POV's Pedro Ramos

Karina estava impaciente ao meu lado no ponto de ônibus. Não sabíamos pra onde iríamos, quer dizer eu não sabia. A loira ao meu lado bufava enquanto digitava coisas em seu celular. A tal monitora havia deixado a bolsa da Ka na secretaria então quando passamos por lá na hora da nossa fuga foi fácil da menina pegar seus pertences. Já haviam passado três ônibus e Ka falou que não era pegarmos nenhum deles, já tava desconfiado do que ela tava aprontando, essa garota nunca bateu bem.

– ô esquentadinha, pra onde a gente vai hein? - ele desviou o olhar um minuto do seu celular e me encarou seria

– pra casa da Jade - ela disse e finalmente fez sinal pro próximo ônibus. Pra casa da Jade? Ah não! A casa daquela bailarina louca não.

– o que a gente vai fazer na casa daquela doida? - eu não tava entendendo mais nada quando Karina bufou em paciência ao meu lado se sentando perto da janela.

– olha o respeito com a minha cunhadinha - essa garota se drogou ?

– que eu saiba o João está solteiro. - disse sem saber que meu amigo tava de caso com a bailarina e não me contou nada.

– ô burro, não to falando do João - ela revira os olhos e aponta no lugar ao seu lado orar eu sentar logo - ela namora o cobra, e pra mim o cobra é quase um irmão. Então Jade é minha cunhada . - Ah então era dele que ela falava. Hum.

– não sabia que vocês se davam tão bem, quero dizer, você e a sem noção da Jade - ela ri e se vira pra mim.

– Jade me entende, nós não nos dávamos bem até cobra começar a namorar com ela, com a convivência aprendi a gostar dela e a gente se atura. - ela me explica mais ainda não entendo porque fugirmos pra lá. - a doida é a única além de você é do João que sabem desse meu plano, ela disse que eu podia fugir pra lá qualquer coisa, então a dama sempre foi meu plano de fuga.

POV's Karina Duarte

Toquei a campainha pela terceira vez. Eu vou matar essa bailarina metida se ela não abrir agora.

– já vai ô desesperado ! - escuto a voz de Jade gritando do lado de dentro e Pedro bufava ao meu lado. Ele achava que a bailarina iria denunciar a gente e que ele estaria ferrado. Poucos segundos depois a porta foi aberta e Jade estava parada na nossa frente só com uma camilosa curta.

– eai lutadora - ela sorriu e eu retribui, uma das coisas que eu posso agradecer a Deus é por ter posto Jade e Cobra no meu caminho eles realmente me faziam bem, por mais que antigamente eu ela não conseguíssemos nos dar bem, ela esteve do meu lado quando eu mais precisei e isso a tornou quase uma irmã pra mim.

– oi Pedro - ela fala com o doido um pouco surpresa por ser ele a estar comigo, já que sabia que seu eu falasse pra ela que ele era minha única opção ela me mataria, mas ele ta ocupado demais secando as pernas dela pra notar.

Que filho da Puta! Preparo minha força acertando em cheio um pescotapa nele que me olha confuso e eu estou transbordando raiva. Jade ri da gente sem entender e abre passagem. Eu cubro os olhos do guitarrista entrando com ele na casa da minha amiga.

– jadezinha do meu coração, sem quere ser indelicada, mas já sendo. Será que você podia colocar uma roupinha descente ? - Jade começou a rir e disse que voltava logo. Tirei minha mão de seu rosto e joguei minha mochila no sofá fazendo o mesmo em seguida. Pedro continuava em pé na minha frente com um sorriso brincando nos lábios, a sobrancelha arqueada em tom de incredulidade e os braços cruzado na altura do peito. - que foi?

– tava com ciúmes esquentadinha ? - ele se aproximou do sofá e eu fechei a cara. Eu não estava com ciúmes, que ideia absurda. Só estava protegendo a Jade, cuidando da dignidade dela já que ela tem um namorado. Me levantei do sofá e parei bem na sua frente.

– não. - sibilei e me afastei dele, mas Pedro me pegou pela cintura e me puxo para perto dele me girando e grudando nossos corpos. Minha respiração falhou quando senti seu hálito próximo demais. Essa deveria ser a parte que eu dizia que não queria isso, eu deveria ser mais forte do que antes. Mas não consigo. Eu... - Pedro, não faz isso. - minha palavras falavam uma coisa, mas meu tom implorava outra.

– Por que eu nao deveria ? - sua voz sussurrou e me deu um alerta. Ele era afim da minha melhor amiga! Eu o empurrei, mas ele me puxou de volta com força e acabamos caindo juntos no sofá com ele em cima de mim

– e a Priscila? - perguntei irritada ou tentei parecer assim, ele gosta da minha amiga e quer ficar comigo?

– Você sempre foi meu ponto fraco - sua voz firme e sussurrada soou em meus ouvidos e eu não pude resistir. O puxei pela nunca e grudei nosso lábios e um beijo urgente. Sua língua pedia passagem a qual eu consegui, eu queria dizer que não senti saudades desse beijo, mas eu estaria mentindo. Suas mãos passeavam pelo meu corpo e subiu devagar minha blusa. O ar começou a ficar escasso e sessamos o beijo, mas rapidamente Pedro desceu os beijos pelo meu pescoço e eu não deixei de saltar o um gemido, ele voltou a me olhar com malícia e tomou meus lábios outra vez.

– pornô na minha sala não! - escuto o grito acusatorio da Jade e saio de debaixo do Pedro me ajeitando e evitando olhar para ele . Senti minhas bochechas esquentarem, mas o guitarrista fingia que nada havia acontecido. A minha amiga pareceu notar isso e arqueou as sobrancelhas olhando de mim pra ele. - Ka você não quer ir tomar um banho trocar de roupa essas coisas ? - ela tentou me salvar do que estava acontecendo e eu agradeci mentalmente enquanto ia pro tão conhecido quarto da bailarina, onde a nossa amizade começou de verdade há mais ou menos um ano e meio atrás. Exatamente quando a minha relação com o Pedro mudou do fervente pro gelado.

– Karina me conta o que aconteceu, por favor - Jade me pedia quanto eu chorava em seu colo, deitada em sua cama. Nós não eramos amigas, mas eu precisava de um colo e foi ela quem me acolheu na pracinha me trazendo quase que obrigada pra casa dela. Suas mão passavam calmamente por meus cabelos curtos o acariciando. E eu senti um carinho o qual não sabia que ela nutria por mim. Eu não conseguia responder, minhas lágrimas aumentaram a intensidade quando ela me fez pergunta sobre o que aconteceu. Eu não queria lembrar, queria que parasse de doer, queria esquecer as palavras que foram me jogadas na cara como um tapa.

– foi o... Foi ... - eu não consegui pronunciar o nome dele. Eu estava magoada, devastada. Ele havia sido a pior e a melhor coisa na minha vida e eu só queria acabar com essa dor sufocante que ele havia causado. Só queria tampar o enorme buraco no meu coração o qual ele havia deixado. Mas eu não posso culpa-lo, eu não posso martiriza-lo por meu coração ser tão burro a ponto de se apaixonar.

– o Pedro - ela disse calmamente e eu levantei meu olhar a encarando. Como ela sabia? Será que ela conhece a outra? A vadiazinha que o Pedro está ficando? - Ka, posso te chamar assim né ? - eu concordo com a cabeça e ela sorri compreensiva com meu estado - não era segredo pra ninguém que vocês estava namorado... - eu a interrompo.

– nós somos só amigos - eu digo e sinto meus olhos ardendo de novo

– amizade colorida então, vocês se pegavam minha flor, todos sabiam. Agora me diz o que esse babaca fez que eu vou mandar o Cobra meter a porrada nele - ela diz se tonando como uma mãe, ou irmã, protetora. Eu nunca havia visto Jade assim. Pra mim ela era só a menina que implicava comigo, odiava minha irmã e namorava meu melhor amigo. Eu fiquei confusa agora.

– Por que está sendo tão legal comigo ? - ela passou a mão pelos meus cabelos de novo e foi fechando o sorriso.

– pode não parecer lutadora, mas nunca tive nada contra você. - ela falava e me puxou pra um abraço - na verdade eu sempre te admitirei, pela sua bravura. E te ver assim, despedaçada.... Me preocupei. - ela terminou a frase sussurrando e eu retribui o abraço.

POV's Pedro Ramos

O que foi que aconteceu? Por que eu fiz isso? Pedro Ramos, você por acaso tem merda na cabeça? Por que beijou a esquentadinha? Certo eu pirei. Mas uma parte de mim implorava pra senti-la daquele jeito de novo, sem ser por fingimento. Eu precisava de sua boca, de seu corpo no meu. Precisava de suas unhas me arranhando e de sua respiração ofegante. Precisava de seu cheiro empreguinado em mim e de seus gemidos chamando por mim. Não medi meu sorriso quando Karina deixou a sala. Eu nunca admitiria, mas eu sentia falta dela. Eu sentia falta de tudo nela. Mas ela não era minha prioridade, não agora.

Eu estava tão inertes em meus pensamento que nem reparei que Jade me encarava com uma cara de poucos amigos. Eu hein, nunca fiz nada pra ela, mas ela sempre me trata mal. Garota estranha, nunca fiz nada pra ela.

– se a Karina vier chorar nos meus braços por você outra vez , eu juro que te castro garoto. - ela me ameaçou e saiu a passos largos para o mesmo local onde Ka havia sumido há alguns minutos.

A Karina chorou por mim? Eu não sabia disso. Mas como assim ela chorou por mim? O que eu fiz de tão ruim que possa a ter magoado. A não ser que ... Nãooo ela não se abalaria por isso.