Soluço, o líder de Berk: A guerra pela paz escrita por Temperana


Capítulo 26
Parte 1: A guerra


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo com divisão. Vocês estão preparados para saber o que estava por trás das palavras da Ancião?? O que é realmente esse frio???? Pois é amores, as coisas estão mais próximas agora...
Até as notas finais...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/550767/chapter/26

Eu dormi muito bem naquela noite. A noite que antecedeu os combates. A noite que antecedeu a chegada do inimigo. Aquela noite...

Era como se o meu corpo soubesse que eu devia descansar e me preparar para o que viria no dia seguinte. De minha parte e do Banguela, descansamos o que devíamos descansar. Dormimos como dois anjinhos (que meigo, não?).

Levantei-me bem cedo naquela manhã. A primeira coisa que vi foi o livro que a Astrid me deu em cima da minha mesa. Ela dizendo que não escreve bem... É claro que escreve bem, ela fez-me relembrar de tudo, cada momento, cada palavra. Tudo...

Eu peguei o livro em minhas mãos, mas não li nenhum capítulo naquela manhã. Queria lê-los todos com a Astrid e realmente completei-o com a Astrid. Guardei o livro na gaveta da mesinha ao lado da minha cama e vi a caixinha das nossas alianças. Peguei-as e abri. Tão delicadas, mas tão fortes. Prometi a mim mesmo que ganharíamos essa guerra por nós dois.

Eu já ia descer para tomar o meu café. Mas primeiro parei para escutar os barulhos de Berk. Aparentemente estava tudo calmo, mas sinceramente eu sentia que algo estava errado. Para começar, um vento frio vinha de todos os cantos do meu quarto. Isso não é o normal de Berk, temos três meses sem um frio congelante e teríamos mais um mês desse “calorzinho”.

Ninguém tinha acordado ainda na minha casa e o silêncio era assustador. Banguela já havia acordado e me olhava em dúvida. Eu olhei para ele e aquilo me fez ficar mais preocupado.

Eu desci as escadas quase correndo de tanta pressa e nervosismo. Alguma coisa estava errada. Eu abri a porta num salto e o que eu vi me deixou de boca aberta.

Levaram a sério o que eu disse sobre escondida no frio. Berk estava completamente congelada, embaixo da neve. Aquele frio não era normal e eu repetia isso em minha mente o tempo todo. As palavras da Anciã ecoaram na minha mente:

O Futuro é frio, Soluço. Você pode usá-lo a seu favor ou não.

Mas como manusear o frio? Como usá-lo ao meu favor? Eu havia treinado os berkianos. Nós todos havíamos treinado, o que poderíamos fazer quanto àquela neve anormal? Somente mais tarde eu entenderia o significado dessas palavras. O que era o frio de verdade. Mas naquele momento só sentia algo se aproximando e esse algo tinha um nome. E nós precisávamos agir logo.

–Oh não! – ouvi uma voz atrás de mim. Era a voz preocupada de Valka.

–Bom Dia mãe, dormiu bem? – falei o mais calmo possível.

–Você tinha razão Soluço. A guerra, o frio e...

–Não devemos pensar se eu tinha razão ou não agora. Temos que agir. Vou reunir os pilotos e patrulhar os limites da ilha. Leve os mais velhos e as crianças para o Grande Salão onde é mais quente e peça para os outros ficarem em alerta – ela assentiu. – Eu posso te dar uma carona até o estábulo para pegar o Pula Nuvem.

–Está certo, vamos logo.

O Banguela desceu apressado e eu lhe dei seus peixes da manhã.

–Vamos lá amigo? – ele animou-se com os peixes. – A coisa está um pouco feia. Temos que pegar minhas coisas na Academia.

Nós saímos de casa e eu e minha mãe montamos em Banguela. Deixamos ela no estábulo e fomos para a Academia (ou melhor, voamos, literalmente). Um detalhe, eu havia dormido de armadura, acho que isso adiantou um pouco as coisas (comentário desnecessário, eu sei).

Entrei na minha sala e peguei minha espada flamejante da minha mesa, colocando-a no seu lugar em minha armadura. Peguei meu antigo escudo e coloquei-o nas costas (ele tinha uma espécie de alça para pendurar nas costas). Peguei a minha espada e coloquei-a no meu cinto. É eu parecia que iria para guerra. E infelizmente eu estava indo.

–Muito bem amigo, eu acho que isso é tudo que eu preciso – eu pensei mais um pouco e então me lembrei do principal. – Ah, já ia esquecendo!

Fui até o outro lado da sala onde ficavam os meus lemes da cauda do Banguela que já havia projetado e peguei uma das próteses que era de um tecido de cor azul escura. Voltei e mostrei-o para Banguela que o cheirou.

–Sei que você não vai querer usá-la. Essa cauda é totalmente automática e você não gosta. Mas é só para agora amigo, só para essa guerra. Ela é mais leve, vai deixá-lo ainda mais rápido e também é feita de um tecido totalmente a prova de fogo, que foi muito difícil de o comerciante Johann achar para mim. É só para essa guerra amigo. Talvez a gente precise disso, nós nunca poderemos saber. Eu quero que você se salve se tiver a oportunidade.

Ele relutou muito para eu colocar a cauda nele. Mas se deu por vencido e permitiu que eu trocasse o seu leme postiço. O novo se abriu no momento que encaixei, e seguia os movimentos do outro. Ele me deu um leve empurrão e eu caí sentado no chão. Ele então fechou os olhos e deitou-se no meu colo, ronronando.

–Vai ficar tudo bem amigo – eu falei o acariciando. – Não vou permitir que nada aconteça contigo. É eu sei que da última vez que disse isso, não deu muito certo. Mas você confia em mim amigo? – ele abriu os olhos totalmente dilatados e pareceu concordar. – Eu também confio em você. Vai dar tudo certo. Agora você é um dragão totalmente a prova de fogo. E ficará tudo bem comigo também.

Nós levantamos do chão da minha sala e saímos para a Arena. Astrid acabava de entrar na Academia.

–Bom Dia Soluço. Está pegando seu escudo também? – ela perguntou descontraída.

–Ah, Bom dia. Já ia mesmo falar contigo. Dormiu bem essa noite? A nossa naturalidade com essa neve é comovente – ela riu.

–Fazer o que se ironizamos tudo? Mas também queria falar contigo. Eu dormi maravilhosamente bem, já que quer saber. Só não gostei de acordar e ter neve na minha porta, isso não parece aconchegante. Eu sabia que te veria aqui buscando suas armas. E eu também vim buscar o meu escudo.

–É também não achei confortante essa neve. Na verdade eu estou desconfiado dessa neve toda de repente, Astrid. Parece até que alguém causou isso, sei lá.

–Como alguém poderia fazer isso Soluço?

–Eu não tenho certeza... Mas você lembra-se do que a Anciã disse? Que o frio podia ser o nosso aliado ou não?

–Claro que lembro.

–Então, é disso que estou falando. Não se pode aliar-se ao tempo, ao clima, é algo da natureza. Mas e se for algo que não é natural? Eu pensei que tivéssemos que treinar no frio. Isso pode ser útil para nós vikings. Mas não tenho mais tanta certeza de que isso era o que a Anciã queria dizer.

–Primeiro: Pare de balançar os braços, você está muito nervoso, acalme-se.

–Muito engraçada – eu falei ironicamente colocando as mãos na cintura. Ela riu.

–Segundo: o que você acha que podemos fazer então?

–Que tal me seguir? – Eric disse, entrando na Academia,

–Eric, Bom Dia para você também – eu disse. Por que não me surpreendeu ele ter aparecido? Ele sempre aparecia quando eu precisasse de um conselho. – Você descobriu algo que pode nos ajudar algo sobre essa neve?

–Sim, descobri algo que pode ser realmente o seu aliado. Por favor, chame a Valka, ela vai ajudar muito.

–Está bem, ela deve estar no Grande Salão. Vamos juntos para lá e...

–Não! Apenas encontrem-me na praia.

Nós não discutimos, porque não iria adiantar mesmo. E nem perguntamos o que a minha mãe tinha a ver com isso. Ele foi embora e eu e a Astrid fomos para o Grande Salão. E chegando lá chamei eu minha mãe.

–Pega o Pula Nuvem e vem com a gente. Não se preocupe que o Bocão cuidará de tudo e de todos para a gente.

–Mas espera Soluço, o que houve? – ela perguntou confusa.

–Apenas venha mãe, por favor.

–Valka, é importante que você venha agora, depois explicaremos – a Astrid disse calmamente.

Ela ficou desconfiadíssima, mas chamou Pula Nuvem que estava ao lado do Grande Salão. Nós fomos indo para a praia. Inicialmente não vimos ninguém, mas então Eric saiu das árvores com o seu dragão, um Pesadelo Monstruoso com cores em tom de laranja. Ele veio até nós.

–Eric – eu falei. – Está é a minha mãe Valka – bom, para mim eles já a conhecia, já que mandou chamá-la. Eric era um completo mistério. – Mãe, esse é Eric, um amigo.

–Prazer em conhecê-la Valka – ele disse. Infelizmente não dava para ver se ele estava sorrindo ou não, já que tinha o rosto tampado.

–Bom, vamos lá Eric. Mostre-nos o que achou – eu disse.

Voamos em direção ao norte da ilha. Enquanto voávamos, eu olhava para todos os lados e via algumas estavas de gelo. Eu reconhecia aquilo. E não me trazia boas lembranças.

Uma fumaça branca e muito fria avançou em nossa direção enquanto nós avançávamos para o norte. Banguela rugiu irritado e Tempestade, Pula Nuvem e o dragão de Eric pareceram querer recuar.

–Calma amigo – eu disse à Banguela. – Vamos continuar.

Avançamos ainda mais fundo na névoa branca. Vimos o que parecia uma pedra enorme, mas então a figura apareceu mais nitidamente. Na mesma hora os dragões pararam de avançar e ficamos voando no mesmo lugar. E de repente as palavras da Anciã fizeram todos os sentidos. E também descobri o porquê de Eric ter chamado a minha mãe.

Era a Besta Implacável. Era o ex-dragão Alpha, aquele que controlara o Banguela. Ele é quem estava causando o frio em Berk. Ele que produziu a névoa branca.

Drago acreditou que isso poderia nos enfraquecer. O frio fora de época combinado a um ataque desse dragão. Mas nós podemos treinar dragões. Nós podemos ter dragões como aliados.

O futuro é frio, Soluço. Você pode usá-lo a seu favor ou não.

–Sabia que algo estava errado – eu murmurei. Banguela começou a ficar azul e rugiu para que a Besta Implacável, por ter sido um ex-Alpha e ainda poderia ter certo poder sobre os dragões, não controlasse a Tempestade, o Pula Nuvem e o dragão de Eric. Porém a Besta Implacável não parecia interessado nos outros. Apenas olhava para nós dois.

–Como ele era o Alpha, pôde bloquear o Banguela para que não sentisse sua presença. Deve estar aqui há muito tempo. Deve ter chegado de noite e durante o dia se escondia na água – Eric mostrou seu raciocínio.

–Ele não faz questão de esconder-se agora – eu falei concentrando-me no olhar da Besta Implacável. – Podemos treiná-lo, sei que podemos. – eu disse seriamente.

–Eu posso tentar Soluço – minha mãe disse. Eu orgulhei-me por ter sido tão corajosa em sua vida.

–Sei que pode – eu virei-me para ela. – Mas tome cuidado, por favor.

Minha mãe vivera vinte anos com o antigo Alpha. Ela saberia o que fazer, eu pensei. Mas não era exatamente isso que aconteceria...

Ela avançou na névoa e ficou frente a frente com o dragão. Ela pegou seu bastão e girou-o em cima de sua cabeça, silenciosamente, e o bastão acendeu-se algumas vezes. Ela começou a falar calmamente.

–Sou sua amiga. Sei que não tem a alma má e por isso estou aqui. Deixe-nos ajudá-lo – o dragão rugiu um pouco e Pula Nuvem recuou. O Banguela encorajou-o a permanecer firme. Até o Banguela sabia que a Besta Implacável não era o monstro que parecia. – Não vamos machucá-lo, nós vivemos em paz com vocês. Eu sei que sabe o lado certo – o dragão mexia a cabeça freneticamente e ficou muito inquieto. Muito bem não deu certo.

–Saia mãe – eu gritei para ela e eu e o Banguela avançamos. Eu tentaria outra coisa.

Eu senti que enquanto a Besta Implacável me encarava, algo me vasculhava por dentro. Alguns dragões tem o poder de hipnotizar os homens, eu já havia ouvido falar disso, mas nunca havia sentido isso. E estava na minha frente um dragão que podia fazer isso. E sei que ele havia visto que eu não era como o Drago. E eu vi que ele havia sofrido.

–Espera Soluço – minha mãe tentou argumentar.

–Deixe-o ir Valka. Ele sabe o que faz e o que pode fazer – Eric disse.

–Nós confiamos nele. Não é atoa que ele é o melhor treinador de dragões – a Astrid disse firmemente. Agradeci a eles mentalmente. Minha mãe assentiu e recuou até os dois.

–Chame a atenção dele Banguela – eu falei.

O Banguela rugiu e o dragão olhou para nós. Nenhum dragão resiste ao chamando de um Alpha. Drago nos disse uma vez isso, mas a nossas intensões eram outras agora. Podia ter acrescentado que Bestas Implacáveis podem hipnotizar pessoas.

E naquele momento eu entendi mais algumas coisas. O Drago não deixou a Besta Implacável aqui só por que queria nos enfraquecer. Era por que não podia mais controlá-lo. O que Drago fazia não surtia mais efeito nele. E talvez ele tenha tentado hipnotizar Drago. Ele então transferiu o problema para a nossa ilha. Mas acho que não deu muito certo.

Eu peguei a minha espada flamejante e ativei-a. O fogo às vezes acalma os dragões.

–Nós somos amigos, viemos te ajudar a ser o bom dragão que sempre foi – eu comecei a dizer.

Eu agitei a espada flamejante e então estiquei a minha mão esquerda e desliguei a arma. Nós aproximamo-nos mais do dragão.

–Eu sou Soluço. Eu sou um treinador de dragões. Mas acho que você já me conhece já que vasculhou a minha alma. Eu sei dos seus poderes hipnotizantes e então agora sei por que as Bestas Implacáveis eram dragões Alpha. Mas agora o Banguela é o Alpha, o único Fúria da Noite. Isso aconteceu porque que você estava sendo controlado pelo Drago. Mas eu não sou como ele e creio que você já sabe disso também. Nós treinamos os dragões para viver em paz com eles. Sei que você foi usado pelo Drago, assim como o Banguela foi uma vez. Mas você pode confiar em mim – os olhos dele dilatavam e comprimiam, dilatavam e comprimiam. – A culpa não é sua, por nada que houve aqui em Berk ou em qualquer outro lugar. A culpa não é sua pelo que aconteceu conosco. Não foi você que controlou o Banguela. A culpa é do Drago era ele que controlava os dragões. E se você nos ajudar, poderemos te ajudar também. Eu já perdoei você. Sei que precisa desse perdão.

Eu finalmente encostei a minha mão em sua pele gelada e seus olhos ficaram totalmente dilatados. O perdão muda sempre as coisas...

–Ajude-nos a derrubar o Drago Nevasca.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram do Nevasca?? Gostaram do capítulo?? Curiosos para o próximo??
Muito obrigada pelos reviews eles me deixam com uma felicidade enorme!! Vou respondê-los agora... Talvez mais tarde eu poste o próximo, se não só amanhã.
Um beijo enorme para vocês, e até o próximo capítulo...
Temp