A Chance escrita por Pauliny Nunes


Capítulo 21
Capítulo 20




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Catorze anos antes…

 Réveillon de Copacabana – RJ

 —  Ele não vem, Sô –conclui Beatriz, nervosa, observando os rostos que estão ali na praia  —  Eu sabia que não devia ter vindo para cá.

 —  Relaxa, Bibi. Você tem de agradecer por sua mãe autorizar que viesse participar da virada na praia!  – responde Sônia sorrindo olhando para a multidão vestida de branco na areia. Ela olha para o vestido tomara que caia branco de saia rodada e detalhes na cintura em prata, que Beatriz veste. É o vestido mais curto que já tinha a visto usar, e lógico, que pertence à Sônia. Bem como a maquiagem de Beatriz e o penteado de lado, são criações da ruiva  —  Você está linda, finalmente pode aproveitar a virada sem seus pais, em uma praia cheia de caras gatos, com sua melhor amiga e vai ficar pensando nele? Hello, mundo!

 —  Eu sei, Sônia. Muito obrigada por forçar seus pais a falarem com os meus,mas é que fazem onze anos que eu não o vejo. E se meu beijo tiver mudado? –pergunta Beatriz, nervosa. Ela procura em sua bolsa branca de alcinha algo, sem sucesso  —  Droga, esqueci a bala de morango em casa! Ele não vai me reconhecer…

 —  E lá vamos nós com o assunto Flávio… – resmunga Sônia revirando os olhos  —  Se tivesse me deixado contar para ele que estaria comigo hoje, não estaria nesse nervosismo. Aposto que ele já estaria aqui.

 —  Você acha? Mas eu não tinha como dar certeza, minha mãe deixou de última hora, esqueceu?  – retruca Bia olhando para todos os lados  —  E se não estamos no local certo? Tem tanta gente aqui…É capaz dele nem conseguir ver a gente.

 —  Impossível, Bibi. Uma ruiva gata, como eu, não passa despercebida nos lugares – brinca Sônia mexendo seus longos fios ruivos, tirando sarro de Beatriz  —  Relaxa, ele vai aparecer. Disse até que tinha uma novidade para me contar, ou mostrar. Não sei ao certo, a ligação dele estava horrível. Nem parecia que estava em Cambridge.

 —  Sei… –responde Beatriz sem prestar atenção em Sônia.

  —  Eu juro por Deus que vou matar você se continuar procurando por ele! - ameaça Sônia, irritada chacoalhando a amiga  —  Beatriz Gouvêa! Aprenda uma lição: Se for para ser, será. Caso contrário, não corra atrás. Está na hora de você parar de fantasiar com o Flávio e olhar para os lados um pouco.

 —  Ou para trás.

Ela se vira e então vê um rapaz alto, de cabelos pretos cumpridos até o pescoço e olhos meio puxados da mesma cor. Veste uma bata indiana masculina branca, bem como sua calça. Ele dá um largo sorriso para as duas:

  —  Desculpe-me, mas  eu estava passando e não pude deixar de escutar…

 —  Pelo visto, gosta de ouvir a conversa dos outros – reclama Sônia sussurrando para que o rapaz não escute.

 —  Tudo… Tudo… Tudo bem – tenta responder Beatriz presa por aquele olhar.

 —  Hugo – se apresenta o rapaz molhando os lábios. Ele estende a mão em direção a Beatriz que se encolhe um pouco  —  Certo, isso se chama cumprimentar alguém. A sua parte é estender a sua mão e tocar na minha.

 —  Eu sei o que é – retruca Beatriz tocando na mão dele  —  Eu só não esperava…

 —  Que alguém fizesse isso? Bom, deixa eu te contar uma coisa: as pessoas fazem isso o tempo todo –ironiza Hugo rindo  —  Você não me disse seu nome….

 —  O nome dela é Madre Teresa de Calcutá, o meu é Fernanda Montenegro e o seu é caça-teu-rumo – responde Sônia, grossa no lugar de Beatriz. Ela cruza os braços—  Tem coisa melhor para fazer, não?

 —  Não precisa ser grossa – responde Hugo com sorriso de canto. Ele passa por Beatriz e fala na cara de Sônia  —  Desculpe-me se eu feri teu ego, mas nem todos os caras preferem as ruivas com cara de ferrugem – ele olha para Beatriz que tenta não rir  —  Sua amiga é sempre estúpida assim?

 —  Flávio!  – grita Sônia esticando o braço e balançando desesperada. Ela vira para Hugo e questiona  —  Por que não pergunta para o meu primo?

O coração de Beatriz acelera tanto que parece querer sair pela boca. Ela sorri e se vira lentamente para ver o Flávio,mas aquela não é a imagem que esperava ter visto. O sorriso sai de seu rosto instantaneamente ao se deparar com Flávio agarrado em duas mulheres loiras e com uma garrafa de champanhe nas mãos. Além de andar como se estivesse embriagado, está com cabelos curtos e parecia magro com aquela camiseta polo branca e calça jeans do mesmo tom. Ele se aproxima dos três e agarra Sônia, dando um enorme abraço.

 —  Priminha!  –Flávio, eufórico levantando Sônia sem se importar com o vestido justo de sua prima  —  Até que enfim… Encontrei-te.Aqui, olha, olha só, eu andei tudo izo aqui atrás de voxê  – Ele volta agarrar as garotas —  Essssaaass são Patrizzia e Adriana ou Adriana e Patrízzia… Sei lá que porra é… e que me ajudaram a chegar aqui… E quem é essa deusa que está com voxê? E esse cara ai?

 —  Flávio… Essa é a Beatriz!  – responde Sônia empurrando Beatriz para frente  —  Lembra?

  —  Bee?  – pergunta Flávio, surpreso tentando arrumar seus cabelos desgrenhados  —  Uau! Voxê tá linda...  Muito linda.

 —  Obrigada – responde Beatriz, vermelha  —  E você está muito bem…. Eu acho.

  —  E quem é esse cara?  – pergunta mais uma vez Flávio, sério.

 —  Esse é um intrometido – responde Sônia olhando para Hugo com desprezo  —  Nem sei o que está fazendo aqui ainda.

 —  Hugo, prazer – responde o rapaz estendendo a mão para Flávio.

  —  Prazer… – Flávio segurando na mão de Hugo. Ele o puxa e o seguro pela nuca  —  Tá querendo dar o golpe aqui né espertinho… Veio falar justamente com a herdeira dos Gouvêa e com a dos Peixoto. Por que você não vem cantar o futuro Lorde Wilkinson?

 —  Porque você não faz o meu tipo – zomba Hugo, calmo. Ele afasta a mão de Flávio e o empurra  —  Eu nem sabia que vocês eram da elite carioca e que há até um Lorde.

 —  Tá querendo me enganar com sua falsa modéstia? Pela sua roupa, dá para ver que é um pobretão doido para dar uma de esperto – acusa Flávio cambaleando. Ele fecha as mãos e levanta os punhos, desafiando Hugo  —  Vem cá, pobrinho, vem. Se quiser uma das herdeiras, terá de disputar comigo…. Mano a mano.

 —  Eu não vou brigar com você. Olha o seu estado – responde Hugo erguendo as mãos  —  Tá todo mundo aqui tentando se divertir e você nessa de querer brigar. Faça-me rir.

 —  Cai dentro, seu filho da puta!  – explode Flávio indo para cima de Hugo.

 — Para!  – grita Beatriz ficando entre os dois  —  Para com isso!

 —  Sai dessa, Flávio!! Deixa disso – pede Sônia, exaltada tentando segurar o Flávio  —  Deixa o garoto.

 —  Quer saber… Eu vou indo – comenta Hugo tocando no ombro da Beatriz  —  Desculpe-me pela minha intromissão, eu só quis ser legal. Nem todo mundo quer o dinheiro de vocês! Eu vou chegar lá sem precisar de papai e mamãe –olha para Flávio  —  Foi um prazer conhecer um lorde tão distinto –olha para todos com desprezo  —  Agora eu vejo nas mãos de quem está o futuro do país.

Ele sai em direção à água, deixando o grupo de Beatriz ali na areia. Bee olha para o Flávio, inconformada com a atitude do rapaz.

 —  Precisava ter feito aquilo?  – pergunta Bia, indignada  —  Precisava fazer show com o cara?

 —  Qual, é! Você tinha de me agradecer por ter mandado aquele escroto embora! O cara estava perturbando E sem contar que ele não me passou uma boa impressão.

 —  E pelo visto você é o especialista em boa índole… – ironiza Beatriz com os braços cruzados.

 —  Eu só sei que se nós todos estivéssemos na porra do camarote, não teríamos de nos juntar com a ralé e nada disso teria acontecido – comenta Flávio gesticulando deliberadamente  —  Mas… A Sônia disse que na areia é melhor para ver os fogos…. Só é melhor para pegar bicho geográfico.

  —  Nossa, como você é mau – diz Sônia com um sorriso no rosto. Ela olha para a amiga que reprova sua atitude. Ela dá com os ombros—  Convenhamos Beatriz, o garoto foi inconveniente. Ninguém sabe das intenções que ele tinha…

 —  Tá, mas vocês dois precisavam ser tão estúpidos com ele?  – retruca Beatriz, revoltada.

 —  Se não fosse pelo Flávio, aquele cara ainda estaria aqui de papo – responde Sônia segurando no Flávio que bebia champanhe no gargalo  —  O meu primo foi o nosso herói.

  —  Herói? Por favor, Sô. Ele já abriu o champanhe antes da virada, não consegue ficar em pé de tão bêbado! Além de ter tentado causar confusão com o cara – retruca Beatriz apontando para Flávio.

 —  Eu salvei vocês… – comenta Flávio segurando no ombro de Beatriz  —  Da má índole daquele rapaz…

 —  Índole? Quer falar de índole?  – questiona Beatriz tirando as mãos de Flávio de seus ombros  —  Olha para o seu estado…

 —  Quem você acha que é para falar da minha índole?  – pergunta Flávio, irritado. Ele se vira para suas acompanhantes—  Essa garota… Trocou uma bala por um beijo meu, pois era a única que tinha. Uma bala de morango, ela quer falar de índole? Ahahaha, Bee você é uma figuraça.

 —  Você sabe que não foi assim!  – nega Beatriz, nervosa diante da declaração de Flávio.

 —  Foi sim… – responde Flávio entre os dentes.

 —  Flávio, chega – pede Sônia levantando a mão. Ela se vira para Beatriz  —  Não liga para ele….

 —  Quer saber? Eu vou dar uma volta na praia que eu ganho mais – avisa Bia saindo de perto deles.

 —  Bibi, Volte!  – grita Sônia andando em direção a Beatriz, Porém ela é segurada por Flávio  —  Me solta.

 —  Deixe-a ir… – fala Flávio rindo  —  Vai lá fazer caridade com o pobretão!

Beatriz começa a chorar, mas não olha para trás. Só consegue pensar em como o Flávio está diferente de como passou anos imaginando. A areia está cheia, mas perto da água está vazio e é ali que Beatriz caminha acompanhada pelo vento e pelo mar que toca seus pés. Está decepcionada por ver que sua virada será um fracasso, quando vê Hugo sentado olhando para o mar. Ela se aproxima e nota que ele nem repara em sua presença.

 —  Oi…De novo – acenando de leve com as mãos. Ele vira o rosto para ela e volta a olhar para o mar. Ela segura os cabelos e pergunta  —  Posso me sentar?

 —  A praia é pública – responde Hugo sem olhar para Bia  —  Fique à vontade.

 —  Vou tomar isso como um sim. –  comenta Beatriz sentando. Ela o encara e pede  —  Desculpa… Por antes.

 —  Tudo bem, já me acostumei com esse tipo de coisa – responde Hugo olhando para ela  —  Você parece ser uma garota legal, o que me deixa mais curioso em saber o motivo de andar com eles.

 —  Eles são meus amigos de infância…. Pelo menos a ruiva é. Aquelas outras duas, eu não faço a menor ideia de onde saíram – responde Beatriz sorrindo para o mar  —  E o rapaz…

  —  E o cara é o motivo pelo qual está aqui na praia – completa Hugo, fazendo Beatriz o encarar surpresa. Ele sorri—  Eu percebi pela forma como reagiu ao vê-lo. Seus olhos brilhavam, suas bochechas ganharam cor…

 —  Não mesmo!  – nega Beatriz sem graça rindo. Ela olha para ele e pergunta  —  Está tão na cara assim?

 —  Com certeza, baby!  – responde Hugo rindo com os cotovelos apoiados nos joelhos  —  Assim como os ciúmes dele por você. Eu os invejo.

 —  Sério?  – pergunta Beatriz tocando o queixo no ombro  —  Por quê?

 —  Eu queria olhar para alguém com essa paixão que você tem por ele,ou que alguém me olhasse assim, ou ter alguém a quem defender.

 —  Você não tem ninguém ou não gosta de alguém assim?  – pergunta Beatriz com um olhar triste  —  Não veio com ninguém hoje?

 —  Para todas as suas perguntas: Não – responde ele olhando para ela  —  A única mulher por quem meu coração bate está trabalhando na casa de alguém importante.

 —  Quem seria essa mulher?  – pergunta Beatriz, curiosa.

 —  Minha mãe – responde Hugo, triste. Ele dá um sorriso tímido e olha para Beatriz  —  Se o mundo acabar, como dizem, ela estará lavando pratos na casa de alguém ou limpando o carpete da sala.

 —  E você veio para praia…? – pergunta Beatriz, curiosa.

 —  Porque eu gosto. Quer dizer, essa não é a minha praia favorita, mas é a que tem os mais belos fogos de artifício. 

 —  Um bom motivo – murmura Beatriz olhando para o céu. Bem melhor que o meu, pensa Bia.

 —  O seu motivo também é bom – comenta Hugo como se tivesse lido o pensamento dela. Ele a olha—  Beijar alguém que no fim de um ano para o início de outro é uma bela forma de expressar que ama aquela pessoa para sempre,ou, pelo menos, seria infinito. Muitos acreditam que esse ano pode ser o último… Mas dizem isso todo o ano, então é melhor vivermos perigosamente.

Beatriz o encara surpresa. Até aquele momento não tinha visto nada por aquela perspectiva, sorri para ele que retribui.

 —  Contagem regressiva!  – Grita alguém atrás deles.

Dez!!!!!!

Beatriz se aproxima de Hugo.

Nove!!!!!!!!

Hugo toca na mão de Beatriz e segura, forte.

Oito!!!!

Ela sorri para ele.

Sete!!!!!!!!

Ele se aproxima seu rosto.

Seis!!!!!!!

Beatriz respira fundo diante da aproximação.

Cinco!!!!!!!

Os olhos de Hugo brilham intensamente.

Quatro!!!!!!!!!

Beatriz aproxima seu rosto

Três!!!!!!!!

Hugo fecha seus olhos, abrindo os lábios.

Dois!!!!!!!

Beatriz fecha os seus olhos, abrindo os lábios.

Um!!!!!!!!!

Seus lábios se tocam.

Feliz Ano Novo!!!!

Em meio aos fogos, eles beijam lentamente. Pessoas passam correndo por eles, outras se abraçam. Hugo toca no rosto de Beatriz enquanto a beija com mais intensidade. Ela passa os braços no pescoço de Hugo e nada mais importa para os dois naquele momento. Hugo se afasta com os olhos fechados, então os abre, encarando Beatriz com desejo:

 —  Nossa… – respirando fundo. Ele abre um largo sorriso.

 —  É… gente não morreu – comenta Beatriz um pouco, atordoada, fazendo Hugo rir.

 —  Ahahahahahaha, sério?– pergunta ele segurando nas mãos dela  —  Mas foi uma ótima experiência quase morte.

 —  Sim – concorda Beatriz vermelha. Ela sorri para ele   —  Feliz ano novo!

 —  Feliz Ano novo – responde se aproximando novamente.

 —  Bibi! – grita Sônia longe.

 Beatriz vira o rosto procurando à amiga, evitando assim outro beijo em Hugo. Ela olha para ele, nervosa e diz:

  —  Minha amiga está…

 —  É melhor você ir – completa Hugo sorrindo  —  Foi bom passar o ano novo com você.

 —  Foi bom passar com você – retribuindo o sorriso. Ela estende a mão—  A propósito, meu nome é Beatriz.

 —  Eu sei, escutei o lorde falando – responde Hugo sem retribuir o cumprimento.

 —  Mas não fomos apresentados oficialmente – retruca Beatriz insistindo.

 — Prazer, Hugo – diz retribuindo com o aperto de mão.

 —  Preciso ir.

Ele se levanta e puxa Beatriz pelas mãos. Seus corpos se tocam, seus rostos ficam bem próximos e suas respirações estão no mesmo ritmo.

 —  Até – despede-se Beatriz se afastando de costas.

 —  Até – responde Hugo com as mãos na cintura observando Beatriz ir embora.

***

 —  Onde você estava?  – pergunta Sônia, irritada ao ver Beatriz aparecer entre as pessoas  —  Nós te procuramos pela praia toda.

 —  Então não procuraram direito – retruca Beatriz sorrindo.

 —  Eu perdi os fogos por sua causa e você ainda diz isso?  – pergunta Sônia, irritada.

 —  Sinto muito, mas eu vi todos os fogos e muito mais – comenta Beatriz sorrindo igual a uma boba com as mãos nos lábios.

 —  Do que está falando?  – pergunta Sônia, confusa. Então ela olha a amiga e exclama  —  Você beijou alguém! Quem? Não me diz que foi o Flávio?

  —  Que Flávio? Ele deve tá se divertindo com aquelas lá. - diz Beatriz menosprezando o rapaz. Ela sorri marota e diz  —  Esse é um segredo só meu!

 —  Não acredito!  – diz Sônia  —  Você beijou o pobrinho.

 —  O nome dele é Hugo – retruca Beatriz, irritada. Ela olha para o relógio e diz  —  Temos de ir. Minha mãe ficará uma arara.

 —  Certo. Mas você vai me contar tudo no carro – diz Sônia segurando no braço da amiga rindo.

XXXXX

Beatriz acorda com o toque de Leninha em seus ombros. Ela se vira e vê a empregada apreensiva.

 —  O que foi Leninha?  – pergunta Bia se apoiando nos braços – Que horas, são?

 —  Duas da tarde – responde Leninha abrindo as cortinas – Tem um rapaz aí na sala esperando a senhorita.

 —  E minha mãe?  – pergunta Bia, assustada. Se a mãe dela sonhasse que tinha alguém, ainda mais um rapaz a esperando na sala…

 —  Saiu com seu pai. Foram naquele evento beneficente – diz Leninha – O rapaz estava tão desesperado que tive de deixá-lo entrar.

 —  Tudo bem – responde Beatriz levantando da cama e indo para o banheiro  —  Peça para ele esperar. Vou tomar um banho e já falo com ele.

 —  Sim, senhora – responde Leninha saindo do quarto.

Quem será? Não é possível que… Será? Até parece que seria ele… Então quem será?

Por mais que tente não pensar em quem está na sala, Beatriz não resiste. Termina de colocar o vestido amarelo rodado e vai para lá, quase correndo. Assim que chega à sala se surpreende: Flávio está sentado, nervoso. Assim que a vê, levanta e vai a sua direção. Está com os cabelos penteados, uma camisa azul, calça jeans e parece sóbrio.

 —  Oi, Bee – começa Flávio, tímido  —  Eu vim pedir desculpas por ontem à noite.

 —  Oi, Flávio – diz Beatriz cruzando os braços  —  Tá tudo bem.

 —  Eu estava bêbado e não sabia que estava lá. As coisas que eu falei são da boca para fora – continua ele desesperado. Flávio se ajoelha e diz  —  Se eu te magoei, perdão. Por favor, me perdoa.

 —  Eu disse que está tudo bem –diz ela, séria  —  Se não tiver mais nada para me falar, por favor, se retire. Minha mãe não gosta que eu receba visitas sem sua aprovação.

 —  Eu sinto muito ter te magoado  - diz Flávio com a voz embargada. Continua de joelhos com a cabeça baixa  —  Você é muito especial para mim. Eu não vou me perdoar se não falar mais comigo.

 —  Eu te desculpo – diz Beatriz se ajoelhando. Ela levanta a cabeça de Flávio e diz  —  Você está perdoado.

 —  Obrigado – diz Flávio beijando as mãos de Bia  —  Eu não quis te magoar.

 —  Tudo bem – diz ela se levantando. Ela olha para as horas no relógio e diz  —  Você precisa ir embora.

 —  Então estamos bem?  – pergunta Flávio levantando. Ele puxa Beatriz para perto do seu corpo e levanta seu rosto  —  Estamos?

 —  Sim… Você sempre será meu amigo de infância – diz ela secamente o encarando.

 —  Tudo bem. Entendi o recado – diz ele a soltando. Ele vai em direção à porta acompanhado dela e diz  —  Estou indo embora daqui a dois dias e gostaria de saber se…

 —  Eu não vou poder – responde Beatriz respirando fundo e abrindo a porta. Ela o encara e diz  —  Minha mãe não vai deixar, mas agradeço o convite. Boa viagem.

 —  Obrigado – diz Flávio a olhando tristemente  —  Até breve.

 —  Até – diz Beatriz fechando a porta.

Ela se encosta na porta, escorregando até o chão. Tenta segurar as lágrimas de seus olhos. Ainda sente algo por Flávio, mas não gosta dele naquele momento. Acredita que ele não é para ela…. E que nunca ficariam juntos.


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