A Chance escrita por Pauliny Nunes


Capítulo 20
Capítulo 19




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—  Hugo? – pergunta Beatriz, em choque. Ele acordou… Ele está acordado.

 — O meu Deus, Beatriz é você !–    Hugo a abraçando— É você! Está diferente…. Seu nome é Beatriz, certo?

 — Sim, sou eu – confirma sendo abraçada por ele , mais uma vez. Ela se afasta, nervosa  —  O que está fazendo aqui?

 —  Eu não sei. Eu acordei em um hospital, em algum lugar por aqui,  e tinha uma mulher maluca que não parava de dizer o meu nome,então sai correndo. Aí eu vi que estou na Barra da Tijuca. Tentei pedir dinheiro para o ônibus, mas então acabei esbarrando em você. Felizmente, eu esbarrei em você – explica ele sorrindo ao falar as últimas palavras. Ele toca no rosto de Beatriz, emocionado—  É você!A gente se viu ontem e você agora está aqui.

 —  Você precisa voltar para o hospital – comenta Beatriz ignorando as palavras de Hugo. Ela se afasta do corpo dele, séria  — Eu vou te levar.

 —  Não quero voltar para lá. Não sei como fui parar lá, mas eu só quero ir para casa , para  minha casa – pede Hugo, desesperado.

 —  Confie em mim, você precisa voltará para casa – garante Beatriz  erguendo sua mão em direção a Hugo —  Eu te levo.

 —  Tudo bem – responde Hugo segurando na mão de Beatriz.

 —  Eu só vou ligar para avisar – comunica ligando para o hospital  —  Alô? Aqui é Beatriz Gouvêa, estou ligando para avisar que encontrei meu marido, Hugo Gouvêa Abraão, próximo a nossa residência. Já estou indo para aí, prepare uma equipe.

 —  Marido?  – pergunta Hugo, assustado soltando da mão de Beatriz  —  Eu não sou seu marido! Não somos casados! Olha…A gente se beijou ontem, mas foi só isso.

 —  Eu preciso desligar – avisa Beatriz, nervosa diante da declaração de Hugo. Ela desliga o telefone e pergunta  — Do que está falando, Hugo?

 —  Do nosso beijo… Ontem – responde Hugo olhando para Beatriz.

 — Do que está falando, Hugo? – pergunta Beatriz com os olhos arregalados. Não pode ser...

  —  Do ano novo. Você não se lembra do nosso beijo na virada?  – recorda Hugo, confiante. Então ele olha para Beatriz, preocupado —  Por quê? Você esqueceu?

 —  Nós precisamos voltar para o hospital imediatamente – responde Beatriz.

Beatriz segura na mão de Hugo e o leva até o prédio, onde entra com ele no carro. Dirige nervosa, sem falar com ele.  Pense Beatriz, pense… Você precisa pensar. Isso não pode estar acontecendo, ele não pode ter voltado para o dia em que nos beijamos, não pode.

***

   Beatriz dirige seu carro pela Orla, a seu lado Hugo a contempla como se ela fosse uma obra-prima. Ela não consegue acreditar que tudo isso está acontecendo. Decide dirigir até o hospital sem conversar com Hugo, pois tem medo que qualquer coisa que falar, possa abalar as emoções dele e não sabe o que isso pode causar.

  —  Como tudo mudou – observa Hugo, entristecido. Ele olha para Beatriz  —  Obrigado… Por estar fazendo isso.

 —  De nada – responde Beatriz olhando para frente  —  Você não deveria ter fugido do hospital. Para onde estava indo?

 —  Não sei… Queria voltar para casa – responde Hugo olhando pela janela  —  Para a minha casa, mas estou sem dinheiro.

 —  Tudo bem, façamos o seguinte: Vamos para o hospital ver o que a médica tem a dizer sobre… –  começa Beatriz respirando fundo  —  Sobre isso.

 —  Tudo bem – concorda Hugo prontamente  —  Posso te fazer uma pergunta?

 —  Cla… Cla…Claro – Gagueja Beatriz pensando nas infinitas possibilidades.

 —  O que era aquilo que você usou para falar com alguém? Era um celular? – pergunta Hugo, confuso.

 —  Sim – responde Beatriz sem entender a pergunta —  É um celular.

 —  Nossa! Tão fino! – exclama Hugo, animado  —  Posso tocar? Nossa… Vai ser demais quando eu contar para minha mãe que toquei em um desses. Os moleques do bairro vão ficar tudo doido.

 —  Olha… Vamos ver o que a médica tem a dizer – propõe  Beatriz estacionando nos fundos do hospital.

Eles descem e a equipe médica já os aguarda. Colocam Hugo na cadeira de rodas. Ele se ajeita e então observa Beatriz que está nervosa conversando com os enfermeiros buscando uma explicação plausível para a fuga. Depois de alguns pedidos de desculpas, ela começa a se afastar para deixá-los levar Hugo que então segura em sua mão, chamando sua atenção.

 —  Você não vem? – pergunta Hugo franzindo a testa.

 —  Eu tenho que entrar pela frente, para não desconfiarem – explica Beatriz entrando no carro novamente. Ela dá um sorriso —  Nos encontramos lá dentro.

 Respira, respira Beatriz. O dia só está começando, pensa Beatriz dirigindo o veículo em direção à entrada do hospital.

***

 Depois da rotina de passar pelos paparazzis, finalmente Beatriz chega à sala da doutora Renata Buscholinni. Lá dentro estão: Lúcia sentada ao lado de Hugo insistindo em pegar em sua mão, a doutora Antonieta de pé perto da porta e a doutora Renata apoiando o corpo na mesa perto do Hugo. Beatriz entra e fica próxima de Antonieta que acena para Renata começar com a avaliação.

 —  Bom dia, Hugo – começa Renata  —  Enquanto não saem os resultados dos exames feitos recentemente, farei algumas perguntas e preciso de respostas honestas.

 —  Tudo bem – responde Hugo tirando mais uma vez a mão de Lúcia da sua  —  Pode começar.

 —  Certo… –  Renata ajeitando os óculos. Abre a ficha de Hugo e pergunta  —  Seu nome completo?

 —  Hugo Dias Abraão – responde rapidamente.

 —  Certo… – diz Renata coma expressão séria. Ele não disse o nome de casado, pensa a doutora – Quantos anos têm?

 —  Dezessete… Eu acho. Pelo menos era que tinha até acordar hoje – responde, confuso olhando para todos.

 —  Certo… Hugo, que dia era quando foi dormir? – pergunta Renata segurando a ficha fechada  —  Consegue me contar em detalhes como foi esse dia?

 —  Sim. Dia primeiro de janeiro, fui para casa depois do réveillon em Copacabana, sabe? Réveillon que possui o maior número de fogos do mundo... Depois fui para casa ficar com a minha mãe, dormir e depois eu ia trabalhar na venda do Seu Zé.

 —  O nome da sua mãe? – pergunta Renata.

 —  Carla Dias. Moramos em Campo Grande, zona Oeste do Rio de Janeiro. Olha,a gente é pobre e ela não tem condições de pagar por tudo isso aqui – confessa Hugo, nervoso  —  Eu não sei como vim parar aqui, mas  sinto muito.

 —  Calma, Hugo – tranquiliza Renata  —  Tudo já está pago. Continuando… O nome do seu pai?

 —  Eu não tenho pai – responde Hugo, ríspido  —  O que está acontecendo? O que querem? Qual é o problema?

 —  Hugo, tenha muita calma. Preciso que olhe para todos nessa sala e me diga se reconhece alguém – pede Renata colocando a ficha na mesa.

 Hugo olha para Lúcia que sorri para ele, depois para a doutora Renata, para a Antonieta e por último, Beatriz. Ele levanta e toca em seu rosto.

 —  Eu a reconheço. Beijei-a na noite passada. Ela está um pouco diferente, mas eu jamais esqueceria seus olhos e as pintas – responde a encarando. Beatriz fica vermelha como se aquela tivesse sido a primeira vez que tivesse ouvido aquilo vindo dele. Ele sussurra para Bia   —  Você se lembra?

 —  Qual o nome dela? Você se lembra? – pergunta Renata.

 —  Beatriz – responde sorrindo e girando seu corpo em direção à médica  —  Ela é a única pessoa que eu reconheço.

 —  O que ela é sua? – pergunta Renata.

 —  Nada… Nada que eu me lembre – responde Hugo.

 —  Certo. Hugo, por favor, sente-se – pede Renata apontando para a cadeira. Ele senta e então continua  —  Ao que tudo indica você está com amnésia retrógrada – ela senta em sua cadeira  —  O que torna sua condição mais rara é que esse tipo de amnésia raramente passa de seis meses antes do evento. Você perdeu catorze anos de sua vida. Preciso que fique mais uns dias no hospital para avaliarmos o seu quadro e saber se terá alguma complicação.

 —  Depois eu posso ir para casa, certo? – pergunta Hugo, nervoso.

 —  Claro que sim, meu amor – responde Lúcia beijando a mão do Hugo  —  Poderá voltar a nossa rotina.

 —  Desculpa…Mas eu não te conheço – recusa Hugo tirando sua mão das de Lúcia. Ele se vira para Renata  —  Eu poderei ir embora para casa com a minha mãe, certo?

 —  Depois dos exames – responde Renata.

 —  Por que a minha mãe não está aqui na sala? – pergunta Hugo.

 —  Sua mãe tem medo de hospital, lembra? – recorda Beatriz atrás de Hugo  —  Você sabe que ela jamais viria aqui.

 —  Eu sei, mas achei que ela viesse por mim – comenta Hugo triste olhando para as mãos.

 —  Com certeza virá, no momento certo – garante Beatriz limpando as lágrimas de seu rosto.

 —  Obrigado – agradece  Hugo olhando para Beatriz.

Ela sai repentinamente da sala. Não podia ficar ali…É muita pressão, informação e tudo ao mesmo tempo. Levanta o rosto para cima e coloca as mãos na cintura tentando respirar. Aquilo está sendo demais. Catorze anos da vida perdidos? Tanta coisa aconteceu…. O que será dele agora?

 —  Beatriz? – pergunta Antonieta fechando a porta do consultório  —  Está tudo bem?

 —  Sim… Só estou tentando processar tudo isso – responde ofegante, encostando na parede  —  O que será dele?

 —  Eu não sei, mas você terá de pensar muito bem – avisa Antonieta —  É a única pessoa que conviveu com ele durante esses catorze anos apagados da mente dele. Só você poderá ajudá-lo.

 —  Não sei. Não estou pronta para isso. Aliás, para nada disso – alega Beatriz erguendo os braços —  É demais.

 —  Ele provavelmente ficará mais uma semana aqui no hospital, até lá pense no que poderá fazer e na decisão que tomará – ela encosta no braço de Beatriz  —  Eu tenho uma ótima psicóloga para ajudar na situação.

 —  Será de grande ajuda para o Hugo – murmura Bee.

 —  Não é para o Hugo,mas para você. Ela te ajudará a lidar com tudo o que está acontecendo e com suas emoções. É um fardo muito grande relembrar momentos do passado, Bee. E você é a única que poderá fazer isso pelo Hugo.

 —  Tudo bem. Eu vou para casa agora, depois me mande o número dela, sim? – pede Beatriz andando apressada pelo corredor.

Passa pelos paparazzi sem se importar com as fotos e entra no carro, observando suas mãos tremendo. Ela encosta a cabeça no banco e deixa suas lágrimas caírem. Passa as mãos trêmulas no volante do veículo, enquanto da aproximação de Hugo na sala.

—Você se lembra?

Como eu poderia esquecer…


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