P.O.V. Emma Swan

Quando acordei já estava de noite e a luz do luar iluminava a parede do meu quarto. Eu ainda estava em choque com tudo o que tinha acontecido nas últimas doze horas, por isso resolvi tomar um banho para relaxar. Ao entrar no banheiro me olhei no espelho, notei que meus olhos estavam avermelhados e que tinha uma mancha de sangue de Graham na minha mão.

Enchi a banheira e lentamente entrei nela, sentindo cada parte do meu corpo ser anestesiada à medida que entrava em contato com a água quente. Encostei a cabeça na borda, fechei meus olhos e controlei a minha respiração, eu precisava pensar e para isso tinha que ficar calma. Depois de alguns minutos meditando, consegui colocar meus pensamentos em ordem.

Graham estava morto. Meu melhor amigo tinha ido embora e eu não pude me despedir. A culpa estava me corroendo por dentro, afinal ele tinha me ligado antes da tragédia e eu não atendi, eu podia ter salvado ele, eu podia ter evitado a sua morte. Nesse momento lágrimas escorriam pelo meu rosto. Lágrimas carregadas de dor, culpa e arrependimento que eu segurei durante quase todo o dia.

Depois de mais alguns minutos de reflexão, coloquei meu roupão e sentei em minha cama. Olhei para a janela e consegui ver as luzes que iluminavam as docas. Uma imensa tristeza tomou conta do meu coração e a única coisa que consegui pensar foi “eu vou achar o filho da mãe que matou o meu amigo”. Essa frase ficou se repetindo em minha mente por vários minutos, até que acordei para realidade e notei que já estava tarde, então coloquei um pijama, fiz uma trança no cabelo e deitei-me na cama. Ao fechar os olhos um filme de meus momentos com Graham passou em minha mente.

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Acordei e olhei para a janela, o dia estava nublado, provavelmente também estava de luto. Diferente dos outros dias, em que rolava para o outro lado da cama e dormia por mais “cinco minutinhos”, me levantei eu fui em direção ao banheiro. Entrei na banheira e fechei os olhos com o objetivo de esvaziar a minha mente. Fiquei assim por dez minutos, dez minutos de puro silêncio e escuridão na minha mente.

Vesti meu roupão e penteei meu cabelo enquanto ia em direção ao quarto. Depois disso abri o meu armário à procura de uma roupa, revirei algumas gavetas até que achei o que precisava. Olhei-me no espelho, estava com uma calça e botas pretas, uma blusa sem manga cinza e um sobretudo preto com detalhes metálicos. Usei o mínimo possível de maquiagem, afinal o funeral de Graham era tudo menos uma festa. Antes de sair de casa peguei meu celular, um guarda chuva e fiz um coque desajeitado, que com certeza iria desmanchar depois de um pouco de vento.

Estava abrindo a porta do meu carro quando escutei Killian me chamando, ele estava encostado no seu carro, com um conjunto de calça, sapatos e casaco pretos. Não que eu quisesse evitá-lo, mas eu realmente não estava planejando ter um acompanhante. Balancei as chaves mostrando que iria dirigir, porém ele me chamou novamente, estava um pouco impaciente, mas mesmo assim andei em sua direção.

– Bom dia – ele disse um pouco sério.
– Não tão bom assim – disse abaixando a cabeça.
– É – disse um pouco incomodado – bom, é que eu queria saber se você quer carona – disse coçando a cabeça.
– Não precisa – diss com um sorriso fraco – eu vou demorar lá.
– Mas não tem problema, eu espero o tempo que for necessário.
– Tem certeza?
– Sim – disse com um pequeno sorriso.
– Obrigada – disse sorrindo um pouco.
– Disponha – disse segurando o sorriso.

Estávamos indo em direção ao carro quando voltei e andei até o canteiro de flores, peguei um lírio branco e voltei para o carro, notei que todos os meus movimentos eram acompanhados pelo olhar e o tímido sorriso de Killian. O caminho até o cemitério foi feito em silêncio, onde era possível escutar nossas respirações, ambas pesadas.

O cemitério estava cheio, praticamente todos de Storybrooke estavam presentes para prestar uma homenagem. Várias pessoas falaram sobre Graham, como ele era gentil, atencioso e amigo de todos. Quando chegou a minha vez, minhas pernas paralisaram e o medo tomou conta de mim. Minha amizade com Graham era conhecida por todos, isso eu já sabia, mas mesmo assim era muito íntima, nós tínhamos nossas manias e segredos que ninguém mais sabia. Killian percebeu que eu não me movi quando chamaram o meu nome, então tomou uma providência.

– Hey, está tudo bem – disse colocando a mão em meus ombros – você consegue – disse baixo.

Sorri para ele, respirei fundo e andei em direção à lápide. Meus movimentos eram acompanhados por todos que estavam presentes, o que me deixou ainda mais nervosa. Parei em frente à homenagem, olhei para todos e contei sobre a minha amizade com Graham.

– Bom, a maioria aqui já sabe que Graham era o meu melhor amigo. Ele era a pessoa que eu podia contar sempre, não importava a hora ou o lugar – senti um aperto no coração, afinal eu não tinha feito o mesmo por ele – ele era uma das pessoas mais importantes da minha vida, era mais que um amigo – passei a mão na lápide – era um irmão, e tudo o que eu desejo agora é que ele descanse em paz – algumas lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.

Meu discurso foi recebido com uma salva de palmas e lágrimas das pessoas. Depois disso cada uma delas colocou uma flor sobre a terra e disse palavras de paz na mente. Depois de alguns minutos todos já haviam ido embora, porém eu e Jones ficamos mais um pouco, afinal eu queria me despedir pessoalmente do meu amigo.

Entreguei meu guarda chuva para Killian e andei novamente em direção à lápide. Ajoelhei-me na terra úmida e coloquei o lírio no lugar onde estaria o seu coração. “Eu sinto muito Graham, sinto muito por não ter te ajudado quando você precisava. Eu sinto muito, se eu pudesse voltar no tempo, eu voltaria.” Lágrimas escorriam pelo meu rosto e pingavam na terra, uma chuva fina começou a cair, mas eu não liguei para a minha roupa ou meu cabelo molhado. “Eu prometo que vou encontrar quem fez isso com você.”

Depois de alguns minutos senti as mãos de Jones no meu ombro. Virei-me para ele e me permiti ser levantada, afinal eu estava muito fraca emocionalmente para fazer qualquer coisa. Senti as mãos de Killian apertarem a minha cintura, enquanto que eu colocava meus braços em volta do seu pescoço e encostava a cabeça em seu peito. Killian passava as mãos em meus cabelos, que já estavam molhados embora eu não ligasse. Ficamos assim por longos minutos, afinal nós não ligávamos com os pingos de água em nossos rostos.

Killian colocou o braço em meu ombro, sendo que beijava a minha testa e dizia que “tudo ia ficar bem” quando percebia que eu estava prestes a chorar de novo. O caminho até a delegacia foi calmo e silencioso, sendo que quando Jones estacionou o carro, olhou em meus olhos.

– Hey, vai ficar tudo bem – disse olhando diretamente para mim – eu prometo – apertou um pouco a minha mão.
– Eu sei – sorri fraco – mas agora eu preciso encontrar quem fez isso – disse abrindo a porta e pegando o guarda chuva.
– Boa sorte – disse sorrindo um pouco.

Entrei na delegacia e comecei a olhar todas as fichas de pessoas que já haviam cometido assassinato ou estavam envolvidas no ramo das drogas. Aquilo iria durar longos dias, mas eu havia cometido um erro com Graham, então precisava ao menos consertá-lo.