Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 42
Dimitri II


Notas iniciais do capítulo

Siiiiiiiiiiiiim amigos da rede Globo! Um capítulo no pov do Dimitri! Só para vocês verem a) que não sou má e b) o que está acontecendo.

Eu não sei se vale a pena colocar o que aconteceu no último capítulo pq tipo... isso não vai mudar em nada a narrativa desse aqui.
E sim, estou postando em dia que não é de postagem, mas ok.



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As palavras de Layla permaneceram por muito tempo comigo. Eu ainda podia ver seu rosto furioso enquanto fazia sua última ameaça. Olhei para o relógio em meu pulso. Era o presente de Natal que ela havia me dado em dezembro e já haviam se passado cerca de seis horas desde que eu saí do palácio, era tempo suficiente para ela estar de volta à Illéa.

Suspirei.

Tudo estava indo tão bem entre nós. Como eu não pude prever que alguma coisa como aquela iria acontecer? É claro que alguma coisa ia aparecer para estragar tudo. Eu só não pude imaginar que o que me atrapalharia seria minha vontade de ajudar minha prima bêbada que tinha vomitado no próprio quarto.

Pensei que Layla iria confiar em mim, afinal, as chances de eu traí-la estavam em algum lugar entre zero e menos um, mas não foi o que aconteceu e agora eu perdi minha esposa furiosa de vez por um erro que não foi meu.

Eu precisava parar de pensar naquilo. E parar de pensar em quão perto eu estive de cancelar essa viagem e me ajoelhar aos pés de Layla e implorar seu perdão. Eu estava me tornando o tipo de homem que sempre abominara, alguém que deixa os sentimentos à frente da razão, mas duvidava que qualquer homem que conhecesse Layla não compartilhasse esses sentimentos comigo.

Minhas mãos se fecharam em punhos. Não queria que nenhum homem conhecesse-a tão bem quanto eu conhecia. Layla era minha, furiosa ou não.

Finalmente o carro parou, cantando pneu. Eu não acreditava que o esconderijo de Yuri poderia ser tão longe de tudo, embora fizesse sentido. Qual seria a vantagem de lutar contra o governo e permanecer bem embaixo do nariz dele?

— Fique aqui dentro, Alteza — o motorista disse saindo do carro com a arma em punho.

O que era agora?

Ouvi muitos estampidos. Eu reconhecia aqueles sons em qualquer lugar: tiros.

Merda.

Peguei uma arma que ficava atrás do banco do motorista e engatilhei.

Os sons de tiros simplesmente pararam e a porta foi aberta.

— O que aconteceu? — exigi saber.

Um homem mascarado estava ali, segurando uma arma apontada para a cabeça do motorista. Uma emboscada.

— O que você quer? — minha voz saiu bastante controlada. Meus olhos se fixavam em cada pequeno detalhe da cena buscando um meio de fugir.

— Você, Alteza — o rebelde grunhiu. — Um bom valor para te levar até o seu destino. Solte a arma e ninguém se machuca. Tenho dez homens para cada um dos seus. Vamos resolver isso como homens.

Olhei para o motorista. Ele era treinado para ações como aquela, não seria subjugado por um bando de rebeldes sem treinamento.

— Mercenários? — arrisquei como quem não quer nada, com calma.

O rebelde me olhou com desprezo.

— Prefiro ser chamado de negociante de ações arriscadas — seu tom era de quem não se importava com como seria chamado. — Chega de conversa. Saia do carro e mantenha a arma no carro e suas mãos onde eu possa ver. Uma gracinha e eu estouro os miolos dele.

Olhei para o homem a meu lado, um soldado treinado e subjugado. Yuri estaria se metendo com aquele tipo de gente? Do que mais ele era capaz e eu não sabia?

Fiz o que foi dito. Não havia a menor chance de saírmos vitoriosos naquelas condições.

— Bom trabalho — aprovou o homem. Então chamou outra pessoa. — Dominik! Amarre-o.

um garoto magro por volta dos seus quinze anos se aproximou tremendo com uma corda preta que amarrou na parte alta de meus pulsos.

Não chamei a atenção para este fato.

— Vamos — o líder ordenou apontando sua arma para nós.

Eu e meus soldados fomos colocados na parte de trás de um caminhão de carga com dois mercenários portando revólveres apontados para nós.

Enquanto eu trabalhava para me soltar das cordas, fazendo-as deslizar para mais perto de minhas mãos, pensei em como seria conveniente se Yuri fosse homem suficiente para aparecer às claras, aquilo facilitaria meu trabalho.

Sentindo corda queimar minha pele, eu consegui colocá-la onde queria, aproveitando a frouxidão característica de um nó mal amarrado.

Lentamente, sincronizando meus movimentos com a minha respiração, comecei a mover os punhos, deslizando lentamente para o laço deslizar ao chão.

Meu olhar encontrou Tierov, de uma família tradicional de militares e quem treinou eu e meu irmão por um bom tempo. Apenas olhando-o por dois segundos eu sabia que ele tinha entendido o que estava acontecendo.

Deliberadamente ele olhou para os dois rebeldes e depois para mim.

Eu assenti lentamente, fazendo parecer que foi apenas para tirar a tensão do meu pescoço.

Ele lambeu os lábios.

— Estou com sede — disse com sua voz grave.

— Não é problema meu — a mulher rebelde usando uma bandana no rosto respondeu. — E cale a boca.

— Eu preciso de água, estou passando mal — ele disse fazendo sua melhor cara de enjoo.

— Não me interessa — disse ela novamente. — Você pode morrer que não vai interessar a nossa contratante. Ela só quer ele — e apontou o queixo para mim. — Vamos acabar com você na hora certa.

— Sua contratante? — insinuei. — E quem seria?

— Alguém que o quer muito — rosnou apontando a arma para mim. — Agora, calados.

Olhei para Tierov e ele assentiu para mim.

Pulei sobre a mulher e com um gesto rápido tirei sua arma ao mesmo tempo em que Tierov chutava a mão do homem, fazendo-o perder o controle da arma que também caiu no chão.

E então se tornou o inferno enquanto eu lutava e meus soldados amarrados tentavam manter nossos atacantes longe. Vendo que não conseguiriam lidar com um número maior e estando desarmados, os mercenários começaram a bater nas paredes de metal do caminhão.

— Não vamos conseguir sair — um soldado disse. — Quando o caminhão parar estaremos mortos.

Peguei a corda que tinha me amarrado e juntei os dois mercenários para prendê-los.

— Bem, senhores — eu disse me apressando com os nós —, se morrermos hoje, foi um prazer combater ao lado de vocês.

O caminhão deu uma guinada brusca e eu caí embolado sobre os prisioneiros.

— Mais essa agora — Tierov disse. — Eu tenho que estar em casa para o jantar!

Nós rimos por meio segundo e então preparei a arma. Porém foi desnecessário.

— Novo tiroteio — sussurrou um soldado, andando agachado e buscando ouvir. — Devemos entrar no meio? Podem ser nossos soldados.

Concordei.

— Só temos duas armas, vamos Tierov e eu — falei.

— Não, Alteza, você deve ficar aqui — o homem que dirigia o carro em que eu vim me contradisse. Eu o ignorei e desamarrei-o, assim como a Tierov.

— Você desamarra os outros e depois vocês façam alguma coisa. Nós vamos distraí-los.

Joguei a arma para Tierov.

— Como nos velhos tempos — eu disse.

— Velhos mesmo. Você tinha treze anos.

Sorri enquanto pulava para fora do caminhão e entrava no campo de batalha.

O que vi me deixou aturdido. Dois grupos de rebeldes lutando.

— Quem nós ajudamos? — perguntou Tierov tão embasbacado quanto eu.

— Não faço ideia! — respondi. — Vamos ter que descobrir do pior jeito.

Rindo, meu amigo se embrenhou na luta.

— Eles escaparam! — gritou o líder mercenário que nos capturou e pagou por esse lapso quando um tiro o acertou na cabeça, soltando sangue e ele desmontava inerte no chão, provavelmente morto.

— Irgh — disse um soldado ao meu lado. — Vamos ajudar o lado que atirou. Os caras com a insígnia dourada.

Todos assentimos e entramos na luta.

Vi um dos meus soldados caindo com um tiro no pescoço e retaliei, acertando o atacante com um tiro bem mirado no braço de arma. Ele deixou seu revólver cair e outro soldado o pegou.

— Dimitri, atrás de você — Tierov berrou. Me virei e só tive tempo de ver roupas pretas antes de sentir um impacto e cair no negror absoluto do nada.


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Notas finais do capítulo

Isso foi necessário, ok?
ps: as palavras de Layla aqui mencionadas são "— Se você for, eu vou voltar para Illéa. Você nunca mais vai me ver e dessa vez nem se o próprio Deus pedir eu fico aqui."
Não, ela não cumpriu a palavra. Menina sem palavra!