Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 46
Sombras


Notas iniciais do capítulo

Eeeei! Bom dia! Acredito que nosso tempo juntas está chegando ao fim, embora ainda não tenha certeza de nada ainda.
Enfim...
No último capítulo de DaNC:
"— Princesa — ele assentiu para mim. O rei exibia uma fachada perfeita e séria, mas eu podia ver o cansaço em suas linhas. Ele estava acabado. — Precisamos discutir sobre a sua coroação.
Eu podia sentir que vinha coisa ruim por aí.
Deixei um suspiro sair de minha garganta.
— Eu preciso mesmo?
— Infelizmente sim — ele respirou fundo. — Você deve se casar com Demyian no equinócio de primavera.
Todo o ar foi drenado dos meus pulmões.
— O quê? Não vou me casar com Demyian! Não vou trair Dimitri.
— Você precisa. Querendo ou não, é parte deste clã. Precisa produzir herdeiros e precisamos de um rei com o sangue Serov nas veias.
Engoli em seco.
— Por que Demyian não pode se casar com outra pessoa e eu renunciar ao posto que é de direito de seu clã?
— Sangue direto, você é a princesa da Rússia — explicou dando de ombros. — Sei que você não quer aceitar isso, mas é parte das leis russas. Você deveria ter pensado nisso antes de se casar com meu filho sem ninguém saber.
E então eu entendi o motivo de meu pai ter me chamado para conversar. Ele não queria dizer que estava orgulhoso, ele estava me preparando para o meu dever como princesa da Rússia."



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Depois de anunciar para mim que eu estava noiva de Demyian o rei teve o bom-senso de não permanecer no meu caminho durante os dias que se seguiram enquanto meu “noivo” ficava me perseguindo de cômodo em cômodo tentando conversar comigo.

— Eu não tive culpa, tá legal? — ele explodiu três dias depois que isso tudo começou.

— Eu não disse que teve, mas você bem que poderia ter me dado uma força! “Ele tem razão, Layla. Somos um clã e precisamos permanecer unidos.” — citei com ácido na voz. — Eu já sou casada com o seu primo! Pensei que você o respeitasse mais que isso.

Demyian me olhou seriíssimo.

— Eu o respeito. Mas respeito meu clã e suas regras também e eu lamento que você e Dimitri foram loucos o suficiente para se casar, mas está feito. Você será rainha e eu serei seu marido e quando chegar a hora, nós teremos sim que produzir herdeiros — ele me encarou obstinado. — Não é o arranjo que eu gostaria, mas infelizmente é o que deu. Eu aceito meu destino, abaixo a cabeça e vou em sua direção. Então pare de fingir que Dimitri está vivo e que vai voltar para me matar quando descobrir, porque ele não irá. No máximo ele vai aparecer para puxar o meu pé à noite.

Eu nem percebi o que estava fazendo até que minha mão fez contato com seu rosto. O estalo foi forte e minha mão ardeu, mas eu ignorei isso.

— Não se atreva a falar de Dimitri — chiei furiosa.

Demyain piscou algumas vezes, estupefato.

— Caramba, Layla — ele piscava mais ainda. — Eu não acredito que falei isso — lamentou. — É horrível pensar que Dimitri possa estar morto, mas você sabe que somos um clã militarizado e aceitamos nossas missões. Você é a minha missão e eu não vou fingir que acho a pior coisa que poderia acontecer, mas o preço foi alto e eu com certeza prefiro que meu primo esteja vivo, mas… — ele deu de ombros.

— Você está agindo como um idiota nesses últimos dias — falei. — Eu gosto de você, Demyian, gosto mesmo, mas eu amo seu primo e isso não vai mudar.

— Muitos casamentos começam com menos que apenas “gostar”. Eu posso viver com isso. A gente nem precisa transar, só quando precisarmos de herdeiros porque… você sabe — ele corou.

Era estranho pensar que Demyian tinha apenas dezessete anos e estava preparado para se casar comigo. Era assustador que ele quisesse e aceitasse tão bem o fato de meu marido, seu primo idolatrado, tinha morrido.

Eu não chorei com essa percepção, mas fiquei extremamente furiosa e mais ainda quando o rei e seu irmão apareceram em rede nacional anunciando meu noivado pela honra do clã e do governo russo com Demyian. Eu não me importava com a maldita honra do clã e odiava aquele circo que estava sendo armado ao meu redor. Eu tinha duas semanas antes de estar casada com outro homem, então fui para o único lugar que eu não seria perseguida por ninguém querendo saber detalhes com os quais eu não me importava sobre esse casamento idiota: o cemitério.

Eu achava aquele lugar assustador, ainda mais porque o sol de inverno já estava começando a baixar no horizonte, mas mesmo assim fui para o lado da lápide de mármore com o nome do meu marido. Havia uma inscrição em latim que basicamente dizia “A vitória está reservada para aqueles que estão dispostos a pagar o preço”. Eu achava uma frase deprimente, mas era do livro favorito de Dimitri, A arte da guerra, e o rei achava que era uma frase boa para lembrar do filho que estava disposto a pagar o preço.

— Você é um bobão — falei para a pedra soterrada sob buquês de flores, fingindo estar falando com Dimitri. — Eu te disse para não ir, mas não, sua teimosia é maior, não é? Você vai ver só quando voltar, Dimitri, você estará encrencado.

Sequei uma lágrima idiota que escorreu por meu rosto e eu afastei alguns ramalhetes para tocar o mármore congelante com minha mão enluvada.

— Sinto sua falta — sussurrei. — Eu quero você aqui me dizendo o que fazer e me ensinado técnicas para me tornar uma líder melhor.

— Não deveria — uma voz grave disse atrás de mim e eu quase infartei. — Você parece ser muito boa.

— Yuri! — reclamei, colocando a mão sobre o coração que batia ensandecido no peito. — Santo Deus, homem, o que você está fazendo aqui?

O meu cunhado sorriu daquele jeito que eu associava à Dimitri. Um sorriso de quem andara aprontando, sabia disso e tinha amado.

— Vim te ver e checar as coisas, seu noivado e tal. Como você está?

— De onde surgiu esse interesse repentino? — perguntei desconfiada. — Você some por anos e de repente passa a aparecer para mim? Isso é algum tipo de perseguição?

— Ei, eu não estou te perseguindo — disse ofendido. — Eu me preocupo com minha cunhada que vai ter que se casar com meu primo mala.

Suspirei.

— Queria que seu irmão se apressasse — eu disse. — Ou que alguém me provasse que ele está morto para que eu pare de fantasiar com ele aparecendo por aquela porta e me salvando de um casamento desesperadoramente infeliz com Demyian.

— Mesmo? — ele parecia interessado, mesmo que contra a vontade. — Sempre tive a impressão que você e Demyian se davam tão bem!

— E como você poderia saber disso? — rebati. — Você vive do outro lado do país!

Yuri revirou os olhos.

— Eu tenho meus contatos, tudo bem? E alguns muito valiosos, acredite-me.

— Isso quer dizer informantes?

Ele deu de ombros.

— Pode chamar assim, se quiser — disse com tranquilidade. — Só vim te checar, mesmo. Se precisar de um abraço… bem, eu espero que alguém te abrace. De preferência que não seja Demyian, pois eu teria que quebrar o nariz dele por mexer com a garota do meu irmão.

Eu ri relutantemente.

— "Garota do meu irmão" — repeti. — Certo. Obrigada. E desculpe por ter sido má com você na outra noite, dizendo que você não estava fazendo o suficiente para encontrá-lo.

— Eu aprecio o gesto, Layla — ele sorriu um pouquinho só. — É melhor você voltar para o palácio, nem todos os ursos hibernam no inverno.

Não entendi o que ele quis dizer, mas senti um significado profundo sob suas palavras e assenti.

Eu vi Yuri desaparecer nas sombras do imponente palácio enquanto eu ia em direção às luzes e ao calor lá dentro e me perguntei como deveria ser para ele chegar tão perto de casa e não voltar.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, capítulo meio blergh, mas necessário.



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