Música tema do capitulo:

http://www.youtube.com/watch?v=hA0cago-VUo

Minha mãe estava na cozinha, passei pela sala jogando minha mochila na velha poltrona marrom, entrei na cozinha ensaiando um sorriso.

– Oi mãe, cheiro bom...

– Oi querida, é frango, sabia que ia gostar. Como foi seu primeiro dia?

– Foi bom... – hesitei, dona Marina, sempre sabia quando mentia. – bom, só houve um problema na escola. – ocultei a parte do senhor que sabia meu nome, e que me provocara terror.

– O que houve? O que aconteceu Akyra? – ela lavou as mãos e logo estava me abraçando. Ela era excessivamente protetora, acho que ela se sentia um pouco culpada, e tentava compensar o fato de sua única filha não ter pai. Meu pai havia morrido fazia doze anos.

– Não aconteceu nada mãe. – falei revirando os olhos. – Só tive o infortúnio de sentar no ‘lugarzinho’ de um cara idiota. Mas eu não cedi, eu havia chegado cedo e não ia sair só por quer ele queria...

– Akyra minha filha, cuidado, não quero que se envolva em problemas por besteira, pelo amor de Deus, não arrume confusões, pense no que os outros vão pensar, pelo amor de Deus Akyra, não arrume confusão.

– Olha quem fala?! – soltei uma risadinha.

– Akyra Magonele Franco, isso é jeito de fala com sua mãe?!

– Desculpa mãe. – baixei a cabeça e falei em voz baixa. Olhei rapidamente seu rosto, e ele estava iluminado por um lindo sorriso, retribuí o sorriso e a abracei, beijando sua bochecha macia e rosada.

– E então, não vai me perguntar como foi meu dia? – disse minha mãe.

– Como foi o seu... – ela me interrompeu, alegre demais para esperar que termina-se a pergunta.

– Foi ótimo, já tive inspiração suficiente para o titulo do livro e claro sei mais ou menos do que se trata, além de ter conhecido pessoas legais. Conheci um homem muito bonito e simpático...

– Não mãe, a senhora não vai namorar esse cara não, né?

– Não Akyra, claro que não, é só um amigo, vou experimentar ficar sozinha por um tempo, tá?!

– Tudo bem! Eu conheci um garoto também, na escola, o nome dele é Caio Paiva.

– Hum, como ele é? Ele é bonito?

– Como assim, mãe? – falei colocando a mão na cabeça, às vezes era tão constrangedor falar com minha mãe. – Sim, ele é bonito, sei lá, ele é loiro, alto, de olhos verdes, e dona Marina não to apaixonada por ele, nada haver.

– Tá certo querida, eu nem perguntei isso. – ela riu, eu fiquei nervosa e envergonhada, tenho certeza que corei de novo.

– E o livro como vai ser? – disse rápido demais, se não gaguejaria.

– Surpresa. – respondeu ela.

– Ah não mãe, não faz isso com sua filhinha, eu quero saber. – falei fazendo biquinho, sei, foi muito infantil.

– Não, não, e não, já disse é surpresa! – continuou ela.

– Ok, e esse almoço sai ou não sai? – falei mal humorada.

– Sai, claro que sai querida, mas dá tempo de você tomar aquele banhozinho, para estar limpinha na hora de almoçar.

Comecei a subir as escadas, quando...

– Ei, mocinha, não esqueceu nada não?!

– Obrigada. – respondi de mau humor, peguei a mochila que estava na poltrona velha, depois subi as escadas correndo. Entrei no banheiro, abri o chuveiro, o vapor da água quente me trouxe lembranças, o rosto daquele senhor, ele aparentava ter uns 60 anos... Não me lembro muito bem do seu rosto, mas nunca ia esquecer suas palavras, “... Akyra...”. Ele sabia meu nome e isso me fazia tremer, talvez estivesse dando importância demais pra isso, mas não conseguia controlar meus pensamentos.

Ainda bem que minha mãe não tinha percebido a rosa, teria sido umas quinhentas perguntas, mas mil conselhos, e não a queria preocupada, mas mesmo assim não conseguia esquecer.

Tomei meu banho o mais rápido possível, vesti uma calça folgada cinza, uma blusa cinza.

Look da personagem Akyra (Cena 1):

http://www.polyvore.com/cgi/set?id=136226507&.locale=pt-br

Desci as escadas e sentei a mesa em silencio, este durou alguns minutos até que decidi o interromper com uma pergunta.

– E aí mãe, não vai me contar mesmo... – ela me olhou fingindo não saber do que falava. - Da historia de seu livro?

– Não...

– O titulo pelo menos?

– Não...

– Tudo bem então.

Ao acabar de almoçar, fiz o que era de costume fazer, lavei a louça e subi para meu quarto, tinha que descansar um pouco. Entrei nele, às vezes este quarto parecia grande demais, mas nesse momento ele parecia pequeno demais.

As paredes pintadas de branco, a porta branca, a janela defronte à cama, a vista do meu quarto era privilegiada, Gramado é uma cidade linda. Suas cortinas eram brancas e azul. Na cama de casal, uma mistura de cores, branco, verde e azul. Um espelho acentuado acima da cabeceira da cama, do lado direito algumas fotos da minha familia, no chão um tapete colorido que minha tia Mirela me deu, ela era a irmã mais nova da minha mãe, bom só era ela e minha mãe, ela tem 24 anos. Do lado esquerdo o guarda roupas.

Deitei na minha cama, mas não conseguia pegar no sono. Minha cabeça estava a mil, não relaxava, pensava o tempo todo naquele senhor. Vez por outra o rosto do Marcos aparecia em minha mente, mas rapidamente tirava-o, algumas vezes era difícil, mas com esforço conseguia. Olhei o relógio depois de um tempo deitada, marcavam 7:00 horas da noite, eu estava exausta e ansiosa.

– Querida não vai jantar? – bateu minha mãe na porta.

– Não mãe, obrigada, estou muito cansada, acho que vou dormir. – respondi.

– Ok querida, boa noite, dorme bem...

– Obrigada mãe, boa noite.

Peguei no sono imediatamente. Acordei 6:30 da manhã, demorei no banho e senti uma vontade de me produzir um pouco mais, coloquei uma regata que achava ficar bem em mim, ela era branca com detalhes pretos, o jeans escuro, um casaco preto, cabelo rabo de cavalo, e passei um lápis no olho.

Look da personagem Akyra (Cena2):

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Estava ansiosa, desci as escadas apressada, não tomei café, corri para a escola.