Just One More Day escrita por Ana Viollet


Capítulo 12
Capítulo XI - Contato




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Semanas se passaram e já era noite quando Sasuke chegou pela última vez no quarto da rosada. Segurava, em apenas uma das mãos, um pequeno pote de porcelana com meia dúzia de morangos dentro, a fruta preferida dela.

Conversar antes de dormir já havia se tornado um hábito para os dois. Quase toda noite, sentavam-se a cama e passavam horas a trocar experiências da faculdade, falar do tempo em que estiveram fora, dos pacientes que já atenderam, entre vários outros assuntos. Risadas e brincadeiras eram bem frequentes, o que denotava ainda mais uma proximidade que só crescia a cada dia entre os dois.

Por alguns momentos, eles esqueciam das inúmeras preocupações que os rondavam. Infelizmente, a parte do "Boa noite", a despedida, era a mais complicada, por mais que apenas uma fina parede dividisse os dois pelo resto da noite.

Nesse dia, o moreno havia ficado o dia no quarto dela, junto de sua paciente, mas sem poder dar a total atenção que ela desejava. Ficara ao computador, enquanto a bela jovem ao seu lado trocava mensagens com uma antiga conhecida com seu mais recente recuperado celular. Sasuke estava cuidando dos assuntos do hospital, pois, em breve, estaria voltando para o trabalho habitual. Não poderia passar tanto tempo afastado do trabalho, não fazia bem nem para a sua própria saúde mental, mas o simples pensamento de estar longe de Sakura mesmo que por um segundo, causava uma pontada nada agradável em seu peito. Não queria deixá-la ir.

"Você se lembrou... Meus morangos!" Sakura gritou em surpresa, com um belo sorriso em seu rosto. Sua saúde estava inacreditável em comparação ao estado em que entrou naquele hospital há quase um mês e meio atrás. Seu peso estava quase atingido o IMC adequado e a comida não era tida mais como uma vilã, pelo menos não tanto.

"Como eu poderia esquecer?" Sasuke sorriu de volta, entregando-a o pote e roubando um dos morangos para finalmente colocá-lo em sua boca. Recebeu um olhar infantil de Sakura denotando raiva de ter roubado um de seus preciosos, o que o fez rir mais uma vez. "Sabe por que eu prefiro tomates a qualquer outra fruta, Sakura?"

"Você nunca gostou de coisas adocicadas demais. Não é à toa que ama morangos também..." Explicou Sakura, com um ligeiro sorriso no rosto.

"Morangos tem um gosto muito bom." Falou Sasuke enquanto pousava seu dedão em seu lábio inferior, apreciando a temperatura deixada pela fruta. Sakura observava o leve gesto com atenção, e, por um segundo, imaginou os lábios do homem a sua frente nos seus. Repreendeu-se, e desviou o olhar, mal sabendo que ele pensara o mesmo.

"Sim, eles têm..." Ela completou.

Sasuke deu meia volta no quarto e sentou-se na cama, junto a Sakura. Ela, que comia um dos últimos morangos, endireitou-se na cama. Sabia que ele queria a sua atenção, e provavelmente para algo importante.

"Sua saúde melhorou muito, Sakura. " O moreno iniciou sua fala com um tom triste em sua voz, por mais que estivesse mais que feliz de ela ter melhorado durante todos esses dias em que ela esteve internada.

Infelizmente, ele iria falar da mais temida despedida em seguida, e isso estragava todo o ânimo restante no moreno. Assunto que tanto os chateava, mas que teria de ser tocado em algum ponto. " Você poderá ir para casa em alguns dias... E é meu dever saber se você está bem. Você entende, não é?" Tocou-a de leve na mão, preocupado, apenas observando a reação da menina. Ela confirmou, entrelaçando os dedos com o dele.

"Sim, eu estou." Brincou com os dedos. "Nunca estive tão bem..." Um sorriso marcou a pausa de uma declaração ainda mais verdadeira. "Sentirei sua falta."

"Eu também, muito."

"Você sabe o bem que você fez a mim? Eu nunca vou poder agradecer, Sasuke-kun. Eu estava perdida... "

"Você é a pessoa mais linda que eu já tive a chance de conhecer em toda minha vida, Sakura, tanto por dentro quanto por fora" O tom rosa tão familiar chegou novamente às bochechas da paciente, aquecendo-as em uma temperatura minimamente maior. Olhou para baixo, um pouco envergonhada, mas emocionada acima de tudo. Ela sentiu pela primeira vez em anos o carinho, o real carinho de alguém por ela.

"Você estava se machucando, Sakura. Eu não podia deixar você fazer isso a si mesma, você me machucava também, muito. " Sentiu sua voz ficar um tanto embargada. As emoções estavam vindo à tona. "O que eu mais quero é que você esteja bem, feliz..."

"Eu sou feliz quando estou com você, Sasuke. " Declarou a paciente, com lágrimas já chegando aos seus olhos.

O silêncio pairou por alguns segundos, enquanto o olhar de cada um era apenas focado no outro. O clima entre eles dois era inquebrável, inabalável e até mesmo tangível. Eram declarações sobre declarações que só podiam revelar um desejo imenso vindo de ambos. Não apenas desejo, e sim, o sentimento mais puro do ser humano: o amor.

As mãos que antes estavam entrelaçadas se posicionavam no corpo um do outro. Sasuke tocou levemente o rosto de seu anjo, em reação ao toque ela fechou os olhos com o contato tão desejado internamente. E, almejando por um contato ainda maior, Sakura levou ambas as mãos até o pescoço do médico, puxando-o para mais perto. Passou a correr suas medianas unhas por toda sua extensão, até chegar aos fios morenos do Uchiha à sua frente, o que causou arrepios perceptíveis pela garota. A temperatura no corpo dos dois já não era a mesma, assim como o controle, que se encontrava totalmente disperso diante atmosfera do quarto.

Olhos fechados, arrepios correndo pelo corpo, pouquíssimos centímetros de distância...

Até que o maldito celular tocou.

A som monótono e repetitivo emitido pelo celular ecoou pelo quarto, distraindo os dois presentes e os retirando imediatamente do momento em que estavam tão bem envolvidos. Sasuke logo percebeu que era o seu celular que estava tocando e soltou um inaudível 'merda' pelo imprevisto.

"Com licença..."

Ele se levantou da cama e foi até a varanda para atender o celular, um tanto constrangido. Àquele ponto, iria perder a paciência com qualquer um que estivesse por trás do telefonema, mas era uma ligação do hospital, um contato até então desconhecido.

"Uchiha."

"D. Uchiha, teremos uma alteração no caso da Haruno." Reconheceu a voz, era o seu superior.

"O quê? Mas, senhor, só falta praticamente uma semana e meia para ela ter alta."

"Foi solicitado com prioridade. Eu tinha que informá-lo, Sasuke. Além da Senhorita Tsunade, que deve estar fazendo visitas mais frequentes à menina nessa semana, teremos também um psiquiatra no caso."

"Espere, quem fez a solicitação, senhor?"

"Kizashi e Mebuki Haruno, os pais dela."

"Ela é maior de idade, pelo amor de Deus." Sasuke começou a demonstrar os sinais de impaciência, mas se conteve. Não queria desrespeitar seu diretor por algo que ele nem era culpado.

"Foram ordens, Sasuke, apenas as siga. Alguns remédios não matarão a menina." Repensou ligeiramente sobre desrespeitá-lo.

"Ela não precisa de remédios, senhor, eu mesmo tenho cuidado de todas as suas necessidades. Eu sou totalmente capaz de detectar qualquer indicio de um novo transtorno ou a volta do antigo."

"Mas não de tratá-lo, Sasuke, não seja teimoso. O apoio psiquiátrico nessa reta final pode ser decisivo para a melhor eficácia no tratamento da Haruno. Tsunade já me informou da melhora significativa dela, mas nem tudo é físico. Precisamos tratar do psicológico também, no caso, o psiquiátrico. Seu CID (Código Internacional de Doenças) já se modificou diversas vezes. Depressão, transtornos alimentares, síndrome do pânico.... Essa menina é quase uma bomba!"

"Desculpe-me, senhor, mas ela não é assim, não mais. Eu a conheço muito bem, e sei quando ela não está saudável. Eu a conheço a tempo suficiente..."

"Sem mais, Sasuke. Não se deixe enganar por seus sentimentos. O doutor estará aí pela manhã para a primeira consulta, esteja preparado. " E então desligou.

A cabeça do moreno passou a doer quase que imediatamente, e então repousou uma das mãos sobre ela. Uma forte dor de cabeça e mais uma preocupação em sua mente se estalavam. O que havia começado como um dia agradável na companhia de Sakura, terminou com uma notícia nada agradável vinda de seu superior.

Uma sensação ruim, que chegou de forma sorrateira e tornou-se sufocante em poucos segundos, era o que mais preocupava Sasuke. Ele podia sentir esse tipo de coisa, quando algo está errado, prestes a desmoronar. Ele não queria, não mais uma vez, não quando as coisas estavam tão bem. Não com ela...


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Notas finais do capítulo

Olá, leitores ❤

Como prometido, mais um novo capítulo para vocês. Quero agradecer a paciência e o carinho de muitos que acompanham "Just One More Day', seja àqueles que votam e comentam em todo capítulo, demonstrando suas opiniões e até mesmo conversando comigo sobre a história ou simplesmente o leitor que acompanha, que lê. A ambos eu só tenho a agradecer, de verdade. Eu consegui compartilhar minha história e ter um resultado positivo de vocês, então muito obrigada!

Espero que tenham gostado e até o próximo sábado.

Beijos, Ana.