancada. Novidade.

— Alguma de vocês têm um grampo? — pergunto para Sarah e Christina.

— Sério isso? — Christina me olha como se eu fosse o maior idiota do mundo. — Com licença.

— Se afaste da porta! — Sarah grita.

Christina chuta a porta tão forte que ela abre. Corro para Tris, que se está com a blusa rasgada, os cabelos para o alto e uma expressão derrotada. Mas ainda minha Tris. A abraço forte.

— Ai, ai, sai! — ela geme, e então olha para a camisa rasgada.

Quando me concentro em sua barriga, vejo que está inchada e meio roxa.

— Eles me bateram — ela diz, arfando em meio as palavras —, para eu não conseguir abrir a porta.

— Onde está Nita? — Sarah não perde tempo.

— Longe daqui, acredito — Tris responde, se apoiando em mim. — Ela sabia que vocês viriam, ela mandou um recado, algo sobre a pessoa que nos rastreou já saber há muito tempo onde estávamos... Mas que não viveríamos tempo suficiente para dar o troco, ou algo do tipo.

— Matthew! — Christina dá um tapa da parede, com raiva.

— Como assim ele...? — fico confuso. Sem chances de Matthew ser um informante de Nita, ou será que é possível?

Não tenho tempo para pensar sobre isso, Trevor e Caleb sobem as escadas gritando.

— Tobias! Christina!

— Estamos aqui — Christina grita de volta e eles nos encontram.

Caleb olha estarrecido para Tris, mas Trevor não perde tempo.

— Nós achamos...

— Liv? — me permito ficar esperançoso.

— Não, achamos outra coisa, venham conosco, rápido.

Ajudo Tris a andar, mas ela está sem fôlego e com dor, então a pego em meu colo e, mesmo gemendo, ela me agradece.

Descemos as escadas até o quarto andar, e vamos para uma sala onde Cara está ajoelhada de costas para nós.

— O que é isso? — pergunto.

— Uma bomba — Cara responde, ainda de costas.

Aproximamo-nos e Cara está segurando dois fios unidos que saem de um dispositivo com um relógio marcando, congelado, um minuto.

— Quando chegamos aqui, tentei parar a bomba, mas o relógio estava correndo e, bom, esse tipo de bomba pode estar em vários lugares do prédio, controlada por essa aqui, se eu deixasse correr o relógio, não daria tempo de sairmos.

— E você é capaz de desarmar? — Sarah pergunta.

— Tecnicamente está desarmada...

— E...? — Christina indaga.

— No momento em que eu soltar os fios ela explode.

O ar parece mais gelado agora. Todos estão congelados em seus lugares.

— Desculpem — Cara diz —, foi o único jeito que conheço de congelar o relógio. Pelo menos cinco de nós poderão sair, e isso é mais do que eu esperava, sinceramente.

— E Liv? — pergunto. — Não podemos deixá-la.

— Vasculhamos esse prédio inteiro, ela não está aqui.

— Ela precisa estar... — digo, desesperando-me.

— Nita deu um tiro na perna dela — Tris diz fracamente —, ela não pode ter fugido.

— Sabe para onde ela levou Liv? — Sarah indaga.

— Terceiro ou quarto andar, talvez, estávamos com sacos na cabeça quando nos trouxeram.

— Nós olhamos o terceiro inteiro — Christina diz com frustração.

— E nós o quarto — Trevor fala.

— Precisam ir embora — Cara diz, corajosamente.

— Nem pensar — protesto —, não vou te deixar para morrer.

— E vai fazer o quê? Ficar para morrer comigo? Uma morte é menos pior que duas, faça as contas, prefeito. Conseguiu recuperar sua esperança, Quatro — ela olha para Tris —, não pode permitir que Chicago perca a sua.

— Você é Cara, certo? Irmã do Will? — Tris pergunta a ela.

— Sou.

Tris então se volta para mim:

— Não me esqueci de tudo o que você me contou, e acredito que seja verdade. Matei o irmão dela, e vocês vieram aqui me salvar. Não quero ser a responsável pela morte de mais ninguém da família de Will. Não deixe ela morrer, por favor.

Ela diz isso de forma tão frágil que não a reconheço por alguns segundos, e, apesar de odiar isso, sinto uma pena muito grande dela.

— Ela não vai morrer — Caleb se pronuncia.

— Como? — Cara olha para ele.

— Tudo isso está acontecendo porque um dia você — ele olha nos olhos de Tris —, me amou demais e foi encontrar a morte no meu lugar. Se eu tivesse morrido, as coisas teriam sido diferentes. Deixe que eu faça a coisa certa dessa vez. Talvez assim eu seja digno do seu perdão.

— Eu... — Tris hesita — não lembro se o perdoei, mas se ofereci minha vida pela sua, o amava muito, não pode fazer isso.

— Eu preciso — ele diz, agora triste.

— Deve ter outro jeito — Trevor diz —, apoiar os fios em alguma coisa...

— Qualquer pressão excessiva nos fios pode causar a explosão, deixar eles folgados pode causar a explosão. É preciso de controle humano — Cara explica.

— Já tomei minha decisão — pela primeira vez, desde que conheço Caleb, ele parece não ser o garoto covarde, mas um homem crescido, que ama a irmã na mesma medida que ela o ama, como ele nunca fez. — Só precisa falar com você antes.

Tris desce do meu colo e sai da sala com Caleb, e eles conversam por um bom tempo. Tempo demais, a propósito. Depois de quase uma hora, eles voltam para dentro.

— Venha aqui, Caleb — Cara chama. — Primeiro, muito obrigada, não está morrendo apenas por Tris. Pegue com cuidado, não aperte muito os fios, e deixe-os bem juntos.

É um momento apreensivo quando Caleb pega o fio, mas ele parece seguro. Ele passa para onde Cara estava sem que nós tenhamos explodido.

Cara parece triste, mas muito aliviada.

— Meia hora depois que sairmos daqui você pode largar o fio — Cara instrui —, mas tente, por favor, outra alternativa, você é inteligente, e não tem nada a perder.

— Tentarei — ele promete.

— Obrigado, Caleb, não vamos nos esquecer disso.

Ele apenas balança a cabeça, em concordância, e assim faz quando todos se despedem.

Pego Tris no colo novamente e vamos até o caminhão novamente, só que em silêncio. Ela fica comigo na frente, e agora Sarah é quem dirige.

Quarenta minutos depois, no silêncio fúnebre da viagem, depois de Tris ter acordado e cochilado várias vezes, Christina chama nossa atenção.

— Olhem — viro para trás e seus olhos estão fixos na fumaça preta que sobe muitos e muitos quilômetros atrás de nós.

Caleb está morto.

***

Quando chegamos à cidade e saímos do caminhão, muitos soldados vêm nos recepcionar, parabenizando-se entre si.

— Nós ganhamos, prefeito! Ganhamos! — um deles grita.

Eles parecem muito felizes, sem nem ligar para o fato de eu estar chegando na cidade depois que uma luta acabou de acontecer. Só estão felizes pelo fato de estarem vivos.

— Mais fumaça — Tris aponta, e vejo um prédio em chamas.

Abaixo a cabeça, e apenas Tris vê as lágrimas que escorrem. A antiga sede da Audácia está pegando fogo.

Tris seca a lágrima, compreensiva, ela também sabe, mesmo que não se lembre, a importância daquele lugar para nós.

— Nunca seria nossa casa novamente, de qualquer jeito. O passado sempre vira pó.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Espero que tenham gostado! Se sim, se não, deixem o review que ficarei muito feliz em responder, falo com vocês lá!
Xoxo



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