Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 7
Uma solução


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeeeeeeeey brother, have a end... ok, não.
Então, voltei-me para postar esse capítulo. Eu cortei um pouco da embromação que eu tinha feito antes, só para as coisas fluírem mais rápido, Então sim, esse capítulo é meio muito rápido (para os meus padrões de tartaruga manca).

Temos música? Temos! ::::
Afraid - The Neightborhood

Não costumo explicar as razões pelas músicas que eu ouço até pq não tem uma razão, mas essa música tem: eu acho que todo príncipe e princesa tem aquele medo tipo "se eu não fosse da realeza isso estaria acontecendo comigo? As pessoas se importariam com quem eu sou?" então, tipo... acho que pelos acontecimentos do cap em si essa música se encaixa. Sim eu sou louca, obrigada Mr Óbvio.



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Na manhã seguinte ao meu aniversário eu estava simplesmente um caco. Eu não tinha bebido muito, mas a música alta estava ressonando na minha cabeça como gongos e o comportamento imbecil do meu irmão não saía de minha mente.

Estava sentada com as pernas cruzadas em uma escadaria do segundo andar quando uma sensação fez os pelos na minha nuca arrepiarem. Era uma sensação ruim, fria.

Virei-me, na defensiva, embora tenha sido em vão. Era o príncipe Olivier, da França com um sorriso zombeteiro no rosto fino.

Sorri tranquilamente para ele enquanto me levantava para fazer-lhe uma reverência.

— Olivier.

— Layla, que surpresa encontrá-la! O que a traz aqui? — ele indicou o ambiente com uma mão.

Ergui uma sobrancelha.

— Eu moro aqui, Olivier.

Ele sorriu amplamente.

— Imagino. Bem, você não dançou comigo ontem.

— Eu não dancei com ninguém… além da Mari. Não se sinta especial.

Ele riu, jogando a cabeça para trás. Se crescesse uns cinco centímetros e começasse a malhar, Olivier seria bonito pra caramba.

— O que acha de me dar a honra agora? — ele estendeu a mão, galantemente.

— Eu estou ocupada — notando o quão rude isso soou, apressei-me a consertar. — E tenho aula de piano daqui a pouco, só estou matando o tempo.

—Tenho certeza que dançar comigo é uma forma muito mais produtiva de matar o tempo — sorriu como se fosse uma coisa óbvia.

Ele também precisava ser um pouco menos convencido, acrescentei mentalmente.

— É… parece ótimo, mas passo. Preciso ir. Até mais tarde.

Olivier me olhou frustrado, mas fez uma reverência e saiu.

Tudo bem, eu não deveria ter descontado nele minha irritação com meu irmão. Agora eu estava me sentindo mal. Olivier e eu já tínhamos sido melhores amigos no passado e fomos nos distanciando, mesmo assim eu não tinha o direito de ser uma vaca com ele.

Entrei na sala de música sentindo-me uma idiota. Esse dia começou todo errado.

Mal toquei duas notas quando meu irmão, meu pai, príncipe Dimitri e rei Ivan entraram na sala.

— Hanna? Podemos ter uma palavra com Layla? — papai pediu polidamente.

O que foi que eu fiz agora? pensei desanimada.

— Com certeza, Majestade — Hanna fez cinco reverências com jeito de bailarina idosa e fechou a porta atrás de si.

— Se for sobre o que aconteceu ontem de manhã… — comecei.

Os olhos de Robert se incendiaram e eu calei a boca rapidinho. Uma expressão de alerta que dizia com todas as letras para eu tomar cuidado com o que dizia nublou seu rosto.

Ops, não era por isso que eles estavam ali. Príncipe Dimitri não havia me dedurado.

— Essa conversa em particular nós teremos mais tarde — meu pai me fitou. — Estou extremamente interessado em saber o que aconteceu ontem manhã.

Abri um sorriso tranquilo e pus as mãos para trás para elas não tremerem e me entregarem.

— Nada digno de nota, você sabe. Apenas eu e meus lapsos — ergui uma sobrancelha para Dimitri, desafiando-o a me contradizer. Ele não o fez.

— Estamos aqui para tratar de um assunto importante — Robert anunciou, cortando papai e eu.

— Que assunto? — perguntei, de repente gelada. Aquela expressão de "Não ouse abrir a boca" estava de volta, mais intensa do que nunca e esse era sempre um péssimo sinal quando se tratava de meu irmão.

Ele deu um passo à frente.

— Depois de muitas negociações, a família real russa aceitou nos ajudar em relação ao nosso problema com os Illéa — declarou simplesmente.

— Isso é maravilhoso! — exclamei, tentando não demostrar muito sentimento. Essa era uma das principais reclamações de Katlen, minha professora de etiqueta. Eu era expressiva demais.

— Contudo… em troca, nós oferecemos um dos maiores bens de Illéa. Oferecemos sua mão em casamento.

Me levantei em átimo.

— O QUÊ?

— Layla — Robert me repreendeu.

— Não, sem essa de"Layla" — rebati.— Eu não sou um brinquedo e nem um objeto que Iléa pode negociar! Eu não sou um bem de Illéa e nem de ninguém, Robert!

Meu irmão apenas me olhou com toda a calma do mundo. Ele sempre conseguia usar aquela maldita máscara de compostura.

Quem não o conhecia podia até acreditar que ele estava calmo, mas eu podia ver uma veia pulsando ligeiramente em seu maxilar. Ele respirou fundo antes de continuar.

— É claro que você não é. Você é minha irmã e eu a amo, mas eu também amo o meu povo. Nosso povo. Eu quero o melhor para Illéa, e você sabe que essa é a melhor opção.

Isso só podia ser brincadeira.

— Você está me vendendo — acusei. — Pai!

— Querida… — papai começou. — É claro que não estamos te vendendo, nosso acordo te dá total liberdade para...

Robert me encarou com aquela expressão ponderada pela qual era famoso.

— Não seja boba, Layla — replicou cortando nosso pai. — Pense nisso como um intercâmbio.

— Para ser um intercâmbio alguém teria que ficar aqui no meu lugar — objetei.

— Layla...

— E se eu não quiser me casar? — ergui o queixo.

— A Rússia está preparada para arcar com essa possibilidade — disse-me rei Ivan com intensidade, me deixando constrangida.

No calor do momento eu tinha me esquecido que ele e seu filho — meu noivo, aparentemente — estavam ali.

— Presumo que um mês de noivado seja o suficiente? — meu irmão era todo negócios novamente.

Argh! Era como se eles tivessem me entregado um pirulito e dito "Aqui Layla, chupe esse pirulito e deixe os adultos conversarem".

Eu deveria ter nascido homem, assim ninguém iria interferir na minha vida.

— Não — o rei discordou com aquele sotaque. — O inverno é uma péssima época para casamentos. Talvez em março?

Respirei fundo. Eu sou uma princesa. Eu assumo as rédeas de minha vida.

— Terei que ficar três meses na Rússia? — o terror deveria estar estampado na minha cara.

— Algo por aí — Robert concordou.

— Não quero ir. — tentei uma última vez. — Não quero me casar.

— Apenas tente, Layla — papai disse completamente sério. — Três meses. Se você não sentir nada por Dimitri até lá, voltará para Illéa e ninguém nunca mais toca no assunto.

Balancei a cabeça.

— Preciso pensar. Isso… é demais para mim — será que todo mundo podia ouvir o desespero em minha voz? Vi que príncipe Dimitri trocou um olhar com meu irmão.

— Tudo bem, pense sobre isso — Robert cedeu com um sorriso estranho nos lábios. — Mas precisamos de uma resposta para amanhã. Dependendo da sua resposta a delegação russa terá que estender sua permanência aqui.

Concordei e saí o mais rapidamente possível até meu quarto sem correr.

Kristine me olhou assustada quando irrompi pela porta.

Contei para Kristine o meu problema. Ela ficou horrorizada. Casamentos arranjados infelizmente sempre foram uma prática comum para a realeza, mas eu sempre tive pra mim que só iria me casar com alguém que eu amasse de verdade e de repente minha vida virou de ponta-cabeça sem eu poder fazer nada. Bem, eu poderia ir até lá e dizer que não queria fazer aquilo, mas eu sabia o que iria significar: a Rússia não iria nos ajudar.

— O quê você vai fazer? — minha amiga perguntou na manhã seguinte quando eu acordei. Não tinha saído do quarto no dia anterior, não queria encontrar Dimitri e nenhum dos outros. Não queria ser influenciada.

— O quê você acha? Não tenho opção, tenho? Preciso ajudar meu país e a minha família. — dei de ombros. — Um acordo com a Rússia seria vantajoso e inédito.

— Acho que deveria falar com o príncipe Dimitri antes de qualquer coisa, Layla. E se ele for um maluco aproveitador de garotas?

— Ele é um príncipe — observei.

— E príncipes não podem ser aproveitadores de garotas? — retrucou.

Encarei-a.

— Essa decisão já é difícil de ser tomada em sã consciência e você não está me ajudando, Kristine.

— Ah, desculpa! Mas voltando ao ponto principal, você deveria ir lá falar com ele.

Assenti.

— Você sabe em que quarto ele está?

— O último no corredor principal do segundo andar — informou, prestativa.

Concordei novamente com a cabeça.

— Eu vou lá.

— Boa sorte — Kristine apertou minha mão.

Respirei fundo.

Eu ia precisar.

Desci para o segundo andar, pensando no que dizer.

— Layla — Olivier sorriu, interceptando-me no corredor. Sério, de onde esse menino saiu? — Agora você veio me procurar para termos nossa dança?

— Na verdade — comecei incerta —, estou procurando o príncipe Dimitri. Você o viu? É urgente.

Olivier entortou a boca.

— Eu acho que ele está no quarto — resmungou emburrado.

— Obrigada, Olivier. Você é um amor — saí andando a passos decididos.

Todas as portas estavam fechadas, as pessoas já estavam voltando para seus países de origem.

Estendi a mão para bater à porta e ela se abriu alguns segundos depois. Um Dimitri muito surpreso estava parado ali.

—Alteza — fiz minha reverência.

— Princesa — ele também se inclinou. — Posso ajudá-la?

— Podemos conversar?

Vi um brilho de surpresa em seus olhos negros.

— É claro. Entre.

O quarto era totalmente branco, com uma cama grande, escrivaninha e um guarda-roupas. Um quarto de hóspedes totalmente impessoal. A única coisa fora do lugar ali era um homem louro sentado em uma cadeira diante da escrivaninha e que tinha os braços cruzados e um sorriso cínico nos lábios.

— Olá, irmãzinha.

Estremeci. Não era para Robert estar ali.

— Você pode pedir a ele para nos deixar a sós? — perguntei para o príncipe Dimitri. — Desejo falar só com você.

Os dois se encararam, surpresos.

— Ah... é claro. Robert, por favor…

Robert ergueu uma sobrancelha.

— Lamentavelmente, não posso deixá-los a sós por dois motivos: eu te conheço o suficiente para saber suas jogadas, Layla, e porque as pessoas vão falar.

—E não é essa a intenção? Que eles vejam o quão fortes são os laços entre a Rússia e Illéa? — perguntei com uma nota ácida.

— Layla, apenas diga o quê veio dizer — meu irmão pediu impaciente.

— Eu quero saber sobre os termos do acordo — respondi simplesmente. — Estou pensando sobre isso. Se não for, sabe, abusivo…

— Bom, são três meses, você tem que se comportar bem, mas pode voltar à Illéa a qualquer momento caso as coisas não dêem certo entre vocês. É só isso, nenhum bicho de sete cabeças — Robert deu de ombros.

Não é para você, corrigi mentalmente.

—No momento em que eu quiser posso voltar?

— Desde que tenha um motivo válido, sim.

— Tipo… odiar o frio que eu sei que faz na Rússia?

Robert riu. Dimitri ergueu uma sobrancelha.

— Isso não é um motivo válido, Lay — meu irmão disse ainda sorrindo.

— Tudo bem! — aceitei. — Eu aceito esses termos em nome de minha família. Quero ir para a Rússia.

— Eu sabia que você poderia ser razoável — meu irmão me abraçou. — Faremos o anúncio na sexta. Eu vou chamar papai — e ele saiu me deixando sozinha com meu "noivo".

Fiquei olhando para o chão.

— Sei que isso é uma decisão difícil, senhorita — Príncipe Dimitri me disse com o que parecia um ar solidário. — Farei o possível para tornar esses três meses fáceis para você.

— Obrigada, mas não acho que alguma coisa poderá fazer isso ser menos ruim. Eu tenho dezenove anos e estou noiva — gemi.

Ele não sorriu.

— Eu também estou noivo, não se esqueça.

— Eu também vou tentar ser uma pessoa agradável, mas vai ser difícil. E outra coisa, eu não costumo fingir muito bem — sacudi a cabeça. — Isso vai ser uma tragédia.

Pela primeira vez, ele sorriu.

— Ou uma tragicomédia.


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Notas finais do capítulo

Eu não disse que eu era louca?
Beijos e até segunda



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