Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 6
Feliz aniversário


Notas iniciais do capítulo

Ameeeegos! Voltei-me linda e loura -sqn com um novo capítulo fresquinho procêis!
Leiam as notas finais :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/547941/chapter/6

Abracei meu irmão.

— Feliz aniversário, chato!

Robert riu e beijou o meu cabelo. Era engraçado vê-lo parecendo muito mais jovem e tranquilo no dia em que ele estava ficando mais velho.

— Obrigado, Layla. Feliz aniversário para você também.

Eu sorri também, feliz como uma foca adestrada por ele uma vez na vida não estar me dando ordens ou dizendo que eu não sou boa o suficiente.

— Seu presente seria um luau com as garotas mais bonitas de Illéa, mas mamãe e vovó não deixaram — brinquei fazendo cara de pesar. Meu irmão engasgou e precisou de uns tapinhas nas costas. — Estou brincando! Seu presente está no meu quarto. Depois que a festa acabar eu te entrego ele, tudo bem?

Robert fez uma expressão reprovadora que eu conhecia muito bem, mas ele ainda estava tranquilo e feliz, como um adolescente deveria ser.

— Você sabe que eu não me importo com isso, irmãzinha — seus olhos dançavam, animados por razão alguma.

— Sei — concordei tentando espantar esses pensamentos de minha mente. Robert estava bem. — Mas eu quero te dar esse presente, então você não vai reclamar porque hoje é seu aniversário e você merece todos os mimos do mundo.

Ele inclinou a cabeça para um lado, meio sorrindo como se pensasse "E alguém já conseguiu tirar uma ideia da sua cabeça. Layla?".

— Justo — assentiu com ar de riso. — Desde que você não se importe com o fato de eu lhe dar um — Robert sorriu de forma angelical e estendeu uma caixinha fina e retangular.

Abri-a. Aninhado no forro de veludo negro estava um colar de diamantes muito delicado, com um padrão como o de uma pequena serpente de brilhantes. Era incomum, mas sem dúvida maravilhoso.

— Ah, é lindo! Obrigada, Robert — me virei para que ele colocasse o colar em meu pescoço.

Ele o fez com delicadeza. A ponta de um dedo tocou minha nuca.

— Uma sorte que você não estivesse usando colar hoje. Você sempre usa.

— Sorte, sei. Por acaso foi Kristine que disse-me para ir sem colar hoje — respondi virando-me novamente para ele.

Meu irmão abriu um sorriso de quem foi pego e ergueu as mãos para o alto como quem se rende.

— Culpado.

Meus pais entraram na sala nesse momento. Vi uma leve surpresa ao verem que não havia animosidade no ar.

Meu pai, com o jeito sempre silencioso estava nos olhando, montando um quebra-cabeças em sua mente, minha mãe tentou e quase conseguiu fingir que estava tudo bem, que era só mais um dia comum e que eu e meu irmão quase nunca caíamos no tapa.

— Aí estão vocês! — mamãe exclamou e deu uma olhadinha em mim antes de abraçar-me. — Você está linda, querida. Feliz aniversário.

Sim, ele me deu feliz aniversário quase oito horas da noite. Onde minha família estava o dia inteiro? Não me pergunte.

— Obrigada — agradeci enquanto ela abraçava Robert.

— Vamos? Eles estão esperando — foi a contribuição de papai, que deu uns tapinhas nas costas do filho o e sorriu para mim. O rei de Illéa é tão capaz de lidar com esse tipo de momento quanto uma anêmona do mar.

Concordamos em sincronia. Eu ajeitei o meu vestido prateado e abri meu sorriso mais cintilante, tudo tinha que ser perfeito naquela noite, não era só o nosso aniversário, era muito mais. Esses eventos era onde os aliados viam se valia a pena manter os acordos com Illéa e os menos chegados se valia tentar uma aproximação, como a que minha família tentava desesperadamente convencer a Rússia a fazer.

Meus pais saíram primeiro, em seguida fomos Robert e eu à sombra deles, como sempre.

Os flashes nos cegaram no instante em que pisamos no corredor principal.

— Alteza, como está se sentindo com a aproximação de sua Seleção?

— O senhor está preocupado com a chegada das garotas?

— Como está se sentindo em relação à Nova Ásia? Confiante?

Não ouvi devido ao zum-zum-zum, mas tenho certeza que a resposta de Robert foi impecável. Ela sempre era, mesmo quando Robert não fazia ideia de o que fazer. Quando éramos crianças ele costumava dizer que seria um excelente rei porque iria deixar as pessoas livres, mas com o tempo percebi que isso era bobagem para ele. Se tentava aprisionar a própria irmã, porque deixaria a nação livre?

Continuamos em linha reta dentro do Grande Salão, minha família cumprimentava nossos conhecidos. Tinha muita gente ali e eu não sabia direito de quem era as bochechas que eu estava beijando.

— Layla! — Alguém gritou e agarrou o meu braço. Olhei na direção do som e encontrei Marianne, princesa da Itália sorrindo largamente e piscando aqueles olhos impossivelmente verdes. — Feliz aniversário!

— Mari! — abracei-a. — Faz séculos que eu não te vejo!

Marianne tinha uma beleza típica que me irritava profundamente: ela era magra e alta, com a pele escura como uma noz e olhos da cor de esmeraldas do tipo mais caro que se destacavam muto contra seus cabelos negros.

— Eu sei — ela suspirou e balançou a cabeça. — Minha vida está uma bagunça, não tenho tempo nem de respirar. Quase nem pude vir, mas imagina se eu ia perder seou aniversário.

— Que tipo de bagunça vida está? — perguntei interessada. Será que a vida de alguém estava tão estranha quanto a minha estava nas últimas duas semanas?

— Nada de mais, algumas pessoas não estão felizes, você sabe bem como é.

Concordei. Sabia bem até demais.

— Em todo caso, eu já volto. Tenho que fazer a minha parte — indiquei a coroa de brilhantes sobre meus cabelos.

Mari também assentiu, solidária e foi em direção à mesa onde seus pais e sua delegação estavam.

Tentei chegar de fininho ao lado de Robert, mas ele me fuzilou com o olhar. O bom humor de mais cedo desaparecido.

— Onde você estava? — falou sem emitir som.

— Com a Marianne — respondi igualmente em silêncio.

Os lábios de Robert se tornaram uma linha fina.

— Tenho algumas de pessoas para te apresentar — sussurrou com um sorriso. — Aquele acordo que eu e papai temos tentado conseguir com a Rússia está prestes a sair e quero te apresentar o príncipe russo, Dimitri… — Ignorei a nota sugestiva em seu tom na última frase. Robert concordava em número, gênero e grau com o professor Lore: eu tinha que arrumar um pretendente para ser uma princesa digna. Ah, mas o Robert pode ter um reality show pra escolher entre uma variedade de mulheres que está tudo bem e eu tenho que ser empurrada pro primeiro que aparecer. Bem-vindo à democracia de Illéa.

— Não comece — sorri agradavelmente para ele. — Eu não quero conhecer ninguém.

— Layla… — ele enlaçou o meu braço. — Eu não estou te perguntando se você quer.

Meu irmão me arrastou pelo salão, me apresentando a todo mundo que passasse pela frente, fiquei surpresa com a quantidade de pessoas que eu desconhecia.

— Esse é o rei Ivan Petrovich, da Rússia. Temos feito grandes avanços recentemente — meu irmão sorriu um pouco. —Essa é Layla, minha irmã e princesa de Illéa.

— É um prazer conhecê-la — disse curvando-se de forma séria.

Fiz uma reverência de retorno.

— O prazer é meu, senhor.

— O senhor sabe onde está Dimitri? Eu quero apresentá-lo à minha irmã, não o encontrei durante o dia — comentou Robert, olhando em volta.

O rei me olhou de forma desconfiada.

— Acho que o vi indo em direção aos jardins, vocês têm belos espécimes aqui.

— Obrigado — agradeceu Robert secamente, fazendo uma reverência pequena e me arrastando para o corredor.

— Obrigada pelo elogio às flores — completei. — Elas são os nossos xodós.

Rei Ivan deve ter sorrido, pois seu bigode se mexeu.

Robert me puxou delicada, porém firmemente.

— Não entendo isso. Você sempre evita me apresentar para todo mundo porque eu nunca sou o suficiente e de repente… — indiquei o salão e as pessoas nele.

— Você não está entendo, Layla. Temos que nos aliar à quantas pessoas der. Se, Deus nos livre, os Illéa assumirem o poder, nossos aliados serão nossa maior arma de contra-ataque.

— Você joga tão baixo, Robert! — sussurrei, chocada, quando passamos por alguns soldados montando guarda. — Isso é repugnante.

— Em tempos difíceis, irmãzinha, temos que tomar decisões difíceis — ele deu de ombros.

— O que você quer dizer com isso?

— Em breve você também terá decisões a tomar. É por isso que quero te apresentar Dimitri e à essas pessoas todas. Eu não sou o rei, mas logo serei. Preciso começar a decidir o futuro do meu país já.

Não gostei do tom dele. Não gostei nadinha.

— Até lá… deixe o papai cuidando disso, ok?

— Não — e sua voz era inflexível como aço. — Minhas decisões começam agora. As suas também.

Eu não fazia ideia do que ele estava planejando, mas sabia que aquelas palavras tinham um peso grande em todo o meu futuro. Um peso maior do que eu imaginei ser possível.

Voltei ao salão pensando na ameaça implícita de meu irmão. Ele estava aprontando alguma e isso era certo como o sol nascer na manhã seguinte.

— Ei loira! — Alguém berrou na minha orelha e eu pulei uns dois metros. Marianne começou a rir como uma hiena. — Foi mal, você está perdendo a diversão — disse agarrando minha mão e puxando-me para o Grande Salão onde uma banda estava tocando música pop. Os mais velhos haviam desaparecido dali.

— Essa é uma festa de adolescentes ou não é? — Minha amiga começou a rebolar, passar a mão no cabelo e tudo.

Mari estava dando um pequeno show de dança a meu lado e eu tentava sumir.

— Vamos lá, Layla! Hoje é seu aniversário, pare de se esconder atrás de mim e simplesmente deixe a música te levar — ela entrelaçou nossos dedos me forçando a seguir seus movimentos. Mesmo bêbada como estava, Mari dançava muito melhor que eu.

— Eu te odeio — gritei por cima da batida enquanto ela ria loucamente.

— Só porque você não sabe dançar — respondeu dando uma abaixadinha de forma sexy.

— E precisa de outro motivo? Você está roubando meus holofotes — falei de forma afetada e ela desatou a rir.

— Princesa Layla — fui chamada por uma voz bem a meu lado.

Voltei-me para o som e encontrei olhos muito escuros me observando.

— Príncipe Dimitri. — Os traços de riso desapareceram de meu rosto.

— Podemos conversar?

Afastei-me um pouco de Mari e ela "discretamente" deu uma piscada entusiasmada rindo ainda mais bobamente.

— É claro — falei fazendo careta para Mari e dando-lhe as costas. — Se importa de irmos para um lugar mas calmo? Não quero ter que gritar.

Dimitri sacudiu a cabeça e fez um gesto para que eu fosse à frente, uma mão grande e fria contra minhas costas nuas e eu tive que me conter para nãoo tremer. Vi que muitas pessoas deram risadinhas à nossa passagem.

— Finalmente — suspirei quando entramos em um corredor onde o som que vinha do Grande Salão foi abafado. Voltei-me para o rapaz inquieto a meu lado.

Dimitri havia enfiado as mãos nos bolsos do casaco preto de gola alta. Não era um tipo de roupa comum em Illéa, mas fazia Dimitri parecer uma imagem em preto e branco.

— Eu gostaria de me desculpar pelo modo como a tratei essa manhã, agi como um idiota com a senhorita — ele me olhava através dos cílios escuros que lançavam sombras sobre seus olhos. O quadro geral era impressionante. — Aquela não foi minha intenção e não tinha motivos para ser rude, a senhorita me perdoa?

— Tudo bem, sei que não agi da melhor forma também — dei de ombros envergonhada.

— Obrigado — ele fez uma mesura formal e saiu de perto de mim por um corredor que levava ao átrio.

Observei-o até desaparecer na curva do corredor e voltei para a festa cada momento mais fora de controle. Eis uma coisa interessante sobre membros da realeza e festas: como quase nunca podemos nos soltar, nós quase sempre acabamos nos excedendo em eventos como aquele, o que gerava sempre manchetes interessantíssimas.

Mari estava parada bem na entrada do corredor me esperando com uma taça de vinho vazia na mão.

— Você é uma vaca sortuda — minha amiga riu. Quando ficava bêbada Mari era a pessoa mais risonha do mundo. — Primeira vez que vê o cara e já sai dando uns amassos. E ainda mais no Dimitri...

Corei violentamente.

— Eu não estava de amasso com ninguém, sua vaca. Meu nome é Marianne por acaso? Só estávamos conversando.

— Uhum, e eu sou virgem — ela franziu o cenho. — Na verdade, eu sou mesmo, então esquece isso.

— Vai dormir, Mari — eu a empurrei de brincadeira.

Ela riu e tentou me arrastar de volta para a pista de dança, mas foi impedida por uma mão grande e forte em meu ombro. Robert sorriu levemente, porém com os olhos ferinos direcionados a mim.

— Com licença, Marianne, preciso sequestrar minha irmã por alguns momentos.

Ele me puxou para o mesmo corredor onde estive minutos antes, assim que saímos das vistas dos outros meu irmão me encarou furiosamente.

— Onde está princípe Dimitri? — exigiu como se fosse meu dever informá-lo.

— E eu lá vou saber? — retruquei puxando meu pulso de seu aperto férreo sem êxito algum. — No jardim? No quarto? Ele foi por ali — indiquei o caminho atrás de mim.

— Layla, ele estava com você e de repente sumiu. O quê você disse para ele?

Encarei-o de volta.

— Não importa, idiota! Me solta.

— Layla, se você o destratou... — ele deixou a ameaça no ar, mas seus olhos deixavam claro que eu ia pagar por aquilo. E caro.

— Eu não fiz nada. Só porque ele não está na festa não significa que eu fiz alguma coisa errado, ok? E pare de agir como se tudo de errado que acontece é culpa minha. Isso está cansando, seu cretino.

Impaciente, puxei meu pulso e voltei-me furiosa para o quarto onde a batida da música ainda ressoava em minha cabeça.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tomei vergonha nessa minha cara e fiz um trailer pra fic (êêêh) não tá concorrendo ao Grammy, mas....
Link:http://youtu.be/FE26B5N3zNg
Agora, beijos de luz no coraçãozinho de vocês



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Deixe a neve cair" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.