Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 43
O adeus


Notas iniciais do capítulo

Ooooooois! Esse capítulo está sendo postado excepcionalmente agora por razões de que eu achei o capítulo anterior (do Dimitri) fraquinho como capítulo, porém importante no enredo e decidi fazer essa postagem extra.
Sim, eu sou louca.
Decidi também que nós temos música. E olha... foi dificil escolher só uma. Se nos outros capítulos faltou inspiração musical, nesse aqui sobrou, mas por fim a escolhida foi Eclipse of the heart - Bonnie Tyler. Pq essa música é triste pra baralho.

No último capítulo de DaNC (sem ser o do Dimitri):

"— Eu não acredito nisso — murmurei. — Dimitri não pode ter "virado fumaça". Não pode! Ele está vivo.
O rei respirou fundo.
— Vamos esperar por novas notícias, mas depois de tudo que eu já passei, princesa, não ouso ter esperanças de merecer tê-lo de volta."



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/547941/chapter/43

Era domingo, e em vez de eu estar com Dimitri matando o tempo na nossa saleta eu estava me refugiando no meu quarto enquanto o rei recebia reis e rainhas de outras nações para a cerimônia fúnebre em homenagem a Dimitri, que teve sua morte presumida anunciada dois dias antes, quando completou duas semanas de desaparecimento. Sasha e eu gritamos até não poder mais sobre como duas semanas era tempo insuficiente para declarar alguém morto, mas o rei não nos deu a menor bola, gritando tão alto quanto nós ele nos fez ficar quietas e começar a escrever nossos discursos. Por quê todos pareciam ter se convencido que ele estava morto com uma facilidade impressionante e sequer mandaram grupos de buscadores atrás do príncipe?

Alguém bateu à porta.

— Ei — o homem louro sussurrou quando se esgueirou. — Como você está, irmãzinha?

— Oi, Robert — murmurei. — E eu estou furiosa om tudo e com todos.

Meu irmão gêmeo me abraçou com força e isso me fez extravasar toda a frustraçaõ e o medo das últimas duas semanas.

— Layla — ele sussurrou. — Shhh. Está tudo bem.

— Não estão! Quando Dimitri.. partiu… eu briguei com ele. Eu o ameacei para fazê-lo ficar e ele não quis! Ele me deixou.

— Dimitri sempre foi firme em suas decisões, mana. Sempre soubemos disso. Ele era tão teimoso quanto você e você não tem culpa do que aconteceu.

— Eu briguei com ele, Robert — solucei. — Falei que nunca mais ia olhar na cara dele se ele me deixasse. Eu disse coisas horríveis para o homem que eu amo e nunca mais posso reparar isso porque ele desaapreceu! Ele foi lá porque eu disse que o odiava!

Meu irmão me abraçou, acariciando meu cabelo.

— Nós nunca tomamos consciência das coisas terríveis que dizemos na hora da raiva, Layla. Eu tenho certeza que Dimitri não se zangou com as coisas que você disse. Ele sabia que você só queria protegê-lo e duvido que tenha levado suas palavras a sério.

— Eu queria mantê-lo seguro, mas aquele teimoso e sua maldita honra! Ele me deixou por ser um tão… perfeito. Argh. Eu deveria ter ido com ele, se soubesse que aquela era nossa última vez juntos eu nunca teria feito nada daquilo.

Robert me afastou apenas um pouco para que eu pudesse olhar em seus olhos.

— Eu sei disso, não fica assim.

— Eu me sentia tão viva quando estava com ele e agora me sinto… como se parte de mim estivesse ausente. Como se eu estivesse ausente.

— Isso é apenas culpa, Lay — disse baixinho. — Não faça isso consigo mesma, Dimitri não iria gostar.

— Não fale dele assim, como se ele estivesse morto, porque não está.

Meu irmão me olhou mortalmente sério.

— Layla. Eu te amo, amo muito, mas você não pode continuar se enganando. Dimitri está morto.

— Pare! — gritei. — Ele não está morto.

Meu irmão pegou minha mão.

— Me dê uma única razão para acreditar nisso, Layla. Só uma prova concreta.

— O nome disso é fé, Robert.

— Você o amava. Isso não prova que ele esteja vivo.

Eu estava prestes a retrucar quando a porta foi aberta.

— Princesa Layla? — Anya me chamou delicadamente.

— Sim? — minha voz parecia morta. Pigarreei.

— A cerimônia irá começar em meia hora. O rei solicita sua presença.

Peguei os papeis que estavam diante de mim — meu discurso fúnebre para o enterro de Dimitri — e fiz cara feia para Robert enquanto ele saia.

— Isso é errado. Ele pode não estar morto — argumentei, querendo que alguém ficasse do meu lado. — Não deveríamos fazer um enterro para uma pessoa que está viva.

— Já se passaram duas semanas, querida. Mesmo que ele esteja vivo a cerimônia deve ser feita — respondeu-me com delicadeza minha assistente. — Você está bem o suficiente para isso?

— Dimitri é durão. E teimoso. Nossa, ele é muito teimoso. Se não quiser morrer, ele não vai e eu sei que ele não quer morrer.

— É apenas uma formalidade, senhora. Príncipe Yuri também tem uma lápide, mas ele também está vivo, embora ninguém saiba onde.

Assenti, me sentindo menos pior.

Anya sorriu só um pouquinho e me puxou pela mão para o lado de fora do palácio, para o cemitério que eu nem sabia que existia atrás da propriedade.

Me sentei na primeira fileira de cadeiras, ao lado de Kira que permanecia impassível.

Um homem em magníficas roupas pretas se destacou da multidão de pessoas e se aproximou do palanque montado à frente.

— Estamos hoje aqui prestando homenagem ao príncipe Dimitri Serov, que desapareceu em missão de paz quando tentava conversar com rebeldes — anunciou. Como se ninguém soubesse. — Um rapaz de boa índole, inteligente e voltado para os problemas de seu povo, Dimitri sempre dava o melhor de si. A Rússia hoje se condói com a perde de seu segundo príncipe e todo o mundo se enluta por seu desaparecimento. Com a palavra, rei Ivan, da Rússia.

O rei olhou para cada pessoa presente, para cada câmera de televisão ali presente — e eram muitas — e então falou lentamente.

— Dimitri, tal como seu irmão Yuri, era um príncipe aplicado, um filho dedicado e uma ótima pessoa. Perder um filho é uma dor enorme, perder ambos é uma dor imensurável. Dimitri passou por muita coisa na vida, teve seus problemas e seus demônios para caçar e ele o fez com coragem — seus olhos se fixaram em mim. — Um homem não poderia ser mais orgulhoso das conquistas de seu filho mais que eu me orgulhei do meu Dimitri em especial nos últimos meses, em que ele passou com a princesa Layla, eu vi meu filho que sempre foi reservado para tudo e todos caindo de amores, me pedindo conselhos amorosos… E nunca me senti tão feliz. Porque ele não era apenas um bom príncipe, era um bom homem e merecia ser feliz. É uma tragédia que agora que estava tão perto de tudo o que podia conquistar, com a vida toda pela frente, ele tenha sido perdido. Onde quer que você esteja, Dimitri, seu pai se orgulha muito de você.

Todos batemos palmas e eu senti meus olhos pinicarem.

O mestre de cerimônias retomou a palavra.

— Gostaria de chamar agora Sasha Alexanderovna Serov, prima de Dimitri.

Sasha se levantou e ocupou o lugar no púpito.

— Não tenho muito o que dizer, Dimitri era um primo exemplar, um irmão e amigo maravilhoso. Depois que perdemos Yuri eu o vi ficar cada dia pior e também o vi se levantar repetidamente. Meu primo nunca foi do tipo que se permitia ficar para baixo e eu nunca pude dizer o quanto o admirava por isso. Onde quer que você esteva, Dimi, você é a minha inspiração.

Ela assentiu e voltou para o seu lugar em silêncio.

Kira assumiu o lugar e depois Demyian. Alguns líderes de estado disseram coisas genéricas, e eu me preparava para o meu discurso, que seria o último. Quando fui chamada, respirei fundo.

— Eu tinha um discurso, mas decidi improvisar — dei de ombros envergonhada. — Quando eu vim para a Rússia para conhecer Dimitri, todos já previam um casamento, mesmo que não nos conhecêssemos nem um pouco à época. Eu achava aquilo uma idiotice sem tamanho eu nunca iria me apaixonar por Dimitri, eu dizia. Mas não foram precisas muitas semanas para que isso fosse pelo ralo — respirei fundo. — Dimitri era a pessoa mais maravilhosa que eu já tinha conhecido, ele às vezes era engraçado, em tantas outras era protetor e me ensinava coisas. E eu o amava por isso. Quando Dimitri me pediu em casamento foi o dia mais feliz da minha vida e quando nos casamos… desculpe, pai… nos casamos escondido e eu me senti completa. Eu posso ter vindo de Illéa, mas meu lugar sempre foi na Rússia, ao lado do homem que eu amo — uma lágrima idiota caiu do meu olho. — Dimitri não está morto para mim, e nunca estará. Eu sempre vou mantê-lo em meu coração.

Fui a primeira a jogar uma rosa branca sobre o caixão vazio que lentamente era baixado para dentro da terra.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!