Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 47
Cerimônia


Notas iniciais do capítulo

Yeeeeeeh! Segudo capítulo do dia pq o primeiro foi sonso.
Sei que ando sem assunto, mas poxa! Sou uma reclusa, ok?

Então vamos lá...
No último capítulo de DaNC:

"— “Garota do meu irmão” — repeti. — Certo. Obrigada. E desculpe por ter sido má com você na outra noite, dizendo que você não estava fazendo o suficiente para encontrá-lo.
— Eu aprecio o gesto, Layla — ele sorriu um pouquinho só. — É melhor você voltar para o palácio, nem todos os ursos hibernam no inverno.
Não entendi o que ele quis dizer, mas senti um significado profundo sob suas palavras e assenti.
Eu vi Yuri desaparecer nas sombras do imponente palácio enquanto eu ia em direção às luzes e ao calor lá dentro e me perguntei como deveria ser para ele chegar tão perto de casa e não voltar."



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— Branco ou dourado? — Anya ergueu dois retalhos de tecido diante de mim, tentando me obrigar a me interessar pelo meu próprio casamento.

Dei de ombros.

— Branco.

— Boa escolha — ela disse com gentileza, colocando-os cuidadosamente sobre a cama. — E os arranjos? Já se decidiu?

Suspirei, cansada com o que estava fazendo e eu sabia que era menos pelo casamento em si e mais pelo fato de que no segundo em que eu dissesse sim eu estava concordando em deixar meu casamento com Dimitri para trás, e eu não estava disposta a isso.

— Eu gosto das peônias, mesmo que elas não sobrevivam bem ao clima — franzi a testa. — Acho melhor pegarmos as rosas, mesmo.

— Você é uma princesa e futura rainha, pode perfeitamente ter flores fora de época em seu casamento.

Neguei com a cabeça.

— Rosas brancas estão ótimas.

Faltava pouco menos de 48 horas para o meu casamento com Demyian e eu estava surtando. Dimitri não tinha voltado e eu tinha certeza de que aquilo significava que ele estava mesmo morto e então mesmo contra minha vontade eu tinha que me empenhar no casamento com Demyian.

Anya e eu permanecemos terminando os últimos detalhes, enquanto alguns dos encarregados do palácio cuidavam das outras coisas. Eu não pude deixar de comparar toda essa agitação com o meu casamento com Dimitri que foi totalmente simples e normal. E que eu estivera muito mais empolgada com ele.

Alguém bateu à porta e Anya foi prontamente abrir, Kira entrou intempestivamente no quarto.

—Ótimos tecidos — disse esfuziante apontando para cima da minha cama. — Vocês já se decidiram sobre a lua-de-mel?

— Hã… não? — olhei para Anya implorando por ajuda. Eu não queria ter que pensar naquela parte até ser inevitável.

— Está em pauta — Anya afirmou com o seu melhor tom de mamãe ursa furiosa. Ela estava brava com Kira por alguma razão que eu desconhecia, mas tinha sido assim pelas últimas duas semanas inteiras.

— Maravilha — a menina sorriu e então ficou séria. — Layla, seria bom se fosse discutisse isso com Demyian, já que ele é seu futuro marido e tal.

Assenti para deixá-la feliz.

— Claro, Kira — concordei. — Ótima ideia.

Ela bateu palminhas.

— Vou chamar ele.

E ela saiu tão rapidamente quanto entrou.

— Às vezes ela me assusta — falei para Anya.

Anya assentiu com o cenho franzido, ainda olhando para a porta.

— A mim também. Cada dia mais — declarou.

Permanecemos em silêncio até que os dois irmãos entrassem sorrindo.

— Olá — Demyian se inclinou e beijou minha mão e a de Anya.

— Oi — respondi desviando o olhar. Embora eu gostasse e muito de Demyian eu me sentia esquisita perto dele e não era no bom sentido. Era uma sensação opressora.

Ele sorriu.

— E então, onde você quer passar nossa lua-de-mel?

— Demyian, não teremos tempo para isso agora — falei cansada. — Nós teremos que cuidar de um país e conquistar a confiança dos nossos aliados antes de cogitar a hipótese de sair.

Seu rosto juvenil desabou.

— Você tem razão. Bem, não importa onde, o importante é o que vai acontecer, certo?

Quase vomitei com esse pensamento, mas me obriguei a assentir.

Kira saiu puxando o irmão por alguma razão que eu desconhecia e agradecia. Esperei-os sair da região do quarto para deslizar ao chão e colocar o rosto entre as mãos.

Anya me abraçou.

— Você não tem a obrigação de casar com o rapaz, querida.

Eu sabia que ela só queria me alegrar, porque nós duas sabíamos que era uma mentira. Não era como no caso de de noivar com Dimitri, que faria apenas uma aliança forte entre nossos países, o meu noivado com Demyian tinha a ver com sangue e honra e mesmo que eu detestasse essa coisa, eu entendia a lógica por trás desse noivado. Demyian era o último homem Serov do clã e eu era a princesa em linha direta, para o clã permanecer no poder eu só precisava me casar com o último remanescente.

O primeiro dia da estação das flores estava claro, embora ainda estivesse frio não era tanto em comparação com os rigorosos meses anteriores.

Nos últimos dias Kira tinha começado a me perseguir para que eu esquecesse de vez o seu primo e me empenhasse para fazer seu irmão feliz e, embora eu achasse o gesto fofo, queria ser deixada em paz em relação àquilo. Eu tinha dado minha palavra e iria consolidá-la mesmo que isso me destruísse por dentro. Dimitri tinha se casado comigo para que juntos construíssemos algo na Rússia, era horrível ter que pensar em fazer isso com outro homem.

Respirei fundo e toquei o pequeno botão ao lado de minha cama para chamar Anya e ela apareceu completamente vestida, mesmo que fosse muito cedo.

— Você poderia me ajudar a me arrumar?

— Quer que eu chame as outras assistentes? — perguntou delicadamente e eu sacudi a cabeça em negativa.

— Ainda não. Deixe-as para quando estiver mais perto da hora.

Anya assentiu e me deixou para que eu tomasse banho. Não era diferente das outras vezes em que eu fazia isso e tentei pensar no lado positivo, como o fato de eu estar fazendo aquilo por Dimitri. Não foi fácil achar bons motivos, mas isso não importava.

Enquanto me vestia com um robe de tecido macio pensei em um termo antigo para uma princesa japonesa, "princesa triste", pois ela tinha sido afastada daquilo que mais amava que eram seus trabalhos públicos e embora eu não pudesse comparar meus problemas com os dela, pensei entender como ela se sentia ao ser impelida a se afastar do que a fazia sentir bem.

Fomos para o segundo andar, em um lugar estratégico que tinha um caminho mais rápido para o Salão Nobre, Anya chamou as outras assistentes e elas começaram a trabalhar em minha pele e cabelo por tempo suficiente para minhas costas doerem, por fim minha assistente pessoal liberou as demais e me vestiu. Este vestido era muito diferente do que eu havia usado alguns meses antes em meu primeiro casamento.

As mangas eram três-quartos e feitas de renda e fazia um padrão íntrinseco com o tecido delicado da seda que eu vestia e o forro do vestido era de algum tipo de pelo muito macio.

Passei a mão pela aliança de Dimitri que agora estava na minha mão direita e esperei pacientemente Anya me maquiar.

Quando ela sorriu eu imaginei que estivesse pronta e assenti, me olhando no espelho de corpo inteiro que ocupava toda a parede pela primeira vez. O reflexo era de uma mulher alta e curvilínea com os cabelos presos em um coque elaborado e a pele dourada realçada com tons de prata e branco cujos olhos estavam determinados.

— Estou pronta.

Anya assentiu.

— Ainda temos cerca de meia hora antes da cerimônia, quer repassá-la comigo? — perguntou com gentileza.

Dei de ombros e nós recitamos minhas falas, primeiro as de casamento, depois as da coroação e Anya sorriu com orgulho do meu russo que ela havia aperfeiçoado até estar quase como minha língua nativa.

Por motivos óbvios a imprensa não iria comparecer, mas eu sabia que teria milhares de holofotes sobre mim e ensaiei meu melhor sorriso.

Alguém bateu à porta, o que era nosso chamado.

Abracei minha assistente e ela tocou meu rosto.

— Tudo vai dar certo — prometeu.

Não confiei em minha voz o suficiente para falar mas concordei com a cabeça.

Papai estava literalmente de queixo caído quando passei pelo batente.

— Você está linda, Lay — sussurrou.

— Obrigada, papai.

— Preparada?

— Nem um pouco — admiti. — Vamos.

Com o braço enlaçado no de meu pai, desci para enfrentar meu destino como princesa da Rússia.

Respirando fundo descemos o lance de escadas que me separava do evento da tarde, meu casamento.

O Salão Nobre estava enfeitado com milhares de flores brancas, diversas das quais eu sequer sabia o nome, pendendo de cada superfície possível, cadeiras douradas estavam dispostas em fileiras amplas e todas estavam ocupadas por pessoas influentes de diversos países. Pude reconhecer Marianne, princesa da Itália e minha amiga pessoal há vários anos; a família real francesa e vários outros rostos que eu já estava habituada.

Papai me guiava pela nave central com a cabeça erguida e com o porte de um rei orgulhoso e eu dei meu melhor sorriso enquanto era guiada para o lugar onde Demyian esperava com o rosto totalmente sério.

Conforme nos aproximamos mais meu coração batia em minhas costelas, se tornando quase insuportável quando chegamos na parte onde a parte masculina do clã Serov estava.

Meu pai pegou minha mão e depositou sobre a de Demyian, que sorriu.

Nos viramos para o homem diante de nós. Este não era um padre qualquer em uma capela em Moscou, era o supremo sacerdote do país, amigo íntimo do rei e de seu clã.

O processo de matrimônio era exatamente como o esperado. Primeiro fizemos os votos de amor, respeito e fidelidade, a troca de alianças e por fim o temível beijo. Eu, covarde como sou, virei o rosto na hora do "pode beijar a noiva" e Demyian acabou beijando minha bochecha.

Em seguida veio a coroação.

— Eu, Rei Ivan Nikolaiov Serov, abro mão da meu trono em favor dos príncipes Layla e Demyian Serov, aceito-os como meus sucessores e pupilos, tomando para mim a responsabilidade de guiá-los pelos caminhos de um governo sábio até estarem aptos para governar — ele fixou o olhar em cada pessoa presente. — Enquanto estiverem sob minha responsabilidade, ainda não terão plenos poderes, estarão em fase de aprendizado e apenas no prazo de um ano ou quando os parceiros da nação os julgarem aptos para governar poderão fazê-lo.

Demyian e eu concordamos.

O rei então pegou uma coroa delicada de ouro e colocou sobre meus cabelos — já sem o véu — e a outra, um modelo masculino, sobre os cabelos escuro de Demyian.

De mãos dadas, eu e meu mais novo marido nos viramos para os convidados que aplaudiram.


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Notas finais do capítulo

Não me matem Laylitris/Dimaylas! Pera, nós temos um nome pro shipp já? hasuhasu
Agora quem vai passar a shippar Demyian + Layla?
#CorreSnow