A Seleção - Interativa escrita por Lady Ann


Capítulo 8
Adeus Casa


Notas iniciais do capítulo

Julieta Alewis. Victória Audrey. Amelie Vennuti.



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Julieta Alewis

O espelho à minha frente só fazia-me lembrar mais e mais de Jessica. Ela era tão nova para morrer... Eu era tão nova para perdê-la... Eu não desviava o olhar nem um segundo do meu rosto. Era como se o sangue ainda estivesse ali e todos os momentos de terror acontecendo em câmera lenta atrás de mim. Eu via Jessica apertando o botão de socorro e logo em seguida ouvia o som do tiro na minha mente. As lágrimas começaram a sair sem que eu pudesse pará-las, mas eu ainda estava em transe. A sala estava vazia e ninguém poderia me ver ou me salvar de mim mesma. Toda a sensação de vazio e o gosto do sangue na minha boca voltou.

Alguém me abraçou por trás e eu voltei. Era Gabrielle, minha cunhada.

– Não chora, meu anjo, sei que é duro, mas não chora.

Eu estava na parte de trás do palco. E quando eu digo palco é o palco. Ele foi montado só para mim no meio da praça principal da minha província, Whites, e milhares e milhares de pessoas estavam lá fora gritando, rindo, mostrando cartazes, só para me dar tchau. Hoje eu iria para o palácio.

– Desculpa – respondi, fungando.

Acho que Gabrielle achou que eu estivesse chorando por que iria ficar longe. Ninguém sabe que eu estava vendo Jessica na hora que a mataram. Ninguém sabe que eu vi tudo, que eu estava lá. Mas todo mundo da minha família sabe que eu não consigo me olhar no espelho sem me lembrar daquele dia, que eu fiquei muito mal depois que ela morreu, e que agora eu teria a chance de passar por cima daquilo tudo e, quem sabe, me apaixonar de verdade.

– Não se desculpe, eu também ficaria nervosa se estivesse no seu lugar – ela sorriu.

Gabrielle era a pessoa mais fofa e gentil que eu já conheci. Não tinha pessoa mais gentil que ela, ela poderia te fazer sentir nas nuvens mesmo que estivesse no inferno e poderia te arrancar do seu pior pesadelo com um só toque. E era por isso que eu a amava. Meu irmão, namorado de Gabrielle, entrou na sala sorrindo e veio até mim. James era chef de cozinha e sabia mais do que qualquer um que não poderia ter arranjado menina melhor que Gabrielle.

– Ei, nova Rainha de Illéa, muito ansiosa? – ele perguntou. – Está chorando?

– Eu estou tão feliz – menti. Mas, em parte, era verdade, eu estava muito feliz em ir para o palácio, era um sonho para mim. – Não acredito que vou deixar minha província pela primeira vez!

Ele riu.

– Assim que se fala, maninha! – ele me abraçou. – Boa sorte no palácio! Sei que não vai precisar, mas só pra não quebrar o costume.

– Eu vou sentir tanta falta daqui e de vocês, da sua comida!

De repente, eu estava chorando de novo, mas dessa vez era de felicidade, era por estar deixando minha terra e minha família. Eu tinha um futuro melhor pela frente, mas deixar quem eu mais amava ainda me doía aos montes.

– Eu também vou sentir falta desse seu cheirinho de morangos e de correr com você de manhã – ele parecia bem chateado também. Nunca imaginei ver James assim, ele era sempre tão alegre.

– Quando vocês forem me visitar é bom que ainda estejam em forma! Pois vamos correr ainda mais! – eu disse, cheia de lágrimas nos olhos.

Minha mãe entrou na sala e eu corri para abraçá-la. Tentei falar alguma coisa, mas não consegui. Eu só queria dizer que iria sentir muito a falta dela, que iria ligar todos os dias se pudesse, que iria escrever cartas e mandar bilhetes e cartões. Eu iria fazer o possível para me sentir ao lado dela, mas saiu algo com um mããfábuumãããni e choro no final. Lá se foi minha maquiagem.

– Eu sei, querida, eu sei. Eu vou te escrever cartas. Prometo que vamos ficar todos na torcida, qualquer coisa é só ligar. Você tem a receita dos chás, não tem? Se precisar mande alguém fazer. Cuidado com becos escuros e com vitaminas suspeitas! Não quero que ninguém te faça mal algum. Seja cuidadosa!

Eu ri. Para onde ela achava que eu estava indo? A abracei ainda mais forte. Eu a amava tanto.

Meus pais, antes da morte da Jess, só ligavam para o trabalho. Eu não os culpava, sempre tivemos tudo o que queríamos por causa deles, e meu pai tinha várias coisas para lidar. Mas depois da morte da Jess, eles passaram a se dedicar 99% a nós, sempre conversando, comparecendo às reuniões na escola, jantando. Fazendo todo o possível para estarem ao nosso lado. E depois que a Jess morreu, minha mãe me ajudou muito quando eu entrei em depressão, ela era minha heroína.

Vi meu pai do meu lado e o abracei. Ele não era um cara de muitas palavras, mas podia sentir que ele estava orgulhoso de mim, e isso era o que bastava. Eu era tão grata por tê-lo ali.

Os próximos foram Hope e Caleb Marbus. Os melhores presentes que o trabalho do meu pai me deu nessa vida. Eles foram a causa de eu estar tão feliz hoje em dia, de ter saído do fundo do poço. Eles são os filhos do sócio do meu pai, resumindo, eles foram apenas os anjos que salvaram minha vida. Eu os abracei tão forte. Tudo o que tinha que ser dito saia em forma de abraço e nenhuma palavra foi dita. Eu só sabia que eu os amava muito, e eu iria escrever sempre que pudesse.

– Vai e arrasa – disse Hope para mim.

Eu fiz que sim com a cabeça para não começar a mugir como fiz com minha mãe, eu não iria aguentar dizer nada, só sabia chorar.

– Boa sorte, Julie – Caleb sussurou, entre meus cabelos, no meio do nosso abraço.

– Vou sentir sua falta – chorei no ombro dele.

– Senhorita Alewis, você deve subir no palco agora – disse um guarda real para mim.

Meu coração quase pulou para fora. A animação era tanta. O meu nome foi dito nos auto-falantes e o povo todo que me esperava lá fora gritou e um coro com meu nome se iniciou. Eu nunca imaginei que as pessoas iriam gritar meu nome. A Seleção mudou tudo para mim.

– Sim, senhor, só me dê um minuto para ajeitar essa maquiagem – pediu Gabrielle.

– Um minuto e a Senhorita vem comigo – ele exigiu.

– Certo, vem cá, Julie – chamou Gabi.

Fui correndo até ela. Não conseguia parar de chorar. Era tanta coisa nova, tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. As lágrimas iam no automático, eu até achava que elas davam um charme a mais. E se não dessem, eu não poderia fazer nada.

– Fiz o meu melhor... – A cara da Gabi me dizia “você não parou de chorar então ficou isso daí, prende esse choro senão vai parecer uma panda!”.

Eu a abracei uma última vez. Abracei todos pela última vez, até meu irmão de 14 anos, Jackson, que não gostava de abraços. Eu estava tão feliz. O guarda me chamou pela ultima vez e eu dei tchau para minha família com mais lágrimas nos olhos, contendo-as.

Fui guiada pela escada pelo guarda real e parei em frente à cortina pra me recompor. Quando eu a abri, foi quando eu soube que nada ia ser o mesmo.

● ● ●

Victória Audrey

O carro em que eu estava era macio e quentinho, diferente de todos em que eu já andei sendo uma Sete, e eu podia contar nos dedos em quantos deles eu já andei. Por outro lado, os carros em que eu andei quando era Três eram idênticos a esse ou até melhores. Quando eu decidi fugir de casa, a primeira coisa em que eu pensei foi se eu iria sentir falda das coisas que a minha Casta poderia me oferecer. Eu achei que iria, mas fugi do mesmo jeito. E agora, eu não sinto falta nenhuma de nada do que a Casta Três tem direito. Pois eles podem ter tudo, mas não tem uma família como a nossa.

Meus pais “adotivos” estavam no mesmo carro que eu, meu pai no banco da frente com o motorista e minha mãe, Magnólia – minha “irmã” – e eu no de trás. Minha segurava minha mão e chorava baixinho. Ela já estava com saudade de mim e eu dela. Seriam tantos messes antes de finalmente nos encontrarmos de novo, seja como Rainha ou seja como perdedora.

Eu sabia que isso ia acontecer. Mamãe iria chorar rios quando eu fosse para o palácio, papai não iria nem conseguir trabalhar, seria um caos. Mas eu precisava vê-los de novo. Eu precisava estra com os príncipes. Eu só queria estar perto deles.

– Já estamos chegando, filha, fique calma – disse minha mãe. Eu não estava tão nervosa, ela estava falando aquilo para se acalmar.

Eu fiquei pensando em tudo o que me levou a estar ali com ela. Será que ela não ficou chateada quando soube que eu tinha me inscrito na Seleção?

Minha antiga família me criou para ser rebelde. Eu nunca entendi muito bem para que tanto ódio, para que derrubar a família real, para que tantas mortes. Mas isso era jogado encima de mim como se eu fosse uma fotocopiadora, mas eu não queria copiar. Aquilo era ridículo, eu não queria ter que matar ninguém, nem roubar, nem tirar o rei Richard do controle. Eu não via lógica. E eu só tinha 4 anos quando eles começaram a falar de Rebeldes e da família real para mim.

Eu não podia ter amigos, eu não podia ir pra escola, nem falar com vizinhos que não fossem rebeldes também. Tudo o que eu sabia naquela época eram táticas de guerra para acabar com a família real e eu nem os conhecia. Eu odiava aquilo.

Uns meses depois, minha mãe organizou um ataque no Palácio de Zuni, onde o Rei e a Rainha estavam. Era para acabar com tudo, matar todos que encontrassem, mas ela morreu e mais de dois terços do exército dela também. Foi aí que eu decidi que nunca mais iria ouvir mais nada de Rebeldes. Meu pai ficou fissurado, a caba dia bolando novas maneiras de vingar, planos para matar cada um no palácio. Eu não podia mais continuar ali. E então, eu fugi.

Foi quando eu conheci Magnólia, minha melhor amiga, que me abrigou e me fez conhecer a melhor família do mundo e a melhor casta. Eu tinha orgulho de ser uma Sete. Mas agora eu era Três de novo, todas as Selecionadas eram. Eu fiquei bem chateada quando recebi essa notícia. Condesa, minha nova mãe, só faltou morrer na hora. Ela me criou como uma Sete, e, se eu voltasse para casa, teria que agir como uma Três.

– Eu vou sentir sua falta, Vick – falou Magnólia, me abraçando. Já estávamos perto. Eu podia ver a cúpula vermelha que a prefeitura fez para minha despedida. Era enorme e veio a calhar, pois a chuva iria espantar mais da metade do povo de Zuni, minha província.

– Eu também – sussurrei, abraçando-a com toda minha força.

Para Magnólia, já era difícil ter perdido Erick, nosso irmão, e agora iria me perder também. Quando Erick foi trabalhar no palácio como guarda, eu já sabia que tipo de coisas poderiam acontecer lá com os ataques dos rebeldes, mas eu nunca disse nada. Eu nunca deixei que soubessem que minha família era rebelde, pois eu agora era uma nova garota, e a nova Victória não era rebelde. Mas quando ele morreu, foi como uma facada para mim. Ele morreu em um ataque de rebeldes. Aquilo só me fez ter mais raiva do meu pai, de todos os rebeldes, eu fiquei triste por uma semana, até que eles vieram.

Quando algum soldado especial para a família real morre, é comum que a família real compareça à casa da família para oferecer os pêsames. E com família real, eu quero dizer o Rei, a Rainha e os seus dois filhos: Príncipe Matthew e Principe Thomas. Quando eu os vi foi como se o mundo estivesse mais claro depois da pior semana da minha vida. Eu queria ficar perto deles, eu queria senti-los, ficar em algum lugar onde eles estivessem, queria ir para o palácio e vê-los todo dia. Não era amor e muito menos ódio, mas uma necessidade de ficar junto.

Quando a Seleção apareceu, era a minha chance de ficar com eles. Eu poderia conversar com eles, ter todos os meus momentos. Eu iria ficar horas junto com a família real, eu não me importava que meus pais eram rebeldes. Eu nunca faria mal a eles, e quando eu fui Selecionada, pude sentir que tudo o que eu queria tinha se realizado.

– Chegamos, Senhorita Audrey. A Senhorita deve descer aqui e seguir por aquela entrada, os guardas estão te esperando para levá-la ao palco.

Minha mãe começou a chorar na mesma hora. Eu perguntei se eles podiam ir comigo e o motorista disse que podiam, mas as despedidas teriam que ser breves, já que o fuso-horário da minha província não era o mesmo do que o das outras, e eu estava atrasada.

Magnólia abriu a porta e saímos correndo por causa da chuva. Os guardas ergueram dois guarda-chuvas pretos e nos levaram até a entrada que o motorista apontou. Eu estava nervosa. Nunca achei que ficaria assim, mas parece que quanto mais perto fica mais rápido seu coração bate. E o meu já estava a mil.

Fomos guiados até uma sala atrás do palco. Foi avisado que teríamos dois minutos para nos despedir. Quem se despede em dois minutos?

Minha mãe me abraçou tão forte que minhas tripas quase saíram. Ela falava coisa após coisa e eu não estava entendo nada.

– Eu... Eu só quero que saiba, Victória, que você foi a maior bênção que nos foi dada. Eu te amo tanto. Tome cuidado.

Foram as últimas palavras, foi tudo o que eu consegui escutar e foi tudo o que eu precisava ouvir. Eu a abracei.

Magnólia foi mais rápida que meu pai e me abraçou antes. Ela estava tão animada, mas ao mesmo tempo tão triste por ter que me deixar para o palácio. Eu também estava mal por ter que ir embora. Mas eu voltaria logo se não fosse escolhida, e se fosse ela sempre poderia estar lá comigo.

– Te amo, Vick, espero te ver logo. Escreva pra mim, ok? – ela disse.

– Também te amo muito. Obrigada por tudo. Prometo escrever sempre que puder.

Ela começou a chorar.

Um guarda na porta avisou que já estava na hora. Abracei meu pai com toda a força que eu pude. Eu queria que ele soubesse que eu o amo muito, que eu era grata por tudo, que eu nunca iria me esquecer de tudo o que ele fez por mim.

– Te amo, filha. Cuide-se.

– Também te amo muito, pai.

O guarda me chamou mais uma vez e eu tive que ir com ele. Acenei uma ultima vez para a melhor família do mundo e comecei a subir as escadas.

A cortina se abriu quando eu ainda estava subindo e parecia que todas as pessoas da minha província estavam lá. A armação do palco e da cúpula era perfeita. A cúpula cobria desde o palco até o final da praça. Era gigante. A parte de cima era inteira pintada de vermelho. Era chamativo e linda. Parecia feita para aquele momento. O brasão da minha província estava bordado no teto e as pessoas tinham a mão no peito enquanto o hino era cantado. Só tinha um microfone no palco e todos os olhos estavam em mim. Eu me senti tão bem. Senti que meu lugar era ali e que eu estava no caminho certo.

Eu comecei a cantar o hino. Era tradição que todas as Selecionadas cantassem o hino de sua província e de Illéa, por mais feia que sua voz seja. Você não precisa de muito talento para cantar um hino, certo? Era o que eu achava, até ter que cantar de frente para uma multidão. Por sorte, no mesmo momento em que eu comecei a cantar, toda as pessoas que estavam presentes me acompanharam. Era como se eu não estivesse sozinha ali. Aquilo me motivou a dar o meu melhor, mesmo que eu não cantasse em nenhum lugar que não fosse o chuveiro.

Eu olhei para cada rostinho. A mão no peito de todas como a minha. Tinha orgulho da minha província, tinha orgulho de todos de lá. Tinha orgulho do meu país e da família real. As letras dos hinos saíam da minha boca facilmente. Logo em seguida, eu teria que dar um discurso sobre como eu estava feliz indo para Illéa e como minha província poderia contar comigo para ganhar a Seleção. Quando uma Selecionada de uma província ganha a Seleção, a província inteira fica feliz, é uma honra ter a Rainha vinda de sua província. E, se dependesse de mim, eu iria dar essa honra ao meu povo.

O hino acabou. O instrumental do hino de Illéa começou a tocar no fundo outra vez. Eu deveria começar o meu discurso agora. Todos fizeram silêncio. Alguns gritavam meu nome. Eu podia ver vários cartazes naquela noite fria, todos estavam fazendo um esforço para me darem toda sua atenção. E ali, no meio da plateia, eu vi a pessoa que achei que nunca mais veria: meu pai.

● ● ●

Amelie Royalty Vennuti

Meu coração não ia aguentar mais nenhuma emoção naquele dia. A parte do hino foi a minha preferida. Ver todas as pessoas cantando o hino comigo. Quando eu deixei todos cantarem para mim. Ver toda aquela gente reunida era o meu maior prestígio. Eu estava tão feliz. Minha voz quase não saia direito, meu coração estava na boca e eu não estava mais conseguindo conter a emoção.

O instrumental do hino de Illéa começou a tocar no fundo e eu já sabia o que fazer em seguida: meu discurso. Eu estava me preparando para aquele momento desde que o palácio me avisou que eu teria que fazer um. Eu não era a melhor falando em público, então esperava que, treinando antes, daria tudo certo.

Eu vi minha mãe entrando no meio da multidão. Seria difícil para ela ficar longe de mim por tanto tempo depois da morte do meu pai. Mas eu queria aquilo, seria uma ótima experiência e eu poderia encontrar um amor tão verdadeiro quanto o dos meus pais.

– Eu, Amelie Royalty, me sinto honrada em estar aqui na frente do meu povo sendo saudada e me despedindo da minha terra. É difícil para mim ver tantos rostos alegres e conhecidos, sabendo que eu vou deixá-los por muito tempo. – Olhei para meus amigos, Rose e Tobias. – Eu vou sentir tanta falta desse lugar. Tanta falta de todos. Aqui, antes de mais nada, é meu lar, é onde eu fui criada e instruída.

Algumas pessoas gritaram meu nome e eu mandei beijo para eles. Não conseguia parar de sorrir um minuto. Era como ser a celebridade mais famosa. E isso foi do nada.

– Mas existem momentos em que temos que deixar a vida que tínhamos para trás e começar uma totalmente nova. Mesmo que isso não signifique perder suas origens. – Olhei para minha mãe, ela estava chorando muito e sua melhor amiga a abraçava chorando também. – Hoje, eu convido todos de Columbia a fazerem o mesmo. Novos tempos estão vindo, eu prometo a vocês! Cada ano é cheio de mudanças, mas porque não mudarmos agora?

Meus olhos se encheram de lágrimas de felicidade e eu limpei-os por um segundo.

– Minha vida mudou tão de repente, de uma hora para outra, e eu me sinto tão feliz em poder compartilhar isso com todos. Nossa província não é a melhor produtora, nem a melhor comerciante, mas creio que é a mais rica em corações, e o amor que eles podem oferecer é genuíno. Não peça a mudança, seja você ela. Vocês só têm a ganhar!

Várias pessoas gritaram ao mesmo tempo e eu me senti a líder de uma nação. Já tinha mudado tudo nas minhas falas para o discurso, mas elas ficaram ainda melhores. No meio da agitação toda eu até me esqueci do que eu tinha que falar.

– Hoje eu estou aqui, me despedindo de todos vocês, mas logo, logo estou de volta, seja como Rainha, ou seja como a Amelie que vocês já tanto conhecem, mas sempre para honrá-los. Sempre para dar ao meu povo o que ele merece. Um enorme beijo para todos. Obrigada por tudo!

Os guardas do palácio me escoltaram para fora do palco e me colocaram dentro de um outro carro, diferente do que eu vim. As pessoas gritavam coisas atrás de mim e a multidão se dispersava. Minha mãe foi correndo me dar tchau e eu acenei de dentro do carro. Já estava chorando.

Como minha província não tinha aeroporto, eu iria para outra província e, consequentemente, iria me encontrar com outra Selecionada. Eu não podia mais esperar pelas surpresas que viriam.


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Notas finais do capítulo

Todas as Selecionadas já foram escolhidas, elas são Alyssa, Ariel, Marzia, Winter, Dakota, Erika, Taylor, Skyler, Emili, Amber, Amelie, Christal, Julieta, Mackenzie, Nicolly, Delilah, Elicha, Karen, Beatrice, Gina, Phoenix, Cassidy, Cassandra, Victória, Alexia, Lauren e Bella.

(ou você nem leu tudo ou quando chegou no final esqueceu o nome da primeira aushaus assim eu estou agora)